24 abril, 2024

Ciclo de Concertos Divo Canto

No dia 20 de Abril, pelas 21h30, no Centro Cultural de Penacova viveu-se mais uma noite cultural com o Coral Divo Canto que se exibiu juntamente com os grupos convidados, Coral das Caldas da Rainha e o Chorale Crèche n’Do de França.

No dia seguinte, pelas 18h, no Mosteiro de Lorvão teve lugar o Concerto de Aniversário. O Coral Divo Canto e o Chorale Crèche n’Do voltaram a unir-se para uma actuação de alto nível artístico e cultural.







O Coral Divo Canto é um coro misto amador, constituído por cerca de 40
elementos. A actividade do grupo iniciou-se a 2 de Abril de 2003. Então designado Coro Poliphonico da Casa do Povo de Penacova, apresentou-se pela primeira vez em público no dia 24 de Abril de 2004. Desde 2009 que é dirigido pelo Maestro Pedro André Rodrigues.

O grupo conta com um repertório de que fazem parte composições clássicas,
contemporâneas, tradicionais portuguesas, sacras e profanas.

Já percorreu Portugal de Norte a Sul e primeira experiência internacional ocorreu em 2012 com a deslocação a Ponteareas, Espanha. Desde então participa regularmente em concertos no país vizinho. 

Em outubro de 2013 gravou um DVD ao vivo e no ano seguinte apresentou a ópera “Orfeo ed Euridice” de C.W. Gluck.

Em 2017 organizou o I Encontro Solidário de Penacova no qual participaram a grande maioria dos grupos corais paroquiais do concelho e o I Festival da Canção Divo Canto de Penacova.

Tem desenvolvido um importante trabalho de sensibilização para a música coral, realizando frequentemente concertos em diferentes freguesias deste concelho. Organiza anualmente o Concerto de Aniversário, o Encontro de Coros de Penacova e um Concerto de Natal com grupos nacionais e estrangeiros.

A Associação Cultural DIVO CANTO - que alberga o Coral Divo Canto - surge a Janeiro de 2015 tendo como finalidade o ensino e promoção de todo o tipo de artes, principalmente a música na vertente coral,  bem como o enriquecimento cultural do Concelho de Penacova em geral . 

É a Associação  que "tem feito um trabalho importante na música coral no nosso concelho, levando o nome de Penacova por todo o país e além fronteiras". Pretende, numa palavra, "construir um caminho sólido na promoção e enriquecimento da nossa cultura"- refere o site da mesma.

Destacam-se os Encontros Corais de Penacova, sobretudo os Internacionais e também o Encontro de Coros Solidário que uniu os grupos corais litúrgicos e a comunidade penacovense em geral. 


20 abril, 2024

Poetas penacovenses [14]: Cheirava a Abril


C h e i r a v a   a   A b r i l

Luís Pais Amante

 

Podia ter sido em Março, em Maio, quiçá em Junho

O momento para rebentar a pólvora junta no barril

Mas foi em Abril…

Abril era o mês sem tempo, sem ar cinzento, primaveril

No ano andámos no pressentimento preso na mudança

Em Março não deu p’ra ser

Se calhar deu-se com a língua no dente

Talvez o entusiasmo se tenha congelado

O Soldado ficado atrapalhado

Ou o Major, descoordenado

Certo é que não deu pra “construir” Revolução

Então, nessas horas de esperança


Começara 1974

Na Faculdade demos corda ao sapato

Uns chevrolet’s foram postos a arder

Uns vidros foram partidos a derreter

Uns tropeções ocorreram sem saber

Umas corridas valentes aos “gorilas”

E uma crença grande num amanhecer

Diferente


Podia ter sido muito antes de ter sido

A junção de uma quase toda Nação

Para nos dar carácter e legitimação

Mas foi em Abril…

Abril 25 em dia, antecipou Maio em 1

O Militar pôs-se ao lado do Trabalhador

Os rios passaram a correr em Liberdade

Dos céus vieram sons de Fraternidade

E nós, na Universidade, Estudantes

Começámos a sonhar

E, com ingenuidade, a equacionar

Vai haver oportunidades em Igualdade?


Apesar de espalhado o cheiro em Cravo

Sadio e bom, fresco em frisson, desde lá

Ainda não se conseguiu dar Igualdade cá

Sequer democrática, pá

E isso não pode deixar de nos fazer pensar

Porque, em boa verdade

Sem Igualdade básica, Democracia não há

Minha Gente!


Luís Pais Amante | Casa Azul

Memórias: Recordando o Dia 25, as cumplicidades e os sonhos…



12 abril, 2024

Penacova um olhar 1921 (III): visita à Quinta do Sr. Carvalho


O "Jornal de Penacova" publicou em 1921 um artigo/crónica que nos dá uma imagem, nalguns aspectos curiosa, do nosso concelho naqueles primeiros anos do século passado. 
Levava o título genérico de “Monografia” e era assinado por Bernardino Pereira. 
Damos, hoje, continuidade ao texto que temos vindo publicar, com uma visita à Quinta de Santo António.

[...] Subimos a vasta escadaria e chegámos ao jardim que contorna a casa. Que vimos? Impossível é fazer a descrição de tudo. Um belo horizonte. 

Ao longe as cumeadas de algumas serras com urzes, tojos, ou circundadas pelas folhas verdes dos pinheiros; ao fundo o comprido vale das duas margens do majestoso Mondego; nos altos, fileiras inúmeras de moinhos de vento; nos baixos, azenhas de água e barcos deslizando para montante e jusante, no Mondego; a seus pés estende-se a graciosa vila de Penacova; Além, Riba de Baixo, Carvoeira... e mais além a Cheira, Chelo, Chelinho, Rebordosa... Aqui e acolá diversos montes e vales e lá no fundo a lisa corrente do cantado Mondego em amplo leite tortuoso e em cujos meandros a vista se enamora;

Junto às casas dos vizinhos, lindos pomares, belos jardins e algumas vinhas e por aqui e acolá, alcandorados nos montes, casais caiados, brilhantes e de nota alegre e poética, mesmo dentro da Quinta hospitaleira, vinha, horta, pomar, alamedas, grutas artificiais com graciosas estalagmites, lagos artificiais, aquário, repuxo, jardim ao ar livre e jardins de estufa.

Plantas de climas temperados e de climas quentes, tudo devidamente tratado com amor, cuidado e arte, e tudo dividido por lindos caminhos, com bancos de repouso e mesas especiais nas grutas onde têm descansado e tomado refeições diversas diplomatas e cavalheiros estrangeiros e portugueses.

O Sr. Carvalho que nos recebeu admiravelmente mostrar-nos tudo de boa vontade e convida-nos por fim para penetrar no seu chalet de habitação. Ali completa-se o encanto com toda o conforto.

Estética, ciência e arte. Ricamente atapetado, tudo bem instalado com mobília e outros artigos decorativos de luxo, lindamente ornamentados. As diversas salas de recepcão, de fumo, de música... são tão ricos alguns quadros e pinturas, que julgamos estar nalgum museu.

E fomos também até ao primeiro andar onde estava um bom piano e onde a Madame Raimunda Martins de Carvalho, de origem brasileira e professora de piano exímia, executou notáveis trechos de músicas estrangeiras. E para o sr Joaquim de Carvalho, honra ao mérito! Ali mora um fidalgo, por direito e merecimentos próprios, nobre descendente, como tantos outros, do concelho de Penacova, da antiga e heróica raça portuguesa!

Subimos a vasta escadaria e chegámos ao jardim que contorna a casa. Que vimos? Impossível é fazer a descrição de tudo. Um belo horizonte: ao longe as cumeadas de algumas serras com urzes, tojos, ou circundadas pelas folhas verdes dos pinheiros; ao fundo o comprido vale das duas margens do majestoso Mondego; nos altos, fileiras inúmeras de moinhos de vento; nos baixos, azenhas de água e barcos deslizando para montante e jusante, no Mondego; a seus pés estende-se a graciosa vila de Penacova; Além, Riba de Baixo, Carvoeira... e mais além a Cheira, Chelo, Chelinho, Rebordosa... Aqui e acolá diversos montes e vales e lá no fundo a lisa corrente do cantado Mondego em amplo leite tortuoso e em cujos meandros a vista se enamora;

Junto às casas dos vizinhos, lindos pomares, belos jardins e algumas vinhas e por aqui e acolá, alcandorados nos montes, casais caiados, brilhantes e de nota alegre e poética, mesmo dentro da Quinta hospitaleira, vinha, horta, pomar, alamedas, grutas artificiais com graciosas estalagmites, lagos artificiais, aquário, repuxo, jardim ao ar livre e jardins de estufa.

Plantas de climas temperados e de climas quentes, tudo devidamente tratado com amor, cuidado e arte, e tudo dividido por lindos caminhos, com bancos de repouso e mesas especiais nas grutas onde têm descansado e tomado refeições diversas diplomatas e cavalheiros estrangeiros e portugueses

O Sr. Carvalho que nos recebeu admiravelmente mostrar-nos tudo de boa vontade e convida-nos por fim para penetrar no seu chalet de habitação. Ali completa-se o encanto com toda o conforto.

Estética, ciência e arte. Ricamente atapetado, tudo bem instalado com mobília e outros artigos decorativos de luxo, lindamente ornamentados. As diversas salas de recepcão, de fumo, de música... são tão ricos alguns quadros e pinturas, que julgamos estar nalgum museu.

E fomos também até ao primeiro andar onde estava um bom piano e onde a Madame Raimunda Martins de Carvalho, de origem brasileira e professora de piano exímia, executou notáveis trechos de músicas estrangeiras. E para o sr Joaquim de Carvalho, honra ao mérito! Ali mora um fidalgo, por direito e merecimentos próprios, nobre descendente, como tantos outros, do concelho de Penacova, da antiga e heróica raça portuguesa!

SABER + sobre a QUINTA DE STO ANTÓNIO