19 setembro, 2024

O Roxo em exposição de fotografia


A exposição de fotografia “Olhando à minha volta” de João Pais de Faria foi inaugurada a 27 de Julho na Galeria Almedina do Museu Municipal de Coimbra. No conjunto das imagens figura um pormenor do Roxo captado em 2009.

João Pais de Faria trabalhou praticamente toda a sua vida em Coimbra e a fotografia sempre fez parte dos seus interesses. Esta é a sua primeira exposição, que tem como mote “Uma fotografia não se explica, sente-se!”. A mostra, de entrada livre, pode ser visitada até 22 de setembro,

João Pais de Faria é técnico de Informática aposentado, natural de Coimbra, onde residiu e trabalhou quase toda a sua vida. Autodidata nesta área, fazia fotografia pelo gosto da captura do momento e não se preocupava propriamente com a sua divulgação. Contudo, perante a apreciação positiva das pessoas que o rodeavam, decidiu divulgar as fotos através de alguns sites, avançando agora com a sua primeira exposição com o apoio da Divisão de Museologia da Câmara Municipal de Coimbra.                                                                                              (in coimbra.pt)




Governadores civis (6): Vítor Fernando da Silva Simões Alves


Naturais de Penacova, ou a este concelho ligados por casamento, contam-se seis Governadores Civis. Conforme já registado no Penacova Online, recordemos: José Joaquim dos Reis Vasconcelos (Governador Civil Interino de Lisboa, 1846); Fernando Augusto de Andrade Pimentel de Melo (Governador Civil de Coimbra, 1876 e 1878-1879); Júlio Ernesto de Lima Duque (Governador Civil de Évora, 1904-1905); Artur Ubaldo Correia se Sousa Leitão (Governador Civil de Leiria, 1904-1906); Luís Duarte Sereno (Governador Civil de Coimbra, 1905) e Vítor Fernando da Silva Simões Alves (Governador Civil de Bragança, 2009).

Completamos hoje a série de notas biográficas sobre estas seis personalidades, transcrevendo o que relativamente a Vítor Alves, nascido em Sazes do Lorvão em 1956, se encontra publicado em Os Governadores Civis do Distrito de Bragança ( 1835-2011), edição da Câmara Municipal de Bragança, 2024:



VÍTOR FERNANDO DA SILVA SIMÕES ALVES
"Professor do ensino secundário e superior. Licenciado em História e mestre em História Económica pela Universidade de Coimbra. Membro da Assembleia Municipal de Bragança (1989-1997 e 2005-2009). Vereador da Câmara Municipal de Bragança (1997-1998). Presidente da Assembleia de Freguesia de Sazes de Lorvão (2005-2009 e 2009-2013). Governador civil de Bragança (2009).

Natural da freguesia de Sazes de Lorvão, concelho de Penacova. Filho de Avelino Simões Alves e de Maria Idalina da Silva. Casado com Olga Maria Cabrita Nunes, de quem teve dois filhos, Ricardo Nunes Alves e Carolina Nunes Alves.

Em 1978, iniciou a carreira profissional como docente do ensino secundário, antes ainda de concluir a licenciatura em História, na Universidade de Coimbra, o que veio a acontecer em 1983, com a classificação de 16 valores.

Em 1987, passa a lecionar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTiG) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

Neste âmbito, foi coordenador do Departamento de Ciências Sociais da Escola Superior de Educação de Bragança (1988-1990), coordenador do Departamento de Direito e Ciências Sociais da ESTiG durante vários anos, presidente do Conselho Pedagógico da ESTiG (1998-1999) e diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela, do Instituto Politécnico de Bragança. (1999-2006).

Em 1989, obteve o grau de mestre em História Económica, também pela Universidade de Coimbra, com a classificação final de Muito Bom, tendo apresentado uma dissertação subordinada ao tema Sazes de Lorvão de 1660 a 1670. Organização do Espaço, Sociabilidade e Poderes numa Paróquia Rural.

Em 1991, efetuou uma pós-graduação em Economia na Universidade Lausanne (Suíça), e em 2009, requereu a prestação de provas de doutoramento em História Económica na Universidade de Coimbra, com uma tese sobre o Quotidiano e Poderes em Torre de Moncorvo, do Marquês do Pombal ao Liberalismo.

Publicou numerosos trabalhos em revistas nacionais e internacionais e foi coordenador de múltiplos projetos, entre os quais, A Expansão da Vinha no Douro Superior nos Séculos XVIII e XIX; As Políticas de Abastecimento no Douro Superior (1700- 1900); Poder e Sociedade em Torre de Moncorvo (1750-1830); Programa de Promoção de Trás-os-Montes e Alto Douro (2005-2006); Plano Regional de Ordenamento do Território de TMAD (2004-2006); e Avaliação do Programa da Rede Social de Mirandela (2006).

Fora do âmbito académico, foi gestor do Programa de Desenvolvimento Integrado do Vale do Côa (PROCÔA) em 1996 e 1997, e em março de 2010 foi nomeado diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Trás-os- -Montes I – Nordeste.

Militante do Partido Socialista, desempenhou vários cargos de relevo na Câmara Municipal de Bragança, quer como membro da Assembleia Municipal (1989-1997 e 2005-2009), quer como vereador (1997-1998).

Foi também presidente da Assembleia de Freguesia da sua terra natal, Sazes de Lorvão (2005-2009 e 2009-2013).

Em 15 de julho de 2009, na sequência do pedido de exoneração de Jorge Gomes como governador civil de Bragança, foi nomeado para o mesmo cargo, por resolução do Conselho de Ministros de 9 de julho, sob proposta do ministro da Administração Interna, Rui Pereira.

O convite, nas palavras do próprio, “surpreendeu-me um pouco, pois nos últimos anos não tenho andado na política ativa, embora não me tenha afastado totalmente, pois mantive o sentido de ajuda pública”, mas foi essa “noção de serviço público e o facto de querer servir quando é necessário” que o levaram a responder afirmativamente, embora sob o compromisso de apenas “substituir o antigo governador civil enquanto se verifique essa necessidade, ou seja, até às eleições legislativas”.

Efetivamente, Vítor Alves seria exonerado a 19 de novembro seguinte, na sequência da recomposição do elenco de governadores civis feita pelo segundo Governo presidido por José Sócrates, que havia sido reeleito em setembro.

Apesar de curto, o seu mandato foi alvo de algumas atribulações. Desde logo, no contexto das referidas eleições legislativas, membros do Partidos Social Democrata de Vinhais reclamaram junto da Comissão Nacional de Eleições “em virtude de uma câmara de vigilância apontada diretamente” para um posto de voto, levando o governador civil de Bragança a pronunciar-se sobre o assunto, concluindo Vítor Alves que tais alegações não tinham qualquer fundamento.

Nas eleições autárquicas, realizadas no mês seguinte, houve necessidade de repetir a votação em três freguesias do distrito, depois de se observar um empate entre as candidaturas de PS e PSD, suscitando a intervenção de Vítor Alves na organização do novo processo eleitoral.

Foi ainda confrontado, durante o mês de agosto de 2009, com os graves incêndios florestais que afetaram o distrito de Bragança, com particular intensidade em Calvelhe, onde o fogo destruiu mais de mil hectares de floresta, trabalhando de perto com a Autoridade Nacional de Proteção Civil na articulação dos meios que intervieram no combate às chamas.

Ao presente [2015) reside em Bragança, onde continua a lecionar na ESTiG/IPB.

Fontes e Bibliografia: Informações prestadas por Vítor Alves | Diário da República, Série II, n.º 144/2009, 28.7.2009; n.º 166/2009, Série II, 27.8.2009; e n.º 230/2009, Série II, 26.11.2009; Série II, n.º 71, 13.4.2010 | Comunicado do Conselho de Ministros de 9 de Julho de 2009 http://www.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/governos-constitucionais/gc17/comunicados-cm/cm-2009/20090709.aspx| Jornal Nordeste, 15.7.2009 |Correio da Manhã, 11.10.2009|LUSA, 15.10.2009."

17 setembro, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: GRITO pelos Bombeiros de Portugal


Fui Bombeiro Voluntário de Penacova, na minha juventude!

Sou sócio desta Corporação Humanitária há tanto tempo, que já não me lembro bem a data, quase de certeza aproximada a meio século.

Tínhamos um carro (Bedford) e uma ambulância (VW sanduíche). Mas éramos bravos, estóicos, resilientes e, ao mesmo tempo, gratificados por vestir aquela farda!

Orgulhosos!

As pessoas da terra sabiam como nos expúnhamos ao perigo e, sem dúvida, reconheciam-nos.

Um dia, num incêndio fora do nosso concelho (em Vale da Ovelha, do concelho de Mortágua) mas bem nas nossas extremas, que eu já não consigo datar, mas entre 1969 e 1971) o Vasco Viseu, há pouco regressado da tropa (Angola, Pedra Verde) após o toque da sirene, pegou no volante e, acompanhado pelos irmãos (Quim Zé e Luís) e por mim (acho que me chamavam Cadete) arrancou em direção ao fogo. Pelo caminho (à Igreja) apareceu o António Dias ainda a vestir-se, porque tinha estado noutro fogo há pouco tempo.

E lá fomos nós (tanque cheio, moto-serras, picaretas, pás, etc) para fazer o bem, num terreno vizinho, voluntariamente. Até Vale da Ovelha.

Do que interessa contar é a circunstância de termos sido “quase comidos” pela chama, que se preparava para nos passar por cima, sem sabermos donde surgiu.

O saudoso Vasco (que ainda não tinha digerido já não estar no meio dos tiros) e que veio a ser um Comandante de uma enorme dimensão e prestígio da nossa Corporação, abriu a porta do carro e começou aos gritos:

- saiam todos por esta porta (o fogo estava na direita do Bedford): rolar, rolar, rolar.

E assim foi: enrolados serra abaixo, capacetes pelo caminho, machados a dar de frosca, corda queimada e roçada, entrámos numa ribeira com água…

E o fogo passou, o carro chamuscou, mas nenhum de nós se afogou!

O Vasco tinha visto o local para onde nos ia levar. Era o Comandante daquela “brigada?” e, como tal, assumiu a nossa proteção.

Este foi, só, um dos sustos maiores da minha vida; o outro foi na Costa do Marfim…

E perguntará o Leitor:

- qual o interesse disso agora?

É só o facto de, ali perto, terem falecido 3 Bombeiros há poucas horas; ou melhor, duas Bombeiras e um Bombeiro (Sónia Melo, Susana Carvalho e Paulo Santos) da Corporação vizinha de Vila Nova de Oliveirinha, que me fazem vergar perante os seus familiares, que não conheço.

A vida do Bombeiro está sempre em perigo!

A vida do Bombeiro continua a não valer nada!

A Família do Bombeiro está, sempre, com o coração nas mãos!

O reconhecimento aos Bombeiros não existe nesta sociedade da cadeira e do computador, do Ipad e do telemóvel…

Só se sabe que os Bombeiros existem em ocasiões como a que estamos a passar, já com baixas contabilizadas.

Há dinheiro “a jorro” para tudo, menos para dar dignidade ao Estatuto do Bombeiro Voluntário!

Mas estarão 5.500 a trabalhar sem dormir; sem descansar; se calhar sem comer; muitos, a muitos quilómetros de casa.

E, se tiverem um qualquer problema de sinistralidade, muito provavelmente, poucos lhes darão a mão.

É tempo de gritar!

Já não é tempo de mendigar…

Vivam os Bombeiros Voluntários Portugueses!


Luís Pais Amante