11 dezembro, 2025

𝕆ℙ𝕀ℕ𝕀Ã𝕆 | Esta América? … é dos Cowboys!


Esta América? … é dos Cowboys!

Num artigo de Opinião que escrevi aqui, no Penacova Online, publicado no dia 19 de Julho de 2024, eu afirmei:


Só que, na minha modesta opinião, as coisas (em política pura) só se conseguem mudar através das pessoas (geração) que sejam portadoras de mensagens e de conhecimentos e de práticas e de tempo para que as mudanças possam operar com a necessária rapidez e consolidação. Esses atributos não reciclados, só nas gerações mais jovens (e preparadas) podem surgir. 

E isso não está a acontecer na América do mundo novo; na América estão 2 velhos a tentar manter linhas de governação esgotadas: um com quase 82 anos e outro com 78... 

Naturalmente que eu fico estupefacto com esta falta de capacidade regenerativa. Serei só eu? 


Passou mais do que um ano; foi eleito presidente um dos velhos e (logo para azar da Europa e do mundo) um homem ligado ao que de pior tem a sociedade: narcisista; voyeurista; incompetente; com ligações obscuras aos “piores mundos que existem”; fanfarrão; racista; aldrabão; e outras coisas mais… como charlatão.

Homem cuja principal acção tem sido espezinhar as pessoas, independentemente da fragilidade em que estas se encontrem.

É Donald Trump de seu nome!

E, efectivamente, passado quase um ano sobre o início de um “reinado” tão conturbado, vamos ficando com a ideia de que está ali um velho amigo de Putin (um oligarca triste, com muitos anos de “carreira”) quiçá com amizade alicerçada com serviços de colaboração ou mesmo espionagem, prestados em traição aos próprios EUA e ao Ocidente…para salvar as insolvências próprias.

…Se calhar, até, umbilicalmente ligado a “coisas muito pouco recomendáveis”!

Primeiro quis definhar o mundo todo (Organizações Internacionais insuspeitas incluídas); depois quis subjugá-lo, pondo em causa todas as “parcerias” e acordos existentes; também com a colocação em vigor de taxas comerciais disruptivas e arrogantes que constituíram, por si só, uma inequívoca punhalada nas costas dos “aliados da América”; e, finalmente, tentou abocanhar inclusive “terra de outras civilizações”, com imposição de “contratos leoninos”!

Entretanto,

Montou a farsa do seu pseudo interesse pela Paz, oferecendo-se mesmo para Prémio Nobel, como se o mundo civilizado fosse só isso: uma organização mafiosa, com a corrupção como lei de base, onde se exige isto e aquilo e se faz birrinha quando não se alcança.

Apesar de dizer uma coisa e o seu contrário sistematicamente, a verdade é que “a sua matilha” age em ataque conjunto, como se fossem cães raivosos a tentar subjugar as presas…

Trump não está sozinho na visão de um mundo unipolar, onde o mais forte (que, por norma, faz cultivar a sua personalidade) e dita a lei, roubando o mais fraco utilizando a força; segue Stalin e ressuscita o método dos Cowboys na sua famigerada guerra contra os Povos indígenas.

É a sua família e os seus “sócios de negociatas” que comandam as relações internacionais, para vergonha de uma das mais aptas organizações de política externa, construída por gerações e gerações de Políticos sérios.

Triste cena esta, convenhamos, em que os velhos se empoderam com pessoas pouco qualificadas, vindas não se sabe bem donde, que abominam o(a)s Imigrantes embora as exibam na cama e nos Eventos, como de troféus se tratassem.

Estamos todos em choque, penso eu, indiscutivelmente!

- Se tem feito mal de propósito a quem não tem capacidade para lhe fazer frente, é verdade?

- Se tem “reduzido a escombros” o Direito Internacional, é igualmente verdade?

- Se pretende reduzir o mundo à perpetuação de meros negócios suspeitos, ainda é verdadeiro?

- Se tem como objectivo aumentar aquilo que dizem ser a sua fortuna, ou salvar as trapalhadas em que se vai metendo, verdade, verdade?

- Se tem humilhado - a mando de terceiros - quem tem demonstrado coragem e verticalidade acima do comum (como os Ucranianos), ainda verdade, também?

Agora ter a ousadia de tentar dar lições ao Mundo Livre - como ainda é a nossa Velha Europa Democrática - acerca de governança e de Liberdade, não só é verdade, como é inadmissível, pura e simplesmente!

A Europa tem estado demasiado descansada, numa ligação de dependência relativamente à América, especialmente no lado militar, sim.

A nossa Europa pode não ser exemplar, mas não será nunca o que aquele “oráculo maltrapilho” nos diz; constituímos - todos juntos - uma civilização muito, muito antiga, mas adaptada aos tempos modernos, com um razoável sentido de solidariedade e com uma vida que não passa só por “comer hambúrgueres”…

É sabido do despeito americano pelo nosso modo de viver há muito tempo; … e sobre o resto do “presságio” xenófobo, bom seria que os EUA olhassem para si próprios… para os horrores das comunidades de droga que criaram, para o desemprego como regra, para o armamento civil, com as nefastas consequências de um Farwest empolgado, que faz vítimas diariamente, que são, sobretudo, Crianças.

Por muito que nós Europeus possamos “dever à América do post guerra” - e devemos alguma coisa, certamente - certo é que não podemos andar a vida inteira a pagar isso; ou a ouvir baboseiras; ou a manter cordialidade para com “brutos normalizados”, que passam a vida a dar cabo uns dos outros a tiro.

À nossa custa muito evolui a economia americana, com níveis de consumo lucrativo em excesso para os bens e serviços dali originários, que, diga-se - destacando-se na indústria da guerra - não ultrapassam os nossos em indústria de conforto e vida digna e avanço tecnológico com investigação.

Se a NATO é a OTAN, muito se deve à dedicação e investimento de todos nós Europeus, incluindo os nossos militares que nada ficam a dever aos americanos e eles bem o sabem.

Daí eu achar que (a manter-se esta posição louca de um velho pouco recomendável) e dos seus “capangas”, o que devemos fazer é, pura e simplesmente, dar-lhes um pontapé num sítio qualquer que doa muito, como estão a fazer - com sucesso - os Canadianos.

Não nos podemos deixar enxovalhar… até porque muito pouco aprendemos, hoje em dia, com gente desta espécie, onde a doutrina é a regra da perpetuação no Poder, para disso retirar lucros equivalentes  “a roubo” aos mais desfavorecidos do mundo desgraçado que por ali anda!

Ou não será?

Luís Pais Amante


08 dezembro, 2025

A Nossa Casa [Azul]

A nossa Casa


Casa, no sentido mais latino

É o refúgio, físico e emocional

Dá-nos confiança, segurança

E tem um traço sentimental

Como tu, Casa Azul, afinal

Aqui implantada, recuperada

A olhar o Vale profundo

Colocado à nossa frente

Na perspectivação do mundo

Onde ficas deveras eloquente


Neste ângulo donde te vejo

Hoje, aqui sentado e despojado

Vê-se que estás virada a Sul

Que o tom do teu azul cobalto

Ultrapassa os limites da beleza

E traz contributos à natureza

Porque “o sonho é azul”

Azul da mente, se transparente

E “O Rio é azul”

Cor da alegria da sua corrente


O Sol que (de poente) te ilumina

[Na minha objectiva empolgada]

Está como que em exaltação

Lembra os símbolos da união

E é franqueado a todos nós

Para te podermos ter com sofreguidão

Com amor, carinho e devoção

 “Dá esperança à Vida futura”

Num tempo de ingratidão

… Onde o Céu ainda continua azul!


Luís Pais Amante

Casa Azul

As obras de conservação e restauro do Mosteiro e a presença de Salazar em Lorvão

Cem anos ´decorridos sobre a data de extinção das Ordens Religiosas, decretada em 1834, o Mosteiro de Lorvão tinha atingido tal grau de ruína que chegou a estar iminente a sua derrocada, especialmente da Igreja. As obras foram sendo adiadas e só por volta de 1940 se começou a vislumbrar uma solução para evitar essa “catástrofe” a nível de património cultural. Por esta altura, Salazar esteve em Lorvão para se inteirar do andamento das obras em curso. O jornal A Comarca de Arganil (31/10/1944) noticiou essa deslocação do Chefe do Governo. 

“Ontem,  a população de Lorvão, sede desta freguesia, teve o agradável ensejo de voltar a ver na sua terra o eminente Chefe do Governo, sr. dr. Oliveira Salazar. 

Foi inesperada esta visita, motivo por que não pode ser tributada a s. ex.ª, com pesar de todos os lorva- nenses, a homenagem de que era justamente merecedor. 

Mostra o sr. Presidente do Conselho, com a sua comparência em Lorvão, que se interessa a valer por que o notável Mosteiro, que muito honra o nosso concelho, seja restaurado o mais breve possível, para que os seus inúmeros visitantes não levem dali má impressão.

Era cerca do meio-dia quando o sr. dr. Oliveira Salazar chegou, vindo na sua companhia de mais três pessoas, sem dúvida técnicos das repartições dependentes da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. 

A sua demora foi de duas horas, percorrendo todas as dependências, entre elas o Museu, e interessando-se vivamente pelos mais pequeninos detalhes das obras em curso. Quis saber o número de operários que nelas têm trabalhado e há quanto tempo estavam paradas. 

O guarda do Mosteiro, sr. Manuel Gaudêncio, prestou todos os esclarecimentos pedidos pelo ilustre Chefe do Governo. Finda a visita, o sr. dr. Oliveira Salazar e a sua comitiva tomaram um pequeno lanche ao ar livre, junto do Mosteiro, após o que se retiraram pela estrada de Penacova - a mesma por onde tinha vindo. 

As obras de restauro estão paralisadas há uns oito dias e nelas têm trabalhado diariamente cinco operários, debaixo da direcção do respectivo encarregado, sr. Máximo. Os serviços feitos têm sido os escoramentos dos tetos e paredes, como preliminares das grandes obras a realizar.” 

Recorde-se, muito resumidamente, todo o processo de recuperação arquitectónica e artística* deste Monumento Nacional.

A situação de quase ruína e a iminência de ruptura, em especial das estruturas da zona da Igreja, por cedência das fundações, já tinham sido reconhecidas em vistorias efectuadas em 1916 e em 1923. Estas “patologias graves” ao nível da estrutura, só na década de quarenta começaram a ser intervencionadas, sob a tutela da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.

Assim, em 1943 (prolongando-se por toda a década) foram iniciadas as obras mais inadiáveis de conservação e reparação, estabilizando a estrutura do cunhal norte da cabeça da Igreja, em ruptura iminente, como se referiu. Estas operações foram coordenadas pelo arquitecto Amoroso Lopes (1913 - 1995), técnico  igualmente responsável pela construção, anos mais tarde, da cúpula do Panteão Nacional (Lisboa), e entregues ao empreiteiro Manuel Jesus Cardoso. 

Numa segunda fase, que se prolongou até cerca de 1960, procedeu-se à reconstrução e consolidação dos espaços do mosteiro, repondo a traça seiscentista, e recuperando paredes, coberturas, pavimentos e vãos. Tentou-se também recuperar retábulos, pinturas e esculturas. 

No final da década de cinquenta (1957) o Ministério das Obras Públicas considera estar concluída a recuperação de maior vulto deste valioso património lorvanense. 

Os anos sessenta ficam marcados com a adaptação do edifício do antigo dormitório a Hospital Psiquiátrico, sob a tutela do Ministério da Saúde. Unidade que funcionou de 1960 a 2012. Em 1984 tinha 330 camas e empregava mais de 170 pessoas, sendo 70% do lugar de Lorvão e arredores. 

*Confrontar Lorvão: um mosteiro e um lugar, Tânia Sofia Lopes Antunes, 2013 (tese de Mestrado)