sexta-feira, janeiro 13, 2017
Lorvão no Feminino de Janeiro a Maio
As Santas Rainhas Teresa e Sancha, "mulheres à frente do seu tempo" foram "fonte de inspiração" para a elaboração do programa "Serões no Mosteiro" - refere uma nota de imprensa enviada às redacções dos órgãos de comunicação social da região. O cartaz que publicamos aponta para uma iniciativa conjunta da Paróquia de Lorvão e do Município de Penacova. Passamos a transcrever na íntegra o texto da referida comunicação que hoje recebemos:
Lorvão acolhe serões no Mosteiro
O Mosteiro de Lorvão custodia, há mais de sete séculos, as preciosas relíquias dos corpos das Santas Rainhas Teresa e Sancha de Portugal. Nelas buscou-se a fonte de inspiração para um conjunto de cinco serões que o Mosteiro de Lorvão nos convoca nas últimas sextas-feiras de Janeiro a Maio. Mulheres à frente do seu tempo, as Santas Rainhas sintetizam, em poliédricas dimensões, o génio feminino.
Ainda recentemente recordou-nos o Papa Francisco: “a Igreja é uma mulher, não é ‘o’ Igreja, é a esposa de Jesus Cristo. [...] Não existe Igreja sem esta dimensão feminina, porque ela mesma é feminina” (1.11.2016).
Neste horizonte se inscreve a constelação de reflexões que nestas noites brilharão no mosteiro lorvanense. No desejo de delinear mais expressivamente o rosto feminino da Igreja, a Paróquia de Lorvão, com o patrocínio oficial do Município de Penacova e com o apoio de diversas entidades culturais locais e diocesanas, convidou cinco mulheres que aportarão o seu testemunho pessoal nas mais variadas dimensões: familiar, profissional, política, social, artística e, claro, religiosa.
Como a hagiografia de Teresa de Portugal nos relata, o equilíbrio exigente entre a vida profissional, a vida familiar, a participação social e política é tarefa própria para os heróis das virtudes. Na centúria de 1200 e nos nossos dias. Sobre tudo isto, falaremos nestas noites.
PROGRAMA
27 de Janeiro de 2017 – 21h00 | “A Mulher na Família”
Convidada: Margarida Miranda | professora na Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra
Apresentação oficial do filme promocional do Mosteiro de Lorvão
Momento musical: Coro Essence Voices
24 de Fevereiro de 2017 – 21h00 | “A Mulher na Política e no Trabalho”
Convidada: Zita Seabra | ex-deputada, empresária editorial
Momento musical: João Henriques (órgão) e instrumentos de sopro
(Filarmónica Boa Vontade Lorvanense)
31 de Março de 2017 – 21h00 | “A Mulher na Sociedade”
Convidada: Isabel Jonet | presidente do Banco Alimentar contra a
Fome
Momento musical: João Henriques (órgão)
28 de Abril de 2017 – 21h15 | “A Mulher na Igreja”
Convidada: Inês Vasconcelos | assistente na Capelania Hospital do
CHUC
Momento musical: Escola Diocesana de Música Sacra
26 de Maio de 2017 – 21h15 | “A Mulher na Cultura”
Convidada: Teresa Salgueiro | cantora
Momento musical: Escola de Música de São Teotónio
domingo, janeiro 08, 2017
Corpos Sociais da Confraria da Lampreia para o triénio 2017-2020 iniciaram funções
Os Corpos Sociais da Confraria da Lampreia, para o
triénio 2007-2020, eleitos no passado dia 2 de Dezembro, tomaram posse no dia 7
de Janeiro. A cerimónia, bem como a reunião que se seguiu, decorreu numa
sessão aberta ao público, para a qual foram convidados os administradores dos
principais blogues penacovenses.
Depois da tomada de posse e da distribuição de pelouros, o Presidente da
Direcção, Luís Pais Amante, apresentou “As Linhas Orientadoras da Actividade a
prosseguir pela Confraria", bem como o “Código de Conduta”, documentos que já haviam sido objecto de discussão e foram agora formalmente ratificados.
A Confraria define como “Objectivos Genéricos”: implementar o código de conduta dos membros da
Direcção, garantir a sustentabilidade da
Confraria, rejuvenescer o quadro confrádico, incrementar a imagem e a visibilidade e envolver
os confrades. Relativamente ao Código de Conduta, foi salientada a extrema
importância da “imagem, atenção,
apresentação, inovação e acerto das medidas preconizadas” e reafirmado que a “Missão”
dos confrades, é, em última análise, “elevar a Confraria, os seus Eventos,
Penacova e os Penacovenses.”
Do vasto conjunto de “objectivos específicos” apresentados pela Direcção, salientaríamos a intenção de celebrar um Protocolo
com a Câmara Municipal “para colaboração genérica, em prol do
concelho, e específica, de funcionamento recíproco”. Foi também equacionada a
necessidade de um novo espaço-sede, com carácter polivalente, de modo a possibilitar a realização de diversas
actividades e conferir maior
visibilidade à Confraria e às suas causas. Pretende-se ainda, propor “novos
Confrades Amigos, nomeadamente, as Juntas de Freguesia ribeirinhas do concelho”
e “nomear como Confrades de Honra, elementos fundadores da Confraria que lhe
tenham prestado serviços relevantes“. No campo das Relações Públicas e
Comunicação, decidiu-se reactivar a curto prazo, o “site” da Confraria e o mais
breve possível, lançar um blogue e marcar presença noutras redes sociais.
No entanto, a prioridade das prioridades, no entender de
Luís Pais Amante, e de todos os membros presentes, é a criação do Museu da Lampreia. Uma ideia que já vem de
2008. Onde, como? Ainda não é possível determinar, mas Penacova não se pode
atrasar, tem que ser pioneira, não se pode deixar ultrapassar, reafirmou o
presidente da Direcção. Espaço autónomo, secção de um futuro Museu Municipal? Questões que ficam em aberto. Também foi
abordada a ideia de criação de um Centro Interpretativo. Sobre este assunto, o Arquitecto Fábio
Nogueira, recordou que o Plano de Acção
de Regeneração Urbana de Penacova – PARU – prevê a instalação de um Centro
Fluvial de Investigação e Vigilância Ambiental, propósito que vem ao encontro
desta preocupação.
Após o almoço, decorreu mais um espaço de reflexão e de
recolha de sugestões para o Plano de Actividades a ser elaborado oportunamente.
Foi de novo sublinhada a questão do Museu da Lampreia, estrutura que, seja qual
for o modo de concretização, deverá contar sempre com a supervisão da
Confraria.
Outras ideias surgiram: assinalar o Dia da Confraria,
coincidindo, por exemplo, com a data da escritura; lançar meses temáticos (além
da lampreia, míscaros, doçaria conventual); organizar cursos /workshops de
Micologia; dotar a Confraria de uma biblioteca especializada e promover a
educação ambiental e a consciência ecológica, centrada num melhor conhecimento
desta espécie, ultrapassando o debate geralmente focado apenas no consumo.
Falta ainda referir a realização, em data a definir mas ainda este mês e para
assinalar o início da época da lampreia, de um evento musical de Fado de Coimbra nos Claustros do Mosteiro
de Lorvão, que poderá vir a ser designado por “Serenata à Lampreia”. Foi também
decidido que no próximo dia 20 os novos corpos sociais se deslocarão à Câmara
Municipal para apresentação de cumprimentos ao Executivo.
Recorte do Jornal Nova Esperança de 31 de Agosto de 2003 |
domingo, janeiro 01, 2017
Votos de Bom Ano
MÚSICA E CANTARES DO NATAL AOS REIS
As tradicionais programações musicais do ciclo natalício vão trazer a Penacova alguns grupos representativos de outras regiões do país. Dia 8, à tarde, em Lorvão, além do grupo anfitrião, Grupo Etnográfico de Lorvão, vão estar grupos de Forjães (Esposende), Touguinha (Vila do Conde) e de Santiago de Bougado (Trofa). No mesmo dia - pela mesma hora - na Rebordosa, além do grupo Local dos Cavaquinhos, actuarão os grupos da Ereira (Montemor-o-Velho), Arouca, Samuel (Soure) e Fundão. No dia 14 será o Concerto de Ano Novo, em S. Pedro de Alva, pela Escola de Artes de Penacova, com a presença do Maestro António Vitorino de Almeida. Por último, aqui bem perto, na Sé Velha de Coimbra, dia 7 à noite, decorrerá um Serão de Cânticos natalícios.
sexta-feira, dezembro 16, 2016
Cartas Brasileiras: Para falar de amor
Agostinho dos Santos, cantor brasileiro, morreu
em 11 de julho de 1973, em um acidente no aeroporto de Orli Paris. “O amor está no ar”, foi uma de suas
últimas interpretações com relativo sucesso. Há uma famosa apresentação, de
1971, em dueto com Jonnhy Mathis, cantor americano.
Se o amor está no ar, a
música é sempre ótima maneira para dele falar. O samba de 1942 “Aos pés da cruz”, de Marino Pinto (1916-1965) e José Gonçalves (1908-1954), lamenta o amor
renegado e jurado no altar:
“Aos pés da santa cruz/ você se ajoelhou/ e em nome de Jesus um grande amor você jurou/ Jurou, mas não cumpriu,
fingiu e me enganou/ Pra mim você mentiu/ Pra Deus você pecou”.
Interpretação:
João Gilberto
O
poeta Vinicius de Moraes, autor de Garota de Ipanema, com Tom Jobim, em “Soneto
da Fidelidade” fala do amor eterno: “Eu
possa lhe dizer do amor que tive/ Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas
que seja infinito enquanto dure ”.
Interpretação:
Vinicius, ao piano Tom Jobim
E
morrer de amor! Joaquin Sabina, cantor e compositor espanhol, diz em “Contigo”: el amor cuando no muere mata, porque amores que matan nunca mueren.
Um
grande amor ainda que não único, como em “Tive
sim”: um grande amor antes do seu, tive sim, do grande sambista Cartola. “ E vou calar, porque não pretendo amor te
magoar”.
Interprete:
Cartola
Paulo Tarso J.Santos – ptjsantos@bol.com.br
domingo, dezembro 11, 2016
Quarenta anos depois, recordar as Eleições Autárquicas de 1976 em Penacova
Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, 1º Presidente da Câmara eleito (foto jornal Nova Esperança) |
Foi há 40 anos. As primeiras eleições para as autarquias
locais realizaram-se a 12 de Dezembro de 1976. Após o 25 de Abril as Câmaras
Municipais foram geridas por Comissões Administrativas nomeadas pelos novos
poderes saídos da "Revolução dos Cravos".
Assim aconteceu em Penacova.
Teófilo Luís Alves Marques da Silva,
presidiu aos destinos do concelho até 23 de Abril de 1976 (demissionário desde
Agosto desse ano). Na sequência da demissão da Comissão Administrativa, José Alberto Costa exerceu funções de Gestor
Municipal entre 24 de Abril de 1976 e 31 de Dezembro do mesmo ano.
De acordo com um recorte do “Notícias de Penacova”, as listas candidatas
à Câmara Municipal eram encabeçadas por Artur Manuel Sales Guedes Coimbra (Partido
Socialista), Daniel Martins Rodrigues (Partido Social Democrata), Francisco
Azougado da Mata (Centro Democrático Social ) e António Ralha Ribeiro (Frente
Eleitoral Povo Unido - coligação formada pelo PCP, MDP/CDE e pela
FSP).
Jornal "Notícias de Penacova" |
Venceu a lista do Partido Socialista sendo eleito, para a
Presidência da Câmara, Artur Coimbra, médico. A presidir à Assembleia Municipal ficou outro médico, Eurico Almiro Meneses e Castro.
Recordemos também os presidentes de Junta eleitos. CARVALHO: Graciano Carvalho, PSD; FIGUEIRA: Alípio Simões Marques, PSD; FRIÚMES: Adelino Gaspar, PS; LORVÃO: João Carvalho da Silva, PS; OLIVEIRA: Adosindo Duarte Oliveira, PSD; PENACOVA: Vasco Pedro da Silva Viseu, PS; S. PEDRO DE ALVA: Luís Martins Morgado, PSD; SAZES: Manuel Fernandes, CDS e TRAVANCA: José Oliveira Henriques, PS.
Recordemos também os presidentes de Junta eleitos. CARVALHO: Graciano Carvalho, PSD; FIGUEIRA: Alípio Simões Marques, PSD; FRIÚMES: Adelino Gaspar, PS; LORVÃO: João Carvalho da Silva, PS; OLIVEIRA: Adosindo Duarte Oliveira, PSD; PENACOVA: Vasco Pedro da Silva Viseu, PS; S. PEDRO DE ALVA: Luís Martins Morgado, PSD; SAZES: Manuel Fernandes, CDS e TRAVANCA: José Oliveira Henriques, PS.
domingo, dezembro 04, 2016
Cartas Brasileiras: almôndega na banha
Hoje parece pecado mortal saborear uma lasquinha de costela. Cuidado
com o colesterol!
Eu me lembro bem, era menino. Papai comprava peças do porco,
desossava, separava as partes mais gordurosas, moía, punha na panela e levava
ao fogo.
Sobravam gordura derretida e torresmo. A gordura apartada e guardada
virava banha. O torresmo no arroz ou os pedaços à “pururuca” era de matar, não
pelo colesterol, pela delícia.
Somente uma pesquisa científica poderá demonstrar, mas acredito, os
suínos de antigamente não tinham colesterol, pelo menos não tanto; meus avós e
pais que o digam.
Na lata de banha, mergulhavam almôndegas fritas (bolinhos de carne,
porpetas), para que, no dia a dia, pegas com a concha, fossem aquecidas na frigideira,
na hora do almoço ou jantar, tudo no fogão a lenha; quem sabe o fogão a lenha
eliminasse o colesterol.
Que tempos aqueles.
É, nem tudo se podia. Leite com manga era um veneno. Ou um, ou
outro. E mais, fígado e moela eram a mesma coisa; todo mundo queria o fígado.
Paulo Tarso J Santos
Post scriptum: Desde
já quero deixar registrado meu abraço e votos de Feliz natal e ótimo 2017 ao
amigo e aos leitores do blog e seguidores do Facebook.
domingo, novembro 27, 2016
Reflexo(s): título do novo livro de poesia de Luís Pais Amante
Depois de ter lançado
em Março passado o livro de poesia “Conexões", Luís Pais Amante vai apresentar, já no dia 9 de Dezembro, um segundo livro de poemas, desta vez intitulado “Reflexo(s)”.
Apesar de radicado em Lisboa,
Luís Amante cultiva laços viscerais com esta terra que o “viu nascer”, que o embalou nos
anos da sua meninice e que o recebe também com alguma frequência. Esta ligação forte a
Penacova é uma constante na sua obra poética. Podemos desde já afirmá-lo quanto ao novo livro, pois o Penacova Online tem a honra de apresentar, em primeira mão, um dos poemas que dele vão fazer parte: “O
que Penacova tem”. Desde já, em nome pessoal e em nome dos leitores deste
blogue, o nosso reconhecido obrigado.
Um texto que nos
remete para as potencialidades que esta terra tem mas que, (in)compreensivelmente,
ainda não soube ou não foi capaz de fazer valer. Estamos também a recordar-nos da
intervenção que teve no colóquio “Mondego Vivo” em 21 de Janeiro de 2012. O
Penacova Online esteve lá e fez o registo. Nesse evento, o Dr. Luís Pais Amante
apresentou o tema "Penacova - Quem somos e o que pretendemos". Referiu algumas das potencialidades e debilidades
do concelho e indicou algumas coordenadas para o futuro de Penacova. Tópicos que designou por “Vectores” e “Âncoras” de “Desenvolvimento”.
Poema "O que Penacova tem" in Reflexo(s), livro a ser lançado no dia 9 de Dezembro |
“Participar, tanto quanto possível, nas questões da minha terra, constitui‑se para mim como imperativo de consciência” - escreveu, por ocasião do lançamento de “Conexões.
Reflexo(s), o seu novo livro, vai ser apresentado pela Prof.ª Doutora Luísa Branco Vicente, no dia 9 de Dezembro de 2016 às 18 horas, na Associação 25 de Abril, em Lisboa.
sexta-feira, novembro 25, 2016
Farinha Podre e o seu progresso
O concelho de Farinha Podre fora criado havia uns 3 anos.
Segundo dados de 1839, este novo agregado administrativo tinha 1357 fogos (Penacova, na altura só com 5 freguesias, teria 1920).
Legislação publicada em 22 de Novembro (fez há dias 177
anos), assinada pela rainha D. Maria II determinou que fosse instalada em
Farinha Podre “huma Cadeira de Ensino Primário”. No distrito de Coimbra, na
mesma data, foram também criadas, além da actual S. Pedro de Alva, iguais estruturas em Fajão e Semide (também
sedes de concelho) e em Beijós (Carregal do Sal) e Lava-Rabos (actual S. João do Campo).
quinta-feira, novembro 17, 2016
Cartas brasileiras: as santas lá de casa
Em minha casa
havia duas santas, minha mãe, milagreira no cotidiano para dar conta dos oito filhos,
trabalhar e cuidar da casa, chegou primeiro, junto com seu amor, meu pai, e a
outra santa, a imagem da Imaculada Conceição.
Uma linda
imagem linda, tinha mais de um metro. Chegou em 26 de maio de 1956, comprada
por meu pai em São Paulo. O dinheiro obteve através de uma lista que fez passar
entre amigos, como o arrecadado foi maior do que o necessário, dou a sobra para
a Matriz do Divino Espírito Santos.
Houve a festa
da coroação, teve até banda de música. A coroa banhada a ouro e incrustrada com
pedras preciosas foi doação de uma família barretenses; o quantum, por questão
de segurança, deixo de informar; a preciosidade tem também valor sentimental, e
agora já histórico.
Em uma anotação que deixou, ele nos pediu,
quando partisse para junto de mamãe, deveríamos levar a Santa para uma igreja,
capela ou entidade religiosa, não queria que fosse para o cemitério; não queria
visitas de buscadores de milagres. Ele se foi em agosto de 2007. Assim,
seguindo as instruções dele, a Santa foi doada para na Casa da Catequese Paulo
VI, localizada na avenida 23 entre as ruas 12 e 14, Barretos.
Por iniciativa, creio que do vigário, no pano de fundo do pedestal
onde se encontra a Santa, está escrito: “Eis aqui tua Mãe”. Que lindo!
Mesmo estando tão longe da minha cidade natal, posso rezar e fazer
meus pedidos. Aprendemos, é através dela que Deus nos ouve, ainda que não nos
responda.Escreveu Exupéry em sua obra inacabada Cidadela: “sabemos que Deus
ouve nossas preces quando Ele não nos responde”.
P.T.Juvenal
Santos – ptjsantos@bol.com.br
segunda-feira, novembro 14, 2016
Feira do Mel e do Campo animou fim de semana
A edição de 2016 da Feira do Mel
e do Campo encerrou este domingo com um balanço “muito positivo”, reconhecido
por expositores e visitantes - lê-se na página oficial do Município. É essa nota de imprensa que publicamos:
Fotos: site do município |
"O mel e os produtos do campo
uniram-se, no Parque Verde de Penacova, durante os três dias do certame, a
muita animação musical, ao tradicional magusto oferecido pelo município e a
momentos de franco convívio entre a população local e os visitantes.
Por seu lado, Fernanda Veiga,
Vereadora do Pelouro do Turismo da Câmara Municipal de Penacova, salienta que,
“nesta edição da Feira do Mel e do Campo, partilhámos com os visitantes o
melhor que se faz no nosso território, no que diz respeito aos recursos
primários/endógenos, de uma forma digna e meritória para todos os produtores,
destacando, nomeadamente os produtores locais, ajudando a projetar a sua imagem,
mostrando o seu dinamismo, e acima de tudo, a qualidade dos seus produtos”.
Fernanda Veiga, destacou
igualmente, a qualidade da animação musical, fator de atração adicional ao
evento que nesta edição contou com as atuações do Grupo de Concertinas do
Caneiro, Grupo de Cavaquinhos da União Popular da Rebordosa, Grupo Cantar
Travanca do Mondego, Flora do Mondego, DJ Nuka, Mónica Sintra, Ruizinho de
Penacova e Quim Barreiros, que encerraram o certame em clima de grande festa.
Também o Festival Gastronómico
“Mês dos Míscaros e do Sarrabulho” marcou presença neste evento fazendo-se
representar por alguns dos restaurantes aderentes a esta iniciativa gastronómica
do município, que se prolongará até meados de dezembro em 14 restaurantes do
concelho e que permite, mesmo aos mais céticos, descobrir uma das maravilhas da
gastronomia local."
Fotos: Penacova Online |
domingo, outubro 30, 2016
A visitar: exposição temporária "Scriptorium Medieval" em Lorvão
Para mostrar um pouco do mobiliário , dos instrumentos e dos materiais, encontra-se em Lorvão, cedida pela
Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, uma interessantíssima exposição que nos últimos
anos tem corrido o país. Com assessoria científica da Prof.ª Doutora Maria José Azevedo Santos,
esta exposição foi estruturada inicialmente no âmbito da exposição "Santa Cruz de Coimbra – A
Cultura Portuguesa Aberta à Europa na Idade Média", no contexto das iniciativas
Porto Capital Europeia da Cultura 2001.
Imagens da exposição patente em Lorvão |
No desdobrável que acompanha a exposição podemos ler:
“Entrou
num scriptorium. Ou melhor, está num "palco" onde se pretende representar
um centro de cópia de manuscritos, de um qualquer mosteiro ou catedral, da
Idade Média, no Ocidente Europeu.
Aqui encontra e pode admirar o mobiliário, os instrumentos,
os materiais e os utensílios indispensáveis à tarefa complexa e exigente de
reproduzir um saltério, uma bíblia, um missal ou outro livro litúrgico.
Em espaços semelhantes a este, foram copiados, de
Portugal à Itália, da Espanha à Suiça, milhares de códices.
Copistas, mas também correctores, iluminadores,
encadernadores, e outros artesãos da arte de fazer códices, foram os principais
responsáveis pela constituição de preciosas bibliotecas que nem a incúria dos
homens nem a voragem do tempo conseguiram destruir.
Pelos scriptoria
dos séculos VIII a XIII, e por todo o pessoal que citámos, na maior parte dos
casos sem rosto e sem nome, mas, igualmente, pelo pergaminho, pelas penas e
pelas tintas, passou inquestionavelmente, a divulgação da cultura monástica
europeia.
Todavia, desta magnífica empresa de transcrever livros,
deram os copistas, muitas vezes, no final das suas obras, um testemunho
condoído e melancólico. A grande maioria daqueles homens considerava a cópia
uma louvável mas muito penosa tarefa. É a referência à dor, à dor física, que
domina os seus desabafos. Uma múltipla dor (dos dedos, da mão, das costas, dos
olhos) causada por um trabalho que parecia não ter pressa de chegar ao fim. Como
a ideologia cultural da escrita proclama: "Era preciso matar o corpo para
que a escrita nascesse.”
O que podemos observar neste conjunto expositivo? (vamos seguir
algumas das notas do referido desdobrável):
Mesa de trabalho horizontal (banca), própria para a elaboração de documentos
avulsos
Pergaminho
- pele de animal que, depois de preparada, proporciona uma superfície com dois
lados (o do pêlo e o da carne) para nela se escrever.
Pele de peixe - utilizada para polir os pergaminhos na sua preparação.
Pedra-pomes
- rocha vulcânica seca, porosa e leve. Serve para polir o pergaminho e até
afiar o bico da pena.
Fac-simile do "Apocalipse de Lorvão" produzido em finais do séc XII neste Mosteiro e assinado pelo monge Egeas |
Facas -
servem para cortar as peles, raspar o pergaminho, talhar as penas, corrigir os
erros dos copistas.
Canivetes
- instrumentos usados no talhe (dar forma à ponta da pena, geralmente fendida
ao meio) das penas das aves.
Cornos -
chifres de animal utilizados como tinteiros.
Penas -
penas de ave que, depois de serem talhadas nas pontas servem para escrever.
Dedais -
objectos para proteger os dedos quando se cose o pergaminho.
Compassos
- servem para traçar círculos, medir, ou fazer a pautagem no pergaminho (ponta
seca).
Espátula
- instrumento de madeira utilizado para juntam as tintas moídas.
Sovelas
- instrumentos constituídos por uma espécie de agulha, direita ou curva, com
que se faziam os orifícios nas folhas de pergaminho para, unindo-os,
estabelecer o pautado.
Caixa
destinada a guardar os instrumentos necessários para escrever
Pena talhada - pena de ave, talhada. Com
tinta serve para escrever.
Régua -
instrumento de madeira utilizado no traçado das linhas rectas.
Tabuinhas
enceradas com seu estilete - destinam-se a receber escritos.
Palmatória
- castiçal em barro, para colocar velas, que serviam para iluminar.
Ampulheta
- instrumento que serve para calcular o tempo (o tempo que a areia gasta em
passar de um dos cones para o outro).
Tesouras
- serviam para cortar os pergaminhos, os fios e as penas.
Novelos
de fio - linha para coser rasgões no pergaminho.
Reprodução
de iluminuras antigas - iluminura é
um tipo de pintura decorativa aplicado às letras capitulares (letras maiúsculas
que iniciam o capítulo). O termo também se aplica aos elementos decorativos e representações
que surgem nos livros da Idade Média.
Armário
destinado a guardar manuscritos e outras peças relativas à escrita
Almofarizes
com seus pilões - serviam para machucar e macerar os bugalhos e gomas arábicas
destinadas à preparação das tintas.
Goma arábica - resina produzida por diferentes
árvores do género da Acácia. Ingrediente de receitas de tinta de escrever.
Sulfato
de ferro - sal metálico utilizado na preparação das tintas deescrever.
Associado a um agente tanino (noz de gralha) produz um precipitado castanho ou
negro (tinta).
Agulhas
- serviam para coser os pergaminhos.
Tábuas -
placas de madeira destinadas à encadernação dos livros. Forravam-se com pele ou
tecido
Vassouras.
Nozes de galha
ou bugalhos - elemento principal na preparação das tintas negras de escrever,
porque são ricas em tanino.
Móvel fixo
com superfície inclinada. Adapta-se fundamentalmente à cópia de livros
permitindo o emprego de folhas de formato grande
Frascos
com tintas de escrever - líquidos vermelho e preto.
Candeia
- objecto de metal com bico por onde sai a torcida. Deita-se-lhe azeite e
acende-se para dar luz.
Penas de
ave talhadas - compõe-se de duas partes: a haste e as barbas.
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