As águas do Mondego esgueiram-se
em corrida pelo leito abaixo, com a ânsia de chegar ao seu destino… Contudo,
antes disso, têm de passar apressadamente por entre as margens verdejantes e
estonteantes daquela vila, que fica lá no alto. Ó doce e delicada paisagem,
como se tivesse saído diretamente de uma aguarela pitoresca!...
Do lado direito, vê-se, lá no
cimo do monte, o mirante, o hotel e todas as casinhas e ruelas da bela Penacova.
Ainda se vê a aldeia da Ponte, ao fundo do monte, rodeada e aconchegada pela
densidade da natureza… E, cá em baixo, todos estes pormenores são espelhados no
leito do rebelde Mondego, numa simetria perfeitamente esplêndida. Do lado
esquerdo, vêem-se os campos cultivados, em relevos e contrastes verdes e
acastanhados. Bem junto das águas apressadas fica a pista de pesca de Vila Nova,
num longo carreiro ladeado por imponentes choupos, como se tivessem sido ali
bordados, estando estes também refletidos no rio. O céu azulado e o brilho
quente do sol abraçam todo aquele cenário, completando o enquadramento que
parece pintado… E mesmo quando o
nevoeiro desce e embala Penacova, o ar místico que lhe encerra concede a este
quadro uma melancolia ternurenta… Um toque de fantasia.
Continua a correr ó Mondego, que
mais à frente hás-de passar no Reconquinho, que também te aguarda, com o seu
areal que vem beijar a tua margem. E não te esqueças de olhar lá para o alto,
que a Pérgola, toda vaidosa e enfeitada com as suas trepadeiras, anseia pela
tua passagem e, lá do cimo, te acena e te deseja boa viagem. Olha de mansinho e
discretamente a paisagem estonteante que todos os dias te aguarda… Namorisca um
pouco e secretamente com ela. Mas corre, Mondego, para não te atrasares e leva
contigo um pouco desta beleza sem par. Recorda-te da pacata vila a que beijas
os pés todos os dias. E leva também um pouco das suas humildes gentes, que
todos os dias te olham com a mesma admiração. Vai… E quando chegares ao mar
sussurra-lhe ao ouvido a tua paixão e namoriscos secretos com a bela Penacova,
que nós também não contamos a ninguém!...
Mariana Assunção
NR: Mariana
Assunção publicou em 2014 o romance “Eternamente” e em 2017 “Eternamente II,
com a chancela da Chiado Editora. A sua paixão pela escrita desde cedo se
revelou. Com apenas onze anos, obteve um quarto lugar num concurso a nível
nacional. Também gosta de escrever poesia.
É com muito
gosto que publicamos hoje a sua primeira colaboração no PenacovaOnline.
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