09 fevereiro, 2024

Dar (mais) vida a Lorvão: Recital no Mosteiro

Fotos: São Veiga


Realizou-se no dia 3 de Fevereiro, no Mosteiro de Lorvão, um Recital de Acordeão e Violino promovido pela Junta de Freguesia, em parceria com a Câmara Municipal, Paróquia de Lorvão e Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão. 

Rafael Nunes (Acordeão) interpretou Iduna (2°and.) de C. Duque,  Aztarnak  de R. Lazkano  e a Sinfonia N°1 de V. Bonakov  (Maestoso II - Adagio - Allegro III - Grave IV - Andantino Allegro non troppo)

Por sua vez, o duo Rafael Nunes e Bruna Sousa executou obras de Chain (S. Kaczorowski) e de M. Zimka (Sonata para violino e acordeão: I - Allegro Moderato,  II - Adagio Espressivo e III - Allegro Vivace.

O Duo Impromptu, constituído como se referiu, por Bruna Sousa no violino e Rafael Nunes no acordeão, é formado por antigos membros do Trio Voci, galardoado com o 1° Prémio na Categoria F - Música de Câmara Nível Superior, na décima sexta edição do Concurso Folefest. Este Duo surge no ano de 2023 na Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART), no âmbito da disciplina de Música de Câmara sob orientação do professor Paulo Jorge Ferreira.

08 fevereiro, 2024

Penacova um olhar 1921: características, anseios, necessidades (I)


Com o título “Monografia” e assinado por Bernardino Pereira, o Jornal de Penacova publicou em 1921 um artigo / crónica que nos transpõe para tempos que já levam a marca de um século e nos dão uma imagem, nalguns aspectos curiosa, do nosso concelho no primeiro quartel do século XX.

À época, Penacova enquadrava-se no conjunto dos concelhos de 2ª ordem e das comarcas de 2ª classe, agregando, em termos judiciais, o “novo” concelho de Vila Nova de Poiares. O concelho de Penacova, estendendo-se por uma área de 193 Km2 era formado por 11 freguesias: “Nossa Senhora da Assunção” (sede), Lorvão, Sazes de Lorvão, Carvalho, Travanca, S. Pedro de Alva, Oliveira do Mondego, “S. Paio de S. Pedro de Alva”, Paradela e Friúmes. Confrontava, tal como hoje, com Santa Comba Dão, Tábua, Arganil, Vila Nova de Poiares, Coimbra, Mealhada e Mortágua, concelhos com quem estabelecia “relações sociais e comerciais, transmitindo e recebendo influência psíquica regional, reciprocidade de novos sentimentos e costumes.”

A sede do concelho, com mais de 900 fogos, teria, em termos “redondos”, 4 000 habitantes. A Vila possuía “edifícios alegres, bem caiados e devidamente alinhados.” 

As artérias principais eram a Avenida 5 de Outubro, a Rua Conselheiro Fernando de Melo e a rua Dr. Joaquim Correia”. É referido também o Largo Alberto Leitão. Relativamente aos edifícios públicos merece destaque “o novo edifício Escola Maria Máxima, do legado do benemérito António Maria dos Santos”. Acrescenta o cronista que “dizem que vai possuir também um hospital”. Por sua vez os Paços do Concelho são considerados “sofríveis”.

Vejamos a apreciação feita sobre as estruturas turísticas: “tem dois hotéis, insuficientes para conter com as devidas comodidades, os seus hóspedes no Verão; nesta época os forasteiros são aos milhares, que aqui vêm veranear e repousar. Vêm de Coimbra, Figueira da Foz, Lisboa e outras terras de Portugal e do Estrangeiro.”

Sobre as actividades económicas é referido o seguinte quanto à agricultura: “O terreno não pode ser considerado como o mais fértil – refere Bernardino Pereira – mas está longe de ser estéril”: tem muitos terrenos regados pelos rios, veigas entre pinhais, em estreitos vales, nas encostas e nos planaltos dos seus montes, “alimentando cerca de 6 000 famílias, isto é, perto de 20 000 dos seus habitantes. Em “géneros alimentícios não é muito abundante” pelo que “tem de importar milho, trigo, vinho, batata, feijão“ e outros produtos.

Pelo contrário, em termos de comércio, exportava “palitos em grande quantidade, cal parda, madeiras, lenha e telha.”

Num registo, de algum modo “romântico”, o cronista salienta que o concelho de Penacova “exporta para o Brasil e para outras partes, braços de camponeses robustos e morigerados”; exporta também “música, flores e seus perfumes”, pelos seus “admiradores e forasteiros envia a saúde do corpo e principalmente do espírito”, bem como “o retemperamento das forças perdidas, com ares salubérrimos das proximidades do Bussaco e com uma relativa economia.”

Enaltecendo as personalidades ilustres do concelho, sublinha B. Pereira que “desta terra abençoada têm saído lentes e sábios notabilíssimos e oradores dos mais distintos.”

“Quem não conhece o grande orador Alves Mendes, quem se não verga respeitoso e submisso perante esse vulto eminente da República, nobre e sublime, muito grande para um país tão pequeno; quem não rende as devidas homenagens ao maior vulto que tudo sacrifica ao bem da Pátria – o nosso venerando Chefe de Estado?”


(Continua)

28 janeiro, 2024

Encontro com a escritora Elisabete Pinho na Biblioteca Municipal



A escritora Elisabete Pinho esteve ontem na Biblioteca Municipal de Penacova. Além da especial referência ao seu mais recente romance, inspirado no antigo Hotel Palacete do Mondego, outrora Preventório, a autora falou também da sua experiência literária e do processo criativo.

O apontamento cultural contou com a presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Penacova, Magda Rodrigues, que saudou a escritora e a felicitou pela sua já significativa obra.

Lamentando não ser possível no próprio hotel, Elisabete Pinho agradeceu a receptividade para ser apresentado na Biblioteca e confessou que alimentara o sonho, “o desejo secreto de poder apresentar o livro no local onde ele nasceu”.

Falando da sua trajectória literária, referiu que decidira “começar a escrever textos sem qualquer pretensão”, passando apenas para a escrita “aquilo que lhe ia na alma”. Entretanto um colega, poeta e escritor, lançou-lhe o desafiou para escrever algo mais estruturado. Depois de ler e “sem ela saber” enviou o original para algumas editoras, tendo, passado algum tempo, surgido o interesse em publicarem. “Assim em 2017 surge o primeiro livro, depois o segundo e o terceiro. Foi este 3º livro que realmente “fez pensar mesmo: é isto que quero começar a fazer!” O concurso para autores, que venceu, num universo de cerca de 250 trabalhos, foi, sem dúvida, um estímulo importante.

Sobre o mais recente trabalho O Pêndulo e a sua relação com o nosso concelho, Elisabete Pinho explicou como este romance nascera precisamente aqui em Penacova: “Encantei-me por este concelho quando vim aqui fazer uma visita há alguns anos. Estava na moda tirar fotos a locais abandonados e que tivessem a fama de assombrados”. Contou que ao pesquisar na Internet lhe tinha aparecido o Hotel Palacete do Mondego no Monte da Senhora da Guia, que antes tinha sido um Preventório. Além das fotos e das espreitadelas que deu àquele espaço abandonado, ficou encantada com “a vista fantástica sobre o Mondego” e por ela se “apaixonou”.

O impacto de tudo isto foi decisivo: “A partir daquele momento não me saía da cabeça a pergunta: como é que alguém abandona um local como este? Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito? “

“E tudo começou a fazer sentido” – sublinhou - “ Não estava à procura de escrever nenhum livro mas o que é certo é que comecei logo a imaginar que aquele palco, aqueles corredores do refeitório, podiam ter sido palco de uma história de amor e de um drama familiar...”

Quem é Elisabete Pinho?



Podemos ler na badana de O Pêndulo: “Nasceu a 28 de abril de 1975, em Ovar. É licenciada em Direito. Estreou-se na literatura com Se houver uma próxima vez, em 2018, ao qual se seguiu A ampulheta, em 2019. Participou em diversas coletâneas e Antologias de Poesia. Em 2020, alcança o 2° lugar no XXI Concurso Literário Dr. João Isabel, com o poema “Escrito a Dois”. No mesmo ano, vence o 1° Concurso de Ficção Nacional Cordel d' Prata, com o romance Depois do Fim, galardoado também com o troféu Melhor Romance 2021, na 3ª Gala de Autores Cordel d' Prata. O Pêndulo é o seu quarto livro.“


Sinopse


Vejamos o texto da contracapa: “Quando Joaquina cai inanimada nas Festas de São Caetano, na aldeia de Telhado, as três pessoas que lhe são mais próximas não imaginam o que as espera. Joaquina deixou cinco envelopes para serem abertos após a leitura do seu testamento. Que segredos contarão? Porque não os revelou em vida? Artur, o seu afilhado, é um dos destinatários e a pessoa escolhida para entregar os restantes. Alice, a sua única filha, irá ter outras surpresas além de não ser a única herdeira. Violeta, a protegida de Joaquina, parece ser quem mais sabe e quem mais segredos guarda. Os outros dois destinatários envoltos em mistério. À medida que a verdade é revelada, Artur terá de escolher entre manter-se leal à sua madrinha ou poupar as pessoas que mais ama. Alice sentir-se-á um peão num jogo perverso. Violeta será consumida pela culpa. Todos irão descobrir que nenhum segredo deve impedir-nos de viver.”

***

E a tal pergunta teima em ressoar, também na nossa mente: “Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito?”




Captura de écran em 28.1.2024