30 dezembro, 2017

Votos de Bom Ano 2018


Apesar de, nos últimos tempos, o Penacova Online ter registado menor actividade, contamos, a partir de Janeiro, recuperar o ritmo habitual, naquele que será o Ano Europeu do Património Cultural.

Para todos os leitores deste blogue os nossos melhores votos de um Bom 2018!
David Almeida

15 dezembro, 2017

Cartas brasileiras: Uma Coisa Leva a Outra


Estando um dia a pesquisar sobre Gondelim encontrei “Portugal Antigo e Moderno”,  livro publicado em 1886, tendo como autor Augusto Soares de Azevedo Barbosa Pinho Leal.

Curioso, deixando de lado o que me levara até ele, passei a folheá-lo ao acaso, quando me deparei com a Rebelião no Convento de Santa Clara, tema da minha última Carta Brasileira.

Fazendo as folhas correrem encontrei o grande incêndio de Lisboa, as penúrias vividas pela corte, o atentado contra o Rei D. José I, em 1758, e por consequência a desgraça dos Távoras; uma família de nobres executada em praça pública, no mesmo dia, por terem, supostamente, participado do atentado. A Marquesa de Távora, D. Leonor, que foi decapitada, teria dado um pito em seu algoz, reclamou, quando ele tentou afastar o colar que ela trazia no pescoço.

Para saber um pouco mais sobre o rei, um link me levou ao Museu da Torre do Tombo, e após a leitura do que me interessava, vi em uma das abas do site uma chamada sobre a Inquisição em Portugal. Na sequência encontrei o processo contra Hyppólito José da Costa; pela minha ignorância, até então, um ilustre desconhecido.

Logo fiquei sabendo, o brasileiro tinha ido para o cárcere por ser “pedreiro livre”, como se intitulam os maçons. A curiosidade ficou mais aguçada porque um grande amigo pertence a essa confraria. Fui então saber que o “réu” vem a ser o patrono da imprensa brasileira.

Para mostrar por completo o achado ao amigo, me meti a transcrever os 156 arquivos digitalizados do processo, e nisso estou até agora metido.

O português utilizado em 1811, ano em que acontece o julgamento, bem como as caligrafias dos escrivães são dificuldades que enfrenta quem se mete a buscar encrenca, na base de uma coisa leva a outra. E, muitas vezes, nem quebrando a cabeça consegui decifrar o que escreveram.

P.T.Juvenal Santos

Notas:
1)    O arquivo do processo contra Hyppólito José da Costa pode ser visto através do link: http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4522454
2)      Por exigência da fonte, o desenho da execução, de autor desconhecido, foi obtido em


        

19 outubro, 2017

Poetas penacovenses (IV): ... e a nossa beleza ardeu


O Penacova Online tem na sua linha editorial a divulgação do património natural e belezas paisagísticas do nosso concelho. Nesta hora de luto, concelhio e nacional, em que jamais esqueceremos o que vimos naquela manhã de segunda-feira passada, autêntico  "day after" apocalíptico, ao percorrer o alto concelho, tragicamente atingido, dizíamos, nesta hora difícil, associamo-nos ao sentimento de Luís Pais Amante, aqui expresso neste texto intitulado "...e a nossa beleza ardeu".
Foi ontem, num dia trágico
Daqueles que não foi Deus que nos deu
Que nas nossas serras e outeiros verdes
Nas nossas encostas florescentes
O inferno aconteceu
Veio travestido de fogo
Intenso
Em bolas
Empurrado por ventos de maré
Suspenso
Monstruoso
Medonho
Desgovernado
Este incêndio malvado
Corria voraz atrás do tempo da paz
Sacrificando-o
Alimentava-se de tudo quanto lhe aparecia à frente
E, num repente
Cortou-nos o cabelo da beleza natural
Sorveu-nos o sangue bom do suor rural
Empertigou-se como se tivesse vida forte
De estupor
E matou-nos gente amiga com nome sem sorte
Nossos conterrâneos, amigos
Causando-nos muita dor
Consternação
E estupefação
O rasto deste abalo intenso e brutal
Que cheirará por aí a massacre sobrenatural
Não pode ficar escondido sozinho no nosso tempo
Nem esquecido na parte mais íntima do nosso pensamento
Terá que ser sempre lembrado como se fosse um desgraçado
... até porque ele nos ofendeu!

Luís Pais Amante
Telheiras Residence
16Out17, 21h30

Horrorizado com o que se passou na minha terra, Penacova