22 fevereiro, 2014

Penacova, o Mondego e a Lampreia - uma obra que todos os penacovenses deveriam conhecer

Veja AQUI a referência ao lançamento do livro
Penacova, o Mondego e a Lampreia.

Penacova, o Mondego e a Lampreia” é uma obra da autoria dos biólogos Fernando Correia e de Carlos Fonseca. Depois de um livro dedicado aos javalis, os autores publicaram em 2010, desta vez dedicada à lampreia, uma nova obra, com o apoio da Câmara Municipal de Penacova. Ao longo das suas cerca de 300 páginas, magnificamente ilustradas, somos presenteados com uma caracterização do concelho de Penacova, abordando o património natural do Mondego, a evolução da lampreia em Portugal, os factores de ameaça e conservação e muitos mais aspectos cientificamente tratados. Algumas receitas gastronómicas feitas à base desta apreciada iguaria são também apresentadas.

Da leitura do  capítulo dedicado à lampreia ficamos a saber que se trata de “um animal que pertence ao grupo dos peixes (em termos de evolução) mais primitivos que chegaram até aos tempos de hoje – os Agnatas, ou peixes sem mandíbulas.” tendo-se desenvolvido e tido "o seu pico de diversidade durante a Era Paleozóica, provavelmente durante o Câmbrico, há aproximadamente 510 a 505 milhões de anos.”


Uma das páginas do livro

Os sobreviventes actuais deste grupo (lampreias e mixinas) são hoje reunidos informalmente sob a designação de ciclóstomos (sem valor taxonómico) ou seja, animais de boca circular.

Uma outra nota a registar: em Portugal ocorrem dois géneros diferentes, Petromyzon e Lampetra, reunindo  três espécies diferentes: a lampreia marinha, a lampreia-de-rio e a lampreia-de-riacho. Como sabemos, a lampreia-marinha constitui um recurso natural associado a uma tradição gastronómica. è o caso do concelho de Penacova,  “um dos que mais fama grangeia, estabelecida que foi esta prática comensal e de restauração, principalmente desde os finais do século XIX. “

Infografia sobre o Ciclo de
Vida da Lampreia-Marinha

Ainda sobre a "lenda" da “lampreia fenomenal” pescada em 1908, concluímos, pelo que este livro nos informa, que terá sido mesmo uma brincadeira de Carnaval. 
É que “este animal é o maior ciclóstomo europeu, podendo atingir um peso superior aos 2 Kg e medir mais de um metro(a maior lampreia-marinha já capturada pesava 2,3 kg exibia um comprimento de 1,2m). Em Portugal as lampreias que regressam aos rios têm geralmente um peso e um comprimento médio de 1,3 kg e 88 cm."

Penacova, o Mondego e a Lampreia, é uma obra de leitura indispensável para o conhecimento  de Penacova, em especial da sua fauna e flora, onde se destaca a “divina lampreia”.


A lampreia com cinco metros e outras histórias

A "notícia" foi publicada em 1908. Durante muitos anos terá ficado esquecida. Ao pesquisar outros assuntos nos periódicos locais, chamou-nos a atenção o título " Lampreia Phenomenal" ,inserto no Jornal de Penacova nº 332 de 29 de Fevereiro. As dimensões estão lá, fala-se mesmo no autor de tal pescaria. Intrigante. Nunca mais se escreveu sobre o facto. Ao consultarmos o calendário de 1908 verificamos que estávamos no fim de semana anterior ao Carnaval, o que nos leva a pensar que se tratou de uma brincadeira de Entrudo. O texto aqui fica para que não haja dúvidas. Agora se foi verdade ou não...só os zoólogos poderão dizer se tais dimensões são possíveis...
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Mas de outra história queríamos falar: do livro "Penacova, o Mondego e a Lampreia". Da autoria do nosso conterrâneo, Carlos Fonseca e de Fernando Correia. Uma das melhores obras que a Câmara Municipal patrocinou nos últimos anos. Pelo seu conteúdo e também pela ilustração. Um álbum que fala não só da lampreia, mas também de outras espécies animais e vegetais do nosso concelho. Que fala ainda da geomorfologia, onde tem especial destaque o vale cavado pelo rio que nos banha . Livro que traça também o percurso histórico e cultural do concelho, freguesia por freguesia. 

E, no momento em que Penacova está a viver o seu Festival da Lampreia, é do capítulo que trata desta espécie, duma forma cientifica, rigorosa,  que gostaríamos de tratar com mais desenvolvimento. Tarefa que ainda hoje concretizaremos. Até mais logo.