07 maio 2016

A terra tremeu em Carvalho

No dia 1 de Novembro de 1755 a terra tremeu em Portugal, com maior violência em Lisboa, mas por todo o país se verificaram inúmeros estragos com diversos níveis de gravidade.

Em Carvalho o abalo foi sentido seriam nove e meia da manhã. “Senti o primeiro tremor de terra, o qual durou meio quarto de hora, ou pouco mais, posto que com alguns muito pequenos intervalos”- escreveu o Prior Sebastião Soares D’ Eça. “O impulso foi como do centro da terra para o ar e não de um para outro lado.”- acrescenta.



Pormenor do documento existente no arquivo
nacional da Torre do Tombo



Recorde-se que a maior parte da informação acerca do sismo nos chegou através do inquérito realizado aos párocos das várias freguesias, cujas respostas foram compiladas no chamado Dicionário Geográfico de Portugal, elaborado pelo padre Luís Cardoso. O “interrogatório” compunha-se de três partes e pretendia saber as consequências do terramoto: a que horas principiou e o tempo que durou; se se percebeu que o impulso fosse maior do lado norte ou do lado sul; que número de casas arruinou em cada freguesia; se havia edifícios notáveis e o estado em que ficaram; que pessoas morreram e se alguma era distinta; que alterações se viram no mar, nas pontes e nos rios; se a terra abriu algumas bocas, o que nelas se notou e se surgiu alguma nova fonte; que providências se deram imediatamente em cada lugar pelo eclesiástico, militares e ministros; se aconteceram outros terramotos depois do acontecido no primeiro de Novembro; se havia memória de outros terramotos; que número de pessoas, de cada sexo, tinha cada freguesia; se houve falta de mantimentos; se houve incêndios, o tempo que duraram e os danos que fizeram.

Nesta freguesia “não houve ruína alguma total”, mas sabe-se que muitas casas apresentavam “notável ameaça de ruína” com “grandes brechas” e “falta de prumo”. De referir que das fontes saíram águas turvas. Diz ainda o Prior que “Nas paredes destas casas em que vivo” eram visíveis algumas “brechas quase da largura de dois dedos”. Em Carvalho “Não se experimentou falta de mantimentos, nem houve incêndio algum”.

Os abalos telúricos não se restringiram ao dia de Todos os Santos. “Aos quarenta/quarenta e um dias depois, pelas quatro horas depois da meia noite” ocorreu um segundo tremor de terra “que durou o espaço de doze minutos e com menos violência”. De treze para catorze de Janeiro sentiu-se um terceiro abalo “pela uma hora depois da meia noite, já com menos duração e força que o segundo”. É referido ainda um quarto, com “muito menos abalo” a 6 de Março pelas 8 horas da manhã.

À semelhança do que aconteceu por todo o país , também aqui se organizou uma “procissão pública”, e outros actos “penitênciais” como forma de “aplacar a Ira de Deus Senhor Nosso”. Recorde-se que a partir do dia 1 de Novembro, a Igreja Católica organizou uma série de procissões e também penitências para, precisamente, “aplacar a fúria divina”. O patriarcado de Lisboa terá mesmo criado uma oração dos terramotos que terminava com a seguinte prece: “(...) vos pedimos, que nos livreis dos tremores de terra, e nos conserveis sempre no verdadeiro temor e tremor do vosso santíssimo Nome, até à hora da nossa morte, Ámen”

O referido inquérito, mandado elaborar pelo Marquês de Pombal, tinha um prazo limite de resposta, sob pena de sanção para quem não o cumprisse ou decidisse não responder. Num texto distribuído na diocese de Coimbra, a pedido do Bispo, D. Miguel da Anunciação, dizia-se o seguinte:“ Fazemos saber que Sua Majestade é servido que Vossa mercê distintamente responda aos Interrogatórios seguintes e que nos mande a sua resposta, para nós a pormos na Sua Real presença, o que Vossa mercê fará dentro do espaço de um mês, aproveitando-se desse tempo para conferir os pontos duvidosos com pessoas inteligentes e peritas, que comuniquem a Vossa mercê a luz necessária para o acerto”





Carvalho, 28 de Abril de 1756
O Prior Sebastião Soares D'eça


No texto remetido em resposta, refere-se também existirem 325 indivíduos do sexo masculino e 359 do sexo feminino. Tem a data de 28 de Abril de 1756 e está assinado, como referimos, pelo Prior Sebastião Soares D’ Eça.

OBS: Nem de todas as freguesias do concelho de Penacova existem as respostas ao referido inquérito, no entanto as que se conservam e que foram por nós consultadas permitem extrair elementos não só curiosos como de valor histórico..


06 maio 2016

Fim do Mundo em Lorvão / Apontamentos para a compreensão do Apocalipse

Os Comentários ao Apocalipse constituem um conjunto de cópias de um texto elaborado por Beatus (séc. VIII) um monge do mosteiro de Liébana (província de Santander-Espanha) nos Montes Cantábricos.
   
Representação da mesma cena no Apocalipse de Lorvão (esq.)
e no Apocalipse da Catedral de Burgo de Osma
À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, Beatus vivia obcecado com o fim do Mundo, que deveria chegar, segundo se julgava, no fim da sexta idade, ou seja, no ano 6 000 da criação do Mundo, que coincidiria com o ano 800 depois de Cristo.
Mais tarde, já depois da sua morte, o facto de esta data ter passado sem que o mundo tivesse acabado levou outros autores com a mesma mentalidade a fazerem novos cálculos. Um novo recrudescimento da expec­tativa apocalíptica ocorreu nas vésperas do ano 1 000, que se prolongou ainda depois durante algumas décadas. Convencido que o Mundo iria acabar em breve, o monge de Liébana fez um comentário ao Livro do Apocalipse (um dos Livros da Bíblia), o qual  teve um enorme sucesso durante vários séculos, mas sobretudo até meados do século XI,  suscitando a proliferação de cópias diversas,  “profusamente” ilustradas (ou “iluminadas”). Através da imagem se mostravam as convulsões e catástrofes que iriam anteceder o regresso de Cristo no fim dos tempos, que estaria para breve, assim se pensava. Estes desenhos inspiraram novas representações, “que proliferaram com as suas variantes, qual delas mais dramática e impres­sionante, como que para, na sua materialização dos monstros, da crueldade e da violência, se libertarem catarticamente do medo da morte.”
Impressionam, de facto, as suas cores berrantes, a estilização dos gestos, a firmeza do desenho e sobretudo o tipo de cenas que exprimem o mundo sobrenatural. A preferência dos iluministas vai para a representação de uma solene liturgia em torno de Cristo, vista à imagem e semelhança das gran­des festas do calendário cristão ou das cerimónias da corte régia, as cenas de  batalhas cheias de cadáveres, de sangue e de crueldade, o espectáculo dos julgamentos, com os tormentos aos acusados e as condenações à morte, os monstros, que exprimem o absurdo da violência e da destruição.
O que mais abundam são estas cenas dramáticas. Nalgumas, porém, elas contrastam com cenas da vida quotidiana, para a representação da qual se escolhe de preferência, a ceifa do trigo, a vindima, o trabalho do lagar e, nalguns casos, a tarefa dos escribas numa biblioteca monástica, e também o homem, a mulher ou o casal a dormirem na sua cama. O terror espreitava o homem em qualquer situação. Os iluministas ímaginavam a perturbação e o medo de quem trabalhava ou dormia tranquilamente e era  surpreendido pela vinda repentina do inimigo. Embora o pretexto das representações gráficas do terror seja a antevisão do fim do Mundo, é evidente que se trata nos “apocalipses” de representar uma ameaça constante. Não tanto o medo da morte individual mas da morte colectiva, como, de resto, acontece no próprio texto do Apocalipse.
A vida quotidiana estava ameaçada pela catástrofe. Os anjos exterminadores, com as suas foices afiadas, vindimam as uvas maduras da vinha terrena. (Cf. Apocalipse,14:14-20) Os camponeses trabalhavam tranquilamente na vindima, na ceifa e no lagar, sem saberem que seriam em breve, surpreendidos pela morte. As iluminuras aí estavam para os lembrar que, conforme a insistente pregação da época, a iminência da morte era uma pesada ameaça.
A representação da vindima, da ceifa, do lagar, é muito frequente. Por exemplo, no Apocalipse da Catedral de Burgo de Osma, com data de 1086, encontramos uma cena muito semelhante à que o Apocalipse de Lorvão apresenta. Vários estudos têm vindo a fazer essa análise, em particular, bem como toda a carga histórica e cultural que este documento transporta. Não é, pois, por acaso, que o exemplar feito em Lorvão foi recentemente declarado Memória do Mundo pela Organização das Nações Unidas para a Eucação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) reconhecendo-o como um dos "mais belos documentos da civilização medieval ocidental".
.
Fonte principal deste texto: História de Portugal (1 volume - Antes de Portugal),  Dir. de José Mattoso, Círculo de Leitores.


29 abril 2016

A Revolta das Infantas (Teresa, Sancha e Mafalda)

D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques, morreu em Março de 1211. Tinha três filhos legítimos e para evitar problemas fez testamento determinando que o mais velho (Afonso) lhe sucederia no trono, deixando aos outros dois consideráveis quantias de dinheiro. Às filhas (Teresa, Sancha e Mafalda) legou grandes propriedades. Teresa recebeu o Castelo de Montemor-o-Velho e as terras em redor, Sancha ficou com a vila de Alenquer e Mafalda com os mosteiros de Bouças e de Arouca (e ainda a herdade de Seia.)

Afonso assinara o testamento mas não cumpriu totalmente a vontade do pai: entregou o dinheiro e as propriedades, sim, mas todos tinham de se submeter à sua autoridade. Apenas lhes deixou o rendimento, reservando para a coroa a autoridade sobre os homens e mulheres que viviam nesses domínios. O normal seria que quem detinha a posse da terra mandasse nas pessoas que lá viviam. Ora, Afonso II retirou essa prorrogativa. Profundamente descontentes, os irmãos partiram para o estrangeiro e as princesas lutaram durante muitos anos pelos seus direitos[i], dando origem a episódios bastante tumultuosos. Luta armada que ficou conhecida por “Revolta das Infantas”.

A nobreza dividiu-se: uma parte apoiava as pretensões de Teresa e suas irmãs, outra, defendia a posição de D. Afonso II. Lutas várias se sucederam entre os dois partidos. Conta o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro que entre Montemor e Coimbra se travou um desses combates.

Montemor estava cercada pelas tropas de Martim Anes de Riba de Vizela. Do lado de D. Teresa destacou-se Gonçalo Mendes de Sousa. Conduzindo uma surtida contra os sitiantes conseguiu afastar Martim Anes na direcção de Coimbra. O confronto físico deu-se já longe do Castelo. As forças leais ao rei foram desbaratadas. Faltava agora eliminar o chefe. Gonçalo Mendes persegue-o por montes e vales até chegar a uma zona pantanosa, provavelmente a área hoje conhecida por Paúl de Arzila. Dá-se o frente a frente.

"Defende-te traidor! Hoje mesmo entrarás no Inferno por teres esquecido o serviço do Rei pelas saias da Infanta mal casada!" – gritou Martim Anes. Mas Gonçalo Mendes investiu. Cego de raiva atirou a espada na direcção do inimigo com tal ímpeto que logo ali o derrubou. Cavalo e cavaleiro precipitaram-se no pântano. Alguns pastores que andavam ao longe ouviram gritos e relinches mas não assistiram à morte horrorosa de Martim Anes que se afundou na lama do pântano coberto de sanguessugas negras que lhe sugaram o sangue até à ultima gota”. [ii]



1 Na obra de Eça de Queiroz  A Ilustre Casa de Ramires são referidos, ao longo de diversas páginas, muitos destes episódios.
2  Cf.: José Mattoso, Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada:  Os Primeiros Reis – História de Portugal - 1º volume,   Editorial   Caminho,  1993




25 abril 2016

Orçamento Participativo de Penacova: listagem das propostas apresentadas

"O Orçamento Participativo de Penacova pretende envolver os munícipes na definição anual das prioridades de investimento público da autarquia." - é deste modo que começa por se apresentar este projecto concelhio.

A participação passa pela apresentação de propostas por duas vias: online e presencialmente (nos "Encontros de Participação" a realizar em todas as freguesias.) As propostas submetidas pela via electrónica serão sujeitas a uma pontuação pública, para determinar as que passarão à fase de análise técnica. A votação já começou e decorre até ao fim do mês.

Portugal destaca-se como “um dos países europeus com mais alta densidade de orçamentos participativos” – refere um estudo de Giovanni Allegretti e Nelson Dias sobre o fenómeno. Afirmam também aqueles investigadores que “é, de todas as formas, importante que se estejam a consolidar como um espaço que recupera para a acção política pessoas que estão descrentes do sistema democrático representativo”. Entre 2002 e 2013 foram 46 municípios e 19 juntas de freguesia a promover esta iniciativa que agora chegou também a Penacova.

Apresentamos uma síntese das propostas feitas online e que já se encontram abertas à votação dos munícipes. Para mais e melhores esclarecimentos remetemos para a consulta do respectivo site: http://op.cm-penacova.pt/

Títulos  das  propostas e nome dos seus signatários:   

1 Orquestra de Sopros e Percussão de Penacova
Emídio Joel Cunha Rodrigues
2 Construção de albergue para Animais incluindo canil e gatil.
Susana Maria de Matos Lopes / Telma Alves
3 Campo de Jogos - Penacova
Bruno Gonçalo dos Reis Barros
4 Passadeira na zona dos Bombeiros Voluntários
António Almeida Soares
5 Campo de Ténis em Figueira de Lorvão
Daniel Marques da Silva
6 Ações de Promoção do Concelho de Penacova
Simão Santos
7 Desenvolvimento sustentável - Uma responsabilidade de todos
               Distribuição de um kit de reciclagem caseira
Francisco Miguel Rodrigues Lopes
8 Mini campo de futebol de Sazes
Jacques Brebant
9 Vila histórica
              Vila mais bonita e mais apelativa
Sónia Amaral
10 Ciclovia EN110
               Aproveitamento da EN110 para a prática de ciclismo/cicloturismo
Pedro Viseu
11 Parque infantil
     (na vila)
Cátia da Mota Cardoso
12 IMI
               Propõe-se que o valor monetário disponível no OP fosse utilizado, ou em parte, na redução do  valor  do IMI para famílias com filhos.
Fernando Manuel Duarte Sousa
13 Criação de gabinete para prestação de cuidados de saúde (Fisioterapia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e Psicologia)
Maria Teresa dos Santos Morgado Martins
14 Trilhos do Alva  (trilho/percurso junto ao rio)
Pedro Miguel Nogueira Henriques
15 Regeneração do Parque Municipal
Pedro Fonseca
16 Melhoria dos transportes públicos
Inês Frade
17 Estrada à beira-rio (Ronqueira)
António José Flórido Batista
18 Hotel de Penacova
              Obras no Hotel de Penacova.
Isabel Lopes
19 Zona balnear na Ribeira do Chorão
Rui Fernando Simões Jordão
20 Circuito de Manutenção
               Lorvão - Chelo - Rebordosa - Caneiro.
Jorge Manuel da Fonseca Neves
21 Centro de Estudos
Margarida Isabel Duarte Sousa Brito
22 Acesso ao Parque de Estacionamento
António de Miranda
23 Reabilitação da Foz da Ribeira D`Arcos – Rio Mondego, Foz do Caneiro
Maria da Conceição Veiga Reis
24 Rede partilhada de transportes públicos
Cláudia Isabel Marques de Oliveira
25 Requalificação do estacionamento junto às Piscinas Municipais
Cláudia Patrícia Henriques da Silva
26 Renovação das árvores do mirante Emídio da Silva
Luís de Jesus Oliveira Amaral
27 Requalificação da iluminação pública na freguesia de Sazes do Lorvão.
Diogo Filipe SImões da Silva
28 Museu da Lampreia
Luís Manuel Simões Pereira
29 Festival do Frio
              Música e artes
Sandra Henriques
30 Proposta de criação de espaços para alojamento Low Cost em Penacova
              Construção de uma zona com bungalows em madeira
Patrique Henrique Rodrigues Maia
31 Remodelação das Piscinas Municipais de Penacova (número de pistas)
Sérgio Fernando Batista Carvalho
32 Criação de Piscinas Flutuantes - Praia do Reconquinho
Maria Esmeralda Gomes Cruz
33 Museu do palito, etnográfico, preservação de usos e costumes (Lorvão)
Lina Maria Pisco Felix Viseu Fernandes
34 Sinalética do lugar de Miro
Manuel Cunha Pinheiro Nogueira
35 Afixação de números de porta (personalizados) na aldeia de Miro
Isaura Nogueira
36 Cápsula de Vidro - Meeting Point Penacova na Livraria do Mondego.
Rita Cassilda Rodrigues Duarte
37 Construção de um parque infantil público em Aveleira
Tânia Alexandra Maia Rodrigues
38 Skate Parque
Francisco Seco da Costa
39 Campo Escutista em Penacova
Cátia Costa
40 Melhoria de condições de segurança de extensão de caminho municipal entre Hombres e Laborins
António Henriques Marques
41 A reconstrução do campo da equipa Salgis
Diogo José Neves Tavares
42 Rede de Circuitos/Ginásio de Manutenção Física ao Ar Livre
               Parque Verde de Penacova
Ana Filipa Simões
Adenda: 
43 Percursos Pedrestres e Percursos de Bicicletas

Fábio José Pereira da Fonseca

24 abril 2016

Coral Divo Canto assinalou 13º Aniversário

O Coral Divo Canto assinalou ontem o seu 13º aniversário, organizando o já habitual Encontro de Coros. Nesta edição, marcaram presença o Coral Stella Maris, de Peniche, e o Orfeão de Seia. Endereçamos os nossos sinceros parabéns, não apenas por estarmos em fase de aniversário, mas também porque o grupo tem vindo a revelar um crescendo de qualidade, afirmando-se assim como digno “embaixador cultural” de Penacova nos mais variados palcos nacionais e internacionais. Depois de partilharmos com os nossos leitores um conjunto de imagens do espectáculo que decorreu no Centro Cultural de Penacova, faremos uma breve resenha do seu percurso e recordaremos alguns dos momentos do grupo expressos em fotos, cartazes e recortes de jornal.


Stella Maris - Peniche


Orfeão de Seia


Coral Divo Canto





A seguir: sessão comemorativa do Aniversário

Vereadora da Cultura de Penacova enaltecendo
o trabalho do Divo Canto



BREVE HISTORIAL DO GRUPO:

A origem do Coral Divo Canto da Casa do Povo de Penacova esteve num grupo de pessoas de várias localidades com a mesma paixão pela música que, todos os anos, na época natalícia, se juntavam para participar, conjuntamente com a Filarmónica daquela Casa do Povo.

A oficialização do grupo coral remonta ao ano de 2003, depois de apresentado o projecto da Casa do Povo à Câmara Municipal de Penacova. O então vereador da cultura, Prof. António Simões e o presidente da Câmara, Engº Maurício Marques, apoiaram desde logo este projecto. O seu primeiro ensaio, como “Coro Poliphónico da Casa do Povo de Penacova”, foi no dia 2 de Abril de 2003, tendo começado com 35 elementos. Nuno António Campos que também dirigia a Filarmónica, foi o primeiro maestro. Teve a sua primeira actuação a 24 de Abril de 2004, faz hoje 12 anos, apadrinhada pelo grupo coral da Carapinheira.

Desde então a sua actividade tem vindo a crescer com actuações a nível concelho, nacional e internacional apresentando um repertório bastante diversificado: composições clássicas, contemporâneas, tradicionais portuguesas, sacras e profanas. O Coral Divo Canto tem feito um importante trabalho de sensibilização das pessoas do concelho de Penacova para a música coral, realizando frequentemente concertos nas diferentes freguesias. Organiza anualmente o Concerto do seu Aniversário, o Encontro de Coros de Penacova e um Concerto de Natal para os quais convida coros nacionais e estrangeiros. Em 2015 constituiu-se como Associação Cultural.

O grupo já teve oportunidade de trabalhar com várias direcções artísticas, nomeadamente com o Maestro Gonçalo Rocha e com o Prof. Celestino Maria Ortet. Actualmente é dirigido pelo Maestro Pedro André Rodrigues.
























20 abril 2016

CARTAS BRASILEIRAS: 367 x 137

Caros leitores:

Costumeiramente, as cartas se iniciam perguntando ao destinatário como estão todos, se tudo anda bem, a saúde, os negócios, os filhos e netos. Pergunta-se até como são enfrentadas as dificuldades provocadas pela recessão e desemprego. Só então se revela como está passando, e assim vai, praticamente, na mesma ordem das perguntas que fez.



Pois bem, subentendidas as primeiras, digo, estamos todos bem, a saúde vamos levando, um tropeço aqui, uma queda acolá; afinal, passados mais de setenta giros em torno do Sol, o “bicho começa a pegar”, como dizemos aqui, a dizer que o peso da idade acaba chegando. Aposentados, vivemos da merreca que nos pagam, os filhos continuam na luta diária, os netos, esses cada vez mais graciosos e inteligentes.

O Brasil vive um momento difícil economicamente, fruto do desarranjo promovido pelas medidas desastrosas tomadas pelo governo, notadamente, a partir do último ano do mandato anterior de Dilma; conhecida como “o poste” inventado por Lula. Explico: dizia-se que quem fosse indicado por Lula para qualquer cargo seria eleito, dado o prestígio conquistado nos meios mais carentes com a implantação do Bolsa Família, e é claro, puxado pelo desempenho da balança comercial, quando a China comprava tudo o que via pela frente.

O escândalo do Mensalão, já no primeiro governo Lula, do qual, milagrosamente, saiu ileso, foi um aviso de que a gestão pública não era das melhores; a economia mundial foi a malha protetora.

Na sequência, escândalos cada vez maiores começaram a explodir no governo Dilma, apontados pelo processo da Lava-Jato (lavagem de dinheiro rápida), conduzido por um jovem juiz, Sérgio Moro. Pego o fio da meada, puxou-se o novelo todo; cada dia um novo roubo, desvios, superfaturamentos, propinas. Mesmo não tendo sido alcançada nas investigações, e de nada tenha sido acusada, fica difícil isentá-la completamente de culpa, afinal, os altos cargos ainda que indicados por políticos da base aliada, têm que ter o crivo presidencial. A Petrobras, nossa maior empresa, vítima do escândalo do Petrolão, está em frangalhos, a economia um fracasso, 10 milhões de desempregados, estimam mais 3,7 milhões até 2017, aumento de empregos informais, inadimplência crescente.

No entanto, se disso Dilma se safou, acabou sendo pega em crimes de responsabilidade, ao autorizar créditos fora do orçamento, sem consultar o Congresso, bem como por tomar empréstimos em bancos oficiais, o que é proibido pela legislação. Por tais crimes, como previsto na Constituição, a Câmara Federal, no dia 17 de abril, acatou o processo de “impeachment”, por 367 votos a 137, 7 abstenções e 2 ausências.

O passo seguinte: o processo será encaminhado ao Senado, e se admitido, será julgada, podendo perder o mandato conquistado nas urnas, em uma das eleições mais disputadas da história do Brasil, mas que teve sua legitimidade contestada por descumprir a Constituição Brasileira.

Desejando que as coisas andem bem aí, rezando para que melhorem aqui, envio a todos o meu abraço. P.T.Juvenal Santos – ptjsantos@bol.com.br

PODE TAMBÉM VER: 

      

17 abril 2016

Toponímia Coimbrã: António José de Almeida, a Rua e o Busto


É num pequeno largo, no cruzamento das Ruas António José de Almeida e Nicolau de Chanterene que encontramos um busto de António José de Almeida. A rua com o seu nome existia já desde os inícios da década de trinta do século passado. A deliberação da Câmara Municipal de Coimbra data de 16 de Julho de 1931.A abertura desta nova artéria da cidade inseriu-se no surto de construção na zona de Celas e Montes Claros.


Bustos de António José de Almeida: 
em Coimbra (à esquerda) e em Penacova (à direita)

O busto, moldado em bronze, foi inaugurado a 5 de Outubro de 1984. Trata-se de uma obra de Cabral Antunes muito semelhante (ou mesmo cópia) à que se encontra no Largo Alberto Leitão em Penacova (5 de Outubro de 1976) e que também é da autoria do mesmo escultor.

Assenta sobre um “pedestal paralelepipédico vertical, integrado num canteiro, que se encosta a um elemento parietal em alvenaria rebocada, ligeiramente curvado, contendo uma pequena lápide em pedra com uma inscrição alusiva ao homenageado, ladeada por duas fitas metálicas com as cores da bandeira nacional.” – refere um documento do Ministério da Cultura.

Busto de António José de Almeida em Coimbra


Localização da Rua António José de Almeida