19 maio, 2023

Lorvão há 75 anos: um retrato animador em vésperas da crise paliteira de 1950

Dois anos antes da grave crise paliteira de 1950, Lorvão era ainda uma pujante localidade com um número apreciável de empresas industriais ligadas ao fabrico de palitos e igualmente  um importante núcleo comercial.

Sob o título “O VALOR DA NOSSA TERRA", escreve o correspondente em Lorvão do jornal Notícias de Penacova (20 de Março de 1948):

 Como já por várias vezes temos escrito, Lorvão é hoje uma terra muito importante. Para que os nossos leitores possam avaliar a veracidade destas palavras, vamos descrever ligeiramente o seu comércio, indústria e outras actividades, associações, repartições, etc.:

A. Baptista, com exportação de palitos dos dentes e negócio de madeira de salgueiro.

António Pisco da Silva, proprietário da marca de palitos dos dentes «Diana.».

Benjamim Luiz Pisco &Irmão, com mercearias, exportação de palitos dos dentes, negócio de madeira de salgueiro e cartonagem privativa.

Manuel Ferreira Pedrosa, com exportação de palitos dos dentes e indústria corticeira.

Manuel Rodrigues Craveiro,com exportação de palitos dos dentes e frutas, cartonagem privativa e negócio de madeira de salgueiro.

Maria Ricardina da Silva, com mercearias, vinhos e outros artigos

Manuel Teixeira de Sousa, com fazendas, mercearias, ferragens, material eléctrico e outros artigos, vinhos e agência funerária.

Manuel da Silva Figueiredo,com mercearias e negócio de madeira de salgueiro.

Ezequiel Simões, com exportação de palitos dos dentes, negocio de madeiras e fábrica privativa de cartonagern.

Manuel da Rosa Ralha, com mercearias e exportação de palitos dos dentes e plantas medicinais.

António Saraiva júnior, com estabelecimento de mercearias.

António Rodrigues Craveiro com mercearias, exportação de diversos produtos portugueses e negócio de madeira de salgueiro.

Justiniano da Silva Figueiredo, com mercearias, vinhos e negócio de madeira de salgueiro

Manuel Rodrigues da Silva com mercearia e miudezas

João Rodrigues da Silva, com mercearias, vinhos e outros ar­tigos.

António de Jesus Borges, com mercearias e vinhos.

Manuel dos Santos David, com mercearias, vinhos e outros arti­gos.

António Ramos, com mercea­rias e vinhos.

Felismino Tomé da Fonseca, com mercearias e vinhos.

Alípio Rodrigues Beato, com mercearias.

Manuel Melquíades da Fon­seca, com louças e negócio de pescado.

Edmar Guimarães Oliveira, em­preiteiro de Obras Públicas.

Manuel dos Santos Fabião, for­necedor de madeira de salgueiro.

Manuel de Sousa Rosa, nego­ciante de madeiras, lenhas e car­vão vegetal.

José Albino da Silva, com ofi­cina de tipografia.

Manuel da Fonseca Craveiro, com oficina de sapataria.

Vergílio da Silva Laranjeira, com oficina de reparação de bi­cicletas e aluguer das mesmas.

Joaquim Fonseca, com barbea­ria.

Manuel Simões Mateus, com barbearia.

José Tomé & Irmão, exporta­dores de palitos •Dálias».

António Tomé da Fonseca & Filhos, exportadores de palitos dos dentes."

E acrescenta o colaboardor dor jornal concelhio:

"Há duas camionetas de car­ga, respectivamente, pertencentes aos Srs. Manuel Ferreira Pedrosa e Armando Pedroso.

Possui ainda Lorvão competentíssimos artistas de sapata­ria, alfaiataria, funilaria, caixotaria, e hábeis operários da construção civil (pedreiros e carpinteiros).

Há também nesta terra mui­tos negociantes ambulantes de palitos dos dentes, sarro, borras de vinho, cravagem de centeio, etc., etc.

É Lorvão é centro fabril da importantíssima indústria dos palitos dos dentes, na qual se empregam muitas centenas de pessoas.

Temos a acrescentar ainda ao que acima fica registado, o seguinte: 

3 associações  (Filarmónica Lorvanense, Associação Recreativa Lorvanense e Grupo Representativo de Lorvão (futebol). 

Estação dos CTT com serviço de encomendas, registos, emissão de vales, telefone, etc.

3 escolas: masculina, feminina e mista.

E, para orgulho de Portugal, do concelho e da nossa terra, encontra-se aqui edificado o venerando e secular Mosteiro de Santa Maria de Lorvão, um dos mais antigos da Península e digno de ser visitado."

07 maio, 2023

Notas para a história da Casa de Repouso de Penacova (II)



Todo o turista que passe em Penacova, ganha bem o tempo. visitando com cuidado e atenção o encantador Repou­so de Santo António.

Este lugar inédito e aprazível, levanta-se altaneiro e tri­unfante, enfrentando o pacato e poético Mondego que pregui­çosamente corre, nesta parte do ano, a pouca distância.

Da parte superior do edifí­cio, observa-se o panorama mais original e mais soberbo que o nosso formoso Portugal pode mostrar.

O clima é sublime, com o seu ar fino e saudável e com as suas saborosas e puras águas, é recomendado por bons médicos para a cura de certas doenças.

A fachada principal do edi­fício virada ao Sul, é protegi­do ao Norte por uma frondo­sa mata de eucaliptos que dão no Repouso, uma temperatura constante, e agradabilíssima.

Pode dizer-se com toda a justiça, que o Repouso de Santo António, é um trecho do formoso e deslumbrante Buçaco.

Avaliando detalhadamente todos os recantos lindos e esquisitos, é fácil verificar que as mãos do Divino Mestre, juntou ali um fino e delica­do temperamento, a aformose­ar aquele conjunto artístico e de maravilha!

Também não quero deixar de me referir à parte interior do edifício que está primoro­samente mobilado, vendo-se em todas as dependências, a maior limpeza, muito luxo, o maior conforto e muito bom gosto.

Falando ainda do menu se­manal, devo dizer que é supe­riormente executado, não es­quecendo nunca a saúde e o bem estar dos hóspedes que têm a felicidade de vir para o Repouso de Santo António.

E para concretizar, devo afiançar que todo o hóspede instalado no Repouso, fica sempre com vontade de voltar.

Não posso deixar de falar no salão de recreio que pode rivalizar com qualquer dos nossos melhores casinos. Ali nada falta, para distrair o mais exigente espírito moder­no: dois belos pianos de cau­da, uma boa telefonia, bilhar, ping-pong, quino, jogo das damas, etc.

É muito digna de ver-se a pequena e luxuosa capelinha que fica situada na parte mais interior do edifício.

Todo este recanto extraor­dinário pertence à Ex.ma Se­nhora D. Raymunda de Car­valho. Bem haja pois Sua Ex.a pela enobrecedora obra que fundou e por tão préstimos serviços prestados à sua Penacova adoptiva.


Lorvão, 27/8/ 940

Madalena de Jesus Traça e Madeira

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Texto publicado no Notícias de Penacova nº 360, Agosto de 1940; Madalena de Jesus Traça e Madeira, que seria casada com Ilídio Madeira foi professora em Lorvão,tal como o marido. Eram tios das Professoras Maria da Piedade e Maria Helena Marques.

Recorte de jornal: Dia da Mãe

Um poema de Maria Eduarda Silva dedicado à sua mãe no dia em que faria anos, publicado há muito, muito tempo, no jornal Notícias de Penacova, mas que hoje, DIA DA MÃE, evocamos em jeito de homenagem a todas as Mães que já não temos entre nós e que recordamos com profunda saudade.