01 janeiro, 2014

Efemérides: Foral Manuelino, extinção do concelho de Farinha Podre e República


Poucas horas depois de o dia 31 de Dezembro de 2013 ter terminado, duas efemérides gostaríamos de destacar: 500 anos do Foral Manuelino (31/12/1513) e 160 anos da extinção do concelho de Farinha Podre (31/12/1853). Destes temas falámos já neste blogue e na imprensa regional.
Sobre o foral, pode espreitar a referência ao lançamento da edição fac-similada,  bem como um artigo sobre estas “joias patrimoniais”. Pode ficar também a saber que o exemplar concelhio do foral manuelino esteve em vias de se perder como se um maço de papéis se tratasse, e pode ainda visualizar algumas páginas do foral onde a data de 31 de Dezembro de 1513 é fácil de ler.
No que se refere ao concelho de Farinha Podre, pode ficar a saber qual o âmbito geográfico do mesmo (as freguesias e os lugares que o compunham, o número de fogos) e aperceber-se do “desastre” que constituiu essa decisão de extinguir um concelho que tinha todas as condições para se desenvolver.
Além destas duas referências, façamos uma terceira viagem no tempo. Recuemos 100 anos. Em 1913-1914, viviam-se tempos “atribulados” da República, onde as divisões no seio dos republicanos já se faziam sentir, em especial entre António José de Almeida e Afonso Costa, o mesmo é dizer, entre Evolucionistas e Democráticos.
No início de 1914 ( 3 de Janeiro) António José de Almeida escrevia no Jornal de Penacova um artigo intitulado “Ano Novo”. Aí perguntava, no seu estilo coloquial: “ Esta república, como no actual momento se encontra é má? Sem dúvida. Podemos mesmo, leitor amigo, sem forçar a expressão do vocábulo, chamar-lhe péssima.”
Assim, depois de tecer fortes críticas ao governo presidido por Afonso Costa apela a uma mudança urgente na condução do Governo e diz:
“Não te fiques nirvanicamente nas queixas e nos lamentos. Trabalha, mexe-te, congrega-te, conjura-te e anda para a frente” (…) Lembra-te que uma simples mudança ministerial, coisa que se faz sem abalos nem perturbações de espécie alguma, é o suficiente para que a paz, a ordem, a justiça serena, a equidade conciliadora, ponham em equilíbrio esta sociedade, que fazendo a evocação dos seus males, sobretudo deveria queixar-se de si.” Esta mudança ministerial que refere significava uma mudança de Governo e de Política.
“Anda e olha que a missão é facílima” – volta a reafirmar António José de Almeida, que conclui o artigo deste modo: “Nessa suposição [de mudança] te agoiro um novo ano que te faça, pelas suas vantagens, esquecer o 1913, com todos os seus desastres”.

29 dezembro, 2013

Ao derradeiro dia do mês de Dezembro de mil quinhentos e treze...

Parte final do Foral Manuelino onde se pode ler a data de 31 de Dezembro de 1513.
Já nos referimos neste blogue, por diversas vezes, aos Forais de Penacova, em especial àquele com que o Rei Venturoso distinguiu estas terras "no derradeiro dia do mês de Dezembro" de 1513.
 
Transcrevemos hoje um excerto da nota introdutória à edição facsimilada, assinada pela Profª Doutora Maria Alegria Fernandes Marques:
"É notório o interesse do poder local pelos aspectos históricos das suas comunidades. E surge redobrado quando elas foram alvo da concessão de foral, em um qualquer momento.
Essa atenção pode justificar-se por muitas razões, mas há duas que convém registar, muito particularmente. Referimo-nos à consciência da sua ancestralidade e identidade e ao respeito pelos documentos da sua história.
Folhas XIII do Foral de 1513
 
Assim o caso de Penacova, vila distinguida com dois forais um do rei D. Sancho I e outro do rei D. Manuel. Se o facto de este concelho da beira do Mondego ser, sem dúvida, depositário de uma história multissecular pois que, com toda a certeza, o lugar existia em 1036, podendo, mesmo, ser herdeiro e continuador de outros, mais antigos na região, e detentor de um património histórico, artístico e cultural de um valor muito apreciável a começar pelo imponente e tão significativo mosteiro de Lorvão, justificava, já de si, uma obra de pesquisa, entendeu o poder autárquico actual fazer dedicar um estudo aos seus forais.
Assim, tem este trabalho por fim a publicação fac-similada e o estudo dos dois forais de Penacova. O primeiro, do mês de Dezembro do ano de 1192, havia de inserir-se numa política de valorização do território, tão característica do rei Povoador, o segundo, datado do último dia do ano de 1513, nasceu da grande reforma dos forais levada a cabo no reinado do rei Venturoso.
D. Manuel I, o Venturoso
No intervalo, a vila de Penacova havia de conhecer o destino de tantas outras do reino de Portugal: concedida a vários apaniguados régios, ao longo dos tempos, no governo do Mestre de Avis, futuro rei D. João I, havia de conhecer a família em cuja posse havia de persistir até ao fim do regime senhorial, em Portugal. Então, era doada a Nuno Fernandes Cordovelos, em agradecimento daquele rei pelos importantes serviços e pelo apoio que esse seu vassalo lhe tinha prestado, quando ele lutara pelo trono de Portugal, contra um partido adverso que tinha no poder castelhano a sua cabeça e coração. Na sua família se manteria até à extinção dos forais."
[SAIBA MAIS NO PENACOVA ONLINE NO DIA 31]

25 dezembro, 2013

Penacova, Lorvão, S. Pedro de Alva e Rebordosa vão reviver Cantares de Natal


 
Os Cantares do Ciclo Natalício vão estar em primeiro plano na agenda cultural dos próximos dias. São já quatro as iniciativas programadas:
DIA 28 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de Penacova, pelas 21 horas, vão actuar, além do grupo organizador - Rancho Folclórico de Penacova, o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alfarelos e o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira.
DIA 29 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de S. Pedro de Alva, pelas 16 horas, integrado no Concerto de Natal, o Rancho Folclórico da Casa do Povo vai interpretar também Cantares do Ciclo Natalício. Neste evento actua ainda o organista João Guerra e o Grupo Vocal Ancãble. Uma organização conjunta da Paróquia, do Grupo Onda Jovem do Alva e do Rancho local.
No mesmo dia – e à mesma hora – em Lorvão, tem lugar o XVI ENCONTRO DE CANTARES DO CICLO NATALÍCIO, na Igreja do Mosteiro. Actuam o Grupo Etnográfico de Lorvão, o Rancho Folclórico São Salvador de Grijó, o Grupo Típico de Ancã e o Rancho Folclórico de Mundão.
12 de JANEIRO: na sede do União Popular da Rebordosa, pelas 16 horas, “Cantar do Natal aos Reis”. No encontro participam o Grupo Cultural Os Medroenses (Medrão – Sta Marta de Penaguião), Grupo de Cantares do Grupo Folclórico “Cravos e Rosas” (Oliveira de Azeméis), Cantadeiras da Alma Alentejana (Almada) e, por fim, o Grupo de Cavaquinhos da Rebordosa.
Neste tipo de cantares há “uma união do espiritual e do profano, em que se testemunha uma dualidade/unidade de princípios, de valores e de receptividade geral, vincada na exaltação, no humorístico, no satírico e no agradecimento, com votos de felicidade, de bem-estar, de gratidão, de louvor ao Menino e de penhor à pessoa" - escreveu  Mário Nunes, historiador e investigador das tradições populares, (e à data Vereador da Cultura), aquando do lançamento de um CD, em 2008, pela Câmara de Coimbra.
Segundo aquele historiador, falecido no Verão passado, a distribuição cronológica da festividade principia nos cânticos de alegria e de elevação espiritual ao Menino, entoados na noite de Natal e nos dias seguintes.

No primeiro de Janeiro cantam-se nos adros e de porta em porta as "Janeiras", cantares populares, outrora preparados para os lavradores e pessoas ricas e de linhagem, tendo por motivo agradecer os benefícios recebidos ao longo do ano, desejar Ano Novo repleto de alegria e saúde aos proprietários e familiares e pedir, em recompensa, alguns bens alimentares para festejar o evento.

Nos Reis, a 6 de Janeiro, a última fase do ciclo natalício, cultivam-se os mesmos sentimentos, emprestando-se o entusiasmo e a saudação, algumas vezes personalizados, ao Senhor da Casa e pessoas queridas. "Na ausência do esperado agradecimento, isto é, não correspondido, materialmente, cantam-se quadras, previamente escolhidas, em que o humor, a sátira e até o brejeiro dirigidos aos donos, acompanham as despedidas e formalizam o desagrado do grupo aos distinguidos com a saudação".