01 dezembro, 2019

Descoberta mina de prata na Cheira


Foi descoberta por um funcionário da Câmara, quando procedia à exploração de água para abastecimento à Cheira, uma mina de prata e outros metais, localizada ao cima daquela localidade, na estrada Penacova-Botão.

A notícia é de Abril de 1934 e não parece ser mentira do primeiro de Abril dado que põe em causa a honorabilidade de algumas pessoas importantes da vila.

Muitas outras minas tinham aparecido no concelho, muitas delas nunca exploradas e sem qualquer resultado, pelo que noticiar o aparecimento de uma mina não seria propriamente novidade. O que terá merecido reparo foi o facto de ter sido registada na Secretaria da Câmara,  não em nome do Município mas em nome de uma sociedade particular.

Faziam parte dessa sociedade o Presidente da Câmara, José de Gouveia Leitão, Manuel Ferreira Sales Guedes, médico municipal, Francisco Sales Guedes, tesoureiro da Câmara, Amílcar Coimbra Leitão, advogado e Laurindo da Cunha Martins, comerciante.

A fortuna encontrada na mina da Cheira não terá passado de um sonho. Mas como seria se a exploração tivesse dado resultado? – questionou o articulista do jornal local. Ou tudo não terá passado, afinal, de uma peta do 1º de Abril daquele ano?

06 novembro, 2019

A Cavalaria de Penacova ou os cavaleiros sem cavalo...



Conta-se que em Coimbra era frequente os comerciantes da baixa para distraírem os fregueses, enquanto mediam ou pesavam as mercadorias, fazer troça da Cavalaria de Penacova.

Diziam eles que em Penacova a pobreza era  geral e atingia mesmo indivíduos de posição elevada, como eram os cavaleiros. Quando algum destes se via forçado a vir à cidade, como não tinha cavalo, fazia toda a jornada a pé. No entanto, com vergonha, tinha uma maneira engenhosa de encobrir a sua penúria.

Vestia-se e calçava-se como bom cavaleiro de botas e esporas e saía de Penacova sempre acompanhado do seu cão. Lá vinha pela Serra da Aveleira e do Dianteiro atravessando montes e vales até chegar ao fundo da Calçada do Gato, já perto de Santo António dos Olivais.

Ali, agarrava o cão e esporava-o fortemente até que as rosetas das esporas ficassem tingidas de sangue e com pêlo agarrado. Este, logo que o deixavam, fugia vertiginosamente para casa. O “cavaleiro” continuava  a pé por Santo António e Celas até entrar na cidade. Aqui as pessoas das suas relações faziam-lhe cumprimentos, com a devida consideração e ofereciam-lhe a casa perguntando logo onde tinha prendido o cavalo.

- Olhe, tenho em Santo António dos Olivais uma pessoa amiga que me faz o favor de recolher o cavalo e ter-mo devidamente tratado – dizia prontamente o cavaleiro. Quando eu tiver dado as voltas que tenho de dar, regresso e encontro-o pronto a marchar!

A cavalaria penacovense ... a história dos cavaleiros sem cavalo, são anedotas que remontam a tempos antiquíssimos. Pensa-se que esta “graçola” até terá o seu fundamento. É que, como refere Alexandre Herculano, havia realmente peões que eram elevados à categoria de cavaleiros quando se distinguiam pela bravura e feitos de armas, ainda mesmo que por falta de meios não pudessem ter nem sustentar cavalo. Aquele historiador cita mesmo o  Foral de Penacova, documento que mostra a grande importância militar do concelho e do castelo de Penacova no largo período da reconquista cristã. Estas anedotas  e historietas serão a prova indiscutível de que houve em Penacova uma falange de guerreiros cristãos que muito se notabilizaram.

Daí virá a fama da briosa Cavalaria Penacovense em que entravam cavaleiros... sem cavalo. Não tinham por falta de meios, mas tinham as esporas que haviam conquistado pelas suas provas de bravura e feitos de armas.

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Nota: Esta e outras crónicas que se seguirão têm como base um conjunto de textos publicados no jornal Notícias de Penacova nos anos trinta do séc. XX, que pensamos serem da autoria de José Albino Ferreira.

01 novembro, 2019

Mês a mês com Portugal durante o mandato presidencial de AJA

NOVEMBRO DE 1919

18

Liberdade de importação, comércio e trânsito da batata, feijão e arroz.

22
Realiza-se em Lisboa o II Congresso do Centro Católico Português, fundado em 8 de Agosto de 1917. Trata-se do “congresso da reestruturação.” Aprovadas as bases regulamentares. Eleito para presidente António Lino Neto, apoiado por uma comissão central de que fazem parte António Pereira Forjaz e José da Fonseca Garcia. Na altura comemoram-se as festas do Beato Nuno. Há delegados de 13 dioceses.

26
A Lei n.º 910 manda arquivar todos os processos de imprensa, desde 5 de Dezembro de 1917 até 31 de Dezembro de 1918, sobre os quais será feito perpétuo silêncio. Ou seja, deixa cair os processos instaurados durante o Governo de Sidónio Pais.

OUTROS ACONTECIMENTOS:
- GREVE DOS SAPATEIROS EM BRAGA.
- TUMULTOS EM SETÚBAL.
- APUPOS A ANTÓNIO GRANJO NO PORTO.
- ASSALTO AO SEMANÁRIO RESSURREIÇÃO, PUBLICADO EM COIMBRA PELOS ESTUDANTES MONÁRQUICOS.

FONTES