Em complemento do "post" anterior, publicamos uma fotografia dos tempos em que o chafariz estava próximo da torre da Igreja. Foto que Pedro Viseu teve a amabilidade de nos enviar.
domingo, agosto 30, 2015
AINDA A HISTÓRIA DOS CHAFARIZES DE PENACOVA...
No início do
séc XX Augusto Leitão (falecido prematuramente) dá início à construção do
edifício que albergou a União Comercial, depois o Penacova Hotel, Repartições Públicas...enfim, um espaço que todos conhecerão.
Nesse
local existia um antigo chafariz que foi demolido com as referidas obras. Na falta dele, alguns anos depois, Joaquim Leitão oferece à Câmara - facto que foi notícia dos jornais e tinha mesmo uma lápide com essa indicação - uma verba para a construção de um novo
Chafariz que foi implantado junto à Pérgula, que à data não existia.
A história deste chafariz (que tem saltitado de lugar para lugar...) daria para escrever algumas páginas, mas, por hoje, fica este pequeno apontamento.
![]() |
Antigo chafariz demolido (foto da colecção particular de José Alberto Costa) |
![]() |
Localização inicial do novo chafariz |
![]() |
Imagem actual |
![]() |
A notícia do acto de vandalismo (recorte de 1921) Uma nota: vandalismo? questões políticas?...é que por esta altura Joaquim Leitão seria Senador da República... |
Post scriptum: para completar, mais uma fotografia. Esta de quando o chafariz estava perto da torre da Igreja. Teria sido a segunda localização.
segunda-feira, agosto 17, 2015
Festa de N. S. dos Remédios: recortes do passado
sábado, agosto 15, 2015
A propósito da Festa de Nª Sª dos Remédios este fim de semana em Travanca
Hoje, dia em que se venera Nossa Senhora, e de um modo especial, Nossa Senhora dos Remédios, em Travanca do Mondego, recuperamos o texto que em tempos já publicámos neste blogue.
![]() |
Altar da capela de N. S. dos Remédios em Travanca do Mondego |
Senhora Ourada [ou o Costume de ornamentar as imagens com adereços de Ouro]
A oferta de objectos de ouro aos deuses será tão antiga
quanto a existência do homem, e, entre as coisas que ainda hoje se oferecem a
Deus e aos santos encontra-se a joalharia. Esta, neste contexto, assume a
designação de joalharia devocional, porque fruto de uma devoção, e pode ser
constituída por peças eruditas ou de carácter popular. No entanto, são estas
últimas as mais oferecidas às diversas invocações de Maria, e a algumas santas
de especial devoção das ofertantes.
O costume de ornamentar as imagens com adereços de ouro foi
comum em todo o País, mas, na actualidade, está mais concentrado nas regiões do
interior transmontano, alentejano e beirão. Na pesquisa efectuada a nível
nacional encontramos, até ao momento, cento e quinze imagens no Continente,
vinte na Madeira e quatro nos Açores, que ainda saem em procissão ataviadas com
ornatos de ouro oferecidos pelas fiéis, e as quais denominamos Senhoras Ouradas.
No distrito de Coimbra deparamos com cinco ocorrências, com a Senhora dos
Remédios incluída.
Relativamente à estrutura, as imagens ouradas podem ser do
tipo vulto perfeito, em madeira, pedra ou pasta pintadas, ou imagens de vestir.
Nas primeiras, os ornatos áureos são-lhes colocados sem a adição de qualquer
peça de vestuário. Contudo, em certas regiões, estas recebem um manto em tecido
para usar no dia de festa juntamente com as suas jóias, como é o caso de
Travanca do Mondego. Por sua vez, nas imagens de roca, ou de vestir, usam-se
vestes completas desde roupa interior, vestido, manto e véus, aos quais se
juntam inúmeros ornamentos áureos.
O tipo de adornos que embelezam o colo das imagens -
cordões, voltas, gargantilhas, alfinetes de peito com pedras vermelhas e
azuis(1), medalhas de santos e crucifixos - são comuns a todo o País. No
entanto, há zonas que apresentam uma grande concentração de peças mais
particulares, como os colares de gramalheira (2) em Trás-os- Montes e as libras
com guarnição(3) no Minho. Na Madeira o número de cordões ou fios é muito
superior ao número de medalhas ou ornatos, como aliás em quase todos os acervos
que tivemos ocasião de apreciar. Todas as imagens ouradas usam brincos, e, se
muitas delas já têm as orelhas furadas para esse propósito, outras, como a
Senhora dos Remédios, usam-nos presos à cabeleira ou ao manto que lhes cobre a
cabeça. Quase sempre ostentam brincos compridos, com incidência no tradicional
brinco à rainha(4) mas, principalmente no Centro e Sul do País, podem ver-se
vistosos brincos compridos de tipologias e influências diversas.
A forma como o ouro é colocado nas imagens varia de região
para região. Pode ser colocado só nas mãos, só ao pescoço, espalhado sobre as
vestes e, ainda, sobre toda a imagem e seu traje. Contudo, todo o ouro exibido
comporta em si, quanto a nós, duas características - a expositiva e a
ornamental. A primeira ocorre dado que uma das principais razões deste uso ser
a de apresentar à comunidade os ornatos oferecidos pelo pagamento de promessas,
e assim, pela sua exibição, mostrar que estes não foram alienados e continuam a
fazer parte do espólio da Senhora ou da Santa. Depois, o carácter ornamental
surgirá quando as jóias são usadas para engalanar e embelezar a imagem, para o
dia da sua festa, à semelhança do que qualquer um de nós faz para um dia
especial.
Este costume provoca diferentes reacções por parte dos
responsáveis da Igreja Católica, e, se uns o aceitam, outros condenam-no. Não é
nosso propósito fazer a apologia nem a detracção de tal prática. Queremos
somente notar que é um hábito que ainda se mantém em muitas vilas e aldeias e
que, por envolver ornamentos em ouro, faz parte de um estudo alargado, que
estamos a elaborar, sobre os vários usos do ouro tradicional português durante o
século XX.
___________
Notas:
1 Tipo de ornatos que entrou em uso a partir dos anos 40, do
século XX, e que foram largamente utilizados até aos anos 80. Eram peças de
formas geométricas, a lembrar as influências Art Déco, e também florais, numa
evocação da Arte Nova, decoradas com vidros coloridos, principalmente azuis e
vermelhos, que com a sua cor e aparência davam um ar de jóia com pedrarias,
vistosa mas a um preço muito acessível.
2 O colar de gramalheira é uma peça de grande aparato e
excepcional efeito ornamental constituída por um medalhão e o seu respectivo
cordão. Este tem duas formas básicas; grandes elos ovalados com círculos no
interior ou constituído por secções de malha intercaladas com argolas. O
medalhão, que em muitas zonas do Minho se chama também simplesmente
gramalheira, é uma grande peça ornamentada com elementos vazados e pedrarias de
fraco valor.
3 Moedas de libra, ou moedas de imitação de libra, envoltas
por uma cercadura filigranada ou cinzelada.
4 Peça de grande aparato, em filigrana. É composto por duas
peças recortadas e vazadas, articuladas por argolins. A parte inferior do
brinco apresenta ainda no centro uma outra peça circular, também articulada,
cujo movimento os torna ligeiros e elegantes ao serem usados. São os brincos
mais usados no Minho e, na zona de Viana do Castelo são os brincos por
excelência de todas as mulheres quando envergam o traje regional, seja este de
que tipo for.
Rosa Maria Mota
_____________________________
NOTA:
Travanca do Mondego venera Nossa Senhora dos Remédios. Por
ocasião das festas de 2008 o Penacova Online publicou uma pequena reportagem
fotográfica da procissão. Passado muito tempo, somos contactados por uma pessoa
da zona do Porto, que nas suas pesquisas na internet tinha encontrado o nosso
"post". Desejava saber mais
pormenores sobre o uso de colocar ouro na imagem no dia da Festa Anual, dado
que estava a preparar uma tese de doutoramento.
É assim que, a nosso pedido, a Drª Rosa Maria Mota,
doutoranda em Artes Decorativas - Ourivesaria, na Universidade Católica
Portuguesa – Centro Regional do Porto teve a gentileza de nos enviar o texto
que aqui fica registado e certamente será do interesse de muitos dos nossos
leitores.
----------------------------------------------------------
![]() |
Das antigas "pagelas" ao cartaz de 2015 |
domingo, agosto 09, 2015
Cartas Brasileiras: Eu não sei por quê
Eu
não sei por quê
Procurar, eu procurei. Não sei por
que não encontrei a que eu queria. Pode ter certeza, eu juro, não estou mentindo.
Porém, do fundo do meu coração, sinto muito, me desculpe. Dê-me a mão, sou um
estranho no paraíso, permanecer sonhador, esse é o perigo.
Mas, não seja por
isso. Tudo bem, eu imploro perdão, mas você não deve se
esquecer, eu nunca prometi um jardim de rosas. Então, é
melhor você pensar sobre isso. Bem, você poderia fazer tudo se tornar
realidade, eu lhe daria o mundo agora mesmo em uma bandeja de prata. Mas o que
isso importa!
Devem estar pensando, o cronista pirou de vez. Não, estou bem.
Tentei encontrar a letra da música “I don’t kow why” (Eu não sei por quê), com a orquestra de Ray Anttony (20/01/1922), música que faz derreter qualquer coração
ligeiramente apaixonado.
Incrível, não encontrei a letra, mas descobri que ele segue vivo,
como viva são suas interpretações. Encontrei outras com mesmo nome, nem de
longe se comparam à inesquecível versão com Ray
Anthony. Como não queria ser um
estranho no paraíso, e “Stranger in
Paradise” é famosíssima com RayConniff, tentei redimir-me.
Para me desculpar, me fiz valer de “I Apologize”, que tem uma versão primorosa e imbatível com Billy Eckstine (08/07/14 – 09/03/93).
[clique na imagem para ouvir]
Por fim, para que ninguém reclame, porque não apresentei o
prometido, posso dizer, eu nunca prometi aos leitores “Rose Garden”, como tão bem cantou Lynn Anderson (26/09/1947 – 30/07/2015), isso mesmo, ela se foi um dia desses.sexta-feira, julho 31, 2015
Leituras para férias: Penacova paisagem de sonho e beleza
Quem não se recorda das edições antigas da revista Modas e Bordados? Ora, esta revista, associada ao jornal O Século, publicou em 1932 um artigo sobre Penacova, assinado por Maria Lúcia. Quem era Maria Lúcia?
No início dos anos trinta,
durante cerca de meia dúzia de anos, viveu em Penacova, dado que o seu marido
Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, funcionário público, natural de Lorvão onde
nasceu em 1900, foi colocado naquela vila. Maria Lúcia Vassalo Namorado era sobrinha de Maria Lamas e foi uma escritora e jornalista de renome. Curiosamente, essa carreira
jornalística começou no Notícias de Penacova onde deixou muitos escritos. Refira-se
que o marido foi também um dos fundadores deste periódico. Lúcia Namorado criou passado algum tempo e dirigiu durante muitos anos a também afamada revista OS NOSSOS
FILHOS, onde apareceram muitas referências a Penacova, inclusivamente
fotografias de bebés/crianças da vila. Existem estudos académicos detalhados sobre
Lúcia Namorado e a sua relação com a nossa terra.
AQUI FICA O TEXTO publicado em 18 de Outubro de 1932:
Penacova
paisagem de sonho e beleza
Pequenina, modesta, privada ainda hoje de comodidades modernas, embora distanciadas apenas cerca de 20 quilómetros de Coimbra, a que a liga uma lindíssima estrada, Penacova impõe-se pelo acaso da sua situação caprichosa, a meio de uma paisagem privilegiada de beleza. Particularidade singular, talvez única na nossa Terra, essa paisagem, sendo grandiosa é, ao mesmo tempo, limitada. Como se a natureza entendesse que os olhos tinham ali pasto bastante para alimentar sucessivas e atentas contemplações.
paisagem de sonho e beleza
Pequenina, modesta, privada ainda hoje de comodidades modernas, embora distanciadas apenas cerca de 20 quilómetros de Coimbra, a que a liga uma lindíssima estrada, Penacova impõe-se pelo acaso da sua situação caprichosa, a meio de uma paisagem privilegiada de beleza. Particularidade singular, talvez única na nossa Terra, essa paisagem, sendo grandiosa é, ao mesmo tempo, limitada. Como se a natureza entendesse que os olhos tinham ali pasto bastante para alimentar sucessivas e atentas contemplações.
Rodeia-a uma infinidade de montes: uns cónicos e rochosos; outros, de
ondulações suaves, grandes extensões de pinhais salpicados e de povoados - nódoas claras que, surgindo
dentre a romaria verde, alegram a vista e fazem lembrar sorrisos
cândidos e saudáveis. No vale, amplo e luminoso, duma claridade doce de
aguarela, passa o rio silencooso e manso, estorcendo-se em curvas airosas que descobrem,
ora à direita, ora à esquerda, areais onde as lavadeiras coram a roupa, e onde
o milho que viceja e amadurece nas ínsuas vizinhas, depois de loiro e
descasulado, é estendido para secar.
Cortando as águas límpidas do rio, que
deixam ver as areias de oiro cantadas
pelos Poetas, deslizam, carregdas de madeira, as barcas negras e muito esguias,
de grande proa revirada; os barqueiros, tisnados, conduzem-nas à vara,
penosamente, correndo sobre os bordos, num esforço exaustivo, prodigioso de
equilíbrio; e só quando o vento sopra a faina abranda um pouco: nas barcas
escuras incha e resplandece a brancura duma vela.
É assim aquele vale de cores macias e duma serenidade extática. Ao
centro eleva-se uma colina semeada de oliveiras e coroada por uma povoação que
dir-se-ia, na verdade, uma rainha no trono - tal como está debruçada para o
Mondego, do alto duma penha erguida
numa cova.
É a vila de Penacova uma das mais antigas da Península; nela , porém,
nada nos fala da sua vetustez, pois nem sequer do seu remotíssimo castelo
existem vestígios. Vários investigadores afirmam que é de origem cantábrica,
mas parece assente que a primeira notícia desta vila data do tempo do conde D.
Henrique.
D. Sancho I mandou-a povoar e deu-lhe em 1193 foral que foi confirmado
em Coimbra por D. Afonso II; D. Manuel I deu-lhe novo foral em Lisboa, no ano
de 1513.
É hoje muito visitada por pessoas atraídas pela justa fama dos seus encantos
naturais, e tem um grupo de bons amigos empenhados em a dotar com
melhoramentos, dentre os quais se destaca o esplêndido edifício do preventório,
prestes a funcionar – obra cujo largo alcance social é desnecessário encarecer.
A população, que é pobre, emigra
facilmente, sobretudo para as Américas.
A principal indústria do concelho é dos palitos, que se intensifica na
freguesia de Lorvão – cova sombria, triste, contraste profundo da beleza colorida
e sonhadora de Penacova: nessa aldeiasita se desmorona o velhíssimo mosteiro do
mesmo nome, outrora riquíssimo e agora desmantelado, mas onde ainda se
encontram jóias artísticas de raro valor, belas evocações de páginas distantes
da nossa História maravilhosa.
MARIA LÚCIA
domingo, julho 19, 2015
Problemas demográficos de Penacova apresentados em livro
Foi ontem apresentado na Biblioteca Municipal o livro “Penacova visto pela demografia”. Obra que tem como autores Paulo Cunha Dinis e Filipa de Castro Henriques.

Um estudo rigoroso que analisa a evolução da população no nosso concelho entre 1970 e 2011 e faz algumas projecções para o ano 2031 quando se realizar mais um Recenseamento Geral da População.
Nos últimos quarenta anos Penacova perdeu 2024 indivíduos (12% da sua população). A situação agravou-se ultimamente dado que durante a década 2001 -2011 se perderam 1474 habitantes, isto é, 73% do total perdido desde 1970. Tudo aponta para que o concelho continue a perder população. Por exemplo, se em 2011 a população jovem representava um oitavo da população total, em 2031 esse valor representará apenas um vigésimo. Os nascimentos atingirão metade dos verificados em 2011 e a população idosa vai passar para o dobro. Já hoje, por cada 5 óbitos só nascem 2 crianças. Em 2013 estimava-se que em Portugal o índice sintético de fecundidade era de 1,21. Ora, em Penacova já só era de 0,9, situando o nosso concelho na 270ª posição.
Da esquerda para a direita:
António Catela, Humberto Oliveira, Rute Cunha, Paulo Cunha Dinis,
Eduardo Aroso, Álvaro Aroso e José Santos Paulo




No dizer do Presidente da Câmara, presente no lançamento do livro, estaremos perante um cenário “dantesco” atingível a não muito longo prazo.
Refira-se que a Câmara Municipal foi a principal patrocinadora da publicação, que também teve o apoio da União de Freguesias S. Pedro de Alva / S. Paio do Mondego, bem como da Fundação Mário da Cunha Brito.
A obra enumera, ainda, algumas das potencialidades (e fragilidades) do desenvolvimento económico-social do concelho, aspecto que, além do problema da natalidade, se cruza com a questão da fixação (ou eventual atracção) das pessoas no território concelhio. Também o fenómeno migratório (interno e externo) é tido em conta neste estudo.
A apresentação do livro esteve a cargo de Rute Cunha, penacovense, Mestranda em Política Cultural Autárquica na Faculdade de Letras de Coimbra. A iniciar a sessão, actuou um grupo de Guitarras de Coimbra interpretando temas de Carlos Paredes, de Antero da Veiga (que em 1908 esteve no Sarau que fez parte do programa de inauguração do Mirante) e ainda um tema coimbrão que tem origem numa música de José Eliseu, um nome ilustre de Penacova.
Sobre os autores:
Paulo Cunha Dinis, que fez os primeiros estudos em Penacova e pertence a uma família de S. Pedro de Alva, é Mestre em Estudos Políticos de Área – vertente Relações Internacionais no Cáucaso do Sul pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, com a dissertação “A Geórgia e a Política Externa Russa. Uma análise do Cáucaso à luz da Teoria da Regionalização”; obteve a Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa.
Filipa de Castro Henriques é licenciada em Economia, mestre em Estatística Gestão de Informação ISEGI-UNL; assistente convidada FCSH-UNL; economista GEE-MEI e doutoranda na FCT/CEPESE/FCSH-UNL. É ainda investigadora do CEPESE nas áreas de Envelhecimento, Educação e Saúde e Análise Prospectiva e Planeamento.

Um estudo rigoroso que analisa a evolução da população no nosso concelho entre 1970 e 2011 e faz algumas projecções para o ano 2031 quando se realizar mais um Recenseamento Geral da População.
Nos últimos quarenta anos Penacova perdeu 2024 indivíduos (12% da sua população). A situação agravou-se ultimamente dado que durante a década 2001 -2011 se perderam 1474 habitantes, isto é, 73% do total perdido desde 1970. Tudo aponta para que o concelho continue a perder população. Por exemplo, se em 2011 a população jovem representava um oitavo da população total, em 2031 esse valor representará apenas um vigésimo. Os nascimentos atingirão metade dos verificados em 2011 e a população idosa vai passar para o dobro. Já hoje, por cada 5 óbitos só nascem 2 crianças. Em 2013 estimava-se que em Portugal o índice sintético de fecundidade era de 1,21. Ora, em Penacova já só era de 0,9, situando o nosso concelho na 270ª posição.

Da esquerda para a direita:
António Catela, Humberto Oliveira, Rute Cunha, Paulo Cunha Dinis,
Eduardo Aroso, Álvaro Aroso e José Santos Paulo




No dizer do Presidente da Câmara, presente no lançamento do livro, estaremos perante um cenário “dantesco” atingível a não muito longo prazo.
Refira-se que a Câmara Municipal foi a principal patrocinadora da publicação, que também teve o apoio da União de Freguesias S. Pedro de Alva / S. Paio do Mondego, bem como da Fundação Mário da Cunha Brito.
A obra enumera, ainda, algumas das potencialidades (e fragilidades) do desenvolvimento económico-social do concelho, aspecto que, além do problema da natalidade, se cruza com a questão da fixação (ou eventual atracção) das pessoas no território concelhio. Também o fenómeno migratório (interno e externo) é tido em conta neste estudo.
A apresentação do livro esteve a cargo de Rute Cunha, penacovense, Mestranda em Política Cultural Autárquica na Faculdade de Letras de Coimbra. A iniciar a sessão, actuou um grupo de Guitarras de Coimbra interpretando temas de Carlos Paredes, de Antero da Veiga (que em 1908 esteve no Sarau que fez parte do programa de inauguração do Mirante) e ainda um tema coimbrão que tem origem numa música de José Eliseu, um nome ilustre de Penacova.
Sobre os autores:
Paulo Cunha Dinis, que fez os primeiros estudos em Penacova e pertence a uma família de S. Pedro de Alva, é Mestre em Estudos Políticos de Área – vertente Relações Internacionais no Cáucaso do Sul pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, com a dissertação “A Geórgia e a Política Externa Russa. Uma análise do Cáucaso à luz da Teoria da Regionalização”; obteve a Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa.
Filipa de Castro Henriques é licenciada em Economia, mestre em Estatística Gestão de Informação ISEGI-UNL; assistente convidada FCSH-UNL; economista GEE-MEI e doutoranda na FCT/CEPESE/FCSH-UNL. É ainda investigadora do CEPESE nas áreas de Envelhecimento, Educação e Saúde e Análise Prospectiva e Planeamento.
sexta-feira, julho 17, 2015
Em dia de Feriado Municipal a incontornável referência a António José de Almeida
Penacova celebra hoje o seu Feriado Municipal, evocando o nascimento de António José de Almeida que nasceu, faz hoje 149 anos, neste concelho.
Sobre esta personalidade, muito se escreveu já quer a nível nacional quer localmente.
Aqui fica um vídeo que é um extracto da série documental “Os Presidentes”, produzido para a RTP em 2011, tendo como autores Alexandrina Pereira e Rui Pinto de Almeida.
Sobre esta personalidade, muito se escreveu já quer a nível nacional quer localmente.
Aqui fica um vídeo que é um extracto da série documental “Os Presidentes”, produzido para a RTP em 2011, tendo como autores Alexandrina Pereira e Rui Pinto de Almeida.
![]() |
CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR VÍDEO |
António José de Almeida (1866-1929) foi o sexto Presidente
da República Portuguesa (1919 a 1923). É o único eleito da Primeira República que cumpre os
quatro anos previstos na Constituição, sobrevivendo a várias crises sociais e
económicas.
Forma-se em medicina e especializa-se em doenças tropicais,
durante uma estadia em S. Tomé e Príncipe.
É um republicano empenhado e, desde o tempo de estudante, é
também conhecido pela sua retórica realizando discursos que atraem multidões.
Ainda durante a monarquia é preso devido à sua acção
revolucionária.
Após a implementação da República é nomeado Ministro do
Interior e mais tarde, durante o Governo da "União Sagrada" assume a chefia do Governo acumulando a Pasta das Colónias.
De 1919 a 1923 foi Presidente da República, como já se referiu.
domingo, julho 12, 2015
Um pouco da história do quadro de N. S. da Assunção na Igreja de Penacova
Nossa Senhora da Assunção. Igreja Matriz de Penacova. Assinado por Menah (Maria de Lurdes) e datado de 1931 |
Quem visitar a Igreja Matriz de Penacova vai encontrar do lado do Evangelho[1] um quadro de grandes dimensões representando Nossa Senhora da Assunção. No canto inferior direito está assinado por “Menah” e tem a data de 1931.
Há dias perguntámos no facebook se alguém de Penacova sabia quem foi o autor/autora desta pintura. Nenhuma resposta...
Ora, Menah, era o pseudónimo da filha de Constâncio Silva, Maria de Lurdes. Foi oferecido à Igreja em 15 de Fevereiro de 1931.
E agora perguntarão: quem foi Constâncio Silva? Este artista (1881-1949), desenhador e pintor foi "arista" em Penacova , tendo exposto em 1947, no Salão Silva Porto, dois desenhos com temáticas penacovenses, "Pinheiro de Penacova" e "Pinheiro do Mondego - Penacova". Ilustrou também O Filho do Carvoeiro – Conto fantástico para Crianças (1932) de João Augusto Simões Barreto, republicano, funcionário público e jornalista radicado em Penacova.
Constâncio Silva era amigo da família Barreto e também cunhado de António dos Santos Fonseca, outro arista, que mandou construir a conhecida vivenda em S.to António, hoje integrada no complexo do Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia.
Maria de Lurdes aprendeu a pintar com o pai, um nome famoso do meio artístico da época. Foi graças a esta ligação do mundo artístico nacional a Penacova, nos tempos "áureos" do Turismo nesta vila, que o património penacovense pode contar hoje com esta interessante obra.
Em 1976, o Pintor João Martins da Costa (falecido há precisamente 10 anos) executou alguns trabalhos de restauro, retocando e envernizando este bonito quadro que representa a padroeira de Penacova, Nossa Senhora da Assunção.
[1] Na
celebração de costas para o povo, o celebrante lia a epístola do lado direito
do altar (o “lado da epístola”), após o que lia o evangelho, do outro lado (o
“lado do evangelho”).
terça-feira, julho 07, 2015
Cartas Brasileiras: Assombração
Barretos, minha cidade natal, está localizada
ao norte do estado de São Paulo, distante 424 km da capital. É conhecida pela
Festa do Peão de Boiadeiro, que lá ocorre todo ano na última semana de agosto; um
quase resquício da atividade pecuária que havia na região, ou ainda um
explícito interesse econômico para manter a tradição.
De região pecuária para a citricultura,
agora canavieira, seguindo a política governamental para produção de álcool
combustível, é cana a perder de vista, e com ela o picumã das queimadas; ainda
vamos só comer cana.
Contudo, não é esse o
assunto dessa carta, quero falar sobre uma
cidade distante 51 quilômetros da minha, ou seja, Bebedouro, cujo nome se deve ao
fato de ter nascido à beira de um córrego que era procurado pelos tropeiros,
que lá paravam para dar de beber ao gado.
Também, não tanto sobre a
cidade, e sim a respeito das estranhas aparições, uma assombração, uma mulher
vestida de noiva que atormentava quem passasse à noite pelo cemitério
Foi no começo dos 90. Testemunhas assustadas diziam ter visto a
noiva correndo, as vestes esvoaçantes, um fantasma ou alma do outro mundo. Rapidamente
a notícia se espalhou, aparecendo logo quem a explicasse. Diziam tratar-se de uma
jovem que morrera após experimentar o vestido
de noiva, e que havia sido enterrada com ele. A tenebrosa aparição ganhou a
imprensa, até um boletim de ocorrência policial teria sido registrado. Nem os
mais corajosos se arriscavam a passar pelo local durante a noite.
Conta-se que um coveiro, homem acostumado, resolveu encarar a alma
penada. E, na escuridão, estando diante de uma cova para um sepultamento que
aconteceria na manhã seguinte, viu a
noiva dentro dela, chamando-o pelo dedo indicador. Quase morreu de susto, e deu
entrada na aposentaria.
Como assombração não deve existir, a de Bebedouro tinha tudo para
ser uma farsa, e era. O pior, ou o mais engraçado, a noiva fantasma não era
ninguém se não o meu irmão que morava do outro lado da rua do cemitério. Brincalhão,
resolveu assustar os transeuntes, correndo pelo cemitério à noite com o vestido de noiva da mulher. Só ele
mesmo!
Acreditar em bruxas e duendes,
nenhum de nós acredita, entretanto como dizem os espanhóis: “pero que hay,
hay”. Há fantasma de todo tipo, como aqueles que metem no bolso o dinheiro que
seria para a Educação, Saúde e Segurança. Se a população não usar nas próximas
eleições o voto como Afugenta Fantasma seguiremos vivendo em um mundo
mal-assombrado.
P.T.Juvenal Santos – ptjsantos@bol.com.br
Subscrever:
Mensagens (Atom)