14 outubro, 2025
Para memória futura: infografias, resultados e lista completa de candidatos /Autárquicas '25
08 outubro, 2025
Autárquicas 1976 em Penacova: recordemos os resultados e os nomes dos eleitos
Introdução
De acordo com dados da Comissão Nacional de Eleições, nestas primeiras autárquicas o PS conquistou 115 câmaras, o PPD/PSD outras 115, o CDS 37, a Frente Eleitoral Povo Unido (FEPU) 36 e o Partido Popular Monárquico (PPM) uma, a de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real. À época havia 304 concelhos.
Apesar do empate em número de câmaras conquistadas a nível nacional, o PS obteve 33,01% dos votos, o PPD/PSD 24,3%, a FEPU 17,2% e o CDS 16,62%. A abstenção foi de 35,34%. Quanto a distritos, o PS venceu no Porto, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa, Santarém, Portalegre e Faro; o PSD em Viana do Castelo, Braga, Bragança, Vila Real, Aveiro, Viseu e Leiria. O CDS venceu no distrito da Guarda e a coligação FEPU ganhou as Câmaras de Setúbal, Évora e Beja
Presidente: Artur Coimbra
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
CDS, 1 186 votos; FEPU, 484; PPD, 2 133; PS, 2 135.
Eram cabeças de lista: CDS: Manuel da Silva; FEPU*: o Notícias de Penacova não refere candidato; PPD/PSD: Alípio Marques de Oliveira; PS: Eurico Almiro Menezes e Castro
Presidente (eleito pela Assembleia): Eurico Almiro Menezes e Castro
ASSEMBLEIAS DE FREGUESIA
Carvalho
CDS, 81 votos; PPD, 223; PS, 94.
Eram cabeça de lista: CDS: António Lopes; PPD: Graciano Carvalho; PS: Orlando Martins; Presidente: Graciano Carvalho
Figueira de Lorvão
CDS, 193 votos; PPD, 387; PS, 239.
Eram cabeça de lista: CDS: António Santos Pereira; PPD: Alípio Simões Marques; PS: Adriano Jegundo. Presidente: Alípio Simões Marques
Friúmes
CDS, 62 votos; PPD, 119; PS, 125.
Eram cabeça de lista: CDS: Antero Garcia de Oliveira AlvesPPD: Adelino AbrantesPS: Adelino Gaspar. Presidente: Adelino Gaspar
Lorvão
CDS, 275 votos; PPD, 331; PS, 607.
Eram cabeça de lista: CDS: Víctor Manuel Fernandes Silva; PPD: Carlos Freire Rodrigues; PS: João Carvalho da Silva. Presidente: João Carvalho da Silva
Oliveira do Mondego
CDS, 84 votos; PS, 77; PPD, 86.
Eram cabeça de lista: CDS: Mário Rodrigues; PPD: Adosindo Duarte Oliveira; PS: Manuel Ferreira Duarte. Presidente: Adosindo Duarte Oliveira
Penacova
CDS, 193 votos; PPD, 456; PS, 644.
Eram cabeça de lista: CDS: Alípio Seco do Amaral; PPD: Luís de Jesus Oliveira Amaral; PS: Vasco Pedro Silva Viseu. Presidente: Vasco Pedro Silva Viseu
São Pedro d'Alva
CDS, 132 votos; PPD, 293; PS, 256.
Eram cabeça de lista: CDS: José Martins Portugal; PPD: Luís Martins Morgado; PS: António Fernando Sousa Coimbra. Presidente: Luís Martins Morgado
Sazes
CDS, 110 votos; PPD/PSD, 101; PS, 78.
Eram cabeça de lista: CDS: Manuel Fernandes; PPD: Arlindo das Neves; PS: Américo Simões. Presidente: Manuel Fernandes
Travanca do Mondego
PPD, 84 votos; PS, 176.
Eram cabeça de lista: PPD: António Rodrigues da Assunção; PS: José Oliveira Henriques. Presidente: José Oliveira Henriques
S. Paio de Farinha Podre e Paradela da Cortiça
Nestas freguesias não houve eleições a 12 de Dezembro, dado que por terem poucos eleitores, a AF é substituída pelo Plenário dos Cidadãos Eleitores.
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* A Frente Eleitoral Povo Unido (FEPU) foi uma coligação formada pelo Partido Comunista Português (PCP), Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Presidenteral (MDP/CDE) e pela Frente Socialista Popular (FSP), para concorrer às eleições autárquicas de 1976.
CONSTITUIÇÃO DOS ÓRGÃOS AUTÁRQUICOS
Por sua vez o Notícias de Penacova de 7 de Janeiro de 1977 apresenta os nomes dos candidatos, efectivamente eleitos e empossados, para exercerem funções em 1977, 1978 e 1979. Recorde-se que inicialmente os mandatos eram de 3 anos.
CÂMARA MUNICIPAL
Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, PS; Daniel Martins Rodrigues, PSD; Francisco José Azougado da Mata, CDS; Lúcia Odete Ferreira Veiga de Almeida de Menezes e Castro, PS; Maria de Lurdes Marques, Simões Costa Amaro, PSD; Maria Fernanda de Almeida Emídio Pimentel, PS; e Armindo Rodrigues Ferreira dos Santos, PSD.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Eurico Almeida Meneses e Castro, PS; Alípio Marques de Oliveira, PSD; Manuel da Silva, CDS; Belchior de Almeida Martins, PS; Manuel Joaquim Martins, PSD; Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, PS; José Pisco Silva, PSD; Joaquim Baptista Engenheiro, CDS; Armando Lopes, PSD; António de Sousa, PS; António Francisco Flórido Simões, FEPU; e Francisco Rojais Henriques, PS.
ASSEMBLEIAS DE FREGUESIA
CARVALHO
Graciano Carvalho, PSD; Manuel Gomes de Araújo, PSD; Orlando Martins, PS; António Lopes, CDS; Amândio Carvalho Rodrigues, PSD; José Marques Sousa, PSD; e Artur de Oliveira, PS.
FIGUEIRA DE LORVÃO
Alípio Simões Marques, PSD; Adriano Jegundo, PS. António Santos Pereira, CDS; Arménio Marques Carpinteiro, 'PSD; António Manuel Ferreira Morgado, PSD; Manuel Alves, PS; Mário Alves Marques, CDS; Arlindo Rodrigues de Sousa, PSD; e Vítor Dias de Oliveira, PS.
FRIÚMES
Adelino Gaspar, PS; Adelino Abrantes, PSD; José Mário dos Santos Carril, PS; Antero Garcia de Oliveira Alves, CDS; Manuel de Oliveira Henriques do Solto, PSD; Belmiro Ferreira Bernardes, PS; e Américo Reis da Silva, PSD.
LORVÃO
João Carvalho da Silva, PS; Carlos Freire Rodrigues, PSD; Aurélio Manuel de Oliveira Ferreira, PS; Vítor Manuel Fernandes da Silva, CDS; Manuel de Oliveira Rodrigues, PS; José Tomé da Fonseca Marques, PSD; António Marques Saraiva, PS; António Tomé da Cruz, CDS; e António dos Santos Calhau, PS.
OLIVEIRA. DO MONDEGO
Adosindo Duarte Oliveira, PSD; Mário Rodrigues, CDS; Manuel Ferreira Duarte, PS; Domingos da Luz Simões, PSD; Manuel dos Santos Faias, CDS; José Mendes, PS; .e José Simões Carlos, PSD.
PENACOVA
Vasco Pedro ida Silva Viseu, PS; Luís de Jesus Oliveira Amaral, PSD; Manuel Fernandes Dinis, PS; Eduardo Luís Viseu, PSD; Daniel de Figueiredo, 'PS; Alípio Seco do Amaral, CDS; Arsénio da Silva Sousa, PS; Joaquim Lopes Grilo, PSD; e Augusto Rodrigues Amaral, PS.
S. PEDRO DE ALVA
Luís Martins Morgado, PSD; António Fernando Sousa Coimbra, PS; Fernando Cordeiro Coimbra, PSD; José Martins Portugal, CDS; Américo Figueiredo Leonardo, PS; José Coimbra Manaia, PSD; Hermenegildo Santos Coimbra, PS; José Manuel Cordeiro Castanheira, PSD; e Francisco Martins Cordeiro, CDS.
SAZES DE LORVÁO
Manuel Fernandes, CDS; Arlindo das Neves, PSD; Américo Simões, PS; João Bernardes,?; Albino Alves das Neves, WS; Maria Lindanor da Conceição Antunes Cruz, PSD; e Porfirio da Silva Costa, PS.
TRAVANCA DO MONDEGO
José Oliveira Henriques, PS; Valdemar Ferreira Rosas, PS; António Rodrigues de Assunção, PSD; José Tasqueira Fernandes, PS; António Alves Rodrigues, PS; Jaime Saraiva de Sousa, PSD; e Eduardo Gonçalves Videira, PS.
S. PAIO DE FARINHA PODRE (designação, à época)
"Com afluência maciça realizaram-se no pretérito dia 9 (Domingo) eleições para as Juntas de Freguesia do S. Paio do Farinha Podre e de Paradela da Cortiça, freguesias que por terem menos do 300 e!eitores não elegeram Assembleias de Freguesia em 12 de Dezembro de 1976" - refere o Notícias de Penacova de 21 de Janeiro de 1977.
Em S. Paio foram mais votados os Srs. José Arménio Castanheira Cunha (Presidente), António Duarte Ramos (Secretário) o José Madeira da Fonseca (Tesoureiro).
PARADELA DA CORTIÇA
Em Paradela da Cortiça verificou-se a vitória dos Srs. Joaquim da Fonseca Almeida (Presidente), Joaquim Almeida Neves (Secretário) e Alípio Pechim de Sousa.
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VEJA UM PEQUENO VÍDEO DA RTP:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/primeiras-eleicoes-autarquicas/
05 outubro, 2025
Evocar António José de Almeida neste 115º aniversário da Implantação da República
Hoje, 115º aniversário da Implantação da República em Portugal, dia em que o nosso concelho evoca o seu ilustre conterrâneo que foi uma das mais importantes personalidades da política portuguesa da época, transcrevemos, de seguida, o texto integral do artigo publicado na Ilustração Portuguesa, que apesar de extenso, merece ser aqui recordado, não só, mas também como documento histórico.
A 31 de Outubro de 1937, era inaugurado o monumento a António José de Almeida, em Lisboa (oito anos após a sua morte), um projecto do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro e do escultor Leopoldo de Almeida. Durante o Estado Novo (1933-1974), o monumento acabaria por se transformar num local de romaria da oposição ao regime, em datas simbólicas como o 5 de Outubro.
Glorificação de um Caudilho:
a inauguração do monumento a António José de Almeida
"Ninguém, entre os caudilhos da República, igualou António José de Almeida como condutor de multidões. Não era só o seu verbo inspirado, a sua palavra flamejante, a sua dominadora voz, que abalava, comovia, arrastava; era toda a sua presença — a sua figura insinuantíssima, os seus olhos espelhando entusiasmo, o ímpeto do seu vigoroso arcabouço, avançando no tablado como num arraial de combate, o ritmo ondulante do seu gesto largo, a vibração ardente, mediânica, de todo o seu ser — impressionando, comunicando ao auditório essa sugestão formidável que acorda as almas, num frémito de acção, num uníssono de entusiasmo.
República! Esta palavra, nos seus lábios, tinha a magia das revelações religiosas, e, ora soava como uma prece, ora como um cântico, ora como um dies irae; evocava o fragor dos ingentes prélios, a fúria das imprecações, o desespero dos naufrágios, a miséria, a opressão, a iniquidade, concentrando o tumultuar da revolta, o clarão da vitória e o clamor da alvorada!
República! Vocábulo omnimodo que, à luz esplendorosa da sua alma, ao sopro do seu génio, se tornava alado, erguendo ao infinito todas as nobres aspirações, todas as ânsias de resgate, todos os sonhos de grandeza patriótica, todas as reivindicações de Justiça, todas as rútilas evidências da Verdade!
República! E todos os corações pulsavam, apressadamente batiam, como se o mundo estremecesse num Tabor de transfiguração, ao assombro de cataclismos!...
Guerra Junqueiro dizia-me: — António José de Almeida é como uma força da Natureza!
De facto, ver este homem na tribuna era assistir a um deflagrar de tempestade.
Tormenta caliginosa, apocalíptica, trespassada de relâmpagos, sulcada de raios!
Ao estrondear da sua eloquência, desmoronavam-se todos os obstáculos: aluíam as muralhas seculares de preconceitos; ardiam as árvores do mal, milenárias; fundiam-se as cadeias de todas as servidões; e todas as imundícies dos Leviathans sociais se sumiam, arrastadas à voragem como por um dilúvio.
Mas, ao fim, era como se arfasse o Mar; uma doce brisa passava, um arco-íris de esperança subia... O sol brilhava!
E o sol era o seu coração!
Como Jeová brandira os fuzilantes feixes da sua eléctrica cólera; espalhara, vingadoramente, a devastação, mas - o juízo implacável findo, jugulado o inimigo, impotente o mal - uma onda de piedade se levantava na sua alma. Submergia-se em infinita misericórdia o seu sagrado furor dc justiça.
Assim Jeová se humaniza, e Cristo surge!
Eterno símbolo das almas fortes esta dualidade psicológica, que, a nossos olhos mortais, tão sublime se revela que, para a encarnar, os homens criaram os Deuses.
Esta dualidade explica o político que foi António José de Almeida.
A trajectória da sua acção dir-se-ia pontuada de hesitações. Algumas das suas atitudes desconcertaram os seus maiores amigos, os seus mais fervorosos admiradores. Como quando à peroração célebre: "Se vos pedirem água, dêem-lhes água-raz; se vos pedirem pão, dêem-lhes balas!, referindo-se àqueles portugueses que além fronteiras, se armam para invadir Portugal, sucede, apenas vencidos, um frenesi de perdão, uma obsediante clemência tal, que a sua vida vem a correr risco como a dum traidor.
Ainda que cometesse então um erro de visão política, nunca foi mais bela a sua figura de lutador.
Ele foi sempre tão inquebrantável no ódio como no amor, pois que o seu ódio e o seu amor não eram mais do que aspectos, só aparentemente contraditórios, da sua magnanimidade, duas faces da sua sempre ansiosa fraternidade, do seu sonho imperecível de igualdade, da sua aspiração indómita de liberdade!
Qual foi a hora mais alta da sua vida Política? — pergunta-se.
Horas altas na sua vida contam-se muitas, tantas viveu em nobilíssimo combate em exaltação de civismo - a sua devoção patriótica não esmorecendo até ao último alento, e a sua bondade acrisolando-se até limites sobre-humanos, na dor, nos flagícios, na provação incomparável dos últimos anos para todos nós tão entenebrecidos.
Mas o momento mais solene da sua vida foi, sem dúvida, o da União Sagrada.
Para ela trouxe, em holocausto, votivamente, como no altar da Pátria, tudo o que podia dar à Nação, bem mais do que podia exigir-se a um cidadão, mesmo em tal hora, e ainda quando o cidadão fosse de tão singular envergadura. Ele trouxe-lhe o sacrifício da sua posição de chefe de partido - nos seus olhos turbando-se o olhar inquieto dos seus correligionários dedicadíssimos, que tinham para ele a cruel censura de abandono; — arrostou com a maledicência infamante, que interpretaria a sua extrema abnegação, como vil cobiça do poder, e calcou aos pés, humilde, estoicamente, todo o seu orgulho de homem.
Sem esta inultrapassável prova, sem esta decisão suprema. a intervenção militar de Portugal na Grande Guerra seria impossível — os nossos destinos históricos irremediavelmente comprometidos.
Estamos salvos! — E o grande Junqueiro, proclamando-o, tinha lágrimas de alegria heróica.
E estávamos — apesar de tudo…
Desviemo-nos do espectáculo tremendo do fim do ano de 1917. Apaziguemos a melancólica tristeza que causa o horror da guerra civil, volvendo ainda à luminosa vida de António José de Almeida.
*
* *
O "ultimatum” de 1890 desperta Portugal dum leal marasmo. Todo o país reage à afronta; a Nação vive!
É nesse momento que António José de Almeida surge para a acção política.
Entre tantos moços cujo talento e hombridade avultam até à consagração pública — como Afonso Costa, João de Menezes, Augusto Barreto, Silvestre e Paulo Falcão, Barbosa de Andrade, Arnaldo Bigotte, Fernando de Brederode, Malva do Vale — António José de Almeida impõe-se como um verdadeiro chefe.
Não era o seu talento só que destacava; desde logo a perfeita unidade da sua vida mental e moral se afirmava, prestigiosamente.
Havia nele mais que a força de pensamento; a absoluta sinceridade da sua fé firmava o seu fervor de apostolado.
Desde o inicio, a sua eloquência é magnética; o seu verbo flui, alteroso, envolvente, subjugante. Não convence somente; funde espírito e coração, alicia, invade, possui.
Há quem, cortejando a popularidade, demande situações vantajosas, estabeleça influência, crie renome de que aproveitar, ponha a render os belos gestos.
António José de Almeida não reserva nada para si, para a sua vaidade, para o seu interesse; este apóstolo e caudilho vai pelo seu caminho pregando a verdade, espalhando o bem, afirmando a coragem, combatendo e cantando, como uma torrente benéfica, sempre a acudir à sede de justiça, sem pedir salário.
Nem sente a sua grandeza... Ela é tão do seu natural!
A sua mocidade é um bloco de amor —de bondade, de energia, de civismo, de abnegação— toda nimbada dum clarão astral.
Uma cabala de lentes exclui-o do professorado universitário, a que ascenderia pelas suas classificações, bem ganhas. Num relâmpago de cólera, liquida o incidente pessoal, como se fora, na sua carreira, um simples episódio sem importância; mas porque a miséria de tais lentes tenha, socialmente, um significado alarmante, no seu livro "Desafronta”, marca-os a fogo, como réprobos. Não sem inscrever, a bronze e oiro — este homem é sempre o mesmo! — como incentivo e exemplo, os nomes de três verdadeiros mestres e indefectíveis Daniel de Matos, Refoios e João Jacinto, que, ligados ao seu nome imperecível, quero hoje recordar aqui, saudosamente.
Nesse livro há um capítulo consagrado à revolta de 31 de Janeiro, no qual brilham páginas de uma magnífica e perturbante beleza.
É isto por 1895: a derrota do Porto e a morte de José Falcão dir-se-ia terem apagado todos os estímulos de acção republicana.
E António José de Almeida, vai aquecer o seu coração ao sol dos trópicos —concentrar luz e calor com que converta, mais tarde, em labareda, o arrefecido resquido do Ideal.
Quanto ele moureja! E a sua bondade, a sua inteligência e o seu carácter são uma constelação, perante a qual desmaia o Cruzeiro do Sul!
Através de longos dias de labor estrénuo, de cansados dias de exílio escaldante. António José de Almeida sente como uma imposição do Destino: - implantar a República em Portugal!
E quando nove anos depois, desembarca em Lisboa, quais são as suas primeiras palavras?
— Pois vamos lá então fazer a República!
A sua voz soa como um clarim de batalha. Chama a todos, acorda a todos, sacode-os, põe-nos de pé, condu-los à fileira e leva-os atrás de si!
E cabouca, e procura o fixe, enche de alicerces, de dedicações, de inauditos sacrifícios, e passa dias e noites, meses e anos, trabalhando, no afã ciclópico!
Enfim - em 5 de Outubro de 1910 a República é proclamada.
Na história contemporânea não há nada que exceda ao arranque de coragem e generosidade, este assombroso sucesso.
Em 5 de Outubro é todo o povo português que aclama a República. Mas dos milhões de homens que conta a Grei, quantos não deixariam de tomar por visionário este homem simples. despretensioso, pobre, quando, ao desembarcar S. Tomé, proclamara: - Pois vamos lá então fazer a República!?
A muitos portugueses enche de glória esse imorredoiro 5 de Outubro."
LOPES D’OLIVEIRA
31 julho, 2025
"125 Nomes da História de Penacova": novo livro apresentado no Dia do Município '25
O jornal A COMARCA DE ARGANIL, na edição de hoje, publica a notícia do lançamento do livro 125 NOMES DA HISTÓRIA DE PENACOVA, que aborda os percursos de vida de figuras marcantes do concelho, de A a Z, de Abel Fernandes Ribeiro a Zulmira da Fonseca... (veja aqui ). Além da transcrição do texto de A Comarca, ficam também algumas fotografias do evento.
"Integrada no programa das comemorações do Dia do Município (17 de Julho), que assinala a data
de nascimento do ilustre penacovense António José de Almeida, teve lugar no Auditório Municipal a apresentação do livro 125 Nomes da História de Penacova da autoria de David Almeida.
Na nota de apresentação, assinada por Álvaro Coimbra, lê-se que o livro "125 Nomes da História de Penacova é uma obra de inegável valor histórico, cultural e identitário” para o município, na medida em que ”ao reunir, com rigor e sensibilidade, os percursos de vida de figuras marcantes”, este trabalho é mais do que “um repositório biográfico”, assumindo-se como “um verdadeiro testemunho da memória coletiva de Penacova” e, igualmente, como “um contributo inestimável para a preservação da identidade e para a valorização do conhecimento histórico no plano municipal” ou mesmo como “uma referência fundamental para todos quantos estudam ou se interessam pela história viva” do secular concelho.
Ana Santiago Faria, Licenciada em História, Investigadora e Mestre em História e, igualmente, em Turismo, agraciada com a Medalha de Honra do Município de Penacova em 2009, escreveu no prefácio que o livro agora apresentado, mostra a “preocupação” do autor “em dar a conhecer aos públicos de agora e do futuro, nomeadamente a todos os que têm ligação familiar ou afectiva a Penacova, as figuras
que no passado, marcaram indelevelmente” o concelho. Salienta, de igual modo, que “o trabalho de investigação a que há muito se dedica” lhe permite “apresentar homens e mulheres nascidos em Penacova, ou de algum modo a ela ligados, que pelas suas qualidades humanas, souberam empenhar-se no desenvolvimento da sua terra e do seu País, abraçando causas diversas e pondo os seus carismas ao serviço de todos.” Enquanto historiadora e cidadã empenhada e interveniente, frisa também a “importância da História Local e Regional, no contexto da História Nacional, que ajuda a edificar e a melhor compreender, contribuindo através das vivências comuns, para o desenvolvimento de uma consciência de pertença a uma comunidade. “
Por sua vez, Maria da Luz Pereira Pedroso, Professora, Mestre em Gestão e Administração Escolar e Vereadora do Município de V. N. de Poiares, ao apresentar a obra classificou o autor, David Almeida, como um verdadeiro “curador e guardião de memórias”, um “detective de histórias esquecidas”, um “contador de vidas que merecem ser contadas, algumas dramáticas, outras heróicas e muitas surpreendentes”, algumas delas que podiam muito bem inspirar um romance histórico “daqueles que se lêem de uma assentada.”
“Conseguiu reunir, com paciência de arqueólogo e coração de penacovense, 125 nomes que moldaram, inspiraram e deram forma ao que é hoje Penacova. E não, não é um catálogo telefónico antigo, ou um dicionário é muito mais do que isso” – sublinhou ainda.
Escrevendo “com emoção e responsabilidade ao nível educativo para as gerações vindouras (fazendo com que a memória local, não seja apenas um eco distante, mas sim, uma força viva, que inspira, educa e une), sem qualquer interesse financeiro”, ofereceu este seu trabalho ao concelho, “um documento do qual todos nos devemos orgulhar, que resgata do esquecimento, tudo aquilo que merece ser lembrado.”
Ao usar da palavra, o autor referiu-se à relação entre Memória e História, afirmando que “mais do que um trabalho científico, que implicaria a análise crítica e interpretação dos acontecimentos, este é um livro de memórias”, uma espécie de “Memorial”, na medida em que, “directa ou indirectamente, assume algum carácter de homenagem póstuma a muitas pessoas, não só àquelas que aqui nasceram e viveram, mas igualmente àquelas que, deixando o seu berço, se fixaram noutros pontos do país e do mundo”, quer ainda, a muitas outras “que, por adopção, se tornaram verdadeiros penacovenses, colocando as suas vidas ao serviço desta terra.”
Referiu que o livro não trata só de “individualidades que atingiram elevados patamares sociais e políticos”, mas também de “pessoas que no seu dia-a-dia se dedicaram, porventura com menor visibilidade, mas com o mesmo empenho, na construção do bem comum. Pessoas que, por diversos motivos, se tornaram conhecidas, admiradas e respeitadas, no meio social e cultural em que viveram.”
Na introdução, David Almeida esclarece que além destes 125 “verbetes” de carácter biográfico, seria “de toda a justiça, incluir, em jeito de apêndice e como memorandum para futuros estudos e/ou publicações, uma listagem de muitos outros nomes que merecem ser recordados: combatentes da I Grande Guerra e da Guerra do Ultramar, que tombaram no campo de batalha, liberais penacovenses, alguns deles inocentes, que não escaparam ao pelotão de fuzilamento durante a Guerra Civil (1832 a 1834), comandantes dos Bombeiros que nos quase cem anos de existência se dedicaram à causa humanitária, professores e educadores, médicos, dirigentes associativos, políticos, beneméritos…”.
Assim, no capítulo “Proposta de Guião para um segundo volume” são referidos mais 200 nomes, com maior ou menor desenvolvimento, mas que fornecem alguns dados que podem ser o ponto de partida para posteriores investigações.
Quer no texto introdutório, quer na sessão de apresentação, o autor salientou que mais do qualquer compensação financeira ou interesse comercial – que não tem, bem pelo contrário – é “muito gratificante saber que este trabalho de longas horas pode vir a ser útil para futuras e mais aprofundadas investigações” sobre o município e, pode, igualmente, “ser um contributo para a preservação da memória local e para uma melhor compreensão de alguns aspectos da história de Penacova, fortalecendo, desse modo, a identidade, a coesão e o sentido de pertença” a este território, que é
Penacova.
Agradeceu a presença da vasta assistência e, a terminar, deixou um agradecimento especial à Câmara Municipal de Penacova, na pessoa do seu Presidente, Álvaro Coimbra, tendo em conta “a valorização deste trabalho e subsequente edição com a chancela do Município”, o que muito o “honra”."
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