04 junho, 2025

Da minha janela: 𝑪𝒊𝒓𝒖𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂 𝒆 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂 𝑯𝒖𝒎𝒂𝒏𝒊𝒕á𝒓𝒊𝒂

 

Expressão pública de referência ao Livro
 “Cirurgia de Guerra e Medicina Humanitária”,
do meu Amigo Carlos Ferreira


Oh meu Cirurgião



Hoje a sorte me deu
Para ver um Cirurgião de Guerra
Ir-se abaixo ao atingir uma meta
Como acontece ao Poeta
Quando escreve sentimento
E lhe sobra o lamento
No coração


Escreveu um Livro antes disto
E apresentou-o agora
Soltando os pesadelos fora
Quiçá os medos
Que nos silêncios conquista
Com lágrimas em câmara lenta
Saindo do Foco


Aquela nobreza de ser normal
Deixou-me orgulhoso muito
Enalteceuo Ser e a Obra
Que conta muita Medicina
Por vezes só feita com Aspirina
Mas sobretudo tem o tom
Da Humanidade


E o som frio das explosões
A morte como destino
De Pessoas (adultas ou crianças)
Que têm o simples azar
De estar no sítio errado
Há hora em que alguém tresloucado
Mata por vaidade


Seja no Sudão do Sul
Na República Democrática do Congo
(Goma)
No Iraque ou no Iémen
Na Faixa de Gaza ou na Ucrânia
Onde só os fortes e despojados
Vão combater a morte


…Com carinho e devoção!



Luís Pais Amante

Casa Azul


30 maio, 2025

Freguesia de Penacova em 1876: a Ponte da Carrapiça e outras curiosidades



O lugar ainda existe? Fazemos a pergunta, dado que não somos da freguesia de Penacova. Não fazemos ideia onde ficava, ou se ainda fica... O que é certo é que a designação é muito antiga: aparece. por exemplo, no Livro de Assentos de Óbito do ano de 1876:

"Aos dezanove dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta e seis (...) no sítio da Ponte da Carrapiça, limite e freguesia de Penacova, concelho de Penacova, diocese de Coimbra, faleceu um indivíduo do sexo feminino com todos os Sacramentos, Maria de Jesus, de idade de quarenta anos, casada com José de Novais (...). Não testou nem deixou filhos e foi sepultada no Cemitério Público. (...)
O Prior: Francisco de Paula Queiroz

No Alentejo e Algarve o apelido é frequente: já  a 22 de Julho de 1891, Joaquim José Carrapiça, arrendou a Horta do Malhão (Évora) a Joana Vitória de Oliveira por 100$000 réis.

No entanto, a Revista Lusitana (I, 310), de finais do séc. XIX, regista o termo como sendo um dialecto português, existente por exemplo, em Rio Frio (Bragança) com o significado de "pedaço de velo a que é difícil desfazer os nós"; daí, o verbo carrapiçar que significa desfazer os nós da lã para a cardar.

Circulam na net imensos textos com nomes insólitos de terras de Portugal...
Ponte da Carrapiça...mais um a juntar à lista?

- o -

14 maio, 2025

Da minha janela: 𝕆 𝕙𝕦𝕞𝕒𝕟𝕠 𝕢𝕦𝕒𝕤𝕖 𝕤𝕖𝕞 ℍ𝕦𝕞𝕒𝕟𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖


O humano quase sem Humanidade

Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.

A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.

Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.

As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.

“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.

A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!

As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo  científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.

Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.

E, daqui, chegamos ao Humanismo: 

- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.

… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.

Ora, 

Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.

- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal; 

- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;

- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;

- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;

- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;

- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;

- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.

Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…

Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.

Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!

Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.

E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?

Não anda, pura e simplesmente.

… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!

Luís Pais Amante