quarta-feira, julho 10, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: a Estrela
terça-feira, julho 09, 2024
Personalidades (5): Domingos de Lemos (1693-1753)
Foi no Colégio Jesuíta da Baía que Domingos de Lemos mais se notabilizou
Domingos de Lemos nasceu no ano de 1693 em Gondelim. Ao pesquisarmos nos livros de Registos Paroquiais encontramos o assento de baptismo de “Domingos, filho de Pedro Rodrigues (?) e de Antónia de Lemos”, baptizado a 27 de Maio de 1693. A tratar-se da mesma pessoa, o que pelo apelido Lemos da mãe parece ser, há um desfasamento nas datas, em relação à síntese biográfica inserida na obra “Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil (1549-1760)”, publicada em 1953, que refere o seguinte:
“LEMOS, Domingos de (1694-1753). Natural de Gondelim (Penacova), onde nasceu a 27 de Maio de 1694. Entrou na Companhia [de Jesus] na Baía, com 25 anos, a 13 de Julho de 1719 (Cat. de 1725). Farmacêutico («pharmacopola»). Já o devia ser quando entrou, porque em 1722 aparece no Colégio de Olinda no exercício do cargo. Em breve voltou para o Colégio da Baía e aí residia em 1732, com o qualificativo de «insigne» em sua arte. Em 1746 e 1748 tinha dois ajudantes, donde se infere a importância do Laboratório baiano e a sua categoria de mestre. Faleceu no mesmo Colégio da Baía, depois duma actividade ininterrupta de mais de 20 anos, a 7 de Fevereiro de 1753.”
A Companhia de Jesus, apesar de se ter dedicado desde a sua fundação principalmente ao trabalho missionário e educativo, também se evidenciou na actividade farmacêutica. As más condições sanitárias com que se depararam em terras do Brasil levaram os jesuítas a serem mais do que “médicos da alma” assumindo também a missão de serem “médicos do corpo”.
Os medicamentos “importados” da Europa, eram insuficientes. Assim, os Jesuítas procuraram muitos outros nas plantas autóctones, com a ajuda dos conhecimentos das populações indígenas. Passaram a cultivá-las e a aprofundar o seu estudo. Os colégios dos jesuítas tornaram-se, deste modo, detentores de um riquíssimo receituário particular, que incluía não só as fórmulas dos medicamentos, mas também os processos de preparação.
As boticas jesuíticas eram dependências especiais dos colégios, anexas às enfermarias. A elas se recorria quando as populações eram atingidas por epidemias ou quando ocorriam casos de calamidade pública. A botica do Colégio da Baía, onde Domingos de Lemos se evidenciou, revelou-se como a mais bem estruturada de todas as que existiam na rede jesuítica, tornando-se um centro distribuidor de medicamentos para as demais boticas dos colégios do Brasil. Da reunião dos saberes e medicamentos produzidos em cada Colégio resultou (em 1776) uma importante compilação (260 receitas) intitulada Colecção de várias receitas e segredos particulares da nossa Companhia de Portugal, da Índia, de Macau e do Brasil. Compostas e experimentadas pelos melhores médicos e boticários mais celebres que tem havido nestas Partes.
Estas receitas, prescritas para um grande número de doenças, demonstram o importante contributo dos Jesuítas, em especial o Colégio da Baía, na história da medicina brasileira. Quando este colégio foi saqueado e sequestrado em Julho de 1760, por ordem do Marquês de Pombal, o desembargador incumbido da acção judicial logo comunicou superiormente que havia feito as diligências necessárias para se apoderar da botica do Colégio e de algumas receitas particulares.
Pode Gondelim orgulhar-se de ter sido uma importante villa onde existiu um Paço que pelos anos de 984-985 estava na posse de netos de Munia Dias e Alvito Lucides1 e, ter sido também, morada de Príncipes2 e berço de figuras importantes da nossa história. A José Pereira Baião, figura insigne das Letras e da Oratória, podemos juntar Domingos de Lemos, um penacovense ilustre inteiramente desconhecido de muitos de nós.
1 - Cf. Manuel Luís Real: “O significado da basílica do Prazo (Vila Nova de Foz Côa), na alta Idade Média duriense”
2 - Aqui se terão criado, de acordo com o Portugal Renascido, os Príncipes de Leão, Ramiro e Bermudo.
sexta-feira, julho 05, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: a Procissão
A Procissão
quinta-feira, julho 04, 2024
Efemérides (1): 120º aniversário da morte de Alves Mendes
Falamos hoje, 4 de Julho, de Alves Mendes, passados que são 120 anos após a morte deste penacovense ilustre que, no nosso entender, a seguir a António José de Almeida, mais longe levou o nome de Penacova.
António Alves Mendes da Silva Ribeiro nasceu em Penacova no dia 19 de Outubro de 1838, filho de Joaquim Alves Ribeiro e Joaquina Mendes da Silva. Faleceu no Porto no dia 4 de Julho de 1904.
Em Coimbra frequentou o Liceu (1853 a 1858) e o Curso Superior do Seminário (1856 a 1858). Também nesta cidade cursou Teologia na Universidade (1859 a 1863), formando-se a 8 de Julho de 1863.Em 17 de Novembro do referido ano foi nomeado Cónego da Sé do Porto. No Seminário Diocesano da Invicta foi professor durante doze anos, regendo a cadeira de Pastoral e Eloquência Sagrada.
“Do modo como ele aí ministrava o ensino há ainda saudosa memória em quantos foram seus discípulos” – escreveu Manuel M. Rodrigues na revista O Ocidente de 21 de Julho de1888. Também J. Alves das Neves (in Autores da Beira Serra) refere que os seus discursos, “românticos pelo verbalismo”, eram “clássicos pela correcção linguística”. Também Mendes dos Remédios reconheceu que Alves Mendes fora um “burilador de frases e um joalheiro de linguagem”.
Por ocasião da trasladação dos restos mortais de Alexandre Herculano para o Mosteiro dos Jerónimos (1888), que se encontravam no jazigo da família Gorjão, em Santa Iria da Azóia, o jornal Pontos nos ii, escreveu sobre Alves Mendes que “o verbo entusiástico do eloquentíssimo orador elevou-se correcto, artístico, literário, ora bramindo de vibrações metálicas, ora suspirando de maviosíssimos acordes, assombrando quantos o ouviram, petrificando quantos o escutavam, crentes e não crentes – os apóstolos da religião de Deus, como os apóstolos da religião do Belo!”
Era habitual ser Alves Mendes a fazer os grandes discursos nas comemorações anuais da Batalha do Buçaco. Conta-se que passou a ser tradição, no final daquelas cerimónias, montado na égua branca do “ti Joaquim Cabral Velho” e acompanhado pelo compadre José Craveiro, rumar a Penacova, onde no dia seguinte “abria as quatro sacadas da sua casa” para receber os seus conterrâneos e admiradores que lhe iam apresentar as boas-vindas. Igualmente, sempre que ia pregar ou participar em cerimónias no Algarve, no Alentejo ou em Lisboa, aproveitava para, na passagem, descansar uns dias na sua terra natal, onde vivia a irmã Altina. Eram frequentes as visitas aos “Ribeiros”, seus primos, que viviam na Chã, e, de passagem, aproveitava também para entrar na Capela do Monte Alto.
Desta “figura eminente das letras portuguesas”, deste “burilador de frases” e “joalheiro da linguagem”, para citar as palavras de Alexandrino Brochado, além dos sermões, outras obras se encontram publicadas: Itália. Elucidário do Viajante (1878); O Priorado da Cedofeita (1881); Os Meus Plágios (1883); Tomista ou Tolista? (1883); Um Quadrúpede à Desfilada (1884); D. Margarida Relvas (1888) e D. António Barroso: Bispo do Porto (1899). Colaborou em imensas revistas literárias: Anátema, Caridade, Nova Alvorada, Correspondência do Norte, Braga-Bom Jesus, Cáritas, A Federação Escolar, Sobre as Cinzas, Kermesse, A Máquina, Filantropia e Fraternidade, entre outras. De referir ainda as suas interessantes crónicas de juventude publicadas na imprensa regional. No jornal O Conimbricense (nº 575, 29 de Agosto de 1857) escreveu, quando estudante em Coimbra, um interessante folhetim com o título “Umas Férias em Penacova”.
O Cónego Alves Mendes foi Provedor da Irmandade das Almas, na Rua de Santa Catarina, no Porto, e pertenceu às Ordens da Trindade e do Carmo e às principais Irmandades daquela cidade.
Do Rei D. Carlos recebeu, em1902, a Mercê de Arcediago de Oliveira [do Douro]. Conta O Primeiro de Janeiro que, foi no final do Discurso no Mosteiro da Batalha que aquele monarca, ao endereçar-lhe felicitações, lhe comunicou também que o promovia, de Cónego da Sé Catedral do Porto, à dignidade de Arcediago da Sé portuense, com o título de “Arcediago de Oliveira”. Noticiou igualmente o Jornal de Penacova que na sua casa, na vila de Penacova, muitas pessoas o felicitaram por aquele reconhecimento. Na ocasião, também a Filarmónica Penacovense “executou, à sua porta e em casa, alguns trechos de música, surpresa que muito o penhorou e comoveu”.
Alves Mendes privou com Camilo Castelo Branco tendo, inclusivamente, desempenhado um papel decisivo no casamento tardio do escritor em 1888 e tendo mesmo sido testemunha oficial do acto.
De 1935 a 2001 foi Presidente Astral da Filial de Petropolis (Brasil) do Racionalismo Cristão. Daquela filial, onde se encontra a “Sala de Estudos Alves Mendes”, é também Patrono Espiritual (in racionalismocristao.org, acedido em 30/5/2011).
Morreu na Rua Alexandre Herculano, no Porto, onde residia, no dia 4 de Julho de 1904, sendo sepultado no cemitério do Prado do Repouso. No seu testamento deixou escrito que queria ter um funeral discreto, “sem o menor aparato fúnebre” que, conforme escreveu, “é uma vaidade miserável e vazia de sentido elevado e ponderoso.”
Escreveu o Primeiro de Janeiro, por ocasião da sua morte, que a fama de eminente orador se generalizara e radicara, podendo ser, com toda a razão, considerado como “uma das maiores ilustrações do púlpito português”.
O reconhecimento de Penacova consubstanciou-se, em1902, sendo Presidente da Câmara o Dr. Daniel da Silva, com a atribuição do seu nome a uma das principais ruas do centro histórico da vila: Rua do Arcediago Alves Mendes.
terça-feira, julho 02, 2024
Notas para a história dos Bombeiros de Penacova (1): artigo de António Casimiro em 1928
Formalmente constituída em 1932, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova começara a germinar alguns anos antes, tendo como principal mentor António Casimiro Guedes Pessoa. Este grande penacovense, já em 1928, testemunhava isso mesmo num seu artigo no "Jornal de Penacova". Na memória dos penacovenses estava a tragédia de Sernelha que vitimara 7 crianças e o mais recente incêndio na residência do Pároco, padre António Pinto.
Escreveu António Casimiro:
"A organização de uma “Corporação de Bombeiros” já de há muito se vinha impondo como necessidade máxima e urgente.
O fogo é um perigo terrível, uma ameaça pavorosa e uma desgraça tremenda. Há uma dúzia de anos em Sernelha, de aqui bem perto , na freguesia de Figueira, sete criancinhas ficaram carbonizadas nos escombros da casa em que dormiam. E quando não é casual, quando não é motivado por uma imprevidência, por um descuido, por um desastre ou por uma alucinação doentia, o fogo é a mais preversa e traiçoeira de todas as armas do crime.O fogo queima e devora fortunas, vidas, alegrias, afectos e relíquias, não poupa altares nem ? Apaga vestígios e põe sempre um grito de angústia em todos os peitos.
Em frente do fogo não há inimigos e só dedicações se registam. Pode não suceder assim em toda a parte. Mas em Penacova, na nossa terra, é um facto comprovadíssimo.
Tomei a iniciativa de por mãoa à obra e logo de princípio tive a felicidade estimulante de encontrar decidido auxílio e franco apoio dos srs Drs daniel da Silva e José Albino Ferreira, ou seja, das Câmaras de suas presidências. Para o material de incêndios foram já destinados 5.200$00.
Recrutei, satisfeito, um punhado de rapazes valentes e creio ter organizado um grupo que não recuará em frente do perigo. Dezoito penacovenses de verdade, firmes e dedicados até ao sacrifício.
Já temos 12 capacetes; 6 cintos completos com espias, mosquetões e machadas; um depósito de zinco para 2000 litros de água e 6 baldes e 6 cântaros também de zinco.
Vão agora ser construídas as escadas indispensáveis e adquiridos os machados de bico,e , pouco a pouco, havemos de chegar ao fim cantando vitória. A generosidade particular ainda se não manifestouporque ainda não foi acordada; mas estou certo de que não demorará. O Dr. Sales Guedes e o novo e esperançoso Presidente da Câmara e Administração do Concelho, José de Gouveia Leitão, decerto me não voltam as costas na ocasião palpitante. Acaricio, pelo menos, esta convicção, e não devo estar enganado.
Uma coisa porém, nos é essencialmente necessária: a aquisição de uma NORTHERN BALLOT.
Apelo, por isso, para todos vós. Apelo para a vossa generosidade comprovada e para o vosso amor a este encantado torrãozinho que é a nossa terra.
Por meio de subscrição entre os vossos amigos, entre as melhores relações, creio estra conseguida a nossa aspiração dourada. Aí, por longe, estão amigos que aqui são nossos vizinhos- Daniel Martins Ferreira, Alípio de Sousa Ferreira, Henrique Novais, Francisco de Oliveira Casaca e tantos outros que à memória agora não me acodem – e que pelo seu trabalho honesto e inteligente conseguiram situação de conforto que hoje desfrutam. Ricos, riquíssimos de sentimentos e de amor pátrio, usufruem também a riqueza financeira que os tem habituado a rasgos magníficos de generosidade e caridade. Ide, meus amigos, também procurá-los, entregar-lhes o meu abraço de vivo afecto e contar-lhes da nossa aspiração. Por certo sereis bem recebidos e fidalgamente atendidos.
Vasco Viseu e Artur Rodrigues de Oliveira, vós que fazeis parte do nosso grupo de valentes, dizei a todos o nosso esforço heróico, combatendo e vencendo o fogo da noite de 17 para 18 de Agosto do ano passado em casa do nosso Reverendo Prior e amigo António Pinto.
SOBRE ANTÓNIO CASIMIRO ver AQUI o nosso artigo publicado no Penacova Actual
domingo, junho 30, 2024
“Aristas”: sabe quem criou esta designação tão característica de Penacova?
O Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa define “arista” como “pessoa que se desloca para determinado lugar a fim de se tonificar com ar puro”, que é, afinal, o mesmo sentido que se atribui em Penacova. Em todos os dicionários que consultámos o termo “arista” está relacionado com a botânica e também com a zoologia: “ponta filiforme de alguns órgãos vegetais”; o mesmo que aresta, pragana; “estrutura semelhante a uma cerda, existente na ponta das antenas dos animaís dípteros” ou ainda “peça óssea ou espinhosa do esqueleto de um peixe”.
Terá sido em Penacova que na década de 20 do século passado “nasceu” um significado muito diferente. O termo, mesmo por aqui, acabou por cair em desuso, até ao momento em que há poucos anos o Município recuperou a ideia, criando o “Roteiro do Arista”, selecionando oito locais de grande expressão turística, tantos quantas as letras que formam a palavra PENACOVA. Os visitantes são convidados a a “apreciar cada um dos locais, e a desfrutar dos bons ares e da natureza, transformando-se assim em verdadeiros Aristas".
Quando se fala no início do séc. XX devemos ter em conta que foi só na primeira década que Penacova começou a ganhar alguma notoriedade nacional, principalmente pela mão de Emídio da Silva, Alfredo da Cunha e Simões de Castro, à volta da Sociedade de Propaganda de Portugal e do “Diário de Notícias”. Apenas nas décadas seguintes a presença dos tais “aristas” mais se fez sentir, prolongando-se até aos anos sessenta.
Mas voltemos à questão de saber como surgiu a designação de “arista”. Ora, no Jornal de Penacova, nº 1251, de 19 de Julho de 1930, podemos ler, sob o título “Penacova – Hotel” o seguinte: “Principiaram já a chegar os «aristas», vocábulo já velhote que deve vir de 1922 ou 1923. “Aristas” são os felizes mortais que vêm até nós provar a pureza magnífica dos nossos ares. Assim o decretou o famoso hoteleiro de Penacova-a-Linda, sr. José Alves de Oliveira Coimbra, numa fuga feliz da sua prosa proverbial. E o que é certo é que as bichas pegaram e agarraram-se com firmeza. O «Penacova Hotel”, já tem «aristas» e já são nove. Alves Coimbra espera mais por estes dias. Não tem vindo porque as caretas de este verão esquisito os traz indecisos, de pé no estribo (…).
Quem escreveu esta nota teria perfeito conhecimento do que estava a afirmar. A fazer fé nessa informação, ficamos então a saber que a designação de “arista” no sentido de veraneante que procurava a nossa vila para tonificar os pulmões (numa época em que grassava a tuberculose, não esqueçamos), foi José Alves de Oliveira Coimbra, personalidade carismática em Penacova no mundo do comércio e também da política local.
Quem foi José Alves de Oliveira Coimbra? Nasceu em Gavinhos, Figueira de Lorvão, no dia 19 de Julho de 1883. Filho de José Alves Marques e de Maria Manuela de Oliveira Coimbra,
Além de farmacêutico e comerciante em diversos ramos, fez parte do núcleo mais activo do movimento republicano em Penacova.
Integrou o grupo que no dia 6 de Outubro de 1910 percorreu a vila “convidando os cidadãos para assistirem à proclamação da República nos Paços do Concelho”, e fez parte da primeira Comissão Administrativa. Assumirá a Vice-Presidência da Câmara por diversas ocasiões.
José Alves de Oliveira Coimbra também se distinguiu no Jornal de Penacova do qual foi proprietário, editor e director durante quase toda a década de vinte. Em 1920, quando Amândio Cabral, já no Brasil, cedeu a propriedade daquele jornal, foi a empresa "Alves Coimbra & Cª Lda" que o comprou, passando a ser impresso na “Tipografia Alves Coimbra”.
Também foi farmacêutico, tendo mesmo, depois de “oito anos de boa prática farmacêutica”, feito exame para Farmacêutico de 2ª classe, em Julho de 1905 , na Escola de Farmácia de Coimbra.
Sócio principal da Firma Alves Coimbra & Cª Lda, mudou, em 1908, o comércio de mercearia e ferragens da Rua Alves Mendes "para o prédio no Largo Alberto Leitão, ainda em construção, propriedade de Augusto Leitão". Nos finais da década de vinte foi também proprietário e gerente da do Penacova-Hotel.
Faleceu em Penacova no dia 3 de Outubro de 1936, com 53 anos de idade.
quarta-feira, junho 26, 2024
Casa do Concelho de Penacova em Lisboa assinalou 30º aniversário
A Casa do Concelho de Penacova (CCP), em Lisboa, comemorou mais um aniversário, desta vez o 30º, promovendo um almoço - convívio que teve lugar no Restaurante Caravela de Ouro, em Algés. Na mesa de honra tiveram assento: presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, e esposa; presidente da CCP, Adelino Marcelo; presidente da ACRL (Associação. das Casas Regionais em Lisboa), Elísio Chaves; presidente dos Bombeiros VP, Ricardo Simões; presidente da Mesa da Assembleia Geral da CCP, Armando Pimentel; e ainda o delegado em Penacova da CCP, José Alberto Costa.
O presidente da direcção, Adelino Marcelo, agradeceu a presença de todos e, em especial, do Presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, e do Presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Penacova, bem como dos representantes das Casas Regionais de Alvaiázere, Arcos de Valdevez, Arganil, Castanheira de Pera, Ferreira do Zêzere, Sertã, Tondela, Valença e Vinhais.
No uso da palavra, Álvaro Coimbra, começou por manifestar a satisfação por estar presente neste 30º aniversário, “importante data simbólica”, saudando “todos os penacovenses que fazem parte desta instituição, que durante trinta anos, contra ventos e marés, têm lutado para que a mesma continue a existir”, com uma palavra especial para todos os que fazem parte dos órgãos sociais.
Salientou, de seguida, a importância do movimento regionalista na manutenção dos “elos de ligação entre as várias comunidades, entre Lisboa e as terras natais”, espalhadas pelo país.
“A Casa do Concelho de Penacova continua bem viva” – reconheceu - sendo prova disso a recente participação no Encontro de Associativismo e Regionalismo que teve lugar na Alameda D. Afonso Henriques, “promovendo os produtos de Penacova, os palitos, os produtos regionais, o mel, os licores”. Renovou o seu apreço e reconhecimento pelo trabalho que ao longo destas três décadas a Casa do concelho tem vindo a realizar. Enalteceu ainda os “grandes dirigentes” que a Casa do Concelho tem tido, nomeadamente o Sr. Adelino Marcelo, o Sr. José Bernardes (que por razões de saúde não foi possível participar neste almoço comemorativo) e o Sr. António Pimentel.
“A Casa do Concelho de Penacova é uma associação regionalista, sem fins lucrativos, composta por pessoas singulares e colectivas ou equiparadas.
Foi fundada em 9 de Junho de 1994, por escritura pública realizada no 20º Cartório Notarial de Lisboa, publicada no “Diário da Republica” nº 174 / 94 (III Série) de 29 de Julho de 1994.
Foram fundadores José Bernardes de Oliveira, natural de S. Pedro de Alva, e António Pimentel, Carlos Augusto Luís Simões e António Vicente Cabral, naturais de Penacova.
Tem a sua sede em Lisboa, na Calçada de Carriche, nº 47 B, freguesia da Ameixoeira. Logo que foram conseguidas instalações, sucedeu à LACP (Liga dos Amigos do Concelho de Penacova ) que, com esse objectivo, tinha sido fundada em 15 de Junho de 1985 pelos mesmos penacovenses, e outro, José Fernandes.
A Casa do Concelho de Penacova tem como principal finalidade promover culturalmente os seus associados; desenvolver a solidariedade entre os naturais do concelho ou que a ele se sintam ligados por laços familiares ou de amizade; divulgar as suas belezas paisagísticas, o seu património cultural e artístico, a sua gastronomia, o seu artesanato e o seu folclore; participar no desenvolvimento do concelho e prestar apoio possível ao seu comércio e à sua indústria; defender o concelho de tudo o que possa causar-lhe danos morais ou patrimoniais; organizar eventos culturais, recreativos e outros de carácter regionalista, entre sócios e simpatizantes; favorecer a prática de modalidades desportivas; colaborar com as associações similares e com as autarquias do concelho; auxiliar, dentro do possível, os penacovenses que se encontrem carenciados.
A Casa do Concelho de Penacova é sócia fundadora da ACRL – Associação das Casas Regionais em Lisboa.”
segunda-feira, junho 24, 2024
𝕯𝖆 𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖑𝖆: a Educação
A Educação
sexta-feira, junho 14, 2024
Coral Divo Canto nas Comemorações do Dia de Portugal em Londres
segunda-feira, junho 10, 2024
𝕯𝖆 𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖑𝖆: uma nova rubrica de poemas (e crónicas) de Luís Pais Amante
Da minha janela
É da minha janela que vejo este mundo
Plano, agitado ou com tez de rotunda
Que olho pró tempo de crescer
Para as memórias de me ter
E me introspectivo na saudade
Que mora cá, na minha idade
De mais novo do que ela
Também rememoro os tempos idos
As liberdades da alma
O pousio desta calma
Que é olhar pró infinito tão perto
Pra natureza em beleza sem igual
Há quem tenha ciúmes da minha janela
Porque como ela, não existe outra tão bela
Será só por ser um sítio único?
Será só porque ela é a singela?
Será porque é a fina donzela?
Eu penso que é por tudo isso
E pelo seu imaginário translúcido
Que circunda em alegria
E promove a democracia
Um lugar de sorriso e inspiração
Um observatório de ar puro
Que permite olhar para tudo
Até idealizar o que se requer
Quem sabe, capaz, de determinar
E moldar
O meu ser de rigoroso no meu crer
Resiliente em por aqui me manter
A admirá-la…
Vou mesmo tentar dar-lhe fantasia
Desde este Fundo da (minha) Vila
Austero, antigo
Mas sonhador e profundo … e amigo!
Luís Pais Amante
Casa Azul
sábado, junho 08, 2024
Personalidades (4): Joaquim Jerónimo Silva Rosa (1900-1974)
Joaquim Jerónimo Silva Rosa nasceu a 2 de Outubro de 1900 e foi baptizado a 25 de Dezembro de 1901 na Igreja de Lorvão. Filho de Joaquim Maria da Silva (1851-1911) e de Maria de Jesus Rosa da Silva (1880- 1996), proprietários, naturais e residentes naquela freguesia.
Casou com Maria Lúcia Vassalo Namorado em 27 de Março de 1932, em Torres Novas, numa cerimónia civil. No mesmo dia, celebrará o casamento religioso na Igreja de Santa Cruz de Coimbra (1). O casal passou pouco depois a viver em Penacova, onde permaneceu até 1937.Refere a Wikipédia que “em 1930, enquanto passava férias no Luso com a mãe e Maria Cândida Caeiro, filha mais nova da sua prima Maria Lamas, conheceu Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, um escrivão, natural de Lorvão, Penacova, com o qual se casou numa cerimónia civil em Torres Novas, e outra religiosa em Coimbra”.
O casal separou-se anos mais tarde, em meados da década de 50, tendo tido depois uma segunda relação, com Leonilde Viegas.
Do primeiro casamento nasceram 3 filhos: Luís Vassalo Namorado Rosa (1935-2018), prestigiado arquitecto ligado à Expo 98, Fernando Vassalo Namorado Rosa (1935-?), quadro superior da CP e Rui Vassalo Namorado Rosa (1940 - ), investigador e professor na Universidade de Évora.
O nome de Joaquim Jerónimo Silva Rosa está ligado à criação de dois jornais penacovenses: Progresso Lorvanense e Notícias de Penacova.
O primeiro, veio a lume no dia 23 de Janeiro de 1921 tendo-o como editor e director. Com algumas interrupções pelo meio, o último número tem a data de 15 de Outubro de 1922. Escreve Carlos Pimenta, seu amigo de juventude, que o Progresso Lorvanense foi inicialmente publicado “a expensas suas [Joaquim Jerónimo] que com ele gastou umas boas centenas de escudos”, até ser administrado pela Empresa Industrial Lorvanense.
Aquando da criação do Notícias de Penacova (1932-1978) o redactor principal é precisamente Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, à época escrivão do Julgado Municipal de Penacova, onde exerceu de 1931 a 1937. Também neste jornal colaborou sua mulher, Maria Lúcia Namorado, dirigindo, com uma peridiocidade quinzenal e alternadamente, uma “página infantil e outra feminina”, respectivamente, “Qui-Quiriqui” e “Página Feminina: o espírito, a elegância e o lar”.
É ainda Carlos Pimenta, na crónica referida (in Notícias de Penacova, 1953) que Joaquim Jerónimo também ajudou “moral e materialmente” a Filarmónica: “além da sua ajuda monetária, não hesitou, na sua condição de estudante liceal, enfileirar uniformizado ao lado dos demais executantes, tocando clarinete com proficiência.”
Estudou em Coimbra e iniciou a vida profissional no Julgado Municipal de Penacova. Como Escrivão Judicial passou depois por diversos locais do país, como Golegã, Seixal e Lisboa.
Em 2005 foi publicada uma Tese de Doutoramento subordinada ao título “A Educação das Mães e das Crianças no Estado Novo: a proposta de Maria Lúcia Vassalo Namorado”, tendo como autora Ana Maria Pires Pessoa. Esta investigação fornece-nos muitos pormenores sobre a vida pessoal e familiar de Maria Lúcia e mesmo até sobre o ambiente social de Penacova na década de trinta.
De acordo com este estudo académico, Joaquim Jerónimo “tinha começado a trabalhar no final dos anos 20 tendo tomado posse como ajudante de escrivão” em Abril de 1928. Em Julho de 1931 toma posse como escrivão do julgado municipal de Penacova, “onde fica seis anos.” A investigadora refere igualmente que Joaquim Jerónimo Silva Rosa “é transferido, como chefe de secção, primeiro para a Golegã, em finais de 1937 e depois para o Seixal, a seu pedido, em 1940. Em Janeiro de 1945 foi ocupar, em Lisboa, o lugar de ajudante de chefe da 1ª secção da secretaria do Supremo Tribunal de Justiça. Será ainda, em 1949, colocado no Tribunal de Recurso das Avaliações. “Por despacho de 16 de Abril de 1954 passa a chefe de secção do mesmo tribunal, sendo promovido a ajudante de 1ª classe em 14 de Fevereiro de 1955”. Em 1965 é transferido, a seu requerimento, para o 8º Juízo Correcional de Lisboa, sendo nomeado chefe de secretaria interino. Reformou-se em1967, com 37 anos de serviço.
Joaquim Jerónimo não deixou de visitar as terras da sua origem e de escrever na imprensa local. A título de exemplo, o Notícias de Penacova de 1947, e também o de 1962 e outros anos, foi noticiando a sua presença quer em veraneio na vila de Penacova, quer na Quinta da Cerca, em Lorvão.
Numa crónica, por si assinada no Notícias de Penacova de 27 de Julho de 1947 com o título “Grupo dos Amigos de Penacova”, associação ainda em embrião, promovida sobretudo por Manuel de Oliveira Cabral, escreve que todos não eram demais “para conseguir o objectivo, tão caro a cada um de nós, de tornar Penacova uma estância de repouso e turismo a sério.”
Faleceu em Lisboa a 12 de Julho de 1974. O funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério de Lorvão.