Separador do livro Doçaria Conventual de Lorvão, de Nelson Correia Borges (2013) |
É muito provável – segundo alguns historiadores - que em tempos mais recuados já existisse um órgão em Lorvão.
Todavia, o primeiro órgão de que há notícia terá sido o que em 1718 mandou fazer a abadessa D. Cecília d’Eça e Castro. Entretanto, a abadessa D. Maria da Trindade resolveu reformá-lo, mudá-lo de local, acrescentar-lhe mais registos e dourar-lhe a caixa.
A partir de 1748 dão-se as obras de reconstrução da Igreja que se prolongaram por cerca de vinte anos. Depois das obras, as religiosas quiseram dotar o mosteiro com um órgão mais grandioso.
Coube a D. Madalena Maria Joana de Vasconcelos Caldeira (1783-1786) materializar esse objectivo.
Na obra de Nelson Correia Borges, Doçaria Conventual de Lorvão (2013) escreve aquele autor: “ Em 1785, a mesma abadessa empenhou-se na obra do novo órgão, mas já era o canto de cisne da renovação artística de Lorvão: a caixa foi aparelhada e ficou à espera de uma pintura e douramento que nunca mais chegou e o pagamento da despesa arrastou-se por vários anos. É uma realização do que melhor se fazia no reino, já que a parte harmónica e técnica foi executada por António Xavier Machado e Cerveira e a caixa e escultura saiu da oficina de seu meio-irmão, Joaquim Machado de Castro.”
Só ficou concluído em 1795. Poucos anos depois surgem as invasões francesas que a par de outros factores conduzem à decadência de Lorvão e do seu órgão.
Depois de muitas décadas, em 1955, voltou a fazer-se ouvir, depois do restauro feito pela Firma João Sampaio (Filhos), Lda.
“Foram introduzidas modificações nos foles e na cobertura do teclado. Os primitivos foles eram em forma de cunha e necessitavam de dois homens que tinham de se revezar com frequência. Foram substituídos por um único fole paralelo, instalado em sala contígua, com a vantagem de fornecer sempre a mesma pressão de ar. O seu conjunto harmónico é constituído por cerca de dois mil e quinhentos tubos de metal e madeira.” – escreveu Nelson Correia Borges em 1968 no Notícias de Penacova.
Naquela data já o órgão estava outra vez inutilizado. Lamenta o referido cronista que “depois de importantes obras de restauro levadas a cabo em 1955 pela DGEMN e que fizeram voltar o alentado instrumento ao seu antigo esplendor, dum momento para o outro elas ficassem inutilizadas parcialmente por injustificável incúria, em virtude de ter-se dado infiltração de água das chuvas durante umas obras de reparação do telhado”.
Os anos passaram, muitas pessoas e entidades foram pugnando pelo seu restauro. Depois de muitas vicissitudes, só hoje, 3 de Maio de 2014, vai ser possível ouvi-lo de novo na sua majestade e imponência.
Capa do jornal Díário de Coimbra de 2 de Maio |
Díário de Coimbra , 2/5/2014 |