quarta-feira, novembro 27, 2024

Da minha janela: E como o Fundo da Vila renasce!



E como o Fundo da Vila renasce!

No dia em que início esta minha crónica, o meu velho coração está a transbordar de alegria.

Recebi uma fotografia do perímetro do Mirante, no Fundo da Vila, em Penacova, já sem o edifício do antigo hospital, que se encontrava numa degradação que me deixava entristecido, cada vez que lá passava ou que para lá olhava.

Efectivamente, nenhum Menino do Cruzeiro -com toda a carga emotiva que essa caracterização representa- podia tolerar o tempo, o modo e a incúria, que “conspurcava” perdoem-me a expressão, uma das paisagens mais belas do mundo.

Do mundo, repito!

Tenho escrito muito sobre o Fundo da Vila; o sítio onde fui uma criança feliz; onde passei o melhor tempo da minha vida; onde retornei -dando o exemplo prático de como bem elevar a minha terra- no caso com um investimento que orgulha a minha família toda, na recuperação/reconstrução da Casa Azul, local onde fixei residência, também para lá pagar uma carga grande de impostos, que nalguma coisa reverte para o nosso Município.

Fiz um poema que está publicado no meu Livro A Liberdade Actual, 35, pág. 88., onde “gritei”, registando “…Não chego a nenhuma conclusão, todavia / A não ser que se fez murchar este recanto na sua beleza / Com inação sucessiva que confronta a natureza / E comove a própria degradação…”.

Antes disso - publicado nos Livros Reflexos e Penacova Intemporal, 9, pág. 55 - diz o poema Cruzeiro de Penacova: “…Símbolo da nossa forte identidade / Quase milenar / Referência da nossa enorme capacidade/Para resistir /…Para não se deixar perder / Ou destruir”…

E, seria muito injusto da minha parte, não realçar hoje, aqui, “Da minha Janela” -onde via aquele “mamarracho triste”- que a sua demolição só foi possível pela persistência de um Menino do Cruzeiro, o Álvaro Coimbra” (que até foi o diseur do poema, no lançamento do Reflexos)!

Independentemente de “politiquices” eu gosto muito de reconhecer o que se faz bem, com tenacidade, com foco e, sobretudo, cumprindo o dever do que se traçou como objectivo; esperemos pela evolução…

Muito obrigado!

Luís Pais Amante


terça-feira, novembro 26, 2024

Notas breves para a história do Hospital da Misericórdia (I)

Em cima: construção original de inícios dos anos trinta; 
em baixo: após remodelação em 1961

A ideia de se construir um hospital em Penacova remonta aos inícios do século XX. Em 1901, respondendo a um repto do Jornal de Penacova, a comunidade emigrante  penacovense radicada na região de Campinas (Brasil), liderada por Álvaro Leitão, de Vila Nova, lançou uma campanha no sentido de angariar fundos para esse fim. No ano seguinte, no Pará, Abel Pinto Guedes lançou uma subscrição junto dos compatriotas emigrados. A imprensa da época refere ainda o apoio de António Pita e a oferta de um terreno por um anónimo. Para suporte institucional dessa obra havia Artur Leitão criado a Irmandade de Nossa Senhora da Guia, que para além da sua função religiosa, tinha como fim a criação e manutenção de um hospital. Falecido prematuramente não foi possível obter fundos e rendimentos suficientes. 

Cerca de quinze anos mais tarde, aquela aspiração volta ao de cima, com o legado de quinze contos feito por António Maria dos Santos (que também destinara, em testamento, uma verba para a Escola que se viria a chamar Escola Maria Máxima, em homenagem à sua mãe). Na mesma altura, Alípio Augusto dos Santos fez, igualmente,  um legado de dois mil escudos para uma futura unidade hospitalar.

Por volta de 1918 discute-se como aplicar aquelas verbas ao mesmo tempo que são feitos apelos à união da Câmara, das Juntas, das Irmandades, dos “Proprietários e Negociantes” no sentido de ser construído um edifício com alguma dimensão.

No entanto, só nos finais da década de vinte se começa a concretizar aquele propósito. Numa entrevista no Notícias de Penacova (1932) Luís Duarte Sereno, conta que verdadeiramente quem arrancou com as obras fora a Comissão Concelhia de Assistência, enquanto estava em organização a Misericórdia (1). De facto, a Irmandade de N. S. da Guia assume o estatuto de Misericórdia, tendo como Provedor Duarte Sereno. Contando também com a intervenção do Dr. Sales Guedes (2) o objectivo de criar o Hospital da Misericórdia vai ganhando forma. Conta-se que foi ele próprio que elaborou o projecto do edifício aproveitando as paredes da capela de Nª Sª da Guia, com excepção da frontaria. 

Aconteceu que, quando o edifício já estava bastante adiantada a construção, Bissaya Barreto foi convidado por Sales Guedes para visitar as obras, ficando segundo se consta, deveras “encantado” com o que via. Na sua mente germinava a ideia de construir na região centro uma casa para receber crianças pertencentes a famílias atingidas pela tuberculose. Passado pouco tempo a Junta Geral do Distrito a que presidia propõe à Misericórdia o seguinte: esta cederia à Junta Distrital o edifício em construção bem como o largo adjacente. Por sua vez, a Junta Distrital ficaria com o compromisso de apoiar a construção de um novo edifício hospitalar nas imediações e “subsidiar” o seu funcionamento. As obras contaram com o dinheiro do legado de António Maria dos Santos (15 000$00), bem como de outros legados, como o já referido de Alípio Santos e também de Manuel Lopes Serra (3 000$00) a que se juntaram 5 000$ de Evaristo Lopes Guimarães. Estas importâncias estavam na posse da Misericórdia de Coimbra e com a criação da Misericórdia em Penacova foram para esta transferidas.  

Em Janeiro de 1933 o Jornal de Penacova noticia a abertura para breve do Hospital (cuja construção havia sido "arrematada" por 71 000$00)  descrevendo o seu interior: enfermaria para mulheres com oito camas e um quarto de isolamento, outra sala idêntica para homens; sala de operações, dispensário, raios X, farmácia e laboratório; quartos particulares com casa de banho privativa, balneários públicos e alojamento para o pessoal. 

Para sustentar o funcionamento do hospital, a Misericórdia contava com: - apoio da Junta Geral do Distrito, nos termos acordados; - um subsídio anual de 10 000$00 da Câmara Municipal ; - Juntas de Freguesia, 3 000$00 destinados ao dispensário; 
- "parcos" rendimentos próprios da Misericórdia.

Poucos anos mais tarde, escreve o Dr. José Albino Ferreira: “O Castelo que fora de grande poder defensivo contra os Mouros e a capela de N. S. da Guia bom farol para os navegantes, deram lugar a novas fortalezas contra as doenças, especialmente a tuberculose”.

Em 1961 o Hospital, que se tornara exíguo e inadaptado às exigências da moderna cirurgia, teve obras de restauro e remodelação (sob alçada do empreiteiro Alípio Pereira, da Cheira) que foram solenemente inauguradas em 17 de Setembro. Nesta data foi também descerrada a lápide que deu o nome de Bissaya Barreto à rua em frente do Hospital e do Preventório.

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(1) A 2 de Fevereiro de 1928 reuniu a Irmandade de N. Sª da Guia para aprovar os estatutos que instituiriam a Misericórdia na vila de Penacova. Foram aprovados por unanimidade. Assinaram a acta o Juiz, Padre António Pinto e os seguintes Irmãos: Dr. Daniel Silva, Dr. Luís Duarte Sereno, Albino dos Santos Júnior, Joaquim Correia de Almeida Leitão, Joaquim Augusto de Moura Cabral e Gualter Pereira Viseu.

(2) Manuel Ferreira Sales Guedes foi Presidente da Câmara de Penacova de 5 de Novembro de 1936 até finais de 1937, sucedendo a José de Gouveia Leitão. Pertenceu à Mesa da Misericórdia, quando era Provedor o Dr. Luís Duarte Sereno. O seu mandato não foi mais longo porque entretanto saiu uma lei que proibia os Médicos Municipais, ou qualquer outro funcionário municipal, de ocupar a Presidência da Câmara. Sales Guedes era natural de Poiares (Régua).

David Almeida

Fonte: Patrimónios de Penacova – J. Leitão Couto e David Almeida, 2012








quarta-feira, novembro 20, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: o deslumbramento dos Telhados



O deslumbramento dos Telhados


Os Barcos Rabelos d’agora
E outros que giram borda fora
Passam a ponte junta à Alfândega
Subindo o Rio Douro
Já bem perto da Foz
A corrente fica forte
Quando passa na Ribeira
Outrora sem eira nem beira
Estará embriagada, talvez
Com o “éter” das marcas seculares

Que se viram pr’ali em sucessivos patamares

As gaivotas gritam bem alto
E querem passar o socalco
Dos Telhados desnivelados
Que se põem caprichados
Na beleza que nos apresentam
São milhões de milhões de telhas
Umas novas, outras já feitas velhas
Pela humidade a bailar
Trazida de perto do mar

Lá da Foz, agarrada a São Pedro da Afurada

É bonito o rodopio do Rio
Belo o ar tranquilo do casario
Encantadora a arquitectura com brio
Notável o entrosamento das Cidades
Apetecível o cheiro dos petiscos
Agradável o palato após provas
Inconfundível o casamento das casas
Tanto novas como velhas
Mas deslumbrante, mesmo são as telhas

Na sua função de dar cobertura à ação, em fusão

Dos negócios da modernidade
Envoltos na novidade calibrada
Que desponta a cada esquina
Muitos provocando o Norte da vaidade
São telhas de todos os tipos
Cobrem os telhados dos pobres e dos ricos
Telhas cerâmicas, telhas de betão, telhas de ardósia
Lisas, de capa e canal, romanas, de marselha e de encaixe
E a boa telha lusa-predominante-que ao olhar traz relaxe

Sobretudo quando, ao pôr do Sol, se reflectem no espelho d’água no Rio

Luís Pais Amante
A minha “vista” a partir do “The Yaetman Oporto Hotel”

domingo, novembro 17, 2024

Personalidades (7): Júlio dos Santos Ribeiro (1886-1974)


Júlio dos Santos Ribeiro, filho de João Bernardes Ribeiro, serralheiro, e de Balbina dos Santos, doméstica, naturais da freguesia de Travanca, nasceu no lugar da Portela no dia 4 de Julho de 1886.

Neto paterno de João Bernardes e Delfina dos Santos, e materno de José Alexandre e Ana dos Santos, foi baptizado na igreja paroquial de Travanca no dia 13 de Julho do referido ano, pelo Pároco “Encomendado” Bernardo José Maria da Fonseca.

Por ocasião da sua morte o jornal Notícias de Penacova (NP12 Jan 1974) escreveu que Júlio Ribeiro, “filho de gente pobre e humilde, cedo deixou a sua terra e partiu para terras do Brasil”.

Geralmente no mês de Agosto, por alturas da Festa de Nossa Senhora dos Remédios, por quem tinha grande devoção, vinha passar férias a Travanca.

Grande benemérito da freguesia, a ele se deve:

- o restauro interior e exterior da Igreja Paroquial, com douramento de todos os altares.
- o arranjo do adro, incluindo os muros de suporte.
- restauro da Capela de Nossa Senhora dos Remédios, igualmente com douramento do altar e aquisição de algumas novas imagens.
- arranjo do recinto desta capela
- a instalação do relógio na torre sineira da Igreja onde fora baptizado. A este propósito, refira-se que ainda hoje podemos ler na placa que se encontra na torre o seguinte:

“AO BENEMÉRITO JÚLIO DOS SANTOS RIBEIRO QUE OFERECEU A ESTA IGREJA O ACTUAL RELÓGIO / DEDICA A FREGUESIA ESTA LÁPIDE COMO DEMONSTRAÇÃO DE AGRADECIMENTO E AINDA COMO MEMÓRIA DE SUA ESPOSA D. RITA AMÁLIA RIBEIRO / 1-1-1954”

Também o autor da crónica do NP “Casos e Coisas”, que assinava “Manuel do Freixo”, na edição de 23 de Janeiro de 1954, enaltece e louva Júlio dos Santos Ribeiro. Sob o título “Vamos a Travanca” sublinha-se o relógio da torre instalado pelo Natal de 1953 e que terá custado 18 contos (18 000$00), incluíndo os trabalhos de assentamento.

Outros gestos de benemerência:

- donativo de 50 mil escudos para apoio à electrificação da freguesia.
- oferta de avultadas verbas para as pessoas mais necessitadas.

“Dos mais ricos aos mais pobres, dos mais velhos aos mais novos, lhe devem alguma coisa de importante”- salientava o jornal Notícias de Penacova aquando de uma das suas vindas a Portugal.

Quando em inícios de Agosto de 1958 foi inaugurada a Luz Eléctrica, o NP escreveu o seguinte:

Vem Sua Ex.ª, de propósito do Brasil a esta sua querida terra onde nasceu, foi baptizado e viveu até aos 14 anos, para assistir à inauguração da luz eléctrica e às festas de Nossa Senhora dos Remédios. […] Travanca agradece e louva os seus beneméritos sem os quais continuaria às escuras.”

O autor da crónica do NP “Casos e Coisas”, que assinava “Manuel do Freixo”, na edição de 23 de Janeiro de 1954, enaltece e louva Júlio dos Santos Ribeiro. Sob o título “Vamos a Travanca” sublinha-se a instalação pelo Natal de 1953, do relógio da torre, que terá custado 18 contos (18 000$00), incluindo os trabalhos de assentamento.

Júlio dos Santos Ribeiro faleceu no Brasil nos primeiros dias do ano de 1974.
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Observação:

Por falar em Júlio dos Santos Ribeiro e do seu decisivo apoio no restauro de bens da Igreja, refira-se o contributo financeiro de outro travanquense em relação à Capela de S. João (Covais) e à electrificação da freguesia. Serafim Ferreira de Almeida, radicado no Brasil há 40 anos, contribui com cerca de 40 mil escudos para a reparação daquela capela. Obras que também contaram com o apoio de João de Almeida Coimbra e de Alberto de Almeida Coimbra. Para a electrificação da paróquia Serafim Ferreira de Almeida contribuiu com 5 mil escudos.

sábado, novembro 16, 2024

Reis Torgal: livro 𝙑𝙞𝙜𝙞𝙖𝙨 𝙙𝙖 𝙄𝙣𝙦𝙪𝙞𝙨𝙞çã𝙤 premiado


A Academia Portuguesa da História (APH) premeia, anualmente, 10 trabalhos publicados nesta área do saber. A lista dos 10 premiados (2024) acaba de ser divulgada. Entre eles, destacamos o Professor Doutor Luís Reis Torgal (1) que venceu o Prémio Joaquim Veríssimo Serrão / Fundação Engenheiro António de Almeida, pela obra Vigias da Inquisição, trabalho que analisa o processo “paradigmático” de Manuel Fernandes Vila Real.(2) 

Os restantes premiados foram:

Prémio Lusitânia: Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos, de Irene Flunser Pimentel. 

Prémio Gulbenkian/História da Presença de Portugal no Mundo: Parecer e Ser: Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim, de José António Falcão

Prémio Gulbenkian/História Moderna e Contemporânea: O Bobo e o Alquimista: Deformidade Física e Moral na Corte de D. João III,  de David Soares. 

Prémio Gulbenkian/História da Europa Agostinho Barbosa. L’attività spirituale del giurista e sacerdote portoghese nella Villa e Corte di Madrid, de Massimo Bergonzini.

Prémio Augusto Botelho da Costa Veiga: Segredos da Beja Romana, de José d’Encarnação. 

Prémio EMEL (Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa): Altares da Memória: o advento das micro-histórias na periferia das periferias, de Assunção Melo, 

Prémio CTT/D. Manuel I “Direitos Humanos em Portugal: História e Utopia – Das Origens à Época Contemporânea” Susana Mourato Alves-Jesus 

Prémio Câmara de Oeiras/Octávio da Veiga Ferreira: A Metalurgia do Povoado de Pragança, Cadaval, no Contexto da Idade do Bronze – I Idade do Ferro na Estremadura, de Ana Ávila de Melo.

O Prémio Santa Casa da Misericórdia de Braga/Dr. João Lobo, Amélia de Leuchtenberg: Imperatriz do Brasil, Duquesa de Bragança, de Cláudia Thomé Witte.

Da lista de galardões apenas aguarda deliberação o Prémio Pina Manique, que distingue obras sobre o período do Iluminismo à Revolução Liberal.

A entrega dos prémios será no próximo dia 4 de Dezembro, pelas 15:00, no Palácio dos Lilases, em Lisboa, numa sessão que evocará Luís de Camões, onde a historiadora Isabel Almeida proferirá uma oração de sapiência intitulada “Camões e a Incerteza”.

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(1) Luís Reis Torgal é professor catedrático aposentado da Universidade de Coimbra e membro fundador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20). Publicou diversas obras e artigos sobre vários temas de várias épocas, entre elas o tempo do Estado Novo. Neste âmbito destaca-se a obra Estados Novos, Estado Novo (Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009). 

(2) Sinopse (Bertrand): "Depois de experiências como militar e financista, Vila Real partiu para França em 1638, onde teve um papel importante em apoio às embaixadas de Portugal e desenvolveu um labor intenso como escritor ao serviço da Restauração.

Colecionador de livros, Vila Real regressou a Portugal em 1649, na comitiva do conde da Vidigueira, trazendo consigo um conjunto de obras, algumas delas proibidas pela Censura. O rei D. João IV, que terá concedido a Vila Real o título de «real cavaleiro fidalgo» da sua Casa, estava para o enviar em nova missão, em reconhecimento pelos serviços distintos que prestara em França ao serviço de Portugal, quando o Santo Ofício o prendeu por ser um «dos que leem e retêm livros de hereges ou de alguma ímpia seita».

A Inquisição, «Estado dentro do Estado», tinha como alvo preferencial os cristãos-novos e os judeus, mas estendia também as suas garras a todas as «heterodoxias» e a todos os «maus costumes». A prisão de Vila Real revela as lutas entre os poderes, da Coroa e da Igreja, e mostra como era impossível ter-se uma «outra cultura» em Portugal, sobretudo se ela afirmasse ou fizesse sobressair ideias que fossem contrárias à fé católica oficial.

E nem os cristãos-novos que apoiaram, economicamente e através da ação diplomática, a Coroa portuguesa escapavam ao castigo e execução pela Inquisição por, alegada ou efetivamente, «judaizarem», como sucedeu no processo paradigmático de Manuel Fernandes Vila Real. "


quarta-feira, novembro 13, 2024

ℙ𝕖𝕟𝕒𝕔𝕠𝕧𝕒 𝕕𝕠𝕤 𝕒𝕟𝕠𝕤 𝟠𝟘: 𝕚𝕞𝕒𝕘𝕖𝕟𝕤 𝕕𝕖 𝕦𝕞 𝕔𝕒𝕣𝕥𝕒𝕫 𝕥𝕦𝕣í𝕤𝕥𝕚𝕔𝕠





Terá sido na primeira metade da década de oitenta que o Município publicou um cartaz turístico mostrando fotos de alguns sítios icónicos do concelho, tendo como pano de fundo a Vila de Penacova. 

Uma observação atenta leva-nos, por exemplo, a uma época em que o "Terreiro" de atraente tinha pouco, em que a zona de Entre-Penedos ainda mal sonhava ser algum dia rasgada pelo IP3. Nem a Pista de Pesca, na margem esquerda, nem a empresa "Água das Caldas de Penacova", na margem direita, faziam parte da humanizada paisagem.

Muitas outras alterações na fisionomia poderiam ser apontadas. Exercício esse que deixamos para os leitores mais cuiriosos...











quarta-feira, novembro 06, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: Um Mundo de pernas pró ar


Estamos a aproximarmo-nos rapidamente do Natal.

O Natal é um momento marcante em grande parte do mundo, que evoca a vida de Cristo em Fé, mas também o necessário apoio aos mais desfavorecidos.

Os mais desfavorecidos, nesta hora, crescem exponencialmente neste mundo triste cheio de ganância.

Ganância misturada com arrogância e com prepotência e todos com violência e morte…

No post Primeira Guerra, fruto do trabalho de Pessoas de bem, Humanistas e Políticos de primeira água, que conseguiram sentar-se à mesa e discutir as diferenças e o modo de se relacionarem com regras, criou-se a SDN - Sociedade das Nações (também conhecida como Liga das Nações), em 1919, como primeira organização intergovernamental, que começou a sua actividade de manter a paz e a segurança entre os países-membros.

Em 1926 a SDN tinha 58 países-membros; mas vicissitudes diversas ocorridas em 1931 (invasão da Manchúria pelo Japão) 1935 (invasão da Abissínia pela Itália e reintrodução do serviço militar na Alemanha de Hitler que (em 1936) ocupa a zona desmilitarizada do Reno), a qual a SDN não conseguiu evitar, fez com que reunisse pela última vez em Dezembro de 1939, sendo dissolvida em 1946.

Antes disso (24 de Outubro de 1945, em São Francisco, nos EUA) por outros Homens e Políticos de bem, daquela qualidade deveras superior, que já não existe, foi criada a ONU – Organização das Nações Unidas -actualmente com 193 Estados Membros- para promover a cooperação internacional.

O foco foi impedir outro conflito como a Segunda Guerra Mundial.

A ONU tem sede em Nova Iorque e extraterritorialidade com escritórios em Geneva, Nairóbi e Viena.

Os objectivos da ONU eram:

- manter a segurança e a paz mundial;
- promover os direitos humanos;
- auxiliar no desenvolvimento económico e no progresso social;
- proteger o meio ambiente;
- e prover ajuda humanitária em casos de fome, desastres naturais e conflitos armados.

A Organização evoluiu, desmesuradamente, a partir da leitura extensiva da Carta das Nações Unidas (o Tratado fundamento), tendo como Órgãos principais a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, O Conselho Económico e Social, o Conselho de Direitos Humanos, o Secretariado e o Tribunal Internacional de Justiça.

E como Agências, a OMS – Organização Mundial de Saúde, o PAM – Programa Alimentar Mundial, a Unicef, a Unesco, a OIT – Organização Internacional do Trabalho e a ACNUR.

O Secretário Geral é, desde 2017, o português António Guterres, figura democrática de Estatuto Mundial.

Aqui chegados -e conhecendo pessoalmente António Guterres, por quem tenho enorme estima pessoal- é-me muito difícil entender as suas últimas opções. Não estão lá questões de Fé, nem daquela astúcia fina que lhe reconhecia.

Efectivamente, na minha visão -exigente- não se pode conviver com as suspeitas sistemáticas de corrupção e negociatas e violações, sobre as extravagâncias existentes, sobre o aburguesamento evidenciado nas benesses, sobre o encobrimento de suspeitas relativas aos que se abrigam e trabalham por ali, sobre a estratégia que se vai seguindo e, muito principalmente, sobre a política errática nas intervenções, nas opções e nos convívios, mormente perante violações estrondosas das decisões em vigor.

Todas estas questões somadas -que confrontam os objectivos acima- não libertam fundos para a missão que, hoje, devia constituir “o foco principal” da ONU, qual seja a de “promover ajuda humanitária em casos de fome (que não pára de crescer) desastres naturais (que atingem foros de desequilíbrio absoluto) conflitos armados (que criam o caos e se multiplicam pelo mundo, sem intervenção firme da Organização) com aumento exponencial de Refugiados a morrer.

Justamente a área “menina dos olhos” de Guterres, que foi Alto Comissário da ACNUR, Agência para os Refugiados, cuja restruturação promoveu com enorme êxito, saliento.

O Mundo está de pernas pró ar! As eleições americanas demonstram isso mesmo. A desgraça humana avança sem controle em situações de terreno pobre, de exploração sem escrúpulos do totalitarismo sangrento, de refúgio necessário e de apoio urgente à sobrevivência, com acolhimento incluído!

Os financiamentos de toda esta “máquina imensa” começaram a escassear e vão estar em causa a breve trecho, paralisando-a, como não é difícil prever!

E António Guterres [o Homem da independência de Timor que não gosta de pântanos e de que nós devemos ter muito orgulho pelo que fez de meritório durante a sua vida] já não é mais parte da solução, infelizmente para o Mundo, para ele próprio, para a sua Família e para o nosso País.

Por vezes é de bom tom saber sair de cena pela porta grande! E essa via in casu está a estreitar, dramaticamente…empurrada por Israel, que hoje obteve via verde para a “matança”!

Luís Pais Amante




quarta-feira, outubro 30, 2024

ℂ𝕒𝕣𝕥𝕒𝕤 𝕓𝕣𝕒𝕤𝕚𝕝𝕖𝕚𝕣𝕒𝕤: experiências musicais com IA




S. Paulo | Barretos, 2 de outubro de 2024

Olá amigo! 
Há quanto tempo!

Estou bem, e você como está? Desejo que esteja bem. Quase sempre dou uma olhada no blog.

Pouco tenho escrito, na verdade apenas pequenos poemas/poesias, ou ainda melhor: letras para músicas.

Tenho me divertido escrevendo letras para músicas, depois escolho o estilo musical, faço experiências nessa escolha, e vou a um aplicativo de Inteligência Artificial para que o AI crie a música.

Estou usando o SUNO.AI.

Incrível! Tem saído “coisas” bonitas, pelo menos para o meu gosto.

Eu me atrevi a escrever letra para um fado. Como não sou expert no assunto, confesso, gostei e vou compartilhar.



Um grande abraço
Paulo Tarso Juvenal Santos  
ptjsantos@yahoo.com.br
Ps: fiz também tango, música mexicana, bossa-nova, 
sambão, blues, chorinho ….

terça-feira, outubro 29, 2024

Desanexação de freguesias: quando Chelo quis ser independente de Lorvão


“Esta aprazível aldeia, digna de ser conhecida por todos os apreciadores de terras lindas, tende sempre a caminhar na vanguarda do progresso, procurando tenazmente enfileirar ao lado das suas congéneres.

Não tendo, porém, pessoa alguma que se interesse por ela, faz esforços gigantescos para abrir caminho, não se poupando os seus filhos aos maiores sacrifícios para esse fim, trabalhando incansavelmente para suportarem as ásperas e ingratas barreiras que se lhe deparam na sua rota.

O povo da minha terra, tem bastantes aspirações e todas da mais incontestável e indiscutível justiça.

Uma delas é a sua pretendida desanexação da freguesia de Lorvão, sendo criada uma outra, com sede nesta linda povoação de Chelo, composta com os lugares vizinhos, de Chelinho, Rebordosa e Granja do Rio.

Com este fim assinaram o respectivo requerimento e representação aos poderes públicos, todos os habitantes (cônscios dos seus deveres e respectivos direitos) de Chulo, Chelinho, Granja do Rio e da Rebordosa, para cima de dois terços.

Conseguido este nosso desideratum, ficaria a nossa freguesia composta de cerca de 450 fogos, e 1 800 almas, isto sem exagero.

Como já acima digo, é uma justa aspiração que os habitantes de ChElo alimentam, e que sem dúvida, não tardará a transformar-se numa realidade, se se conseguir arredar os entraves que continuamente lhe impedem a marcha.

Mas, pergunto: qual a razão porque se não concede a emancipação a um povo que quer e pode governar-se por si mesmo?

Se este povo tem a capacidade precisa, porque se lhe não há de confiar a direcção dos seus destinos?

É tempo, pois, de afastar para o lado os empecilhos que até agora tem entravado a rota do seu progresso, continuando a trabalhar cada vez com mais afinco para se conseguir a meta.

Não desanimemos, pois, porque melhores dias virão, em que veremos coroados do melhor êxito, o produto das nossas justas e honradas energias! Avante! “ (C.)


in A VOZ DE S. PEDRO DE ALVA, 16 de Janeiro de 1931

A pretensão já vinha de 1925, 
quando deu entrada na Câmara dos Deputados, uma Representação sobre o assunto:





domingo, outubro 27, 2024

Ainda haverá resineiros?



Ainda há. Os resineiros não acabaram em Portugal, mas, pelos nosso lados, se há trinta ou quarenta anos ainda os víamos por aí na sua árdua tarefa, hoje em dia poucos vestígios prevalecerão nas nossas terras. Incêndios atrás de incêndios, invasão de eucaliptos e mimosas, mão-de-obra cada vez mais envelhecida, foram factores que para isso contribuíram.  

No entanto, e curiosamente, vimos há uns tempos na imprensa a notícia que a  Associação de Destiladores e Exploradores de Resina (Resipinus) e o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) iam criar a “Academia do Resineiro”, na Marinha Grande e que ia ser aproveitado o apoio financeiro previsto no Plano de Recuperação e Resiliência, que contempla um programa (no âmbito da “Bioeconomia Sustentável”), designado por "Resineiros Vigilantes". São financiadas “acções de prevenção de incêndios, como a vigilância em espaços rurais no período crítico, sendo esta efetuada por resineiros em locais estratégicos”. Muito concretamente, falava-se na criação de vinte e seis equipas de vigilância em setenta e uma localidades do país, num trabalho que junta vinte e uma instituições. 

Não está, pois, “morta” a profissão, o ofício, de resineiro. 

No imaginário colectivo da nossa região (onde chegaram mesmo a existir as designadas “Zonas do Pinhal”,  enquanto sub-regiões estatísticas da Região Centro) perdura ainda a imagem dos resineiros (e também das resineiras) que calcorreavam os pinhais para exercerem um trabalho que nalgumas das suas fases era bastante duro.

No livro Trilho do Tempo – Etnografia do século XX ao redor de Almalaguês, de Arménio Simões, (2013), obra que acaba por referir  igualmente alguns aspectos relacionados com o nosso concelho, como o Lagar do Pisão, há uma passagem que nos fala precisamente da faina da resina. Escreve o Eng.º Arménio Simões, a propósito dos resineiros:

OS RESINEIROS 

"José Rodrigues, da povoação de Moinhos, era aos sessenta e sete anos, e na viragem do século, o último resineiro a calcorrear os pinhais das redondezas que, de lata e ferro na mão, ia adiando a arrumação definitiva das ferramentas de muitos anos de trabalho. Operando diariamente nos pinhais que alugava a cem escudos anuais por bica, nos arredores de Moinhos e Flor da Rosa, conseguia uma recolha de dez toneladas que vendia para uma fábrica de Alfarelos, após a década de setenta em que, anualmente, acumulava um aluguer de dez mil pinheiros a vinte e cinco escudos por bica, nos concelhos de Miranda do Corvo, Condeixa, Coimbra e Penacova, recolhendo cerca de cinquenta toneladas de resina. 

Da destilação da resina vegetal, resultava uma variedade considerável de produtos industriais como as tintas, vernizes, secantes, betumes, sabões, plastificantes, adesivos, aglutinantes, borrachas, óleos solúveis, óleos lubrificantes, linóleos, ceras, moldantes, detergentes, perfumes, cânforas sintéticas, papel celulóide, isolantes, insecticidas e explosivos. 

Portugal, como primeiro produtor e exportador europeu, chegou a exportar anualmente 75 000 toneladas de pez e 17 000 de aguarrás. 

O formato e a dimensão das feridas, o diâmetro dos troncos dos pinheiros virgens para a primeira sangria, o número de sangrias seguintes, (contínuas ou paralelas), a limpeza do pinhal após a época de exploração e o período a ela destinado, eram rigorosa e legalmente estabelecidos exceptuando os pinheiros destinados ao abate e, com designada resinagem, segundo a qual se podia aplicar um maior número de sangrias mediante deferimento do pedido da licença prévio, a qual era obrigatória para cada tipo e época de resinagem. As transgressões eram severamente punidas por multa.

A abertura de cada sangria era iniciada com uma ferramenta cortante designada de descarrascadeira, e terminada por outra que se designava de ferro de renovar

A descarrascadeira tinha uma lâmina lateral de dois gumes para cortar nos dois sentidos, e no lado oposto duas unhas espaçadas nove centímetros, com a qual se fazia a raspagem prévia da carrasca e, com as unhas, se traçar a largura das sangrias. 

O ferro de renovar, por sua vez, tinha uma lâmina em forma de "c" reto que servia para fazer as aberturas e as renovas das sangrias. 

Anteriormente à nova legislação que o aboliu, o ferro francês, ferramenta de lâmina curva e mais agressiva para as sangrias de que retirava grossas aparas que, após a passagem dos resineiros, as pessoas mais necessitadas as aproveitavam para lenha, ou os pezeiros para fazerem o pez. 

A renova era uma operação que, a cada cinco dias e sem ferir a camada subjacente, consistia em tirar ao pinheiro um pouco mais de casca para renovar a ferida sendo que, após o aparecimento do aplicador, um dispositivo com que nas sangrias se aplicava uma mistura de ácido sulfúrico com farinha de milho, lhe permitiu alargar o período dos respetivos cinco, para vinte dias entre cada renova. 

Após a abertura duma sangria, era usada urna outra ferramenta, igualmente cortante e de lâmina adequadamente curva, na qual se batia com um maço para se abrir um golpe onde inserir uma bica de lata que sobrepunha, segurava e enchia um púcaro de barro apoiado num prego sem cabeça espetado na madeira. 

Os tradicionais púcaros de barro vermelho, eram feitos em Miranda do Corvo, e caíram em desuso perante o aparecimento de outros feitos de plástico, mas de uso muito breve até quando substituídos por sacos de plástico de cujo sistema se simplificou o trabalho tradicional que consistia no esvaziamento periódico de todos os copos, um a um, usando urna espátula com que se esvaziavam para dentro dum recipiente apropriado e designado de “lata de colher” que, por sua vez, era esvaziada para os barris de transporte para a fábrica de destilação. 

Com os sacos de plástico, bastava colá-los à própria resina superficial e, quando cheios, substituídos e recolhidos a granel para a mesma lata tradicional. 

Após a época da resinagem e até final de Novembro, era estabelecido um prazo para a extração de todos os pregos e bicas, para o que se usava uma outra ferramenta também apropriada, o “saca bicas”, fazendo-se também o aproveitando da resina seca e acumulada ao longo da época, raspando-a para uma espécie de padiola feita com dois paus e uma serapilheira. 

A vida dum pinheiro, em condições normais de adaptabilidade e referente ao crescimento, longevidade e tempo de rendimento, de que a resina era um rendimento sazonalmente periódico e com tão importante significado para a economia doméstica, como as colheitas do milho, do vinho ou do azeite, e a madeira uma riqueza acrescentada para uma qualquer disponibilidade ocasional e, praticamente, sem despesas da manutenção de que também resultavam outras valiosas contrapartidas. 

A resinagem era limitada ao período compreendido entre o primeiro dia de Março e o último de Setembro, e desfasada do  período seguinte destinado à época da serração, a maioria dos profissionais tinha trabalho garantido durante todo o ano, como resineiro no verão e serrador no inverno. 

Para exercer a profissão de resineiro, era obrigatória uma formação adequada, adquirida em prestação de provas e comprovada pelo uso obrigatório do respectivo cartão.

quinta-feira, outubro 24, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A máquina de criar pobres




Saiu um Relatório da Pordata - no Dia Internacional da Irradicação da Pobreza - abrangendo os anos de 2021 e 2022.

A Sociedade Civil séria é cada vez mais importante no nosso País!

Séria, neste caso, é a que não vive à custa de… porque os que vivem à custa da pobreza, são tantos e tão “amigos” de certos redutos políticos radicalizados e negócios que até já se atropelam na descoordenação, como ouvimos dizer a uma figura relevante, com intervenção na área, recentemente.

Gasta-se o dinheiro, mas não se chega à solução; é só nos meios incapazes que se investe e esses não resolvem nada, desde logo porque não são os adaptados. Criam-se Cova(s) da(s) Moura(s), sucessivamente; Abrem-se caminhos para conflitos sociais latentes.

A Constituição da República, no seu art. 9, diz que é tarefa fundamental do Estado:

“Promover o bem estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais…”.

Na visão da ONU, a pobreza manifesta-se através da fome da malnutrição, do acesso limitado à educação e a outros serviços básicos, à discriminação e à exclusão social bem como à falta de participação na tomada de decisões.

Os dados saídos - que não me impressionam, porque já os percepcionava e até já os antecipei no que escrevi como alerta, nessa altura - colocam em causa toda aquela classe que está “alojada” na Assembleia da República e no Palácio de São Bento [5 hectares, talvez] que é como quem diz, os nossos políticos, assessores e consultores e outros amigos e titulares graduados de cargos públicos, por aqueles nomeados com base só na “confiança”.

Contrariamente ao que constou dos seus programas eleitorais e dos seus programas de governo e dos orçamentos e dos discursos, fizeram tudo ao contrário do que prometeram: ou seja, mentiram aos Portugueses; foram meros populistas com fito na obtenção dos votos.

Vejamos:

- A taxa de risco de pobreza subiu muito, apesar da “maravilha” que aí anda publicada;
- Quase 2.000.000 de pessoas vivem com menos de €600,00/mês; exactamente €591,00;
- O Grupo das Crianças e Jovens (até aos 18 anos) é o mais afectado, com um aumento de 2,2% no período em análise;
- Esta realidade afecta, agora, 20,7% de pessoas desta faixa etária (mais de 1 em cada 5);
- A taxa de pobreza geral subiu para 17%;
- Uma em cada 10 pessoas com emprego, não escapa, inexplicavelmente, à situação de pobreza.

Neste contexto,

- As Famílias monoparentais têm sido as mais castigadas (31,2%);
- E a Taxa de Intensidade de Pobreza só entre 2021 e 2022 subiu de 21,7% para 25,6%!

Que País maravilhoso este que estamos a construir para os nossos descendentes…

Das muitas análises possíveis -que os que têm estado implicados nisso e os seus seguidores, não gostam de ler ou de ouvir - e das variadas explicações [que incluem impreparação e irresponsabilidade, de grande parte dos titulares dos cargos] será, nomeadamente, o diferencial entre o aumento dos salários (de 35%, de 2015 a 2023) quando confrontado com o aumento, nesse período de análise, de 106%, nos custos de habitação. Que monstruosidade!

A habitação é “a telha” que separa os pobres assim, dos sem-abrigo, ainda mais pobres!

!… Só que estamos a falar de uma situação absolutamente preocupante que nos devia envergonhar a todos e que coloca muita gente ligada à Política para viver bem, como os que se apelidam de “inteligentes inúteis”, que começam por conduzir “a máquina de criar pobres”, para prosseguirem para experiências mais rentáveis, acompanhados dos seus séquitos…!

Haverá pessoas honestas no meio de tudo isso, claro. Até conheço alguns. Mas começam a ser as exceções. A pobreza não dá votos, a riqueza, essa sim até os “compra”…

O não aquecimento das casas está considerado como o pior da Europa (repito, o pior da Europa) vejam bem, num clima de sol que compara com as suas zonas geladas durante grande parte do ano.

Sobe exponencialmente a busca de alimentação junto do Banco Alimentar Contra a Fome, com o incremento, que nos deixa incrédulos, de empregados e de crianças.

A nossa realidade, no que respeita à pobreza, é intolerável, com a agravante de ter deixado de ser conjuntural e já ser estrutural.

Naturalmente, à vista de todas as pessoas de bem e honestas e preocupadas com os seus concidadãos -das que existem sem interesses, até anonimamente- ressalta a degradação extravagante da qualidade de Vida.

Pedem-se, por isso, clarificações a esta gente, que invocando Abril, repetidamente, na sua generalidade, não sabem o que isso é, nem encontram esse objectivo (do aumento da pobreza) em nenhum dos documentos do MFA!

Haja aprumo ético! Acabem as promessas vãs! Deixemo-nos de tretas!

Luís Pais Amante

terça-feira, outubro 22, 2024

Tumultos populares: Raiva (1917) e Penacova (1918)


O lançamento de impostos tem, ao longo de todos os tempos e por toda a parte, gerado grandes revoltas e levantamentos populares. No nosso concelho, são conhecidas a “Revolta dos Sarreiros”, nos finais do século XIX e a “Revolta do Azeite” e a “Revolta dos Barqueiros”, em 1921, associadas ao imposto “Ad valorem”. Destes acontecimentos já o Penacova Online deu conta. 

Hoje, vamos fazer referência a acontecimentos de inícios de 1918 que poderíamos intitular de "Tumultos dos Industriais" relacionados com o lançamento de colectas de contribuição industrial. Também, no contexto das graves carências alimentares durante a Guerra 1914-1918, trazemos aqui a notícia da "Revolta da Raiva". Estas duas ocorrências ficaram registadas no jornal "Ecos de S. Pedro de Alva".

"Com o deflagrar da Grande Guerra acentuaram-se as debilidades que o país apresentava no que respeitava à produção de bens alimentares, nomeadamente dos cereais. Os preços aumentaram, começaram a aparecer fenómenos de açambarcamento e de contrabando. 

Por fim, depois do inverno de 1916-1917, a fome fez a sua aparição. Nesse inverno, os Aliados tinham reforçado o bloqueio à Alemanha, tendo esta reagido violentamente, coma guerra submarina no Atlântico, procurando cortar o abastecimento aos países aliados.

Em todo o lado faltavam matérias-primas e alimentos. Todos os países, beligerantes ou não, mergulharam no caos. Uns mais que outros, mas a maioria, como Portugal, sofreram uma grave crise de subsistências, inflação e fome, acompanhadas por uma crescente agitação operária e popular, greves, motins de rua, insurreições militares e revoluções." Cf. Arnold Arie Van Rossum, "A questão das subsistências no Porto, no período da Grande Guerra, 2011"

Transcrevemos as notícias publicadas por aquele jornal: 

Subsistências 1917: Agitação popular na Raiva 

O povo que luta com dificuldades para angariar os magros centavos para comprar milho, chegava à Raiva, onde esta região se costuma abastecer, e não o encontrava à venda. 

Constando que naquela povoação havia multo milho armazenado e que se negava o venda ao público, para lhe darem outro destino, e não se sujeitarem ao preço da tabela, ultimamente decretada para todo o país, medida muito acertada, o povo da freguesia de Oliveira do Mondego foi ali e verificou que existiam mais de 10  000 alqueires! Os sinos da matriz, sinetas das capelas das freguesias do Oliveira, Travanca e S. Pedro d'Alva tocaram a rebate no dia 24 e 25 do mas findo, aparecendo na Raiva milhares de pessoas. 

Para Oliveira foi uma imensidade de sacos sob a responsabilidade de pessoas idóneas, mas sem ser do acordo com o dono do milho, o que não achamos justo. 

Porque facilitasse ao povo a venda do milho pelo preço da tabela e se o comerciante não concordasse, então usassem da violência em último extremo, porque a prudência foi sempre em todos os tempos uma “senhora” multo respeitada. 

Qual o resultado? 

Veio uma força de cavalaria e guarda Republicana, que fez conduzir outra vez as sacas com milho para a Raiva, com a promessa de ali ser vendido pelo preço da tabela na próxima quinta feira. 

Concorreu também muito povo da freguesia de S. Pedro d'Alva com o digno regedor José Correia de Brito à frente, que pela sua prudência conduziu o povo de forma a mais uma vez provar que é ordeiro, tendo a felicidade de dar com um homem muito delicado, que comandava a força militar, evitando assim, quem sabe, muitas desgraças. Lamentamos sempre casos desta natureza, mas é bom que todos se compenetrem que o povo menos favorecido da sorte precisa auxílio e não que o explorem.                                        

                                                *  *  *

A propósito deste lamentável acontecimento, têm vindo a esta redacção muitas pessoas pedir que tornemos bem público o motivo do levantamento do povo, que deseja ser ordeiro, mas que não quer ser prejudicado como o foi no ano findo.

Que o povo dos lugares da Paredes e Raiva, foram os que mais sofreram com a falta e carestia do milho, tendo de procurar milho ou farinha a uma distância de 20 quilómetros, nas moendas do Feijoal, no concelho de Arganil. E quantas vezes ali foram e nem uma nem outra coisa traziam? E quanto valia o tempo perdido? 

Todavia sabiam, que à porta lhe passavam  centenares de carros de milho, que metiam em barcas e lá iam Mondego abaixo em direcção a Coimbra! 

E para onde ia esse milho? 

Despachado para as estações mais próximas do mar e dali era encaixotado e metido em navios como vidraça, e uma  vez em  Vigo, os açambarcadores recebiam por cada alqueire uma libra em ouro e lá ia para a Infame Alemanha! 

É isto que o povo declara, e a ser assim, é um crime do alta traição e lesa pátria, estar a auxiliar-se quem nos está sugando o sangue, roubar-nos milhares de vidas e a cavar a nossa autonomia que tanto custou aos nossos antepassados.

Sendo assim, o povo tem razão; cremos que seja, porque o ano findo foi fértil em milho em todo país, que chegava e de sobra para o consumo do continente, sem precisar-se de o importar das nossas possessões.

Pertence ao Governo tomar medidas enérgicas, que o momento é terrível. 

 

Tumulto 

No dia 28 do mês de Dezembro findo, um grande número de pessoas das freguesias de Lorvão e Figueira, apresentaram-se na repartição de Finanças de Penacova, ao que parece, com o fim de reclamar perante o sr. Almeida e Sousa, digno secretário de finanças, contra o lançamento de algumas colectas de contribuição industrial. 

Recebidos por sua ex. com toda a urbanidade, explicou-lhes a maneira legal do lançamento das referidas colectas e indicou-lhes o melhor modo de fazerem as suas reclamações, mas o povo fechando os ouvidos, partiram, à saída, os vidros duma porta da repartição. 

Compareceu a Guarda Republicana e o sr. António Casimiro, digno secretário da administração, que conseguiram dispersar o grupo, sem haver felizmente desgraças a lamentar. 

Se há movimentos populares que se justificam pelo fim que visam e pela ordem como são feitos, outro tanto não sucedeu com o actual, em que certamente os seus promotores se deixaram embarrilar por aqueles que os queriam explorar.

O povo deve organizar os seus movimentos com ordem e em defesa de causas justas, tendo em vista os interesses de todos.

Só deverá fazer uso da força, e então, ser enérgico, quando as suas justas e ordeiras reclamações não forem atendidas. 

Se nas repartições do concelho há empregados atenciosos que sabem  avaliar o esforço e trabalho do contribuinte, outro tanto não sucede com alguns, que além de escamotearem o povo ainda o tratam com maneiras bruscas e pouco atenciosas. Oxalá que estes aproveitem com o caso sucedido; que fiquem sabendo que o povo é soberano, que estão ali para o atender e tratar com urbanidade seja qual for a sua condição, por isso recebem do Estado os seus vencimentos, que o mesmo povo paga. "

segunda-feira, outubro 21, 2024

Congresso Internacional vai apresentar estudos recentes sobre o Mosteiro de Lorvão e outros cenóbios cistercienses


O Congresso Internacional "Women of the Cistercian Order: unveiling nunneries and expanding horizons", vai decorrer, via Zoom, entre 29 e 31 de janeiro de 2025, tendo como principal objetivo reunir e sintetizar os resultados das mais recentes investigações sobre scriptoria, livros e bibliotecas cistercienses, bem como explorar a female agency nas comunidades cistercienses e as ligações entre os livros e as monjas. O Mosteiro de Lorvão, enquanto cenóbio pertencente à Ordem de Cister a partir do séc. XIII, será, obviamente, referido no contexto geral do tema do Congresso.

É organizado pela equipa do projeto de investigação "Livros, rituais e espaços num mosteiro cisterciense feminino. Viver, ler e rezar em Lorvão nos séculos XIII a XVI", juntamente com o Instituto de Estudos Medievais (IEM Nova FCSH).

Até 27 de outubro, encontra-se aberto call for papers. Os organizadores "convidam os investigadores a explorar as características materiais dos livros litúrgicos cistercienses, concentrando-nos particularmente nas suas características codicológicas, tais como os métodos de encadernação que, pelas suas especificidades, muitas vezes revelam informação sobre a sua proveniência, e a análise dos pigmentos usados na criação e mistura das cores. "

Serão também bem-vindos, refere a organização,  "todos os aspetos relacionados com a “biografia” dos livros, ou com os vestígios dos cuidados que lhes eram dedicados, bem como com os métodos de conservação usados ao longo dos séculos para preservarem a sua identidade."

A liturgia cisterciense e a sua performance ritual nos espaços monásticos, centrando-se na procura da uniformidade litúrgica defendida pela ordem, será outro aspecto a explorar.  "Além disso, procurar-se-á analisar como este ideal interagiu com as práticas locais, incluindo a sua adaptação às tradições litúrgicas específicas dos mosteiros femininos cistercienses" [...] destacando o papel das mulheres no mecenato cultural e artístico, e na prática litúrgica.

Saiba + 

sexta-feira, outubro 18, 2024

Rota do Pão: da Aldeia do Sobral à Praia do Vimieiro

No dia 5 de Outubro foi inaugurada a Rota do Pão (PR6-Penacova), trajecto de traçado linear com cerca de 17 Km de extensão, que se inicia no Forno Comunitário da aldeia do Sobral. Daí,  segue para a Fonte do Castinçal, passa pela Fonte do Púcaro e atinge a Vila de S. Pedro de Alva. Depois, numa extensão de cerca de 5 km, por caminho florestal, dirige-se a Laborins. Seguindo a margem esquerda do Rio Alva, atinge a Praia Fluvial do Vimieiro, passando junto a terrenos agrícolas e moinhos, bem como pela Praia do Cornicovo. 


A "Comarca de Arganil" publicou ontem uma reportagem assinada por Alfredo Fonseca e que nós dá uma imagem do ambiente que se viveu neste dia que considera "memorável". Além de transcrevermos o seu texto, publicamos igualmente uma síntese das muitas fotografias que podemos ver na página do Facebook da União de Freguesias. 


"Foi sem dúvida um dia muito grande em eventos, pois logo pela manhã iniciava-se no Vimieiro uma monumental caminhada sob a égide da Rota do Pão, passando por Hombres, onde foi servido um pequeno almoço aos caminhantes, seguindo de-pois até ao Caçote, Bica e Cornicovo à beira do rio Alva, outro ex-libris da nossa Freguesia a jusante do Vimieiro que espera, na próxima época balnear, obter a Bandeira Azul na sua praia fluvial. 

A caminhada seguiu para Laborins, onde foi muito bem acolhida pala população local. Foram ainda à Maria Delegada, onde permanece uma moenda e casa do moleiro em bom estado de conservação. De Laborins seguiram para a povoação da Ribeira, passando nas alminhas da Servacã e pelo Vale acima em plena comunhão com a natureza, saboreando a beleza que esse vale nos oferece. 

Findo este percurso de elevado sentido histórico e pedagógico, a próxima etapa seria rumarem para a Fonte do Púcaro (um aprazível parque de merendas), aproveitado e embelezado pelo executivo municipal anterior, mas hoje já com alguns indícios de vandalismos praticados por alguém sem escrúpulos que estão sempre contra tudo e contra todos, até um dia serem apanhados na ratoeira. O tempo chuvoso, com aquela chuva de "molha tolos," aconselhava a não irem para lá e ficarem no salão polivalente da Casa do Povo a degustarem um maravilhoso porco no espeto. 

Mas o dia ainda era uma criança e mais eventos esperavam a comitiva e não só, pois para cumprir cabalmente a égide da Rota do Pão, nada melhor que ir inaugurar um forno comunitário, que foi construído na aldeia rural do Sobral (terra da naturalidade do nosso presidente da União das Freguesias de S. Pedro de Alva e S. Paio do Mondego, Victor Manuel Cunha Cordeiro), cuja obra deve ser enaltecida a todos os níveis até pelo que simboliza, pois daqui a alguns anos, a continuar assim, os mais jovens não sabem nem fazem ideia como nos tempos recuados se cozia o pão e muito especialmente a broa, que era a principal iguaria para matar a fome, colocada nas mesas dos agregados familiares. 

Todos os caminhantes rumaram para o Sobral. Alguns notava-se algum cansaço, mas com o apoio de um pau ou dois, não desistiram até chegar à meta dos mais de dezassete quilómetros. O Sobral nunca terá visto tanta gente dentro das suas fronteiras e havia fortes razões para que assim acontecesse. 

O espaço onde foi implantado o forno, foi oferecido por um familiar, herdeiro de Serafim Alves, que foi um bom e santo homem daquela comunidade e, por isso, foi descerrada uma placa dando o seu nome ao forno comunitário aquele espaço.

Estiveram presentes as altas esferas do Município. com o presidente da Câmara, Álvaro Coimbra, e todos os membros do executivo, o presidente da Assembleia Municipal, Humberto Oliveira, o presidente da Adelo, Mário Fidalgo, que financiou aquele empreendimento e muito mais entidades, a quem peço desculpa por não os nomear (única e simplesmente) porque não fixei os seus nomes.

Depois do descerramento da placa alusiva, dando o nome do saudoso Serafim Alves, usou da palavra o presidente da União das Freguesias, Victor Cordeiro, que com palavras amistosas e calorosas, cumprimentou e agradeceu todas às entidades presentes para quem teceu palavras ter-nas e de agradecimento. Seguiu-se Mário Fidalgo, que com muita destreza explicou que quando lhe chegou às mãos a candidatura daquele projeto não teve qualquer objeção em o aprovar dado que se enquadrava plenamente no âmbito da recuperação das aldeias rurais, como era o caso em apreço.

Seguidamente foi o presidente da Câmara Municipal, confessando-se rendido àquela obra ali erguida. Comungamos com ele quando se referiu às mulheres e jovens que voluntariamente se empenharam ali, não só na organização mas também na confeção daquele abundante repasto a que todos tiveram acesso, mas também a outro grupo que se dedicaram a aquecer o forno para cozer uma deliciosa fornada de broa, que foi saboreada quentinha, partida à mão como se impunha enquanto o pão estiver quente. A tarde já ia avançada e os visitantes e caminhantes começaram a afastar-se dando assim por findo este magnifico evento, que honra sobremaneira os seus autores, com especial destaque para o presidente da União das Freguesias, Victor Cordeiro. 

Mas o dia ainda era uma criança e outro evento nos esperava na Casa do Povo. Assim, promovido pelo grupo voluntariado comunitário do concelho de Penacova da Liga Portuguesa Contra o Cancro, foi leva-do a efeito um magnifico espetáculo que ficará gravado na nossa memória na qualidade de grata recordação. Este evento foi enriquecido com a preciosa colaboração da dona Natália Amaral, médica ginecologista e secretária geral do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a qual proferiu uma brilhante palestra aconselhando e incentivando as senhoras após atingirem os 50 anos a fazerem o rastreio do cancro da mama pois é fundamental para evitar males maiores. À voluntária Lígia Fonseca, coube a tarefa de fazer as apresentações e agradeceu a todos por terem vindo. Finda a palestra da dra Natália Amaral, que foi ouvida com muita atenção e agrado pela vasta plateia, foi oferecido a Saudade Lopes um lindo ramo de flores em agradecimento pelo brilhante trabalho que desempenhou quando liderou o grupo de voluntariado de Penacova.  Depois deu-se início a um magnifico "Café Concerto" à luz das velas, que nos proporcionou um maravilhoso momento musical com os encantadores fados de Coimbra, sublimemente cantados por uma jovem chamada Beatriz Villar, que não só cantou como encantou o vasto publico arrancando-lhe vibrantes aplausos num reconhecimento inequívoco de que o fado de Coimbra não é para ser cantado apenas por homens, pois a Beatriz demonstrou que pode e deve ser cantado também por senhoras. Foi acompanhada à viola por Diogo e à guitarra portuguesa por João Martinho, que com os seus vibrantes acordes, arrancaram do público prolongados aplausos. Momentos muito altos lá vividos foi quando a fadista Beatriz Villar pediu ao público que a acompanhassem em vários trechos da canção coimbrã que a aplaudiram de pé. Parabéns à organização de tão profícuo espetáculo e queremos mais. Assim terminou este dia memorável, que deverá ficar gravado a letras de ouro na história desta União das Freguesias de S. Pedro de Alva e S. Paio do Mondego. 
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