19 outubro 2010

Recordando as Primeiras Damas da República: Maria Joana Morais Perdigão Queiroga de Almeida


Maria Joana, mulher de
António José de Almeida
Maria Joana Morais Perdigão Queiroga de Almeida, nasceu a 9 de Março de 1885, em Redondo,  e faleceu a  27 de Junho de 1965 em Lisboa.

Conheceu António José de Almeida  por volta de 1902, que era mais velho   19 anos.Casam a 14 de Dezembro de 1910 na Administração  do 1º Bairro de Lisboa, tendo como testemunhas, o irmão de António José de Almeida, Francisco António de Almeida, Juiz da Relação de Lisboa e Manuel de Arriaga, então,  Procurador Geral da República. Ficam a morar  na rua  de S.  Gens,  na  pequena casa onde António José de Almeida  vivia enquanto solteiro .
Espingarda usada como defesa na
noite de 19 de Outubro de 1921

Hoje, passados precisamente 89 anos, na noite de 19 de Outubro de 1921, dá-se  a “ Noite Sangrenta” em que são assassinadas várias personalidades entre elas o Chefe do Governo, António Granjo. Nessa tenebrosa noite, António José de Almeida, estava a convalescer, em casa,  da doença crónica  que o acometia. São avisados telefonicamente do perigo daquele momento e,  enquanto não chega a GNR , Maria Joana pega na caçadeira que guardava desde os tempos em que participava no Alentejo nas caçadas à raposa e coloca-se no 1º andar do palacete onde residiam, na Rua António Augusto de Aguiar, fazendo pontaria para a rua.
Este episódio passou-se há 89 anos exactos.

Em 1923 preside à Comissão Organizadora da Festa da Flor para angariação de fundos para a Cruz Vermelha. É  agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
António José de Almeida  morre em 1929, ficando viúva com 44 anos. Tem uma filha, Teresa. Passa os seus dias dedicando-se à família, em especial aos netos, António, que nasce em 1943, Maria Manuel (1944) e Maria Teresa (1946).
Morre na rua Ressano Garcia com um acidente vascular cerebral, em  1965.
Neste Centenário da República uma homenagem respeitosa àquela que acompanhou António José de Almeida, como sua mulher.
Fonte: As primeiras Damas da República,  Museu da Presidência, 2006

Arthur Wellesley e as Invasões Francesas foram relembradas em Lorvão

Imagens da Conferência e do
descerramento da lápide
(Fotos originais de Mauro Carpinteiro / Arranjo de Penacova Online)
A Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara,   associou-se  às comemorações dos 200 anos da Batalha do Bussaco.  

No sábado, realizou-se naquela Vila uma conferência sobre “As invasões francesas e o Mosteiro de Lorvão”, presidida por Regina Anacleto, professora jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Além disso, teve lugar o descerramento de uma lápide comemorativa no edifício onde o general  Wellesley e o seu Estado Maior estiveram alojados.

De referir que também no nosso concelho, se   localizou o Posto de Comando do Duque de Wellington, na parte mais alta da serra do Bussaco, tendo sido daqui que o Comandante do Exército Luso-Britânico observou o combate de Santo António do Cântaro.

QUEM FOI ARTHUR WELLESLEY, DUQUE DE WELLINGTON?
Podemos ler no site da Câmara Municipal o seguinte:
"Arthur Wellesley, Duque de Wellington foi um célebre general e político inglês com um papel determinante na Guerra Peninsular. Nasceu em Dublin a 30 de Abril de 1764 e viria a falecer em Walmer Castle a 14 de Setembro de 1852.
Em 01 de Agosto de 1808, o exército britânico por si comandado desembarcou em Lavos (Figueira da Foz) e, ao longo das duas primeiras invasões, desempenhou uma acção decisiva para a vitória das tropas anglo-lusas. Na Primavera de 1810, Napoleão ordena nova invasão, a terceira, que se inicia por Almeida. André Massena, avança com os seus 65 000 homens até ao Bussaco, em cujas proximidades se encontrava o exército anglo-luso.
A 20 de Setembro, Wellesley envia, a partir do Mosteiro de Lorvão, onde havia passado a noite, diversas missivas. No dia 21, as forças do General Hill atingem o Rio Alva, tendo sido chamadas, juntamente com a divisão portuguesa do General Leith para o Bussaco. As forças anglo-lusas ocuparam a Serra do Buçaco da seguinte forma: em Nossa Senhora do Mont'alto encontravam-se cinco companhias da Leal Legião Lusitana; o corpo do General Hill, compreendido por uma divisão inglesa e uma divisão portuguesa, ocupava todo o Alto da Chã, compreendido entre as estrades Gondelim - Casal e Gondelim - Palmazes, passando, esta última na Portela de Oliveira; a divisão de Leith estava dividida em duas facções: ala direita junto à Portela de Oliveira, sobre o caminho que liga Alcordal a Midões e, a ala esquerda, mais afastada, nas proximidades de Santo António do Cântaro. A sul da povoação de Cerquedo, colocavam-se a divisão Picton e a divisão Spencer. Foi à sua direita que Wellington se instalou, no dia 27 de Setembro, durante a Batalha do Bussaco, que as tropas anglo-lusas viriam a vencer exemplarmente."

17 outubro 2010

Reflectir é preciso…

O Poder Local em Penacova … Cartão Amarelo!

 Carlos Mendes *
Já lá vai um ano em que participei na blogosfera de Penacova com um texto que começava …

É POR SI…QUE GANHAMOS!... terminando… É CONSIGO QUE CONTAMOS!

Tratava-se dum texto alusivo às eleições autárquicas em Penacova. Há um ano, este concelho virou uma página política que se encontrava em branco.

Passado um ano … O que mudou em Penacova?

Ainda é cedo, é um facto, também, é preciso dar tempo aos intervenientes políticos para que se possam adaptar e actuar no processo de desenvolvimento do concelho.

No entanto, passou um ano, e … Qual é a estratégia que este Executivo tem para Penacova?
Quais as são as opções e as prioridades de intervenção no concelho? Já era tempo de ser implementado um plano estratégico de desenvolvimento para Penacova…

Reflectir é preciso…

Segundo o que tem vindo a público no âmbito do ocorrido na última Assembleia Municipal, traduz-se numa imagem triste, lamentável e negativa quer para os seus intervenientes quer para o concelho de Penacova. Trata-se dum espaço e dum “fórum” que pressupõe discutir com elevação e sapiência … PENACOVA!

Não se deveria utilizar um acto com aquela dignidade para arrogâncias e afirmações de baixo nível. A coisa pública deve ser para ser servida e não para se servirem dela, assim de como, também, não mereceria ser para aqueles que intitulam e são apelidados de chicos espertos nem para aqueles que ameaçam irem-se embora.

Em linguagem futebolística … O poder político Local em Penacova acabou de ver um cartão amarelo!

*Arquitecto, autor da Proposta ELEVAR PENACOVA / Agenda 21 Local, referida no nosso artigo recentemente publicado no Penacova Actual,  sobre a A21L. O Penacova Online recebeu agora o  texto que  acabamos de publicar e que abre o debate sobre aquela e outras questões. (Nota da Redacção)

Um tributo a Travanca, à Etnografia e ao Folclore


Capa do desdobrável
de apoio e divulgação do
 espectáculo
Não é fechado numa arca que queremos o passado. Este, queremo-lo vivo, para o podermos reconstruir e transformar…Pois é cientes daquilo que fomos, que podemos seguir em frente e progredir sem temer a separação desse passado que é o nosso, sem medo de perder as referências que a ele nos prendem…

Assim se escrevia, vão quase vinte anos, num  Guião  distribuído aquando da apresentação do espectáculo “As Quatro Estações do Linho”, pelo Rancho Etnográfico e Folclórico de Travanca do Mondego. Uma produção que integrava, para além da música, apontamentos de dança e teatro, partindo do princípio de que a representação das tradições, enquanto  encenação que  é, se pode assumir como um verdadeiro espectáculo.

Assim aconteceu em 1989, quando um grupo de jovens e adultos, cheios de entusiasmo, deram vida a este renascer de tradições. Eram eles: Adelaide Sousa, Albertina Cordeiro, Alice Alves, Alice Rodrigues, Álvaro Ferreira, Amadeu de Matos, António C. Henriques, António Pais, António Rodrigues, Carlos M. Martins, Cecília Henriques, Cecília Sousa, Conceição Geraldes, Daniel Henriques, David Henriques, Graça Alves, Isabel Ferreira, João Azadinho, José A. Joaquim, José Fernandes, José Joaquim, Lúcia Matos, Nuno Azadinho, Nuno O. Santos, Palmira Viseu, Paula Alexandra Pereira, Pedro Fernandes, Raquel Figueiredo, Reinaldo Dinis e Tomé Teixeira.

O Centro Paroquial de Bem-Estar Social, com o empenhamento do Sr. Padre Veiga, lançou em 1986 a ideia de recuperar usos e tradições da freguesia, organizando uma recolha de “ antiguidades” e posterior exposição de objectos e utensílios tradicionais, bem como o levantamento de danças e cantares locais. Em 1987, é apresentado o espectáculo de etnografia e folclore intitulado “Desfolhada” e, passados dois anos, as “Quatro Estações do Linho “. Esta recriação de tradições e de vivências de outrora tinha como responsável a Dr. Maria da Conceição Moura. Outros colaboradores deste projecto foram, como muitas pessoas se recordam, os professores António Bessa e Celestino Ortet, na parte musical.

Um projecto que, devido a vicissitudes várias, não ganhou as raízes necessárias a uma desejável continuidade. De qualquer modo, durante o seu período de existência foi acarinhado pela população da freguesia e levou a vários locais, incluindo Coimbra, um conjunto de espectáculos de grande valor cultural.

O concelho de Penacova, à semelhança do que se vai fazendo um pouco por todo o país, vai tendo bons grupos etnográficos e folclóricos que, apesar das dificuldades, vão transmitindo a riqueza cultural dum tempo que já não volta mas que faz ainda parte dum presente que, cada vez mais, se quer com significado e com identidade própria. A etnografia e o folclore, que para alguns pode significar um parar no tempo, não é mais do que um ponto de partida para novas experiências.

É que, como se escreveu acima, o passado tem que se manter vivo, se o queremos reconstruir e recriar.

 David Almeida

( originalmente publicado no jornal Nova Esperança (2008)

13 outubro 2010

Nove site da Diocese de Coimbra já está online

O novo SITE da DIOCESE já está online. Espera-se que este novo espaço seja um canal de comunicação e partilha das muitas actividades que as paróquias desenvolvem.  Nem sempre os canais de informação são aproveitados, como é  caso do nosso concelho, onde a Igreja, detendo um jornal, não publicita, na nossa opinião, as boas práticas, por exemplo no campo social e cultural que muitos grupos paroquiais vão desenvolvendo no nosso concelho.

Imprensa Local: comemorações bicentenárias da Batalha do Bussaco são notícia de primeira página do Frontal e do Nova Esperança


11 outubro 2010

Senhora dos Remédios, Senhora Ourada

Imagem de N.S. dos Remédios que se
 venera em Travanca do Mondego
Foto Pencova Online (15 Ago 2008)
A oferta de objectos de ouro aos deuses será tão antiga quanto a existência do homem, e, entre as coisas que ainda hoje se oferecem a Deus e aos santos encontra-se a joalharia. Esta, neste contexto, assume a designação de joalharia devocional, porque fruto de uma devoção, e pode ser constituída por peças eruditas ou de carácter popular. No entanto, são estas últimas as mais oferecidas às diversas invocações de Maria, e a algumas santas de especial devoção das ofertantes.
O costume de ornamentar as imagens com adereços de ouro foi comum em todo o País, mas, na actualidade, está mais concentrado nas regiões do interior transmontano, alentejano e beirão. Na pesquisa efectuada a nível nacional encontramos, até ao momento, cento e quinze imagens no Continente, vinte na Madeira e quatro nos Açores, que ainda saem em procissão ataviadas com ornatos de ouro oferecidos pelas fiéis, e as quais denominamos Senhoras Ouradas. No distrito de Coimbra deparamos com cinco ocorrências, com a Senhora dos Remédios incluída.
Relativamente à estrutura, as imagens ouradas podem ser do tipo vulto perfeito, em madeira, pedra ou pasta pintadas, ou imagens de vestir. Nas primeiras, os ornatos áureos são-lhes colocados sem a adição de qualquer peça de vestuário. Contudo, em certas regiões, estas recebem um manto em tecido para usar no dia de festa juntamente com as suas jóias, como é o caso de Travanca do Mondego. Por sua vez, nas imagens de roca, ou de vestir, usam-se vestes completas desde roupa interior, vestido, manto e véus, aos quais se juntam inúmeros ornamentos áureos.
O tipo de adornos que embelezam o colo das imagens - cordões, voltas, gargantilhas, alfinetes de peito com pedras vermelhas e azuis(1), medalhas de santos e crucifixos - são comuns a todo o País. No entanto, há zonas que apresentam uma grande concentração de peças mais particulares, como os colares de gramalheira (2) em Trás-os- Montes e as libras com guarnição(3) no Minho. Na Madeira o número de cordões ou fios é muito superior ao número de medalhas ou ornatos, como aliás em quase todos os acervos que tivemos ocasião de apreciar. Todas as imagens ouradas usam brincos, e, se muitas delas já têm as orelhas furadas para esse propósito, outras, como a Senhora dos Remédios, usam-nos presos à cabeleira ou ao manto que lhes cobre a cabeça. Quase sempre ostentam brincos compridos, com incidência no tradicional brinco à rainha(4) mas, principalmente no Centro e Sul do País, podem ver-se vistosos brincos compridos de tipologias e influências diversas.
A forma como o ouro é colocado nas imagens varia de região para região. Pode ser colocado só nas mãos, só ao pescoço, espalhado sobre as vestes e, ainda, sobre toda a imagem e seu traje. Contudo, todo o ouro exibido comporta em si, quanto a nós, duas características - a expositiva e a ornamental. A primeira ocorre dado que uma das principais razões deste uso ser a de apresentar à comunidade os ornatos oferecidos pelo pagamento de promessas, e assim, pela sua exibição, mostrar que estes não foram alienados e continuam a fazer parte do espólio da Senhora ou da Santa. Depois, o carácter ornamental surgirá quando as jóias são usadas para engalanar e embelezar a imagem, para o dia da sua festa, à semelhança do que qualquer um de nós faz para um dia especial.
Este costume provoca diferentes reacções por parte dos responsáveis da Igreja Católica, e, se uns o aceitam, outros condenam-no. Não é nosso propósito fazer a apologia nem a detracção de tal prática. Queremos somente notar que é um hábito que ainda se mantém em muitas vilas e aldeias e que, por envolver ornamentos em ouro, faz parte de um estudo alargado, que estamos a elaborar, sobre os vários usos do ouro tradicional português durante o século XX.
___________
1 Tipo de ornatos que entrou em uso a partir dos anos 40, do século XX, e que foram largamente utilizados até aos anos 80. Eram peças de formas geométricas, a lembrar as influências Art Déco, e também florais, numa evocação da Arte Nova, decoradas com vidros coloridos, principalmente azuis e vermelhos, que com a sua cor e aparência davam um ar de jóia com pedrarias, vistosa mas a um preço muito acessível.
2 O colar de gramalheira é uma peça de grande aparato e excepcional efeito ornamental constituída por um medalhão e o seu respectivo cordão. Este tem duas formas básicas; grandes elos ovalados com círculos no interior ou constituído por secções de malha intercaladas com argolas. O medalhão, que em muitas zonas do Minho se chama também simplesmente gramalheira, é uma grande peça ornamentada com elementos vazados e pedrarias de fraco valor.
3 Moedas de libra, ou moedas de imitação de libra, envoltas por uma cercadura filigranada ou cinzelada.
4 Peça de grande aparato, em filigrana. É composto por duas peças recortadas e vazadas, articuladas por argolins. A parte inferior do brinco apresenta ainda no centro uma outra peça circular, também articulada, cujo movimento os torna ligeiros e elegantes ao serem usados. São os brincos mais usados no Minho e, na zona de Viana do Castelo são os brincos por excelência de todas as mulheres quando envergam o traje regional, seja este de que tipo for.
                                                                                                          Rosa Maria Mota

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NOTA:
Travanca do Mondego venera Nossa Senhora dos Remédios. Por ocasião das festas de 2008 o Penacova Online publicou uma pequena reportagem fotográfica da procissão. Passado muito tempo, somos contactados por uma pessoa da zona do Porto, que nas suas pesquisas na internet tinha encontrado o nosso "post". Desejava  saber mais pormenores sobre o uso de colocar ouro na imagem no dia da Festa Anual, dado que estava a preparar uma tese de doutoramento.
É assim que, a nosso pedido, a Drª Rosa Maria Mota, doutoranda em Artes Decorativas - Ourivesaria, na Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto teve a gentileza de nos enviar o texto que aqui fica registado e certamente será do interesse de muitos dos nossos leitores.

08 outubro 2010

Exposição " Viva a República" vai passar por Penacova no início de Fevereiro


Cartaz adaptado por Penacova Online
As Comemorações do Centenário da Implantação da República ainda não terminaram. Elas vão até Agosto, mês em que se assinalam os cem anos da Constituição de 1911.
A exposição Viva a República!... em digressão , que está a percorrer  cerca de 100 concelhos de todo o país, vai estar em Penacova de 2 a 4 de Fevereiro.
Segundo nos informa o sítio “ Viva a República!... em digressão, a exposição " é dedicada à história da I República, um dos períodos mais marcantes da história recente de Portugal:
o percurso de evolução do ideário republicano, o processo de implantação da República, os principais contextos e transformações a que esteve associada."
 Viva a República!... é acompanhada por uma equipa de mediação, sendo também disponibilizados materiais e suportes pedagógicos e de divulgação.

05 outubro 2010

António José de Almeida - figura incontornável da História da I República

Penacova sempre reconheceu o seu valor e se orgulhou deste seu filho ilustre. Ao findar o dia 5 de Outubro de 2010, aqui fica mais um recorte da imprensa local (Jornal de Penacova e Voz de S. Pedro de Alva ) em memória desta figura proeminente da revolução republicana. Marco que mudou indiscutivelmente a História de Portugal.



Recortes de:  JORNAL DE PENACOVA e
 VOZ DE SÂO PEDRO DE ALVA

 

Há 100 anos, Penacova aclamou entusiasticamente a República: o povo saiu à rua, foguetes, salvas de 31 morteiros, grandes manifestações

A República chegou  a Penacova, não no dia 5 de Outubro, mas só no dia 6 ,  
quando pela manhã,  se soube da notícia.
De entre os vários episódios ocorridos,
 fica para a história a lista de cerca de sessenta assinaturas de penacovenses,
alguns que já  pertenciam  à Comissão Republicana,
outros que se associaram às manifestações na ocasião e fizeram questão de subscrever
o auto de aclamação,
documento redigido pelo secretário da Câmara,
Alípio de Sousa Correia Leitão.


Fonte: Jornal de Penacova
(Grafia actualizada)
VER LISTA POR ORDEM ALFABÉTICA NA COLUNA LATERAL

01 outubro 2010

Que é feito do Parque Patrimonial do Mondego - projecto de Turismo Sustentável ?

 " A narrativa histórico-cultural das antigas rotas comerciais fluviais entre o Porto da Raiva, Penacova, e a Figueira da Foz está a ser reconstruída, através do Parque Patrimonial do Mondego. O projecto, coordenado pelo arquitecto Nuno Martins e com apresentação pública marcada para 1 de Abril na Quinta das Lágrimas, visa a revalorização e revitalização da paisagem cultural do Mondego." - assim noticiava a imprensa regional.
"Quisemos desenvolver uma narrativa, a partir da análise histórica do Rio Mondego", que durante séculos foi atravessado, no sentido de nascente e para a foz, com barcas serranas, explicou Nuno Martins.
A partir desse troço do rio Mondego se estabeleciam as ligações comerciais desde a Figueira da Foz até ao Porto da Raiva, interligando-se depois com as rotas terrestres da Beira Alta e da Beira Baixa. Era através dessas rotas, também utilizadas no transporte de pessoas, que os produtos do mar ou entrados a partir do Porto da Figueira da Foz, e os produtos agrícolas das zonas interiores da região, circulavam. No século XIX o Porto da Raiva era o mais importante porto do rio Mondego a montante de Coimbra, mantendo-se activo até às primeiras décadas do século XX.
Em Dezembro de 2007 o PPM integrou uma selecção mundial de dez projectos concorrentes ao prémio da Tourism Summit, em Chamonix-Mont-Blanc. Em 2008, no I Concurso Nacional de Ideias em Turismo o PPM obteve o 3º lugar e foi-lhe atribuída uma Menção Honrosa (entre 48 concorrentes portugueses e estrangeiros). O PPM tem acordos de cooperação com diversas escolas (ESEC :Forum Local; ISEC: candidatura a uma parceria internacional. Com a ESEC e com a Univ. do Porto participaram-se em candidaturas a projectos de investigação da FCT.  Em Agosto de 2008, a convite da Turismo Coimbra e com o apoio da ESEC, do Museu da Água de Coimbra e de oito autarquias, o PPM esteve em exposição no Pavilhão de Portugal, na EXPO Saragoça'08.

Gerou-se, assim alguma expectativa, na nossa Região, no nosso Concelho. Passado este tempo desconhecemos como evoluiu o processo. Esperemos que não se fique pelo papel...

Sobre esta assunto,  ver:
http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=163515&visual=3&layout=10

30 setembro 2010

Penacova Actual recordou hoje o Cortejo de Oferendas para o Hospital realizado no início dos anos Cinquenta

Mais alguns contributos:
NOTÍCIAS DE PENACOVA DE 19 DE JANEIRO DE 1952,
noticiando o Cortejo de 30 de Setembro de 1951, domingo.(1)

O Penacova Actual  trouxe, hoje,  à memória dos penacovenses algumas imagens do Cortejo de Oferendas para angariação de fundos para o Hospital da Misericórdia, já lá vão cerca de sessenta anos.  Cortejo que envolveu todas as freguesias do nosso concelho duma forma entusiástica .
O Penacova Online, numa linha de complemento e de partilha desinteressada, não quer deixar de contribuir com mais alguns elementos, extraídos do jornal que se publicava na época: o Notícias de Penacova, que tinha como director Joaquim de Oliveira Marques.
Assim, o nº 923 de 19 de Janeiro de 1952, dedica uma página a este acontecimento, apresentando inclusivamente o relatório de contas da Comissão Central do Cortejo ,  que tinha como presidente o Dr. Augusto Leitão. Verificou-se um saldo líquido de 153 875$00. É enaltecido o esforço de todos e  dum modo especial  do benemérito Abel Rodrigues da Costa que no Brasil, por meio de uma subscrição,  conseguiu obter cerca de metade da receita total.
Pelo Notícias de Penacova, ficamos a saber que na tarde do dia trinta, no Largo D. Amélia, afluíram filarmónicas, orquestras, ranchos, dezenas de carros de bois, camionetas, ornamentadas com pormenores típicos e alegóricos. Depois de  organizado, o cortejo parte em direcção à vila, onde é visível o contentamento de todos. Este terá sido o segundo cortejo organizado para este fim.
(1) Em 1952 o dia 30 de Setembro foi a uma terça - feira.
Foto do NP

Em 2010, o estado de degradação em que se encontra o edifício... junto ao Hotel ... num local privilegiado de Penacova...



29 setembro 2010

Mosteiro DO Lorvão ou Mosteiro DE Lorvão? : a propósito da notícia do Dia Mundial da Música nesta vila

No próximo dia 1 de Outubro vai comemorar-se o Dia Mundial da Música. Para celebrar a data a
Direção Regional de Cultura do Centro vai levar a cabo um colóquio em Lorvão, subordinado ao tema genérico MOSTEIRO DE LORVÃO, PATRIMÓNIO CRIATIVO. Do programa consta um leque de palestras e apontamentos musicais, plenos de interesse. O subtítulo “Ecos de Órgão”: Repertórios, iconografia, contemporaneidade é bem elucidativo da atual conjugação de esforços em torno da recuperação do órgão monumental do Mosteiro. (...)
Excerto do texto de Nelson Correia Borges, in Penacova Actual
A propósito deste evento, circularam informações em diversos suportes ( Diário de Coimbra e outros )onde se referia Mosteiro do Lorvão.
Ora, o Prof. Nelson Correia Borges, vem esclarecer:

"Não é correcto dizer ou escrever o Lorvão, ou Mosteiro do Lorvão. Durante muitos séculos sempre se disse e escreveu Lorvão, sem artigo. Nas centenas de milhar de documentos que o cartório e as monjas de Lorvão produziram não aparece uma única vez a designação Mosteiro do Lorvão. O uso do artigo começou a ser moda depois que em Lorvão se instalou o Hospital Psiquiátrico e, infelizmente, vê-se por aí em muito lado, desde as informações das estradas às entidades oficiais. Quanto às entidades oficiais, como o Ministério da Cultura, é lamentável que se repita este erro. Os nomes das terras, em geral, nunca levam artigo, a não ser que sejam simultaneamente substantivos comuns, e mesmo assim nem todos. É o caso do Porto, da Guarda ou da Figueira da Foz. Mas já ninguém diz o Faro ou o Castelo Branco. Embora quando se fale de Lorvão se utilize o género masculino, ou de Coimbra o feminino, a verdade é que não é correcto usar o artigo o.
Nelson Correia Borges

28 setembro 2010

" As Mulheres na Implantação da República " - obra foi apresentada hoje em Penacova

Conforme anunciado, realizou-se esta noite em Penacova uma Tertúlia, tendo como oradora principal a Drª Fina d'Armada.

A  comunicação centrou-se no conteúdo da obra "As Mulheres na Implantação da República", que vai ser lançada oficialmente no dia 30 em Lisboa. No entanto podemos afirmar  que Penacova teve o privilégio de assistir a um pré-lançamento do livro, tendo sido possível a aquisição do mesmo no final do colóquio.

A obra,  como se refere na contra-capa " trata das mulheres de Norte a Sul do País que tiveram algum papel no processo de implantação da República. Realça as lutas femininas colectivas ou isoladas para a instauração de um novo regime, depositando nessa mudança o desejo de melhoria da sua condição".

Um trabalho de investigação histórica que, neste Centenário da República,  vem dar maior visibilidade ao papel das mulheres no movimento republicano no nosso país.

Mauro Carpinteiro dirige Carta Aberta ao Presidente da Mesa da Assembleia Municipal

A sessão da Assembleia Municipal de Penacova de sábado passado assumiu contornos que, há onze meses atrás , quando Penacova deu a maioria absoluta ao Partido Socialista, ninguém imaginaria  que tal viesse a acontecer tão cedo.
Primeiro: o facto de se ter registado a presença de um número significativo de Pais e Encarregados de Educação na Assembleia Municipal, criticando fortemente o Executivo por falhas no  arranque do ano lectivo  no pré-escolar e no primeiro ciclo, no que se refere aos transportes escolares, falta de funcionários e à abertura da nova escola em Penacova (que terá aberto as suas portas sem estarem cabalmente concluídas as obras e instalado todo o equipamento).
Segundo: o abandono temporário  da sala por parte dos deputados da bancada social-democrata, em solidariedade e protesto pela negação do uso da palavra, para defesa da honra, ao membro da Assembleia Municipal e Presidente da Junta de Lorvão, Mauro Carpinteiro.
O Penacova Online, tem como um dos seus objectivos, a divulgação das dinâmicas locais, incluindo a política, quando ela atinge determinadas proporções.  Acabamos de receber uma Carta Aberta assinada pelo Dr. Mauro Carpinteiro, que a seu pedido e por acharmos pertinente passamos a publicar:

Carta aberta ao senhor Presidente da Assembleia Municipal de Penacova
Ao Presidente da Assembleia Municipal de Penacova:
Venho deste modo, uma vez que me impediu, de modo arbitrário, de o fazer na sessão da Assembleia Municipal de Penacova do passado dia 25 de Setembro de 2010, apresentar defesa da honra e responder a interpelações consequentes de intervenções de membros do Partido Socialista na Assembleia.
Lembro-o de que fui severamente ofendido na honra pelo Deputado Municipal do Partido Socialista Paulo Coelho que achou por bem dizer que eu tinha, e passo a citar, mestrado e doutoramento em “chicoespertice”, chegando a essa conclusão por eu, no seu entender, andar a mobilizar os pais da Freguesia contra a Câmara por esta nada decidir quanto à construção dos Centros Escolares previstos para a Freguesia de Lorvão e que me interpelou a apresentar a minha posição sobre a construção desses mesmos Centros Escolares.
Lembro-o, ainda, do pedido feito pelo Presidente da Junta de Freguesia de Figueira de Lorvão para que me retratasse por, alegadamente, ter colocado uma placa de localização de localidade num local já pertencente à Freguesia de Figueira de Lorvão.
Senhor Presidente, compreendo que tenha alguma dificuldade em compreender a realidade fora do mundo da pura e simples luta politico - partidária. Ainda assim, não me sentiria bem comigo próprio, até porque, como diz o povo, “quem não se sente não é filho de boa gente”, se não lhe desse conta da minha indignação contra o triste modo como fui atacado.
Relativamente à intervenção do senhor Deputado Municipal Paulo Coelho, queria dizer-lhe que ele está profundamente equivocado, certamente por má informação! É que eu nunca me propus mobilizar os pais da freguesia contra a Câmara (é um disparate que os próprios um dia destes poderão desmistificar!), simplesmente os pais das crianças da Freguesia têm manifestado à sua junta de Freguesia preocupação por, volvido um ano desde que o novo executivo municipal tomou posse, nada ter avançado quanto à criação das previstas novas instalações escolares na Freguesia. Pior do que isso, a Câmara, através dos seus representantes, tem-se desdobrado em declarações muito contraditórias:ora dizendo que constroi um Centro Escolar em Lorvão; ora que o constroi só na Aveleira; dizendo ainda que, afinal, até é melhor fazer os dois. Este dizer e desdizer traz as pessoas da Freguesia, com os principais interessados no processo educativo à cabeça, numa inquietante e preocupada incerteza. Quanto à posição do meu executivo da Freguesia sobre o assunto, este membro do seu partido manifesta andar profundamente arredado da realidade do Concelho, ou então muito mal informado pelo Sr. Vereador do Pelouro da Educação, pois a Junta de Freguesia de Lorvão tornou pública, em diversas ocasiões, perante os pais e perante a câmara, que a sua opinião é no sentido de ser cumprida a  Carta Educativa, ou seja, serem construídos os Centros Escolares de Lorvão e da Aveleira. Toda a gente na Freguesia sabe disto!!!
No que respeita à suposta indignação manifestada pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Figueira de Lorvão, acerca da alegada colocação de uma placa de indicação de localidade em território da Freguesia de Figueira de Lorvão, queria dizer ao estimado colega que admito ter havido algum erro ou equívoco e que, obviamente promoverei uma reunião conjunta com vista a, nos locais próprios e em espírito de diálogo e respeito mútuo, resolvermos a questão. Queria dizer também a este colega que estranho muito que um assunto deste tipo seja trazido à Assembleia Municipal, uma vez que o relacionamento entre as duas Freguesias e nós próprios, enquanto seus responsáveis, sempre foi o melhor, pelo menos assim o considerávamos. Aliás, aquele colega bem sabe o quanto a Freguesia de Lorvão esteve disponível para colaborar com ele em situações de necessidade surgidas no início do mandato.  Situações essas em que sempre prestámos apoio, prontos a ajudar uma Freguesia vizinha e com laços históricos tão profundos. Sinceramente pareceram-me excessivas e despropositadas as considerações tecidas por aquele autarca do Partido Socialista, que manifestou não ser grato por quem o ajudou e, sobretudo, não saber tratar dos assuntos da sua Freguesia com elevação, respeito e do modo e nos locais próprios.
Mas, Sr. Presidente, lamento ter que lhe escrever esta carta! É triste que um membro da Assembleia Municipal se veja forçado a fazer deste modo aquilo  que, por direito, poderia fazer no local próprio, no órgão de discussão e debate por excelência.  Entristece-me, sobretudo, porque não gosto de comunicar assim com quem tem o dever de me ouvir cara a cara!
Ficou à vista de todos que fui ofendido e interpelado, pelo que era seu dever cumprir o Regimento da Assembleia e dar-me a palavra.  Não o fez, e não o fez exibindo uma atitude de arrogância desprezível e imprópria de quem ocupa o ilustre cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Penacova. Negou deixar defender-me simplesmente porque a minha razão certa destruiria o argumentário básico e primário dos seus correligionários. Negou deixar defender-me porque não queria juntar incómodo ao incómodo que lhe causou ver tantos cidadãos penacovenses na Assembleia, denunciando sem peias a incompetência que vai grassando na gestão Municipal, sobretudo num sector chave como é a educação. Negou deixar defender-me porque nutre por mim um indisfarçável ódio (um dia vou explicar aos nossos cidadãos o porquê !). Negou deixar defender-me, enfim, porque não compreende o sentido do órgão a que preside. Não compreende que a voz do povo e dos membros da Assembleia, que o representam, não são um incómodo, são a manifestação livre do pensamento e da razão diversa. Sei que a ideia que o senhor perfila é a da razão e inteligência únicas do Partido Socialista. Lamento desiludi-lo. O Partido Socialista não é o reduto exclusivo da inteligência e da razão.
Sr. Presidente, sei bem que lhe falta caminho longe da rota da política. Sei bem que nos seus horizontes pouco mais há do que a luta mesquinha do partido (dos partidos!) e da política. O Senhor é o fruto desta nova casta de decisores que não tem o privilégio de saborear o quanto é bom estar no terreno e construir comunidade, de contribuir para o bem comum sem a pressa de chegar ao topo. Não é daqueles que teve que dar de si aos outros, ter a noção de prejuízo pessoal para dar proveito aos outros. Eu tive, continuo a ter, e não me arrependo!
A Democracia só é compreendida, na sua essência, e a política só é vivida no seu esplendor, por quem teve o privilégio de dar o seu esforço pessoal - porque não o seu sacrifício?! - em prol da sua terra, da população e com a população! É por isto que não fico ressentido consigo! O Senhor não tem como compreender a Democracia e viver a política como ela deve ser vivida!!!
Penacova, 26 de Setembro de 2010
                                                                                                                              Mauro Carpinteiro
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(Texto publicado também na página de Mauro Carpinteiro no Facebook , a 28 de Setembro de 2010 às 0:03.)

26 setembro 2010

1810 - 2010 : duzentos anos depois, Batalha do Bussaco é assinalada com um programa especial

UM POUCO DE HISTÓRIA

A batalha de Buçaco teve uma importância capital para o resultado da campanha pela acção moral que exerceu nos dois exércitos contrários.
O exército anglo-luso perdeu o medo às águias napoleónicas, que ameaçavam dilacerar a Península. Os ingleses reconheceram que os soldados portugueses eram dignos émulos no valor e brio militar, com os quais podiam e deviam contar. O moral do exército dos aliados foi exaltado.

Os franceses reconheceram que não eram invencíveis ao medirem-se com as tropas inimigas, que até então tinham em pouca conta. As desinteligências que lavravam entre os generais franceses mais se acentuaram; e a incapacidade de Massena, já apontada por Ney antes da batalha do Buçaco, tornou-se frisante. Massena sentiu-se golpeado no seu amor próprio: a Vitória abandonava o seu filho querido. E, quando este julgava fazer calar os descontentes e insofridos por um estrondoso triunfo, viu que, ao contrário, a sua derrota mais ia insuflar a
indisciplina dos generais seus subordinados. Não estava de todo perdido o exército, podia haver ainda
probabilidades de uma vitória; mas era preciso proceder com ponderação.

No Buçaco vira ele quanto Wellington. se soubera aproveitar das propriedades defensivas do terreno. Atacar novamente em terreno análogo seria uma temeridade, porque uma nova derrota poderia trazer consigo uma capitulação, mancha vergonhosa que viria empalidecer e murchar os verdejantes louros do herói de Rivoli, de Zurique, de Génova, de Caldiero e de Essling. Era necessário ser-se prudente,  ponderado.

A derrota do Buçaco cortou as asas a Massena e impediu que voasse até aos cerros de Alhandra, do Sobral de Monte Agraço, de Torres Vedras...

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Veja também site oficial das comemorações

24 setembro 2010

Centenário da República: fotobiografia de António José de Almeida, quem a conhece?

António José de Almeida, quer se queira, quer não, é (talvez pudesse ser mais ) um ex - libris de Penacova, se assim podemos falar , em termos da história e da cultura política do concelho. O Grande Comício de 1 de Agosto de 1909 em S. Pedro de Alva, a Inauguração dos Centros Republicanos, quer de S. Pedro de Alva, quer de Penacova, o florescimento de jornais republicanos no concelho, as suas passagens por casa de seu cunhado, no Silveirinho ( além de Vale da Vinha ) atestam, entre outros factos, a sua influência e familiaridade com as  gentes que o viram nascer. Os finais do século XIX e as primeiras décadas do Séc. XX são, deste modo,  também no nosso concelho, marcados directa e indirectamente por  esta   importante voz  da ideologia republicana e por este grande actor da Primeira República. Nascido na freguesia de S. Pedro de Alva, estudante em Coimbra foi, desde muito cedo, quer enquanto activista universitário, quer enquanto titular de cargos políticos ( deputado, ministro, “primeiro-ministro e Presidente da República”) ,  uma “ figura tutelar” do republicanismo no nosso concelho.
Penacova honrou-o com a instituição do feriado municipal, evocando o dia do seu nascimento – 17 de Julho de 1866 – e erigiu em sua memória alguma estatuária. Todos sabem que nasceu em Vale da Vinha ( poucos saberão ou sequer se confrangerão com o estado ruinoso em que se encontra a casa que lhe serviu de berço e onde viveu a sua infância). Podemos estar a ser injustos mas a nossa percepção vai no sentido de que existe por parte dos penacovenses um grande desconhecimento da vida e obra desta figura da História de Portugal. Este desconhecimento é visível, por exemplo, quando o turista que chegue a Vale da Vinha se depare com duas lápides, uma indicando o dia 17 de Julho e outra o dia 19 de Julho, como dia do seu nascimento. (1) Os próprios dados biográficos - políticos nem sempre são referidos correctamente. Por vezes se diz que foi Ministro das Colónias (o que está correcto) e esquece-se que nesse período (1916 / 17 ) mais do que ministro, foi, de facto, no chamado Governo da União Sagrada, Presidente do Ministério ( isto é, Chefe do Governo ). Que foi Presidente  da República toda a gente saberá, mas não se vai muito além disso.
Em 2004, foi publicada uma fotobiografia de António José de Almeida, resultante dum protocolo entre a Câmara Municipal de Penacova, o CEIS 20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX), Familiares e o Círculo de Leitores.(2) A obra António José de Almeida e a República: discurso de uma vida ou vida de um discurso foi assinada pelo Prof. Doutor Luís Reis e  distinguida com o prémio de História Contemporânea da Academia Portuguesa de História.
No centenário da República, a obra António José de Almeida e a República: discurso de uma vida ou vida de um discurso assume uma importância ainda maior. Este livro é, pois, um óptimo meio de conhecer melhor a vida e a obra deste nosso ilustre conterrâneo.
Goste-se ou não se goste de História, valorize-se ou não a Memória Colectiva, continuamos a defender que para compreender o Presente é preciso saber alguma coisa do Passado. É assim para as nossa história e identidade pessoal, é assim também para a nossa história e identidade concelhia.
Comemorar os Cem Anos da República poderá passar também pela promoção desta obra, à venda  no Posto de Turismo ou nas grandes livrarias do nosso país.
Um livro para “ver”, uma obra para ler, um texto para reflectir.
David Almeida
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(1) O dia do nascimento de António José de Almeida é apontado como tendo sido o 17 de Julho ( segundo consta da Certidão de Baptismo). No entanto, no site da Presidência da República, aparece o dia 27 de Julho. Esta data também foi divulgada aquando do concurso da RTP “ Os Grandes Portugueses”; o site actual do Centenário  da República regista o dia 18 de Julho, bem como o site da Fundação Mário Soares. Também alguns jornais penacovenses da época falam nesta data. A lápide de Vale da Vinha ( 1975) refere o dia 19 de Julho…Quase que é de colocar a questão: afinal o dia do nosso Feriado Municipal está correcto?
(2) A 2ª edição é da editora Temas e Debates