Por volta de 1930 a Irmandade de N. S.
da Guia aprova novos estatutos que lhe conferem a categoria de Misericórdia. Por acção do Dr. Sales Guedes,
sendo Provedor o Dr. Luís Duarte Sereno, o sonho de criar um Hospital em Penacova começa a ganhar forma. Conta-se que foi ele próprio
que elaborou o projecto do edifício aproveitando as paredes da capela de Nª Sª
da Guia, com excepção da sua frontaria.
Terá sido quando essa
construção - no local onde depois se implantou o Preventório - já estava avançada, que Bissaya Barreto veio a Penacova a convite
do Dr. Sales Guedes. Bissaya Barreto visitou
as obras e dado que era sua intenção construir
na zona centro um Preventório, a ideia
ficou a germinar. Passado pouco tempo a Junta Geral do Distrito, da qual era Presidente, propôs à Misericórdia de Penacova a cedência do edifício em construção bem como do largo
adjacente. Em contrapartida, a Junta
Distrital apoiaria a construção e o
funcionamento de um novo edifício hospitalar naquelas imediações, o que veio a
acontecer. Esse edifício inaugurado por volta de 1933 e foi depois remodelado em
1961.
Em 25 Agosto de 1930 Bissaya escreveu no Diário
de Coimbra que a Junta Geral resolvera fundar um Preventório em Penacova “local
que, pela sua situação e exposição, não tem igual em Portugal." O Diário
de Notícias de 26 de Maio de 1932 publicou um artigo onde se podia ler que “A Junta Geral do Distrito de Coimbra
não podia ter encontrado, em termos da sua feitoria, para construir essa casa
airosa, um sítio melhor, mais formoso e mais saudável.”
O Preventório de Penacova, o primeiro no nosso país, foi
considerado como instituição modelar no combate à tuberculose, recebendo os
filhos dos doentes - dos 3 aos 12 anos -
para evitar o contágio. Poucos anos mais
tarde, escreveu o Dr. José Albino Ferreira: “O Castelo que fora de grande poder
defensivo contra os Mouros e a capela de N. S. da Guia bom farol para os
navegantes, deram lugar a novas fortalezas contra as doenças, especialmente a tuberculose”.
Equipamento de Saúde mas também de Educação: no Congresso Internacional de
Protecção a Infância (Lisboa, 25 a 29 de Outubro de 1931) o Dr. Luiz Raposo
referiu-se ao Preventório dizendo que se tratava de “um magnífico edifício”,
estando apetrechado com “os melhores
requisitos” e podia receber uma média de 150 crianças, acrescentando : ” É dum
encanto indescritível a paisagem que o cerca como outra mais bela não sei que
exista em Portugal”.
Imagens: Acção Regional, 1932 [recolha de David Almeida]