quarta-feira, outubro 22, 2025

Morreu Francisco Pinto Balsemão: a opinião de Luís Pais Amante


Já era de esperar este desfecho para um Homem de que o nosso País vai ter saudades.

Amado por muitos, muitos; menos seguido por outros tantos, a verdade é que foi mais um amante da Liberdade que nos deixou.

Recordemos:

- Foi filho de Jornalistas;

- Foi “criador” de um Jornal de referência, para a minha geração, o Semanário Expresso, que continuamos a comprar em papel, cá em casa;.

- Era na pele do Jornalismo Livre e sem “baias” que gostava de trabalhar, ensinar e investir até quase tudo perder!

Eu não o conheci, pessoalmente, mas conheço facetas menos boas de alguns dos seus seguidores indefectíveis, sendo que, ainda assim, as situações que conheço, permitem-me afastar este Homem - que considero sério - de quaisquer problemas que se coloquem na senda da prática de irregularidades.

Pinto Balsemão era Meu Colega, Advogado.

E quer queiramos, quer não, esse rótulo simples (aliado ao Estatuto da Ordem dos Advogados) não só dá a tal Liberdade, como, também, ajuda a criar Homens “tesos”, como o são a generalidade dos seus amigos mais íntimos.

Homens Livres!

Que, infelizmente, já não se cultivam, nem produzem…


Francisco Pinto Balsemão foi Deputado da Assembleia Nacional que Deus tenha em descanso eterno e, podendo adaptar-se à situação política anterior ao 25 de Abril, lutou (à sua maneira) por uma libertação face ao regime Salazarista na Ala Liberal, entre 1969 e 1974, conjuntamente com outros Homens de Valor: José Pedro Pinto Leite, Francisco Sá Carneiro, Miller Guerra, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota.

Puseram a nu as fragilidades do regime (Fascista) e abriram caminho à chamada Primavera Marcelista, que chegou ao poder, o amaciou, mas não mudou!

O Projecto de Revisão Constitucional de 1970 já continha “linhas de choque importantes”.

E, justamente, em 1973, Outubro, entrava para a Faculdade de Direito de Lisboa este vosso amigo, aqui signatário.

A Liberdade andava no ar…

E com a luta por ela, sem entraves ou freios, surgiu o 25 de Abril, em 1974.

Por onde andámos em campos opostos.

Já Balsemão tinha fundado o Expresso, que data de 6 de Janeiro de 1973, como jornal de imprensa independente.

Na onda do que Francisco Sá Carneiro tinha vaticinado para a Ala Liberal: “é o fim”!

Jornalista, Advogado, Empresário e Político, são pois as características de Francisco Pinto Balsemão.

Na Política, foi fundador do PPD (6 de Maio de 1974) conjuntamente com Sá Carneiro e Magalhães Mota.

E chegou a Primeiro Ministro; 

a ele estão ligadas actuações enérgicas para acabar com a manutenção dos Militares na direção política do País, o que veio a acontecer justamente na Revisão Constitucional de 1976, que colidiu com o Conselho da Revolução e com o General Ramalho Eanes, em particular.

Outras questões como a navegabilidade do Douro e a intervenção no Alqueva também lhe estão próximas.

Neste momento de dor, a sua Família está a lutar pela sobrevivência do Grupo Impresa, que agrega, entre outros, a Sic e o Expresso.

Infelizmente para ele, esta “guerra” da manutenção da direção dos destinos deste importante Grupo, ficou no campo de batalha.

Vamos assistir a muita intervenção, a muito depoimento, que enaltecerão o nome deste Português singular.

Pela minha parte (que, ao longo da vida não apoiei muitas das suas decisões e intervenções) quero afirmar:

1. Foi um Homem bom, leal e combativo, não bajulador;

2. ⁠Foi um Político que soube encarar a política no seu exacto pendor: sem disso tirar dividendos directos e sem risco;

3. ⁠Foi um Pedagogo do Jornalismo puro que, segundo me dizem nunca interferiu no trabalho dos seus colegas, sendo patrão de muitos, mesmo muitos (bons, assim assim, suficientes, maus … e até péssimos);

4. ⁠Foi um Homem honesto!

5. ⁠Que, muito provavelmente, teve razão antes do tempo…

E, como desses já não há fabrico ou produção:

- Merece a minha vénia!

Que descanse em Paz…

                          

              Luís Pais Amante

8 comentários:

  1. Um texto sentido, lúcido e profundamente humano, digno de quem reconhece o valor dos verdadeiros construtores da Liberdade. As palavras de Luís Pais Amante prestam homenagem não só a Francisco Pinto Balsemão, mas também ao espírito livre e íntegro que moldou uma geração de Homens que acreditavam na força das ideias e da ética. Bela reflexão, justa e comovente.

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  2. Caros Penacovenses, Leitores do Penacova OnLine e Amigos (Hoje, sobretudo do PSD, que são imensos ao contrário do que se possa pensar)

    Esta minha Opinião pretende revelar um sentimento de perda para o nosso País.
    Independentemente do que se é na política, começam a rarear os Homens de bem, realmente livres.
    E a figura em presença (polémica por vezes) foi muito importante na consolidação da nossa Democracia, quer queiramos, quer não.
    Vergue-mo-nos, pois, perante ela.

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  3. Que descanse em paz!
    É digno de registo homenagear-se alguém sem o bajular. Só recordar, enaltecendo.
    Obrg primo Luís Amante
    Ass:
    Eduardo Miguel BECAS

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  4. Foi um jornalista, advogado mas acima de tudo um político importantíssimo no antes de 1974 e no depois de 74. Foi primeiro ministro e tomou decisões muito importantes em momento difícil. Foi muito importante na consolidação da Democracia neste país. Sou leitor do Expresso desde 1974!

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  5. Eu estou na casa dos 30s. Francisco Pinto Balsemão chegou até mim essencialmente como o Francisco Pinto "Bolsa na Mão" do Contra Informação e o chefe da SIC. Só mais tarde descobri que tiha sido fundador do PSD e Primeiro Ministro. Agora, na altura da sua morte, percebo também o papel que teve na conquista da Liberdade. Penso que não se dava muito por ele, o que costuma ser um bom sinal.

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  6. Parabéns Luís Amante por prestar sua solidariedade e homenagem a trajetória dessa pessoa digna, honesta, boa, empreendedora e lutadora pelos princípios democráticos. Que descanse em paz e que sua vida sirva de inspiração para o mundo politico.

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