17 novembro, 2024

Personalidades (7): Júlio dos Santos Ribeiro (1886-1974)


Júlio dos Santos Ribeiro, filho de João Bernardes Ribeiro, serralheiro, e de Balbina dos Santos, doméstica, naturais da freguesia de Travanca, nasceu no lugar da Portela no dia 4 de Julho de 1886.

Neto paterno de João Bernardes e Delfina dos Santos, e materno de José Alexandre e Ana dos Santos, foi baptizado na igreja paroquial de Travanca no dia 13 de Julho do referido ano, pelo Pároco “Encomendado” Bernardo José Maria da Fonseca.

Por ocasião da sua morte o jornal Notícias de Penacova (NP12 Jan 1974) escreveu que Júlio Ribeiro, “filho de gente pobre e humilde, cedo deixou a sua terra e partiu para terras do Brasil”.

Geralmente no mês de Agosto, por alturas da Festa de Nossa Senhora dos Remédios, por quem tinha grande devoção, vinha passar férias a Travanca.

Grande benemérito da freguesia, a ele se deve:

- o restauro interior e exterior da Igreja Paroquial, com douramento de todos os altares.
- o arranjo do adro, incluindo os muros de suporte.
- restauro da Capela de Nossa Senhora dos Remédios, igualmente com douramento do altar e aquisição de algumas novas imagens.
- arranjo do recinto desta capela
- a instalação do relógio na torre sineira da Igreja onde fora baptizado. A este propósito, refira-se que ainda hoje podemos ler na placa que se encontra na torre o seguinte:

“AO BENEMÉRITO JÚLIO DOS SANTOS RIBEIRO QUE OFERECEU A ESTA IGREJA O ACTUAL RELÓGIO / DEDICA A FREGUESIA ESTA LÁPIDE COMO DEMONSTRAÇÃO DE AGRADECIMENTO E AINDA COMO MEMÓRIA DE SUA ESPOSA D. RITA AMÁLIA RIBEIRO / 1-1-1954”

Também o autor da crónica do NP “Casos e Coisas”, que assinava “Manuel do Freixo”, na edição de 23 de Janeiro de 1954, enaltece e louva Júlio dos Santos Ribeiro. Sob o título “Vamos a Travanca” sublinha-se o relógio da torre instalado pelo Natal de 1953 e que terá custado 18 contos (18 000$00), incluíndo os trabalhos de assentamento.

Outros gestos de benemerência:

- donativo de 50 mil escudos para apoio à electrificação da freguesia.
- oferta de avultadas verbas para as pessoas mais necessitadas.

“Dos mais ricos aos mais pobres, dos mais velhos aos mais novos, lhe devem alguma coisa de importante”- salientava o jornal Notícias de Penacova aquando de uma das suas vindas a Portugal.

Quando em inícios de Agosto de 1958 foi inaugurada a Luz Eléctrica, o NP escreveu o seguinte:

Vem Sua Ex.ª, de propósito do Brasil a esta sua querida terra onde nasceu, foi baptizado e viveu até aos 14 anos, para assistir à inauguração da luz eléctrica e às festas de Nossa Senhora dos Remédios. […] Travanca agradece e louva os seus beneméritos sem os quais continuaria às escuras.”

O autor da crónica do NP “Casos e Coisas”, que assinava “Manuel do Freixo”, na edição de 23 de Janeiro de 1954, enaltece e louva Júlio dos Santos Ribeiro. Sob o título “Vamos a Travanca” sublinha-se a instalação pelo Natal de 1953, do relógio da torre, que terá custado 18 contos (18 000$00), incluindo os trabalhos de assentamento.

Júlio dos Santos Ribeiro faleceu no Brasil nos primeiros dias do ano de 1974.
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Observação:

Por falar em Júlio dos Santos Ribeiro e do seu decisivo apoio no restauro de bens da Igreja, refira-se o contributo financeiro de outro travanquense em relação à Capela de S. João (Covais) e à electrificação da freguesia. Serafim Ferreira de Almeida, radicado no Brasil há 40 anos, contribui com cerca de 40 mil escudos para a reparação daquela capela. Obras que também contaram com o apoio de João de Almeida Coimbra e de Alberto de Almeida Coimbra. Para a electrificação da paróquia Serafim Ferreira de Almeida contribuiu com 5 mil escudos.

16 novembro, 2024

Reis Torgal: livro 𝙑𝙞𝙜𝙞𝙖𝙨 𝙙𝙖 𝙄𝙣𝙦𝙪𝙞𝙨𝙞çã𝙤 premiado


A Academia Portuguesa da História (APH) premeia, anualmente, 10 trabalhos publicados nesta área do saber. A lista dos 10 premiados (2024) acaba de ser divulgada. Entre eles, destacamos o Professor Doutor Luís Reis Torgal (1) que venceu o Prémio Joaquim Veríssimo Serrão / Fundação Engenheiro António de Almeida, pela obra Vigias da Inquisição, trabalho que analisa o processo “paradigmático” de Manuel Fernandes Vila Real.(2) 

Os restantes premiados foram:

Prémio Lusitânia: Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos, de Irene Flunser Pimentel. 

Prémio Gulbenkian/História da Presença de Portugal no Mundo: Parecer e Ser: Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim, de José António Falcão

Prémio Gulbenkian/História Moderna e Contemporânea: O Bobo e o Alquimista: Deformidade Física e Moral na Corte de D. João III,  de David Soares. 

Prémio Gulbenkian/História da Europa Agostinho Barbosa. L’attività spirituale del giurista e sacerdote portoghese nella Villa e Corte di Madrid, de Massimo Bergonzini.

Prémio Augusto Botelho da Costa Veiga: Segredos da Beja Romana, de José d’Encarnação. 

Prémio EMEL (Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa): Altares da Memória: o advento das micro-histórias na periferia das periferias, de Assunção Melo, 

Prémio CTT/D. Manuel I “Direitos Humanos em Portugal: História e Utopia – Das Origens à Época Contemporânea” Susana Mourato Alves-Jesus 

Prémio Câmara de Oeiras/Octávio da Veiga Ferreira: A Metalurgia do Povoado de Pragança, Cadaval, no Contexto da Idade do Bronze – I Idade do Ferro na Estremadura, de Ana Ávila de Melo.

O Prémio Santa Casa da Misericórdia de Braga/Dr. João Lobo, Amélia de Leuchtenberg: Imperatriz do Brasil, Duquesa de Bragança, de Cláudia Thomé Witte.

Da lista de galardões apenas aguarda deliberação o Prémio Pina Manique, que distingue obras sobre o período do Iluminismo à Revolução Liberal.

A entrega dos prémios será no próximo dia 4 de Dezembro, pelas 15:00, no Palácio dos Lilases, em Lisboa, numa sessão que evocará Luís de Camões, onde a historiadora Isabel Almeida proferirá uma oração de sapiência intitulada “Camões e a Incerteza”.

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(1) Luís Reis Torgal é professor catedrático aposentado da Universidade de Coimbra e membro fundador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20). Publicou diversas obras e artigos sobre vários temas de várias épocas, entre elas o tempo do Estado Novo. Neste âmbito destaca-se a obra Estados Novos, Estado Novo (Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009). 

(2) Sinopse (Bertrand): "Depois de experiências como militar e financista, Vila Real partiu para França em 1638, onde teve um papel importante em apoio às embaixadas de Portugal e desenvolveu um labor intenso como escritor ao serviço da Restauração.

Colecionador de livros, Vila Real regressou a Portugal em 1649, na comitiva do conde da Vidigueira, trazendo consigo um conjunto de obras, algumas delas proibidas pela Censura. O rei D. João IV, que terá concedido a Vila Real o título de «real cavaleiro fidalgo» da sua Casa, estava para o enviar em nova missão, em reconhecimento pelos serviços distintos que prestara em França ao serviço de Portugal, quando o Santo Ofício o prendeu por ser um «dos que leem e retêm livros de hereges ou de alguma ímpia seita».

A Inquisição, «Estado dentro do Estado», tinha como alvo preferencial os cristãos-novos e os judeus, mas estendia também as suas garras a todas as «heterodoxias» e a todos os «maus costumes». A prisão de Vila Real revela as lutas entre os poderes, da Coroa e da Igreja, e mostra como era impossível ter-se uma «outra cultura» em Portugal, sobretudo se ela afirmasse ou fizesse sobressair ideias que fossem contrárias à fé católica oficial.

E nem os cristãos-novos que apoiaram, economicamente e através da ação diplomática, a Coroa portuguesa escapavam ao castigo e execução pela Inquisição por, alegada ou efetivamente, «judaizarem», como sucedeu no processo paradigmático de Manuel Fernandes Vila Real. "


13 novembro, 2024

ℙ𝕖𝕟𝕒𝕔𝕠𝕧𝕒 𝕕𝕠𝕤 𝕒𝕟𝕠𝕤 𝟠𝟘: 𝕚𝕞𝕒𝕘𝕖𝕟𝕤 𝕕𝕖 𝕦𝕞 𝕔𝕒𝕣𝕥𝕒𝕫 𝕥𝕦𝕣í𝕤𝕥𝕚𝕔𝕠





Terá sido na primeira metade da década de oitenta que o Município publicou um cartaz turístico mostrando fotos de alguns sítios icónicos do concelho, tendo como pano de fundo a Vila de Penacova. 

Uma observação atenta leva-nos, por exemplo, a uma época em que o "Terreiro" de atraente tinha pouco, em que a zona de Entre-Penedos ainda mal sonhava ser algum dia rasgada pelo IP3. Nem a Pista de Pesca, na margem esquerda, nem a empresa "Água das Caldas de Penacova", na margem direita, faziam parte da humanizada paisagem.

Muitas outras alterações na fisionomia poderiam ser apontadas. Exercício esse que deixamos para os leitores mais cuiriosos...