Pequenina, modesta, privada ainda hoje de comodidades modernas, embora distanciada apenas cerca de 20 quilómetros de Coimbra, a que a liga uma lindíssima estrada, Penacova impõe-se pelo acaso da sua situação caprichosa, a meio de uma paisagem privilegiada de beleza. Particularidade singular, talvez única na nossa Terra, essa paisagem, sendo grandiosa é, ao mesmo tempo, limitada. Como se a natureza entendesse que os olhos tinham ali pasto bastante para alimentar sucessivas e atentas contemplações.
sexta-feira, junho 20, 2025
Penacova 1932: paisagem de sonho e beleza
Pequenina, modesta, privada ainda hoje de comodidades modernas, embora distanciada apenas cerca de 20 quilómetros de Coimbra, a que a liga uma lindíssima estrada, Penacova impõe-se pelo acaso da sua situação caprichosa, a meio de uma paisagem privilegiada de beleza. Particularidade singular, talvez única na nossa Terra, essa paisagem, sendo grandiosa é, ao mesmo tempo, limitada. Como se a natureza entendesse que os olhos tinham ali pasto bastante para alimentar sucessivas e atentas contemplações.
quinta-feira, junho 19, 2025
𝐇𝐄𝐑𝐂𝐔𝐋𝐀𝐍𝐎 𝐄𝐌 𝐋𝐎𝐑𝐕Ã𝐎 (II)
A seguir às observações sobre a Portaria, ainda no dia 15, Herculano registou:
“Os monumentos mais antigos do Mosteiro de Lorvão existem no chamado Claustrinho. Quase num dos ângulos está um túmulo pequeno em cuja base há uma inscrição ilegível: as letras que ainda se divisam são do XIII séc., na frente tem algumas figuras de frades em baixo-relevo e metidas em nichos. O claustro está rodeado de capelas de cada uma das quais trata uma freira: algumas abandonadas como os jardinzinhos. São as de algumas que morreram e que não tiveram substitutas. Algumas capelas ainda conservam o tecto em ogiva e artesoado. Na capela da Ascensão representando esta passagem do Evangelho há um quadro que parece anterior ao séc. XVI bem como outros da capela de Santa Clara, que representa uma tropa de mouros entrando violentamente num convento de freiras.Parecem também de bastante antiguidade um quadro da Anunciação na capela da Encarnaçãoe dois na das Almas, um da degolação de S. João Baptista e outro do martírio de S. João Evangelista na caldeira de azeite: são talvez do séc. XVI. O quadro da prisão de Cristo na capela dos Passos pareceu-me bom e no estilo dos chamados Grão-Vascos. A autenticidade da cadeira da infanta Teresa que se guarda na capela do Calvário pareceu-me assaz duvidosa, sem deixar de ser uma peça curiosa e antiga.”
Neste dia, iniciou os trabalhos no Arquivo, analisou o “Livro dos Testamentos” e, igualmente, os diversos Códices. O “arranjo e o asseio” de todos os espaços foi para ele uma agradável surpresa.
No dia 16 de Julho , concluiu os trabalhos no arquivo, seguindo-se uma visita ao interior do mosteiro, onde se deparou com as condições miseráveis em que viviam as freiras. No final do dia, fala-nos de um passeio ao pôr do sol, observando “ os hortejos ou jardinzinhos das freiras defuntas cobertos de urzes” e a “cerca exterior na quebrada dos montes”.
No dia 17 de Julho, sendo Domingo, encontrou-se com o “ Ferrer”(1) e o “Correia”, [Joaquim Correia de Almeida, que foi durante muitos anos, Presidente da Câmara e Administrador do concelho de Penacova], provavelmente assistindo à missa.
Os seus apontamentos levam-nos a crer que seguiram, ainda nesse dia, para Penacova, por “caminhos impérvios pelas recostas dos montes.”
Sempre atento, comenta que “os vales são algares para os quais a mão do homem arrastou alguma terra das faldas alargando-os e terraplanando-os” e que as encostas eram “cultivadas em andares até às coroas dos montes”.
Chegado a Penacova visita o “sítio do castelo, de que nada resta, fraga contígua aprumada sobre o Mondego.” Sublinha a “vista magnífica a voo de pássaro das margens: os engenhos de água para as regas: o rio tortuoso com semelhanças do alto Tejo, mas com leito de areia e com as ínsuas à raiz das quebradas”. Muito curiosa é a seguinte observação sobre o Reconquinho: “abaixo de Penacova o rio numa volta parece querer tornar atrás a mirar o caminho que andou.”
Ficamos a saber que fez o “exame dos documentos municipais”, sendo o mais antigo “ o foral de D. Manuel.”
E a terminar esta série de observações, há uma algo enigmática. Escreve Herculano, “acerca da humildade do povo”: “esta subserviência deve esconder grandes ódios: perigo da explosão. Necessidade do municipalismo.
Por fim, depois de ter pernoitado em Penacova, segue viagem para a Lousã , passando por Poiares, no dia 18, com descida pela margem do rio e passagem do Mondego a vau.
(1) Vicente Ferrer Neto de Paiva (Freixo, Vilarinho, Lousã, 27 de Junho de 1798 — Vilarinho, Lousã, 11 de janeiro de 1886) foi um professor da Universidade de Coimbra, doutor em cânones, introdutor do krausismo em Portugal e importante defensor do jusnaturalismo, sendo considerado o principal responsável filosófico pela formação de toda uma geração de juristas e homens de Estado portugueses da segunda metade do século XIX.[1] Na vida política, foi presidente da Câmara Municipal da Lousã (1822) e depois, finda a guerra civil, deputado e ministro da Justiça (1857), tendo um papel relevante na reforma do sistema judiciário português em meados do século XIX. Foi reitor da Universidade de Coimbra e sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.
quinta-feira, junho 05, 2025
𝐇𝐄𝐑𝐂𝐔𝐋𝐀𝐍𝐎 𝐄𝐌 𝐋𝐎𝐑𝐕Ã𝐎 (𝐈)
Os "Apontamentos de Viagem de Alexandre Herculano" são um conjunto de anotações e reflexões sobre as suas viagens pelo país, no contexto da Academia das Ciências, especialmente em 1853 e 1854. No Verão de 1853 Herculano esteve na região de Coimbra, incluindo Lorvão e Penacova.
No dia 10 de Julho assistiu à Procissão da Rainha Santa, no regresso a Santa Clara. No dia seguinte esteve no Cartório da Fazenda da Universidade e depois, até ao dia 15, antes de seguir para Lorvão e Penacova, consultou e analisou, com a ajuda de um paleógrafo, muitos dos documentos, alguns em “lastimoso” estado, das Colegiadas de S. Pedro, S. Cristóvão e de S. Tiago. Passou igualmente pelo o arquivo da Câmara.
No dia 15 parte para Lorvão. Sobre esta viagem são particularmente interessantes as observações que vai registando, ao calcorrear aquelas “duas léguas de Montes”: “São grandes outeiros formando montanhas, e acumulados uns aos outros sem a intersecção de vales” – escreve Herculano.
Observa os pequenos recantos de cultivo, “arroteações de recente data, cultivados na maior parte até aos cumes”. Os acessos, como é de imaginar não passavam de “caminhos ladeirentos e tortuosos”.
Curiosa é também a descrição do panorama que do alto da Serra do Dianteiro (que seria já o alto da Aveleira / Roxo) se avistava:
- “em frente, cordilheiras da serra da Estrela elevando-se-lhe os topos como barras pardo--escuras por cima das barras brancas de nuvens”
- “para o lado do norte os territórios levemente ondulados até o Vouga”:
- “para o poente os campos entre Coimbra e Montemor: o Mondego areado e quase sem águas parece ao longe uma estrada tortuosa que atravessa a campina.”
E o mosteiro? Nada se avista. Até porque “só se descobre ao chegar a ele, pela sinuosidade da descida íngreme e pelo relvoso da encosta.”
Original é a imagem do vale de Lorvão. Herculano compara-o ao “cálice de um lírio” e sugere um exercício de imaginação: “uma flor” com um “pistilo grosso e curto, rasgado por um lado”. É desse ponto, dessa “rotura” que “saem as águas da bacia” !
Segue-se a descrição telegráfica (e geometrizante) do mosteiro: “O mosteiro é um longo paralelogramo, a cujo topo para a nascente se liga outro muito mais curto formando com ele um ângulo aberto: por detrás deste ângulo levanta-se a cúpula do zimbório da igreja, que se prolonga com o edifício pela parte interior.”
Uma vez chegado à portaria, registou:
“Estátua de D. Teresa à esquerda: letra antiga — POST THALAMUM ALFONSI REGIS THARASIA FUNDAT LORVANI MONACHAS ET MONIALIS OBIT. Estátua de D. Sancha à direita: letra moderna — REGIA PROGENIES PIA VIRGO CELLAS. EXTRUIT INDE OBIENS CAELICA REGNA PETIT.
(Continua)
quarta-feira, junho 04, 2025
Da minha janela: 𝑪𝒊𝒓𝒖𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂 𝒆 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂 𝑯𝒖𝒎𝒂𝒏𝒊𝒕á𝒓𝒊𝒂
Hoje a sorte me deu
Para ver um Cirurgião de Guerra
Ir-se abaixo ao atingir uma meta
Como acontece ao Poeta
Quando escreve sentimento
E lhe sobra o lamento
No coração
Escreveu um Livro antes disto
E apresentou-o agora
Soltando os pesadelos fora
Quiçá os medos
Que nos silêncios conquista
Com lágrimas em câmara lenta
Saindo do Foco
Aquela nobreza de ser normal
Deixou-me orgulhoso muito
Enalteceuo Ser e a Obra
Que conta muita Medicina
Por vezes só feita com Aspirina
Mas sobretudo tem o tom
Da Humanidade
E o som frio das explosões
A morte como destino
De Pessoas (adultas ou crianças)
Que têm o simples azar
De estar no sítio errado
Há hora em que alguém tresloucado
Mata por vaidade
Seja no Sudão do Sul
Na República Democrática do Congo
(Goma)
No Iraque ou no Iémen
Na Faixa de Gaza ou na Ucrânia
Onde só os fortes e despojados
Vão combater a morte
…Com carinho e devoção!
sexta-feira, maio 30, 2025
Freguesia de Penacova em 1876: a Ponte da Carrapiça e outras curiosidades

"Aos dezanove dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta e seis (...) no sítio da Ponte da Carrapiça, limite e freguesia de Penacova, concelho de Penacova, diocese de Coimbra, faleceu um indivíduo do sexo feminino com todos os Sacramentos, Maria de Jesus, de idade de quarenta anos, casada com José de Novais (...). Não testou nem deixou filhos e foi sepultada no Cemitério Público. (...)
O Prior: Francisco de Paula Queiroz
No Alentejo e Algarve o apelido é frequente: já a 22 de Julho de 1891, Joaquim José Carrapiça, arrendou a Horta do Malhão (Évora) a Joana Vitória de Oliveira por 100$000 réis.
No entanto, a Revista Lusitana (I, 310), de finais do séc. XIX, regista o termo como sendo um dialecto português, existente por exemplo, em Rio Frio (Bragança) com o significado de "pedaço de velo a que é difícil desfazer os nós"; daí, o verbo carrapiçar que significa desfazer os nós da lã para a cardar.
Circulam na net imensos textos com nomes insólitos de terras de Portugal...
quarta-feira, maio 14, 2025
Da minha janela: 𝕆 𝕙𝕦𝕞𝕒𝕟𝕠 𝕢𝕦𝕒𝕤𝕖 𝕤𝕖𝕞 ℍ𝕦𝕞𝕒𝕟𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖
O humano quase sem Humanidade
Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.
A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.
Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.
As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.
“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.
A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!
As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.
Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.
E, daqui, chegamos ao Humanismo:
- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.
… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.
Ora,
Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.
- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal;
- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;
- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;
- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;
- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;
- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;
- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.
Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…
Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.
Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!
Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.
E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?
Não anda, pura e simplesmente.
… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!
Luís Pais Amante
sábado, maio 10, 2025
Apocalipse em Lorvão...
O Livro do Apocalipse de Lorvão volta ao Mosteiro de Lorvão, em Penacova, para uma exposição inédita que decorre de 1 a 18 de Maio, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão. Considerado um dos mais belos manuscritos medievais do mundo, o códice foi copiado em 1189 pelo monge Egeas e integra, desde 2015, o Registo Memória do Mundo da UNESCO.
A mostra é organizada pela Câmara Municipal de Penacova, em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e inclui um programa cultural diversificado, com ciclos de concertos, palestras e oficinas didácticas para crianças. Os concertos realizam-se nos dias 2, 9 e 16 de Maio, às 21h30, enquanto as palestras decorrem nos dias 3, 10 e 17 de Maio, às 15h30. A programação contempla ainda actividades educativas para o público escolar.
O acesso à exposição faz-se através de um bilhete único de 8 euros, que inclui a entrada na mostra do Livro do Apocalipse, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão e no Centro Interpretativo do Palito. Os residentes no concelho de Penacova beneficiarão de condições especiais de acesso.
Este ano assinala-se o décimo aniversário da inscrição do manuscrito no Registo Memória do Mundo da UNESCO, e a sua exibição em Lorvão representa uma oportunidade rara para investigadores e público em geral apreciarem a obra no local onde foi produzida há mais de oito séculos.
O presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, sublinha o simbolismo do evento: “O regresso do Livro do Apocalipse ao Mosteiro onde foi iluminado é um acontecimento de grande significado para Penacova e para o país. Mais do que uma exposição, trata-se de um reencontro com a nossa identidade histórica”. O autarca destaca ainda a importância da iniciativa na afirmação de Lorvão como destino cultural e turístico.
Fábio Nogueira, curador da exposição, realça a importância do momento: “Ter a possibilidade de expor o Livro do Apocalipse no local onde foi copiado e apresentá-lo com rigor científico e sensibilidade expositiva é um privilégio”. Já Mauro Carpinteiro, responsável pela empresa municipal de turismo Penaparque, salienta a vertente turística do evento: “Criámos um circuito que cruza história, espiritualidade e cultura, tornando esta experiência imersiva para visitantes de todas as idades”.
O Livro do Apocalipse de Lorvão é uma cópia do famoso códice de Beato de Liébana (séc. VIII), ilustrado com iluminuras em tons de vermelho, laranja, amarelo e preto. Trata-se de um comentário ao Livro do Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, que contém as revelações recebidas pelo Apóstolo S. João, o Evangelista quando este se encontrava na ilha de Patmos. O manuscrito foi conservado no mosteiro até 1853, quando foi transferido para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Alexandre Herculano.
De acordo com o município de Penacova, “a exposição será um dos destaques da programação cultural nacional de 2025, proporcionando um reencontro simbólico com o passado e uma rara oportunidade de ver ao vivo um dos tesouros mais valiosos da cultura medieval portuguesa”.
FONTE: CORREIO DA BEIRA SERRA
sexta-feira, maio 02, 2025
Os Contos da Casa Azul – O Clube da Netaria
É já amanhã que vai ser apresentado, num encontro restrito de familiares e amigos dos autores, Ana Amante & Luís Amante, um livro infantil, ilustrado por Mara Silva, que vem, certamente, enriquecer o património cultural e literário da nossa vila, do nosso concelho.
Perspectiva-se também uma apresentação pública na vila de Penacova. Será muito em breve, em data a anunciar. Vamos ficar atentos.Uma espreitadela à introdução permitiu-nos ler as seguintes passagens:
Entretanto, as aventuras começam...
quinta-feira, abril 24, 2025
Da minha janela: E se eu quisesse ser Abril
E se eu quisesse ser Abril
Se eu quisesse ser Abril, em flor
Gostava de assumir
A cor do cravo vermelho, em pétalas
Em cheiro e em toque aveludado
Sedutor
Igualmente
Gostava de florir
Ano a ano na gestação
Da glória toda unida
Saudando a Revolução
O certo
É que por estes dias em concreto
Se rememora Abril
Pensando no antes de então
Nos tempos d’outro Estado
Já senil
Quem me dera
Poder pô-lo, em cada ato, bem alinhado
Gritar-lhe pra nunca se deixar ser o fado
De criar pobreza real e, em cada esquina
Um sem-abrigo
Em vez de um leal amigo
Abril foi e é Esperança
É a fonte da Democracia
Inscrita na nossa Constituição
Não é um mês qualquer
De Calendário
De “Festa” feita sem crer
Com os mais carentes
A sofrer
E os idosos “perdidos” e doentes
É Liberdade
É Saudade
E continuará, como Força do nosso Ser
Luís Pais Amante
Casa Azul
Saudação do democrata que sou, ao 25 de Abril, saudável e puro que acompanhei, antes e depois.
segunda-feira, abril 14, 2025
Penacova na pintura de um dos maiores paisagistas portugueses
Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).
O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.
Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.
Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.
De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.
Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas."
VER este texto na origem: https://museusoaresdosreis.gov.pt/eugenio-moreira-um-dos-maiores-paisagistas-portugueses/
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NOTA: Eugénio Moreira chegou a viver algum tempo em Penacova, onde pintou algumas das suas obras mais famosas, muito provavelmente apoiado pelo casal, sensível às Artes, Joaquim Augusto de Carvalho e Raimunda, da Quinta de Santo António. Consta também que ter deixado um filho, um Guilherme, evocado numa das crónicas do Pintor Martins da Costa.