25 outubro, 2016

Importante evento cultural vai ter lugar em Lorvão no próximo sábado


No próximo sábado vai realizar-se em Lorvão  um colóquio comemorativo do 1º aniversário da inscrição dos manuscritos “Apocalipse do Lorvão” e “Comentário ao Apocalipse do Beato de Liébana” do Mosteiro de Alcobaça no Registo de Memória do Mundo pela UNESCO, no âmbito da candidatura ibérica “Os manuscritos do Comentário ao Apocalipse (Beato de Liébana) na tradição ibérica”. O programa começa já na sexta-feira no Mosteiro de Alcobaça.
No dia 29, no Mosteiro de Lorvão, pelas 17H00, será apresentado pela Professora Doutora Maria Alegria Marques, o livro “Os Antigos Códices de Lorvão: balanço de pesquisa e recuperação de tradições”, do Professor Doutor Aires Augusto Nascimento Trata-se de uma edição da Câmara Municipal de Penacova.
Às 18H00, terá lugar um Concerto no Órgão Histórico por João Henriques.
Patentes ao público estarão o Fac-simile do Códice Apocalipse do Lorvão (ANTT, Ordem de Cister, Mosteiro de Lorvão, códice 44), produzido no Scriptorium do Mosteiro de Lorvão (séc. XII), cortesia da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e o Scriptorium Medieval, cortesia da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra.

PROGRAMA 

28 de outubro MOSTEIRO DE ALCOBAÇA | Sala do Capítulo

15h00 Sessão de abertura Directora-Geral do Património Cultural Director-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas Directora-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal Presidente da Câmara Municipal de Penacova Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça Presidente da Comissão Nacional da UNESCO (a confirmar)
Moderação: Mestre Ana Pagará  – Directora do Mosteiro de Alcobaça

15h30 “O Arquivo Nacional da Torre do Tombo e o Registo Memória do Mundo, da UNESCO” Dr. Silvestre Lacerda – Director-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas

16h00 “Memória com significado para o Mundo: experiência e incentivo com o Registo da UNESCO” Doutora Maria Inês Cordeiro – Directora-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal Dr.ª Ana Cristina Santana Silva – Biblioteca Nacional de Portugal

Coffebreak

16h45 “Um exemplo de colaboração internacional em matéria cultural: o processo de elaboração da candidatura ao Registo de Memória do Mundo da UNESCO dos Comentários sobre o Apocalipse (Beatus) na tradição ibérica. Os manuscritos espanhóis.” Dr. Severiano Hernández Vicente – Subdirector-Geral dos Arquivos Estatais de Espanha

EXPOSIÇÃO OS MANUSCRITOS PORTUGUESES INSCRITOS NO REGISTO DE MEMÓRIA DO MUNDO DA UNESCO, no âmbito da candidatura “Os Manuscritos do Comentário ao Apocalipse (Beatus de Liébana) na tradição ibérica” (2015):
Fac-simile do Códice Apocalipse do Lorvão [ANTT, Ordem de Cister, Mosteiro de Lorvão, códice 44], produzido no Scriptorium do Mosteiro de Lorvão (Século XII) [Cortesia: Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas]
Códice de Alcobaça: Comentário ao Apocalipse do Beato de Liébana [BNP/ ALC. 247], produzido no Scriptorium do Mosteiro de Alcobaça (Século XIII) [Cortesia: Biblioteca Nacional de Portugal]

29 de outubro MOSTEIRO DE LORVÃO | Coro da igreja

11h00 Sessão de abertura
Presidente da Câmara Municipal de Penacova, Director-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Directora-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal, Directora Regional de Cultura do Centro, Directora do Mosteiro de Alcobaça, Presidente da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão.
Moderação: Dr.ª Paula Silva – Directora da Biblioteca Municipal de Penacova / Centro Cultural

11h30 “O Mosteiro de Lorvão ao tempo da produção do Apocalipse de Lorvão” Professora Doutora Maria Alegria Marques – Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

12h00 “Sancho I e o Mosteiro de Lorvão: contornos de um alegado conflito” Professora Doutora Maria João Branco – Instituto de Estudos Medievais, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

13h00 | Pausa para almoço

15h00 “O Apocalipse de Lorvão na Memória do Mundo. A motivação partilhada no desafio de uma candidatura” Doutora Inês Correia – Conservadora-Restauradora, Arquivo Nacional Torre do Tombo

15h30 “Celebrar a Luz, revelando as cores nos Beatus do Lorvão e Alcobaça. Sereno nutilat. Nubilo euanescit” Professora Doutora Maria Adelaide Miranda – Instituto de Estudos Medievais, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Professora Doutora Maria João Melo – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Coffebreak

16h30 “No Silêncio do Claustro: a escutar a voz que preenche a Alma” Professor Doutor Aires Augusto Nascimento – Academia das Ciências de Lisboa e Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa

17h00 APRESENTAÇÃO DO LIVRO “Os antigos códices de Lorvão: balanço de pesquisa e recuperação de tradições”, da autoria do Professor Doutor Aires Augusto Nascimento, pela Professora Doutora Maria Alegria Marques.

17h30 Sessão de encerramento Presidente da Câmara Municipal de Penacova Directora Regional de Cultura do Centro, em representação de Sua Excelência o Senhor Ministro da Cultura

18h00 CONCERTO DE ÓRGÃO pelo organista João Henriques
Programa
Preludio com Fuga, LV 121 Johann Gottfried Walther (1684-1748)
Sinfonia 11, BWV 797 Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Toccata in G, BuxWV 165 Dieterich Buxtehude (1637-1707)
Lied, op. 31, no.17 Louis Vierne (1870-1937)
Festive Trumpet Tune David German (1954)

EXPOSIÇÃO
Fac-simile do Códice Apocalipse do Lorvão [ANTT, Ordem de Cister, Mosteiro de Lorvão, códice 44], produzido no Scriptorium do Mosteiro de Lorvão (Século XII) [Cortesia: Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas] e Scriptorium Medieval [Cortesia: Santa Casa da Misericórdia de Coimbra]

08 outubro, 2016

Cartas brasileiras: estrela decadente

Nos últimos treze anos, conduzidos por uma estrela então de esperança, muitos brasileiros com seus votos ajudaram a pintar o mapa do Brasil com a cor vermelha do Partido dos Trabalhadores, a agremiação política do ex-presidente Lula e da recém afastada Dilma.

Vieram as eleições de outubro de 2016, para prefeitos e vereadores; como pano de fundo:
1) as denúncias da Operação Lava Jato, detonadas pelo caso Petrolão (escandalosa corrupção na Petrobras) se alastrou. Mesmo estando ainda apenas no meio do caminho, redundou na prisão de empreiteiros, marqueteiro do PT, políticos, proeminentes dirigentes petistas, ex-presidentes e tesoureiros. E uma constatação: praticamente os mesmos dirigentes envolvidos no caso “Mensalão” o ocorrido no Governo de Lula, do qual o presidente se manteve ileso.
2) O impeachment da presidente Dilma por crime de responsabilidade, depois de o pedido ter sido acatado pela maioria absoluta dos deputados, levado ao Senado, submetido a uma maratona de reuniões, testemunhas na Comissão do Impeachment, teve o relatório aprovado e em seguida aprovado pela maioria absoluta dos senadores.

Outubro de 2016: apurados os votos constatou-se a acachapante do Partido dos Trabalhadores, o povo respondeu com um sonoro “não”, foi como um basta, um repúdio tão grande que ex-presidente não teve prestígio até para ajudar o filho se eleger como vereador na cidade símbolo do petismo: São Bernardo do Campo. No Rio de Janeiro e em Porto Alegre, as candidatas apoiadas por Dilma tiveram desempenho pífio.
Pela primeira vez, a eleição para prefeito de São Paulo, a mais importante cidade do Brasil, foi decidida no primeiro turno; o candidato petista, e atual prefeito (Haddad), mesmo com o apoio pessoal de Lula, conseguiu pouco mais de 16% dos votos (967.190), enquanto Dória (PSDB), sem nunca ter ocupado qualquer cargo político, obteve mais de 53% (3.085.187).

O vermelho, praticamente, sumiu dos nossos mapas; o resultado das eleições é visto como uma prévia do que acontecerá em 2018: eleição presidencial.

Não há como não lamentar o quase fim do que um dia representou, para muitos, a estrela da esperança tornar-se uma estrela decadente.




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05 outubro, 2016

O 5 de Outubro de 1976 em Penacova: sons, imagens e textos que quatro décadas não apagaram

OUÇA EM 
https://www.youtube.com/watch?v=mt-lf3UKW60

Celebravam-se então 66 anos da Implantação da República. No dia 5 de Outubro de 1976 Penacova prestava homenagem a António José de Almeida inaugurando no centro da vila um busto daquele estadista natural de Penacova.
 
Logo pela manhã, uma salva de 21 morteiros anunciou “o dia festivo que se ia viver” - escreveu o Notícias de Penacova. Às nove e meia teve lugar uma romagem ao Cemitério da Eirinha, em homenagem aos republicanos cujos restos mortais ali repousam. Pelas 12 horas, nos Paços do Concelho, foi içada a bandeira nacional com guarda de honra dos Bombeiros Voluntários. O Gestor Municipal, José Alberto Rodrigues Costa, numa breve alocução, sublinhou o significado do 5 de Outubro e recordou o modo como foi aclamada a República em Penacova. A parte da tarde viria a ser preenchida com o principal ponto do programa: a homenagem a António José de Almeida.


Edição de 9 de Outubro de 1976
do Notícias de Penacova

A vila estava em festa. Música executada pelas Filarmónicas do concelho: dos Bombeiros, Boa Vontade Lorvanense e Casa do Povo de São Pedro de Alva. Estralejar de foguetes no ar. Satisfação “resplandecendo nos rostos do povo (...) porque desde há muito tempo que este dia não era festejado com alegria, já que, durante quase meio século, o 5 de Outubro marcava uma data de oposição a um governo rejeitado pela maioria, oposição essa que veio a ter o seu terminus na madrugada de 25 de Abril de 1974” - escreveu aquele periódico local, rematando - “agora sim, agora o 5 de Outubro é dia festivo para o Povo que quer ser Livre.”
 
Pelas 16 horas procedeu-se ao descerramento do Busto (da autoria do escultor José Maria Cabral Antunes) que se encontrava coberto com a ”genuína” bandeira verde-rubra que foi içada na Rotunda no dia da Revolução vitoriosa.
 
O Governador Civil de Coimbra, Fernando Vale (que havia tomado posse na véspera) abriu a sessão, fazendo um breve referência à figura de António José de Almeida e ao alto significado daquele acto.

Seguiu-se Romero de Magalhães, Secretário de Estado da Orientação Pedagógica, em representação do Governo. Em breves, "mas vigorosas palavras", não só se referiu à justíssima homenagem como ainda à figura de António José de Almeida, terminando por lembrar o verdadeiro significado do que é a Liberdade e a República.


Romero de Magalhães no uso da palavra,
vendo-se também na foto Fernando Vale


Intervenção de José Alberto Costa, Gestor Municipal
(Arquivo pessoal de J.A.Costa)

Usou depois da palavra o Gestor municipal, José Alberto Costa, que “em seu nome pessoal e do povo do concelho deu as boas vindas a todos quantos quiseram honrar com a sua presença tão solene homenagem”. Seguiu-se a intervenção de Eduardo Ralha. Diz o Notícias de Penacova, cujas páginas temos vindo a seguir de perto – “Este orador, com aquela clarividência que lhe é peculiar, vivendo intensamente o momento nacional que foi o 5 de Outubro de 1910” fez uma explanação longa sobre o assunto e destacou o facto da personalidade de António José de Almeida “não ser apenas motivo de honra e legítimo orgulho para o concelho, mas também porque se trata mesmo de uma gloria nacional.” Terminou dizendo: “Quando assim se der sentido à trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, seremos dignos continuadores da geração de António José de Almeida e estaremos então a prestar-lhe a mais significativa das homenagens”.



Seguiu-se a intervenção do genro do homenageado, Júlio Abreu, que em representação dos familiares agradeceu “comovidamente” a homenagem que se estava a prestar e fez uma “breve resenha do que foi a vida e obra António José de Almeida, essa figura nacional que desde os seus tempos de estudante se deu de alma e coração à causa republicana, à democracia e à elevação do bom nome da Pátria Portuguesa.” Estava também presente a filha do homenageado, Maria Teresa de Almeida Queiroga de Abreu.
 
A finalizar, o Chefe da Secretaria da Câmara procedeu à leitura do Auto, lavrado em livro especial e que, no final, foi assinado pelas entidades presentes e pelo povo que o quis fazer. Foram ainda lidas algumas mensagens de "familiares ausentes e de um republicano", após o que foi guardado um minuto de silêncio por todos quantos lutaram para que a República Portuguesa fosse uma realidade viva.



“Estava assim terminada uma das mais brilhantes cerimónias realizadas no concelho” – conclui o jornal – “que desta forma prestou homenagem a um dos seus filhos que soube honrar a sua terra e Portugal.”