sexta-feira, junho 14, 2024

Coral Divo Canto nas Comemorações do Dia de Portugal em Londres

 


Comemorações do Dia de Portugal, em Londres!


O Coral Divo Canto, deslocou-se a Londres de 7 a 10 de junho, onde participou nas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a convite da Associação Diáspora por Portugal Sem Fogo - UK e da The Anglo-Portuguese Society, que em articulação com a Embaixada de Portugal organizaram as comemorações.

O programa incluiu um espetáculo no sábado, dia 8, dedicado a Luís de Camões, comemorativo dos 500 anos do seu nascimento, e a participação nas comemorações oficiais, no domingo, dia 9 de junho.

No concerto de sábado, designado “Entre a Poesia e a Harmonia da Língua Portuguesa” decorreu na The Actor’s Church - St. Paul’s Church Covent Garden – a igreja dos atores, em Londres, o Coral Divo Canto juntou a poesia de Camões, pela voz de Ricardo Coelho, com a música coral de Fernando Lopes-Graça, José Afonso, Eurico Carrapatoso, Fernando Lapa, José Firmino, Celestino Ortet, Augusto Mesquita, entre outros, onde o nosso Fado também teve um lugar de destaque, interpretada pelo Coral Divo Canto, sob a Direção do Maestro Pedro André Rodrigues, com acompanhamento ao piano pelo pianista João Guerra.

Este concerto, contou com a presença das associações Diáspora por Portugal Sem Fogo - UK, APS- Anglo-Portuguese Society, do Adido Social e do Primeiro Secretário da Embaixada, que teceram os maiores elogios ao Coral Divo Canto e ao programa apresentado e se confessaram surpreendidos pela qualidade do espetáculo.

No domingo, dia 9 de junho, decorreram as comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, bem como do 300° Aniversário da Embaixada Portuguesa, na Church of Our Lady of The Assumption and ST Gregory, Warwick St, – o local onde foi instalada a Embaixada em 1724 e onde funcionou até 1947.

Nestas comemorações, o Coral Divo Canto atuou nas cerimónias religiosas, em conjunto com o grupo coral da Igreja, alternando a direção entre os Maestros dos dois grupos corais, assim como dos pianistas, tendo terminado com os hinos nacionais de Portugal e da Inglaterra.

A cerimónia contou com a presença do Senhor Embaixador de Portugal, Nuno Brito, que também teceu grandes elogios ao Coral Divo Canto, que se encontrava acompanhado pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Penacova, que se deslocou a Londres a convite do Coral Divo Canto e das associações organizadoras das comemorações.
Eduardo Ferreira

  







segunda-feira, junho 10, 2024

𝕯𝖆 𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖑𝖆: uma nova rubrica de poemas (e crónicas) de Luís Pais Amante


Damos hoje início a um novo espaço no Penacova Online, assinado pelo penacovense e amigo Dr. Luís Pais Amante. Uma honra e um privilégio não só para o seu administrador, mas também para os leitores deste blogue que por estes dias completa 17 anos de existência.
 

Da minha janela


É da minha janela que vejo este mundo

Plano, agitado ou com tez de rotunda

Que olho pró tempo de crescer

Para as memórias de me ter

E me introspectivo na saudade

Que mora cá, na minha idade

De mais novo do que ela

Também rememoro os tempos idos

As liberdades da alma

O pousio desta calma

Que é olhar pró infinito tão perto

Pra natureza em beleza sem igual

Há quem tenha ciúmes da minha janela

Porque como ela, não existe outra tão bela

Será só por ser um sítio único?

Será só porque ela é a singela?

Será porque é a fina donzela?

Eu penso que é por tudo isso

E pelo seu imaginário translúcido

Que circunda em alegria

E promove a democracia

Um lugar de sorriso e inspiração

Um observatório de ar puro

Que permite olhar para tudo

Até idealizar o que se requer

Quem sabe, capaz, de determinar

E moldar

O meu ser de rigoroso no meu crer

Resiliente em por aqui me manter

A admirá-la…

Vou mesmo tentar dar-lhe fantasia

Desde este Fundo da (minha) Vila

Austero, antigo

Mas sonhador e profundo … e amigo!


Luís Pais Amante

Casa Azul


sábado, junho 08, 2024

Personalidades (4): Joaquim Jerónimo Silva Rosa (1900-1974)

Retrato que consta da lápide tumular no cemitério de Lorvão.

Joaquim Jerónimo Silva Rosa nasceu a 2 de Outubro de 1900 e foi baptizado a 25 de Dezembro de 1901 na Igreja de Lorvão. Filho de Joaquim Maria da Silva (1851-1911) e de Maria de Jesus Rosa da Silva (1880- 1996), proprietários, naturais e residentes naquela freguesia.

Casou com Maria Lúcia Vassalo Namorado em 27 de Março de 1932, em Torres Novas, numa cerimónia civil. No mesmo dia, celebrará o casamento religioso na Igreja de Santa Cruz de Coimbra (1). O casal passou pouco depois a viver em Penacova, onde permaneceu até 1937.

Refere a Wikipédia que “em 1930, enquanto passava férias no Luso com a mãe e Maria Cândida Caeiro, filha mais nova da sua prima Maria Lamas, conheceu Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, um escrivão, natural de Lorvão, Penacova, com o qual se casou numa cerimónia civil em Torres Novas, e outra religiosa em Coimbra”.

O casal separou-se anos mais tarde, em meados da década de 50, tendo tido depois uma segunda relação, com Leonilde Viegas.

Do primeiro casamento nasceram 3 filhos: Luís Vassalo Namorado Rosa (1935-2018), prestigiado arquitecto ligado à Expo 98, Fernando Vassalo Namorado Rosa (1935-?), quadro superior da CP e Rui Vassalo Namorado Rosa (1940 - ), investigador e professor na Universidade de Évora.

Maria Lúcia Vassalo Namorado (Torres Novas, 1/6/1909 - Lisboa, 9/2/2000) foi escritora, poetisa, jornalista, activista e directora da importante revista Os Nossos Filhos. Era prima de Manuel António Vassalo e Silva, último Governador da Índia Portuguesa, e das escritoras Maria Lamas e Alice Vieira.

O nome de Joaquim Jerónimo Silva Rosa está ligado à criação de dois jornais penacovenses: Progresso Lorvanense e Notícias de Penacova.

O primeiro, veio a lume no dia 23 de Janeiro de 1921 tendo-o como editor e director. Com algumas interrupções pelo meio, o último número tem a data de 15 de Outubro de 1922. Escreve Carlos Pimenta, seu amigo de juventude, que o Progresso Lorvanense foi inicialmente publicado “a expensas suas [Joaquim Jerónimo] que com ele gastou umas boas centenas de escudos”, até ser administrado pela Empresa Industrial Lorvanense.

Aquando da criação do Notícias de Penacova (1932-1978) o redactor principal é precisamente Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, à época escrivão do Julgado Municipal de Penacova, onde exerceu de 1931 a 1937. Também neste jornal colaborou sua mulher, Maria Lúcia Namorado, dirigindo, com uma peridiocidade quinzenal e alternadamente, uma “página infantil e outra feminina”, respectivamente, “Qui-Quiriqui” e “Página Feminina: o espírito, a elegância e o lar”.

É ainda Carlos Pimenta, na crónica referida (in Notícias de Penacova, 1953) que Joaquim Jerónimo também ajudou “moral e materialmente” a Filarmónica: “além da sua ajuda monetária, não hesitou, na sua condição de estudante liceal, enfileirar uniformizado ao lado dos demais executantes, tocando clarinete com proficiência.”

Estudou em Coimbra e iniciou a vida profissional no Julgado Municipal de Penacova. Como Escrivão Judicial passou depois por diversos locais do país, como Golegã, Seixal e Lisboa.

Em 2005 foi publicada uma Tese de Doutoramento subordinada ao título “A Educação das Mães e das Crianças no Estado Novo: a proposta de Maria Lúcia Vassalo Namorado”, tendo como autora Ana Maria Pires Pessoa. Esta investigação fornece-nos muitos pormenores sobre a vida pessoal e familiar de Maria Lúcia e mesmo até sobre o ambiente social de Penacova na década de trinta.


De acordo com este estudo académico, Joaquim Jerónimo “tinha começado a trabalhar no final dos anos 20 tendo tomado posse como ajudante de escrivão” em Abril de 1928. Em Julho de 1931 toma posse como escrivão do julgado municipal de Penacova, “onde fica seis anos.” A investigadora refere igualmente que Joaquim Jerónimo Silva Rosa “é transferido, como chefe de secção, primeiro para a Golegã, em finais de 1937 e depois para o Seixal, a seu pedido, em 1940. Em Janeiro de 1945 foi ocupar, em Lisboa, o lugar de ajudante de chefe da 1ª secção da secretaria do Supremo Tribunal de Justiça. Será ainda, em 1949, colocado no Tribunal de Recurso das Avaliações. “Por despacho de 16 de Abril de 1954 passa a chefe de secção do mesmo tribunal, sendo promovido a ajudante de 1ª classe em 14 de Fevereiro de 1955”. Em 1965 é transferido, a seu requerimento, para o 8º Juízo Correcional de Lisboa, sendo nomeado chefe de secretaria interino. Reformou-se em1967, com 37 anos de serviço.

Vai escrever Maria Lúcia Namorado na revista Os Nossos Filhos (Dezembro de 1952) sobre o tempo que viveu em Penacova. 

Refere Ana Maria Pires Pessoa que à chegada àquela localidade “todas as pessoas importantes da vila” visitaram o novo casal. Escreve, por sua vez, Maria Lúcia: “Achei as senhoras simpáticas, um pouco cerimoniosas, demasiado satisfeitas com a sua posição de mães de família consideradas, abastadas, sem mais conhecimentos e mais aspirações do que os circunscritos às quatro paredes da sua casa. Pareciam apreciar imenso as suas próprias vidas estagnadas, sem problemas nem inquietações. Reuniam-se à tarde e ao serão, infalivelmente, fazendo «crochet», conversando de bolinhos e flores. Eu fui para todas elas uma novidade, um bicho raro (…)”.

Joaquim Jerónimo não deixou de visitar as terras da sua origem e de escrever na imprensa local. A título de exemplo, o Notícias de Penacova de 1947, e também o de 1962 e outros anos, foi noticiando a sua presença quer em veraneio na vila de Penacova, quer na Quinta da Cerca, em Lorvão.

Numa crónica, por si assinada no Notícias de Penacova de 27 de Julho de 1947 com o título “Grupo dos Amigos de Penacova”, associação ainda em embrião, promovida sobretudo por Manuel de Oliveira Cabral, escreve que todos não eram demais “para conseguir o objectivo, tão caro a cada um de nós, de tornar Penacova uma estância de repouso e turismo a sério.”

Faleceu em Lisboa a 12 de Julho de 1974. O funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério de Lorvão.

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(1) A noiva será também baptizada nesse dia, contra a vontade do pai, o que gerou um corte de relações durante alguns anos.

segunda-feira, junho 03, 2024

Estudo sobre Turismo em Penacova analisa práticas de gestão sustentável, potencialidades, infraestruturas, eventos...


Um estudo recente, publicado pela Escola Superior de Educação de Coimbra (1)  analisa das práticas de sustentabilidade sócio-ambiental no alojamento turístico do município de Penacova e identifica as principais barreiras à sua implementação.

O conceito de turismo sustentável foi definido pela Organização Mundial do Turismo, agência especializada das Nações Unidas, como aquele que é ecologicamente suportável no longo prazo, economicamente viável e ética e socialmente equitativo para as comunidades locais, implicando a integração ao meio ambiente natural, cultural e humano e o respeito pelo equilíbrio das áreas ambientalmente mais sensíveis.
 
Práticas de gestão sustentável nos alojamentos em Penacova

Esta investigação incidiu em oito unidades turísticas situadas nas freguesias de Friúmes, Penacova, São Pedro de Alva e Oliveira do Mondego. que “tendo em conta que a investigação foi baseada numa metodologia qualitativa, através da realização de oito entrevistas” não é possível garantir que as conclusões “se apliquem à generalidade dos alojamentos em Penacova e de outras regiões do país”, o que “limita um pouco a investigação” -alerta o autor deste trabalho académico. Salienta-se igualmente que “a maioria dos responsáveis dos alojamentos ainda não tem qualquer tipo de formação em sustentabilidade, não conhece os guias de boas práticas do turismo de Portugal e o alojamento não é a sua principal atividade” o que “dificulta a recolha e seleção da informação.”

De qualquer modo trata-se de um estudo pertinente e actual. De acordo com o mesmo “foi possível concluir que já são utilizadas algumas práticas de gestão sustentável nos alojamentos em Penacova, nomeadamente as que dependem de menos investimentos financeiros, sendo os empreendimentos turísticos o tipo de alojamento que mais práticas sustentáveis utiliza”. Verificou-se que todos os entrevistados se preocupam com a sustentabilidade, atribuindo, no entanto, maior importância ao consumo energético por questões orçamentais.

Todos utilizam lâmpadas led de baixo consumo, todos fazem a separação de resíduos para a reciclagem, todos os alojamentos ou edifícios têm isolamento térmico e todos utilizam e adquirem produtos locais.

A maior barreira com que os entrevistados se deparam para implementar práticas de sustentabilidade são os elevados custos na aquisição de equipamentos, eletrodomésticos e materiais mais sustentáveis. Todos afirmam que teriam como benefício para a sua atividade a redução de custos.

Em termos globais, consideram que a implementação destas práticas beneficiaria a poupança de recursos naturais. Todos consideram ser necessários mais apoios económicos para aquisição de equipamentos sustentáveis. Por sua vez, a maioria dos entrevistados destaca a importância de colocar ecopontos junto dos seus estabelecimentos para facilitar a separação de resíduos.

Alguns dos entrevistados consideram que a atribuição de prémios de desempenho ao alojamento seria um bom incentivo para implementar mais práticas sustentáveis.

Em síntese, “a gestão do consumo de energia é a principal preocupação dos responsáveis dos alojamentos, assim como a aquisição e divulgação de produtos locais. O principal obstáculo à implementação de novas práticas sustentáveis está relacionado com elevados custos na aquisição de equipamentos de baixo consumo.”

Características naturais, infraestruturas de apoio, eventos ... 

Reconhece o estudo que “o concelho de Penacova tem um “elevado potencial” de desenvolvimento turístico, já que “possui um conjunto de características naturais e de infraestruturas de apoio ao turismo que lhe permite desenvolver a atividade de forma sustentável” (…) possuindo “acessibilidades, infraestruturas, recursos e atrações que potenciam o desenvolvimento de atividades turísticas, nomeadamente de turismo de natureza, desportivo e gastronómico com a realização de diversos eventos nestas áreas.”

Esta investigação conclui que, em termos de alojamento, “Penacova já possui uma oferta variada com capacidade para alojar 354 hóspedes nas diversas unidades de alojamento local, sendo a modalidade de moradia a que mais se destaca.” Verifica-se igualmente que “em termos de empreendimentos turísticos tem capacidade para albergar 436 campistas nos dois parques de campismo existentes e 78 hóspedes nos cinco empreendimentos turísticos registados.”

Ficamos também a saber que “apesar da estada média em Penacova ser ligeiramente inferior à média da região centro, verifica-se que cresceu em dormidas e em receitas”. No entanto, tendo em conta os dados apresentados, não vai ao encontro ao estabelecido na ET2027, onde se pretende crescer mais em receitas que em dormidas.

A leitura desta dissertação de Mestrado conduz-nos também a um levantamento actualizado de algumas características naturais e de infraestruturas de apoio na medida em que se afirma que “Penacova possui um território muito diversificado a nível turístico, nomeadamente para o turismo de natureza, pois possui vales, serras, rios e paisagens que podem ser vistas dos penedos e miradouros, possui também moinhos e azenhas e outros recursos naturais que atraem turistas de todo o país.

Tendo como fonte o site do Município, salienta o autor que:

- “as suas praias fluviais atraem muitos visitantes no Verão, mas Penacova possui ainda outros recursos de elevado potencial turístico, como as tradições das suas gentes, a sua história, mosteiros, museus, igrejas, entre outros;

- que “o concelho de Penacova proporciona ainda enriquecedoras experiências na descoberta da sua fauna e flora, onde se destacam ao nível da fauna Árvores de Interesse Público, classificadas pelo ICNF, como a Sequoia e a Glicínia. Ao nível da flora destacam-se a rola, javali, perdiz, as trutas e a lampreia; que “em Penacova existem seis praias fluviais, sendo as mais conhecidas a do Vimieiro e a do Reconquinho ambas galardoadas com a bandeira azul;

- que “ao longo do rio Mondego existem também a livraria, um recurso turístico natural que marca a paisagem. Este monumento está classificado como Geomonumento ao Nível do Afloramento, pelas suas caraterísticas e constituindo-se como um dos mais singulares monumentos naturais de Portugal”;

- que “o miradouro Emydgio da Silva, a Pérgula Raúl Lino e o Penedo do Castro são os mais emblemáticos, onde visitantes e residentes se podem deliciar com a vista sobre o rio Mondego e as encostas da serra da Atalhada com paredes quartzíticas propicias à prática de escalada e rappel”.

Ainda de acordo com fontes do Município consultadas para este trabalho, é sublinhado que, em termos de recursos culturais, se destaca ”o Museu do Moinho Vitorino Nemésio e um dos maiores núcleos molinológicos do país espalhado pelas serras da Atalhada, Aveleira, Gavinhos e Portela de Oliveira com imensos moinhos de vento em atividade ou em condições de funcionar.

Recorda-se que “Penacova possui ainda dezoito azenhas espalhadas pelas ribeiras e vinte e três fornos de cal no concelho”.

Salienta-se também que “em termos de artesanato contam-se ainda quinze artesãos a trabalhar as diversas áreas onde se destacam a produção de palitos de madeira”.

Em relação a edifícios com valor histórico-patrimonial “destaca-se o Mosteiro de Lorvão que integrou a lista original dos primeiros edifícios classificados como Monumento Nacional em Portugal e o Núcleo Museológico dos Cabouqueiros e dos Carpinteiros.“

A nível gastronómico, “Penacova faz um excelente aproveitamento do rio com a confeção de seis pratos típicos à base de peixe e três de carne. Destacam-se também trinta e dois doces conventuais e onze produtos típicos como azeite, mel ou castanha.”

Ao nível do desporto de natureza, “para a prática de desportos terrestres existem dois percursos pedestres de grande rota, cinco percursos pedestres de pequena rota, nove ciclos com ligações para BTT, quatro percursos de Trail Running, sete locais de escalada e dois locais para prática de tirolesa e slide”, ao mesmo tempo que para a prática de desportos aquáticos “dispõe de 25 km ao longo do rio Mondego para prática de canoagem e rafting, uma pista de pesca desportiva para competição no rio Mondego e onze lotes no rio Alva. Além das seis praias fluviais propícias à prática de mergulho, possui uma pista de motonáutica na barragem da Raiva e espaço aquático para se realizarem passeios de barco.” As descidas de rio em Kayak são também importantes para o desenvolvimento e divulgação deste território.

Deste modo, eventos turístico-desportivos como a Maratona BTT, a etapa da Taça de Portugal de Enduro na modalidade de Downhill, a prova de Trail Running “Penacova Trail do Centro”, o campeonato nacional de Rally e Kart Cross na pista da Serra da Atalhada, o encontro nacional de montanha entre outros, são atividades suscetíveis de organização de que fazem deslocar centenas de pessoas para o território de Penacova - reconhece o estudo.

Quanto ao levantamento de iniciativas é também referida a realização anual de “pelo menos onze eventos desportivos, dois de carácter local, dois regionais, seis nacionais e um internacional.”

No que diz respeito a outros eventos turísticos apontam-se “o festival Gerações, vinte e duas festas populares, quatro festivais e concursos gastronómicos, festas e romarias ou o mercadinho de natal.”

Para apoiar estas atividades, é referido, com base no Registo Nacional de Turismo, que se encontram “sedeadas em Penacova seis empresas de animação turística, duas agências de viagem e turismo e dois operadores marítimo-turísticos, com diversas atividades distribuídas por atividades de ar livre/aventura, atividades culturais/tour paisagístico e atividades marítimo-turísticas que fazem agitar o setor do alojamento.”

Caraterização do alojamento turístico no município de Penacova

Um outro aspecto de que nos são fornecidos alguns dados respeita aos alojamentos. Assim, “de acordo com o RNT, em Penacova existem quarenta e quatro Alojamentos Locais (AL), distribuídos pelas modalidades de moradia, apartamento e estabelecimento de hospedagem com capacidade total de trezentas e cinquenta e quatro pessoas.”- informa este estudo que estamos a analisar.

Outros dados:

- “Destas modalidades, a que apresenta maior número de registos é a moradia com trinta e cinco registos e capacidade para duzentos e vinte e nove utentes e a modalidade de apartamento têm com cinco registos e capacidade para trinta e nove utentes.”

- “Os estabelecimentos de hospedagem são apenas quatro, no entanto tem capacidade para oitenta e seis utentes. (Registo Nacional de Turismo).”

- “A nível de empreendimentos turísticos (ET), existem sete registos, distribuídos pelas diversas tipologias com capacidade para alojar quinhentos e catorze utentes. A tipologia com maior número de registos é a Casa de Campo com três registos, vinte e duas unidades de alojamento e capacidade para alojar quarenta e quatro utentes. Segue-se a modalidade de parque de campismo com dois registos, um com classificação de 3* e capacidade para cento e trinta e três utentes e outro sem qualquer tipo de classificação com capacidade para trezentos e três utentes, ou seja, ambos com capacidade total para quatrocentos e trinta e seis utentes. O empreendimento de turismo de habitação tem um registo com sete unidades de alojamento e capacidade para alojar catorze utentes. O hotel rural classificado com 4 estrelas tem dez unidades de alojamento com capacidade para vinte utentes (Registo Nacional de Turismo).”

- “Existem quarenta e quatro AL registados em Penacova e sete ET. A moradia é a modalidade de alojamento com mais registos, trinta e cinco no total, sendo que, em termos de ET, a tipologia que maior número de registos apresenta é a Casa de Campo.”

Em síntese, pode-se concluir que “Penacova possui acessibilidades, infraestruturas, recursos e atrações que potenciam o desenvolvimento de atividades turísticas, nomeadamente de turismo de natureza, desportivo e gastronómico com a realização de diversos eventos nestas áreas.

Podemos também afirmar que, em termos de alojamento, Penacova já possui uma oferta variada com capacidade para alojar 354 hóspedes nas diversas unidades de alojamento local, sendo a modalidade de moradia a que mais se destaca. Em termos de empreendimentos turísticos tem capacidade para albergar 436 campistas nos dois parques de campismo existentes e 78 hóspedes nos cinco empreendimentos turísticos registados.

Apesar da estada média em Penacova ser ligeiramente inferior à média da região centro, verifica-se que cresceu em dormidas e em receitas, no entanto tendo em conta os dados apresentados, não vai ao encontro do estabelecido na ET2027, onde se pretende crescer mais em receitas que em dormidas.”

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(1) O presente trabalho denominado “Práticas de Gestão Sustentável no Alojamento Turístico: o caso do município de Penacova”, com data de Dezembro de 2023, foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em Turismo de Interior–Educação para a Sustentabilidade, ministrado na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra, por Hernâni José Oliveira Nogueira.

sábado, junho 01, 2024

Poetas penacovenses [15]: De olhar entristecido


De olhar entristecido


De sobrolho olho

O quintal do fundo

Com nozes, cebolas e couves tronchudas


Um pouco além

A quinta do mundo

Com ínsulas, videiras e abóboras carnudas


Bem a direito

O Rio sempre belo

Com moçoilas novas a dar ao marmelo


Mais pra lá

O oceano imundo

Com plástico apodrecido e peixes a boiar


Dizem mas eu não vejo

Que junto aos desertos das Áfricas

Há gente a correr no sonho de algo querer ter


Que se afunda

Assim que vê terra

E que luta com a água -e treme- antes de morrer


Luís Pais Amante

Casa Azul



quarta-feira, maio 22, 2024

Retrospectiva do Cinquentenário do 25 de Abril em Penacova

Vídeo de Indalécio Simões 
ver original aqui 



Presidente da Câmara e Presidente da Assembleia Municipal 
depõem coroa de flores no Busto de António José de Almeida

Actuação dos Corais Divo Canto e Vox et Communio

Inauguração do mural de autoria de João Carpinteiro


José Alberto Costa, Álvaro Coimbra e Humberto Oliveira
 junto ao Memorial Combatentes do Ultramar

Alda Morgado, Técnica Superior da Câmara Municipal

Presidente da Câmara, Álvaro Coimbra

Presidente da AM, Humberto Oliveira

David Almeida - "Ecos da Revolução na Imprensa Local"

Representante do PS, Pedro Dinis

Representante do PSD, Mauro Carpinteiro

Representante da CDU, Álvaro Miranda

Actuação dos Corais Divo Canto e Vox et Communio

Actuação dos Corais Divo Canto e Vox et Communio


Momento de poesia por Humberto Matias

Momento de poesia por Ricardo Coelho 

Actuação das Filarmónicas de Lorvão, S. Pedro de Alva e Penacova









OUTRAS INICIATIVAS NO ÂMBITO DAS COMEMORAÇÕES 



Nesta iniciativa estiveram presentes as ex-Vereadoras Lúcia Veiga, 
Lurdes Amaro, Ana Faria e Fernanda Veiga. 
Não foi possível a presença de Fernanda Pimentel e Sandra Ralha; 
Esteve representada a família de Gracinda Barreirinhas, já falecida. 


quinta-feira, maio 09, 2024

Vox et Communio: um exemplo salutar

V o x  e t  C o m m u n i o:  u m  e x e m p l o  s a l u t a r 

por Luís Pais Amante

Estive, há dias, a assistir ao Concerto “Um Menino chamado Zeca” [na minha terra Penacova] concebido pelo Maestro Rodrigo Carvalho, com base nas Canções icónicas do meu amigo José Afonso e com “salpicos” do Livro de José Jorge Letria.

Crédito da imagem: 

Podia ter acontecido em qualquer parte do Mundo, dada a excelência do Evento, mas aconteceu ali, no nosso Auditório; no interior de uma Beira carente de enaltecimento.

E foi um êxtase absoluto para quem, como eu, gosta deste tipo de música, toda ela envolta no cheiro do nosso Abril dos Cravos e, neste caso, na leveza da intimidade amiga da juventude sã que por lá anda em “construção permanente”, cunhando e elevando a nossa Cultura Local.

Aquelas vozes (irrepreensíveis na afinação, na afirmação e na identidade) deixam qualquer pessoa maravilhada…arrepiada, até.

E não digo isto por termos (eu e elas e eles) uma espécie de ligação electrizante - há já uns anos - com episódios mesmo muito, muito felizes, como guitarrada e cântico improvisados num Restaurante muito conhecido de Lisboa, com as salas envolventes a aplaudir, admiradas.

Falemos, pois, da Associação e dos seus Associados, de origens sociais diversificadas.

… e do sonho que comanda tudo aquilo …

O Coro Vox et Communio é o braço (digamos assim) da Associação Cultural de Penacova, na sua forma civilista e actua no âmbito das artes do espectáculo. Foi constituída no dia 28 de Maio de 2012, estando, portanto, prestes a celebrar o seu décimo segundo aniversário, embora saibamos de trabalhos preparatórios muito anteriores, enquanto Coral Infanto-Juvenil.

Está integrado no designado Associativismo Jovem, com apoios modestos, mas efectivos.

A sua sede é (tentem perceber bem o significado disto, p.f.) na Rua da Alegria, na Ronqueira, uma Aldeia bonita, soalheira, aconchegada pelo Rio Mondego, onde apetece absorver o ar.

Na criação desta Associação, estiveram envolvidas muitas pessoas da minha terra -meus conterrâneos e amigos - mas muito activamente, um par de namorados apaixonados, humildemente ricos na postura que exibem e muito valiosos, como geração empreendedora que se têm vindo a afirmar: o Rodrigo e a Paula, pelos quais nutro um enorme apreço.

E, talvez por isso, quem estiver atento à “Juventude Vox” (chamemos-lhes assim), percebe que ali se fabrica e cultiva respeito e amor e paixão e se forma gente de elevado valor.

Amor à Associação; paixão pela música e pelo canto; com intuitos firmes de solidariedade.

Até parece estar-se em presença de uma incubadora, que constitui notório exemplo!

O Vox Associação teve comando directivo do Paulo Martins e da Marta Oliveira e, agora, é dirigido pelos próprios Coralistas, já emancipados -e bem- nos seus destinos, o que significa um bom modo de crescimento social e intelectual de coragem e de independência responsável.

Sendo a música, através do canto, o amor principal e mais comum, na verdade, elas e eles dedicam-se, igualmente, a actividades solidárias e ambientais, para não falar nas actividades associativas dos Estabelecimentos de Ensino para onde se vão direcionando.

!… Líderes potenciais, portanto …!

Sim, os Jovens Coralistas também vão fazendo um caminho consistente - e consciente - para o Ensino Superior diversificado e disperso pelo País.

E não admira, pois, que tenhamos para referir - orgulhosos - aleatoriamente, embora, já licenciados ou com estudos superiores em curso, nas áreas de: Geografia, Gestão, Bioquímica, Informática, Fisioterapia, Fisiologia, Ciências Militares Aeronáuticas, Medicina, Engenharia Biomédica, Sociologia, Ciências Farmacêuticas, Música, Engenharia do Ambiente, Design de Equipamentos.

Alguns já a frequentar Mestrados.

Ou seja, Caros Penacovenses e Amigos:

Saibamos merecer o que é nosso, porque nelas e neles (Jovens) é que está o nosso futuro!


terça-feira, maio 07, 2024

As fontes de Cácemes, Corgas e Caldas numa crónica dos anos quarenta


(…) Numa tarde calmosa de Setembro de 1935, passávamos sequiosos ao cimo de Cácemes. Eis que na ribanceira da estrada dos «dois Emídios» (como alguém lhe chama), nos surge uma telha jorrando água abundante e finíssima. Foi então, mais do que nunca, que encontrámos verdadeira a quadra que Menano cantava ao fado: Benditas sejam as fontes | Que à beira .estão dos caminhos | Aonde matam a sede | As bocas dos pobrezinhos.... Hoje já, ali se não encontra a telha primitiva. É um monumento em grandeza e bom gosto, que assinala o local outrora ermo e solitário, cheio de mato e silvas. É uma fábrica de refrigerantes para serem confeccionados com a água da pobre telha de outros tempos. Mas não amaldiçoemos o progresso, que vai assim valorizando a terra portuguesa e vai dar pão a tantos operários que ali vão trabalhar naquela empresa.

Há anos falou-se muito das águas das Corgas, ao lado da igreja de Sazes. Registou-se a nascente, constituiu-se uma comissão, desafogou se o local, construiu-se um barracão ao cimo da ladeira, encheram-se ali milhares e milhares de garrafões devidamente rotulados. Corria que estava aberto àquelas águas um mercado excepcional no Brasil. Houve banquetes, onde, a propósito das águas, se bebeu... algum vinho. Mas tudo foi esmorecendo. As silvas tornaram a engrinaldar a nascente; o barracão caiu e desapareceu; e as águas, que toda a gente que as usa continua a achar maravilhosas, continuam a moer o milho, o trigo e o centeio e a espadelar o linho nos seus engenhos e finalmente a regar os milhos de Sazes que, sem elas, pouco ou nada produziriam...

Admirador apaixonado de todas as belezas naturais, apesar das pernas protestarem, lá fui um dia até às Caldas, junto à Quinta da Aguieira, em frente de Vila Nova. É que me diziam que era uma nascente de águas copiosas, muito leves, muito límpidas e tépidas, nas frígidas manhãs de inverno. E confesso que não dei por mal empregado o tempo e o esforço que tive de empregar É realmente uma nascente invulgar. O brotar da água claríssima em sentido vertical por entre seixos polidos e clarinhos, num espaço de alguns metros quadrados, borbulhando gazes; o aspecto florestal e selvático do local, onde tudo cresce com exuberância; o contraste que nos oferece a rudeza das penedias e o escalvado da serra de Entre Penedos e a secura das vertentes da Senhora do Monte

Alto; a proximidade do rio, que nos seus minúsculos barquinhos, ali nos pode conduzir, tudo isto me disse que era um acto de desamor, o turismo local não olhar melhor por aquele arrabalde de Penacova e torná-lo mais acessível e desfrutável aos amantes da natureza que aqui vêm à nossa terra, precisamente por amor dela.

A fonte das Caldas seria para Penacova a sua Fonte dos Amores e o seu Choupal...

Três fontes: Cácemes, Corgas e Caldas. Já que os outros amam as primeiras, porque não hão-de amar os penacovenses esta última?

M. MARQUES

in Notícias de Penacova


A propósito:

https://hidrogenoma.dgeg.gov.pt/agua-mineral-natural/corgas-bucaco

https://www.caldasdepenacova.pt/

https://centralpenacova.blogspot.com/2010/01/agua-das-corgastao-natural-como-sua.html

https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/contrato-extracto/552-2011-828954


quinta-feira, abril 25, 2024

Ecos da revolução do 25 de Abril na Imprensa Local


Falar em jornais de Penacova na década de setenta é falar do “Notícias de Penacova” que veio a lume em 1932 e suspendeu a publicação em finais de 1978, para não mais voltar.

Este periódico, em vésperas do 25 de Abril poucas notícias locais publicava, possivelmente por falta de colaboradores.

Começando a analisar em Janeiro de 1974, encontramos, por exemplo, a defesa da política ultramarina e da guerra colonial. Em Fevereiro ressalta uma crítica muito grande à ONU, associando-a a “uma feira de vaidades” ao mesmo tempo que censura as “políticas onusinas”. Ainda neste mesmo mês, é feita especial referência a discursos de Marcelo Caetano nos quais refere as “atoardas e calúnias” de “certa imprensa”. Sobre o regime, o mesmo afirma no jornal de 9 de Março que “a experiência Corporativa” é “um êxito” evidente. No jornal de 18 de Abril, meia dúzia de dias antes do 25 de Abril, é noticiada a visita de Américo Tomás às obras da Barragem da Aguieira.

A 23 de Março, citando-se um discurso do Ministro Moreira Baptista, salienta-se que os Governadores Civis devem evitar que “alguns eclesiásticos se façam eco de críticas destrutivas que com má-fé são postas a circular para combater a acção governativa, esquecendo-se que a sua missão na Terra deve ser somente evangélica e não política”. Neste particular, apesar de não ter sido notícia no jornal, como é evidente, dizia-se que o Padre António Veiga, pároco de Travanca, Oliveira e Almaça, com grandes preocupações sociais e culturais, chegara a ter informadores da PIDE a escutar as suas homilias.

Estranhamente (ou talvez não) o jornal que tem a data de 27 de Abril alheia-se por completo dos acontecimentos que estão na ordem do dia. Só a edição de 4 de Maio faz eco da Revolução, publicando fotografias de Costa Gomes e de António de Spínola. O editorial, intitulado “Mudança de Rumo” apresenta-se ainda muito cauteloso e desconfiado, indo rebuscar as convulsões da I República e apresentando o 28 de Maio de 1926 como o início de uma fase que “não obstante os naturais defeitos, manteve a paz e o sossego durante meio século e transformou completamente a fisionomia da Nação.” O autor do artigo duvida muito que os portugueses saibam usar a Liberdade e teme, mesmo, que “a emenda seja pior que o soneto.”

Nesta data, dá-se realce ao Manifesto do Movimento das Forças Armadas. O jornal seguinte virá a ser publicado só passados quinze dias, a 18 de Maio, dado que a edição do dia 11 não se publicou, por motivos logísticos, conforme foi comunicado. Neste 18 de Maio já não consta o nome de Joaquim de Oliveira Marques como director. Agora, é o Pároco de Penacova, João da Cruz Conceição, que assume a direcção. Joaquim de Oliveira Marques escreverá em 13 de Julho na pequena nota intitulada “Palavra de Despedida”, que saía porque “a vontade de no máximo 2% por cento da população do concelho” (…) elegera “novas autoridades“ que impuseram a sua saída.”

O 1º de Maio de 74 foi, também em Penacova, o dia em que o Povo “saiu à rua” de uma forma mais visível. A notícia de um ou outro episódio só virá a público no dia 18, como vimos. Relata o jornal que “muitas pessoas se concentraram no Terreiro (…) realizando-se em seguida uma sessão pública no Salão dos Paços do Concelho. Muitos democratas tomaram a palavra para enaltecer o Movimento de Libertação”.

Nesta sessão foi eleita “uma comissão para gerir os interesses do Município”. Comissão que integrava os seguintes nomes: “Fernando Ribeiro Dias, tesoureiro da Fazenda Pública, Manuel Ribeiro dos Santos (comerciante), Rui Castro Pita (engenheiro civil), Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão (notário), José Marques de Sousa (proprietário ), Teófilo Luís Alves Marques da Silva ( professor liceal), Américo Simões (industrial ), Adelaide Simões (farmacêutica ), Artur José do Amaral (estudante de Direito ), Artur Manuel Sales Guedes Coimbra (médico), António Coimbra Soares (professor e comerciante) e António de Sousa (electricista).

Esta Comissão alargada, que tomou posse em 2 de Maio, elegeu por sua vez o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente, Teófilo Luís Alves Marques da Silva e António de Sousa. Esta tomada de posse contou com a presença do Presidente e Vice- Presidente cessantes, Álvaro Barbosa Ribeiro e Francisco José Azougado da Mata. Os mesmos declararam ter solicitado e obtido a exoneração dos seus cargos junto do Comandante da Região Militar de Coimbra”. Álvaro Barbosa Ribeiro, à época Deputado, acabaria por passados alguns dias ser detido e preso em Lisboa e Coimbra, acabando o processo por ser arquivado por falta de provas.

Ainda sobre este 1º de Maio no concelho de Penacova lê-se numa local de Lorvão que se tratou de “um dia inesquecível em que todo o povo saiu em massa à rua e com ele a Filarmónica, entoando o Hino Nacional.”

No dia 5 de Maio, domingo, foram em diversas freguesias escolhidos os elementos para presidirem às respectivas Juntas. Em Penacova e Lorvão tal acto teve lugar no dia 12. Em Penacova também neste dia foi eleita nova direcção da Casa do Povo. Por sua vez em Lorvão, realizou-se uma sessão pública na sede da Associação Recreativa Lorvanense com a presença de membros da Comissão Administrativa concelhia e de um representante do Movimento Democrático de Coimbra. Foi notória a presença de um grande número de pessoas, sublinhando o articulista que predominavam as mulheres da povoação de Lorvão que “por mais de uma vez interromperam a sessão”. De Friúmes chega a notícia que ali se deslocara uma sub-comissão da Câmara Municipal para numa “grandiosa reunião sondar se era da vontade do povo continuar a mesma Junta, o que acabou por suceder.”

Sabe-se que em S. Pedro de Alva igual procedimento se fez e com os mesmos resultados: manutenção da Junta.

Com a finalidade de “instruir o povo, esse povo unido, esse povo honesto” para ser “pormenorizadamente instruído acerca da nossa política nacional actual – escreve o correspondente do NP em Friúmes – havia sido marcada uma reunião para o dia 9 de Junho. Recorde-se que estas sessões de esclarecimento e dinamização cultural, assim designadas e geralmente orientadas por elementos do MFA, no nosso caso, por militares da Região Militar de Coimbra, tiveram lugar na maioria das freguesias. Por exemplo, em Penacova a 17 de Fevereiro de 1975, as ovações ao MFA ( O povo está com o MFA) estenderam-se até cerca das 3 horas da madrugada! Ainda na vila, a 18 de Maio, teve lugar durante a tarde mais uma sessão de “Dinamização Cultural” com a presença das Filarmónicas do Concelho, da Orquestra Típica Infantil de Penacova e a Banda de Música do Regimento de Serviços de Saúde. Houve também uma sessão de cinema na Casa do Povo, dado que devido à chuva o programa não pôde ser feito no exterior como estava previsto. Refere o jornal que a dinamização da população em ordem à participação do povo neste programa fora feita pelos 1ºos sargentos penacovenses, José Alvarinhas e José Alberto. Penacova, Friúmes, mas também Chelo. Aqui, no dia 8 de Maio, no Ginásio Recreativo, teve lugar uma “sessão de esclarecimento pelas Forças Armadas”.

Ilustrativo do ambiente que se viveu por estes tempos, recordemos o “assalto” à Casa das Enfermeiras em Lorvão, edifício do antigo Hospício e que agora apenas tinha duas pessoas a residir. Em Agosto de 75, depois de várias reuniões inconclusivas e manifestações populares como aquela que uns tempos antes reunira mais de mil pessoas e onde falaram diversos oradores, entre os quais um representante do MRPP, em defesa da ocupação do edifício para Casa do Povo, que funcionava em condições muito precárias. Neste Agosto o povo decide avançar, pôr os móveis na rua e tomar conta das instalações. Sobre este episódio, António Simões, ex-cozinheiro do hospital, recordará mais tarde, a 30 de Abril de 1998 ao jornal penacovense Nova Esperança, essa “manifestação popular onde o povo é que mais ordenou”. A Comissão Instaladora do Hospital reconheceu, resignada, que “o povo entusiasmado com o que ouvia na rádio e lia nos jornais, resolveu tomar uma atitude sem o seu consentimento”. No fim de contas “O Povo é quem mais ordena!”

Outros episódios poderiam ser recordados. Vamos referir por agora o célebre “Dia de Trabalho pela Nação”. Foi a 6 de outubro de 1974 que, sob proposta de Vasco Gonçalves e tendo a dispensa da Conferência Episcopal, foi pedido que as pessoas dedicassem um dia de trabalho voluntário a favor do País. Referiremos o caso de Travanca, Rebordosa, Chelo e Lorvão. Em Travanca a Junta de Freguesia lançou o apelo e muitas pessoas, incluindo o Pároco, lançaram mãos à obra e procederam ao arranjo do caminho que ligava o ramal da Igreja ao Cemitério. Na Rebordosa, a Juventude (dos 12 aos 23) deixou “as ruas num mimo”. Em Chelo, um grupo “constituído por pessoas que normalmente não pegam na enxada e na picareta “deu início às escavações para a construção de um fontenário”. Por fim, em Lorvão os jovens estudantes reuniram em grupos de trabalho e (…) limparam as ruas da povoação. Mas Lorvão não se ficou por aqui. As paliteiras juntaram-se em grupos fazendo o seu dia de trabalho. Como resultado da venda de palitos (…) recolheram, juntamente com ofertas de voluntários a quantia de 2.485 escudos, que entregaram para os Deficientes-Mutilados das Forças Armadas.

Como sabemos, foi Teófilo Luís Alves Marques da Silva, que desde 1971 era professor de História e Director do Ciclo Preparatório, que assumiu a presidência da Comissão Administrativa Provisória. Em entrevista ao Jornal de Penacova de 15/12/2002 dirá que “tal como um pouco por todo o país a revolução dos cravos foi recebida em Penacova com grande júbilo, pelo menos pelas pessoas com quem contactava no café, na pensão e nas ruas.” Recordará entre outros aspectos a falta gritante de estruturas e de verbas. Por vezes eram uns cerca de 1000 contos feitos na venda de madeira que conseguiam tapar os buracos maiores. Com mágoa recordará, igualmente, quando certo dia um grupo de pessoas quis invadir a Câmara e como nesse dia não estava, agrediram à bofetada o Eng. Castro Pita,”um homem de 60 anos que tanto deu à sua terra”. “Achavam que eu era um indivíduo perigoso, que tinha levado a Câmara à falência, etc… Por estas e por outras acabou por pedir a demissão. Em Agosto de 1975 a comissão fica demissionária. Vai-se manter até Abril de 76. Nesta data dá-se a demissão, agora em bloco. Perante isso foi nomeado para assegurar a presidência da Câmara até às primeiras eleições autárquicas de Dezembro de 76 , como gestor municipal, José Alberto Rodrigues Costa.

Para terminar detenhamo-nos na legenda que acompanhava um foto de Penacova oferecido ao jornal pelo sr. LuísCunha Menezes e publicada na edição de 18 de Maio de 1974:

“Que à pureza dos ares que invadem a nossa região se possam assemelhar os ventos da libertação que sacudiu o país a partir do 25 de Abril. Que a caminhada de Paz e a Liberdade iniciada pelas Forças Armadas, de mãos dadas com o povo, não se detenha até alcançar toda a terra portuguesa.”

David Almeida 

(Comunicação apresentada hoje na sessão solene das comemorações do 25 de Abril em Penacova)




quarta-feira, abril 24, 2024

"Um menino chamado Zeca": Coro Vox et Communio assinala o 25 de Abril

Hoje, dia 24, e no dia 26 (sexta), o Coro Vox et Communio irá apresentar o seu
espectáculo “Um menino chamado Zeca” baseado no livro infantil de José Jorge Letria - informa-nos Maria da Graça Antunes, Presidente da direção deste Coro.

Os concertos, marcados para as 21:30h, terão lugar na Casa do Povo de São Pedro de Alva e no Auditório Municipal de Penacova, respectivamente.



A partir da narração dos textos do livro, os concertos pretendem celebrar os 50 anos do 25 de Abril revivendo, através dos textos e da música, a vida e obra de Zeca Afonso. 

O espectáculo unirá em palco as vozes do Vox et Communio e dos coros infantis e juvenis da Escola de Artes de Penacova (EAP), o ensemble de guitarras, ensemble juvenil e grupo de dança da EAP. 

Contará, ainda, com a participação de vários artistas naturais do concelho de Penacova: Sandra Henriques (narração), Maria da Graça Antunes (canto), Carolina Duarte (canto), Eduardo Henriques (violino), João Martinho (viola de fado) e João Alves (guitarra portuguesa), que se juntam num momento performativo evocativo das sonoridades de Abril. 

Os concertos são de entrada livre.