Três dos ex-libris de Penacova / Av. Abel Rodrigues da Costa |
17 maio 2015
01 maio 2015
O QUE RESTA DO PAÇO DOS DUQUES DE CADAVAL
Fonte da Granja |
Quem não conhece
a Fonte da Granja? Pensar-se-á que não passa de mais uma construção ao longo da
Estrada Verde (N110). Para uns, aquele arco foi simplesmente talhado aquando da
construção do chafariz. Para outros, seria
originário de Lorvão, tal como as colunas do Mirante Emídio da Silva.
Ora, o arco
que ali se conserva contém em si a memória de uma parte importante da história
de Penacova. As colunas do Mirante, essas sim, terão essa origem, mas no caso
da Fonte da Granja, aquele pormenor não será mais do que (possivelmente o
único) vestígio do Paço dos Duques de Cadaval. Esta informação consta de uma
obra do nosso ilustre conterrâneo, Catedrático de História, Nelson Correia
Borges.
É também de
um outro penacovense ilustre, Dr. José Albino Ferreira [1],
o texto que a seguir transcrevemos e que nos fornece informações preciosas
sobre a influência dos Duques de Cadaval em Penacova. Conta então, José Albino
Ferreira:
Com a implantação do regime liberal,
pela vitória definitiva do partido constitucional, por toda a parte se refundiu
e transformou a vida social dos portugueses. As antigas casas dominantes
desapareceram ou decairam. As fortunas das famílias antigas que em geral se
mantiveram ligadas ao partido miguelista estavam muito comprometidas por
virtude das invasões francesas e depois pela guerra civil.
Em Penacova aconteceu o mesmo. Eram
donatários da vila de Penacova, primitivamente, os condes de Odemira. Esta casa
fundiu-se mais tarde, por casamento, com dos duques de Cadaval e assim ficou a
ser donatário de Penacova o Duque de Cadaval. Era este Senhor que superintendia
em todos os serviços judiciais e administrativos. Nomeava o Juiz e demais
funcionários públicos.
Tinha em Penacova o seu Paço, com
capaela anexa, no sítio onde agora está a Casa do Tribunal[2].
Tinha em Penacova o seu capelão e procurador, pois era proprietário de muitas
terras, lagares e azenhas, e recebia delas as rendas e foros.
O Duque de Cadaval era o Governador Militar de Lisboa
quando os miguelistas foram vencidos pelas tropas liberais em Almada. Como
visse que não podia manter-se em Lisboa, retirou com as tropas fiéis, e assim,
depois da Cionvenção de Évora Monte e termo da Guerra Civil, emigrou para
França, não voltando a Portugal.[3]
Como consequência, resolveu o Duque de Cadaval vender
todos os bens que possuia em Penacova.
Fotomontagem: Penacovaonline |
O Paço foi destruido por um incêndio e depois vendido
à Câmara de Penacova, que ali construiu[4] o
edifício dos Paços do Concelho e o Largo Fronteiro que hoje tem o nome de
Largo Alberto Leitão.
Tinha a Casa de Cadaval uma Capela
anexa ao Paço, que foi destruída pelo incêndio, uma capela lateral na Igreja de
Penacova, onde ainda está o escudo das armas dos Duques de Cadaval. É uma
capela ampla com sacristia. O estilo é de boa renascença.
Com o desaparecimento da fortuna da
Casa de Cadaval em Penacova, desapareceu o capelão, o procurador e e mais
pessoal. Com o incêndio desapareceram muitos documentos que, certamente,
dariam luz para a história de Penacova.
[1] Oriundo
da freguesia de Sazes, era formado em Direito, foi notário em Penacova e foi
também Presidente da Câmara quer no tempo da monarquia (era-o aquando da inauguração do Mirante) quer mais tarde já no regime republicano. Curiosamente também era Padre (sem
paróquia atribuída mas celebrava missa). Personalidade marcante do nosso
concelho e tão pouco conhecida e valorizada.
[2] Texto
escrito nos anos quarenta do séc. XX
[3] Ainda hoje a Família Cadaval vive em
França e só vem a Portugal com curta demora.,; mas conserva o seu apego à
pátria. Os varões, chegando à idade própria, cumpremos seus deveres militares,
segundo me consta.
[4] Inaugurado
a 1 de Janeiro de 1869 sendo presidente da câmara Constantino Almeida Amaral.
25 abril 2015
O 25 de Abril de 1974 em Penacova
Como em muitos pontos do país, a
notícia da Revolução foi recebida em Penacova com um misto de entusiasmo e de
apreensão por parte da população em geral.
Foi só no dia 1 de Maio que as manifestações públicas e mais significativas se fizeram sentir. Neste dia, muitas pessoas se concentraram em frente da Câmara Municipal e de seguida tomaram parte numa sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Foi enaltecido o Movimento das Forças Armadas e foi eleita uma Comissão para gerir o Município (recorde-se que o Presidente da Câmara no momento do 25 de Abril era o Dr. Álvaro Barbosa Ribeiro).
Dessa Comissão faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa.
Tomou posse a 2 de Maio e de entre os seus elementos foi escolhido para presidir à mesma o Dr. Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. O terceiro elemento com mais responsabilidades no executivo passou a ser também o Engº Castro Pita.
Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português era professor e director do Ciclo Preparatório de Penacova desde 1971.
Perante as dificuldades em satisfazer os anseios das populações e também confrontados com algumas atitudes como aquela em que Castro Pita foi agredido em plena sessão da Câmara, a Comissão apresenta a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se entretanto em funções por mais algum tempo. Em entrevista concedida em 2002 ao Jornal de Penacova, Teófilo Marques recorda o ambiente que se viveu em Penacova no 25 de Abril.”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril. Por mim, eu já há muito que assumia a minha tendência para as ideias de esquerda.”
Consumada a intenção de se demitir, a Comissão, reunida com os representantes locais dos Partidos entendeu indigitar para Gestor Municipal, o 1º Sargento de Infantaria, José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril e 31 de Dezembro de 1976.
Refere o jornal Notícias de Penacova que “depois de muito instado e sendo indivíduo sempre pronto a dar o seu melhor a bem do País, militar irrepreensível, acabou por aceitar e a população penacovense congratulou-se com o facto; estava garantida a continuidade da obra municipal, iniciada pela Comissão Administrativa cessante e que neste jornal foi bem demonstrada.”
Foi só no dia 1 de Maio que as manifestações públicas e mais significativas se fizeram sentir. Neste dia, muitas pessoas se concentraram em frente da Câmara Municipal e de seguida tomaram parte numa sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Foi enaltecido o Movimento das Forças Armadas e foi eleita uma Comissão para gerir o Município (recorde-se que o Presidente da Câmara no momento do 25 de Abril era o Dr. Álvaro Barbosa Ribeiro).
Dessa Comissão faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa.
Tomou posse a 2 de Maio e de entre os seus elementos foi escolhido para presidir à mesma o Dr. Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. O terceiro elemento com mais responsabilidades no executivo passou a ser também o Engº Castro Pita.
Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português era professor e director do Ciclo Preparatório de Penacova desde 1971.
Perante as dificuldades em satisfazer os anseios das populações e também confrontados com algumas atitudes como aquela em que Castro Pita foi agredido em plena sessão da Câmara, a Comissão apresenta a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se entretanto em funções por mais algum tempo. Em entrevista concedida em 2002 ao Jornal de Penacova, Teófilo Marques recorda o ambiente que se viveu em Penacova no 25 de Abril.”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril. Por mim, eu já há muito que assumia a minha tendência para as ideias de esquerda.”
Teófilo Luís Alves Marques da Silva (2 de Maio 74 a Agosto de 75: nesta data pede a demissão ficando em funções durante mais algum tempo)) e José Alberto Costa (24 de Abril de 76 a 31 Dez 76) |
Consumada a intenção de se demitir, a Comissão, reunida com os representantes locais dos Partidos entendeu indigitar para Gestor Municipal, o 1º Sargento de Infantaria, José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril e 31 de Dezembro de 1976.
Refere o jornal Notícias de Penacova que “depois de muito instado e sendo indivíduo sempre pronto a dar o seu melhor a bem do País, militar irrepreensível, acabou por aceitar e a população penacovense congratulou-se com o facto; estava garantida a continuidade da obra municipal, iniciada pela Comissão Administrativa cessante e que neste jornal foi bem demonstrada.”
12 abril 2015
Cartas brasileiras: Não me importam os motivos
Santo Deus, e meus ouvidos! Pelo que está escrito no Apocalipse, é
sofrimento para ninguém botar defeito. Os anjos chegarão fazendo muito barulho;
na primeira trombeta o fogo jogado sobre terra irá causar “um arraso”,
queimará um terço das árvores e das ervas. Na segunda trombeta, lança-se fogo e
sangue sobre o mar, matando um terço das criaturas e destruindo um terço dos
navios. E em cada uma delas, até à sétima, desgraças para ninguém botar
defeito. Quando o terceiro anjo tocar sua trombeta cairá do céu uma
grande estrela ardendo como uma tocha, cairá sobre a terça parte dos rios, e
sobre as fontes das águas. Ao som da quarta trombeta o Sol a Lua e as estrelas trarão
escuridão, um terço do dia parecerá noite. Ainda com os ouvidos doendo, com os
tímpanos quase estourados, ouviremos a quinta trombeta anunciando uma estrela
que caindo do céu abrirá um grande abismo; gafanhotos e escorpiões cobrirão a
terra, quem não tiver o sinal de Deus na testa pode esperar o pior. Na sexta trombeta
mais dor. Das cabeças dos cavalos, como cabeças de leões, sairão fogo e
enxofre. Nessa altura um terço dos homens já terá morrido. Não bastassem os
ouvidos, a dor não irá parar com a sétima, a trombeta final anunciando o novo
reino do Senhor.
clique na imagem para ouvir |
Será que não daria para trazerem junto Artie Shaw e sua
orquestra, quem sabe Benny Godman. Por que não Ray Anthony! Talvez Lester
Young. As opções são tantas que não há desculpas; dispenso os motivos; por Deus
apenas façam. Ou não basta ouvir as ambulâncias desesperadas gritando pedindo
passagem, presas pelo trânsito caótico, lá dentro uma mulher para dar a luz, um
idoso nos últimos suspiros ou uma criança chorando.
P.T.Juvenal Santos ptjsantos@bol.com.br
09 abril 2015
Lorvão: Memória e Tradição
Em parceria com a Associação
Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, o município de Penacova, promove, no âmbito das Comemorações dos 300
anos da Trasladação das Santas Rainhas Teresa e Sancha, e do Dia Internacional
dos Monumentos e Sítios, o Colóquio Internacional "Lorvão: Memória e
Tradição", bem como um conjunto de outras iniciativas, anuncia a página da Câmara Municipal.
Fica a transcrição:
Fica a transcrição:
Tendo como objetivo, nas palavras de Fernanda Veiga,
Vereadora da Cultura do município, "sensibilizar os cidadãos para a
importância do património na nossa sociedade, o tema do Dia Internacional dos
Monumentos e Sítios - "Conhecer, Explorar, Partilhar" - chama a atenção para a necessidade de conhecermos o
Património e a sua potencialidade enquanto recurso vital para um
desenvolvimento harmonioso, bem como para a imprescindibilidade de o
partilharmos, entendendo-o como legado e possibilidade de futuro.
É neste âmbito e, tendo como, premissa base a importância do
conhecimento, para melhor explorar a potencialidade dos recursos patrimoniais
na sociedade contemporânea, partilhando ideias, saberes, perspetivas,
preservando a identidade local e a ligação profunda às comunidades, que nos
dias 17 e 18 de abril, o município de Penacova comemora o seu Património, com
um programa dirigido a todos os públicos e que terá como, expoente, o Colóquio
Internacional "Lorvão: Memória e Tradição", que terá lugar pelas
14H30, do dia 17 de abril, no Mosteiro de Lorvão".
O colóquio, cuja sessão de abertura será presidida pelo
Presidente do município de Penacova, Humberto Oliveira, conta, na sua Sessão de
Abertura, com a presença de representantes da Junta de Freguesia de Lorvão, da
Direção Regional da Cultura do Centro, da Consejeria de la Cultura da Junta de
Castilla y Léon, do Ayuntamiento de Cabezón de Pisuerga, da Associação
Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, será moderado pelo Prof. Doutor Luís Reis
Torgal, tendo como intervenientes: Arq. Fábio Nogueira, "A Evolução do
Mosteiro e o Condicionalismo que impôs ao lugar de Lorvão"; Mestre Paula
Silva, "Cultura e Património Imaterial de Lorvão"; Prof. Doutor
Humberto Figueiredo, "O Património, as Comunidades e o
Desenvolvimento"; D. Victor Pesquera, "A História do Mosteiro de
Santa Maria de Palazuelos". Às comunicações dos palestrantres seguir-se-á,
um momento para debate, após o que será realizada uma visita guiada ao Mosteiro
de Lorvão e sua envolvente.
Ainda no dia 17 de abril, e logo pela manhã, o Projeto
PENANIMA, realizará uma recriação histórica no Pátio do Mosteiro de Lorvão,
dirigida ao público infantil e, à noite, pelas 21H30, a Igreja do Mosteiro de
Lorvão será palco, pelas 21H30, de um Concerto realizado em parceria pela
Escola de Artes de Penacova e o Conservatório de Música de Coimbra, com a
apresentação das classes do Prof. Rodrigo Carvalho e das Profs. Joaquina Ly e
Maria José Nogueira, respetivamente. A segunda parte do concerto estará a cargo
dos Profs. Rodrigo Carvalho e Júlio Dias.
No dia 18 abril, o município promove, a partir das
09H30, uma Caminhada na Ribeira de
Arcos, seguida de Almoço no Forno Comunitário de Lorvão. Os interessados em
participar nesta iniciativa deverão concentrar-se pelas 09H00 em Penacova
(saída dos autocarros junto ao edifício da Câmara Municipal de Penacova) ou em
Lorvão, pelas 09H15 (saída dos autocarros junto ao Mosteiro de Lorvão).
A participação no Colóquio "Lorvão: Memória e
Tradição", bem como na "Caminhada na Ribeira de Arcos" é de
acesso gratuito.
As Comemorações dos 300 anos da Trasladação das Santas
Rainhas Teresa e Sancha decorrerão até 18 de outubro, com um conjunto de
iniciativas culturais, religiosas e gastronómicas diversificadas, organizadas
em parceria entre o Município de Penacova, a Associação Pró-Defesa do Mosteiro
de Lorvão e a Paróquia de Lorvão, contando com o apoio institucional da Junta
de Freguesia de Lorvão, Direção Regional da Cultura do Centro, Diocese de
Coimbra, Grupo Etnográfico de Lorvão, Filarmónica Boa Vontade Lorvanense e
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova.
FONTE: site da Câmara Municipal
04 abril 2015
26 março 2015
Jornal Notícias de Penacova: 26 de Março de 1932 - 28 de Dezembro de 1978
A primeira página do nº 1 (26 de Março de 1932) |
O Notícias de Penacova, veio a lume pela primeira vez, a 26 de Março
de 1932 Faz, portanto, hoje, 83 anos. Teve uma existência de quase meio século.
O primeiro director e
proprietário foi José de Gouveia Leitão (que, recorde-se, era filho do Conselheiro Artur Leitão e foi
Presidente da Câmara). O editor era João Simões Barreto (que também estivera
ligado ao Jornal de Penacova). João
Barreto era Fiscal dos Impostos, escritor e fotógrafo amador. Como redactor principal
encontramos o nome de Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, natural de Lorvão (casado
com a escritora Lúcia Namorado, prima de Maria Lamas e mais tarde fundadora da
Revista Os Nossos Filhos). Na altura
era escrivão do Julgado Municipal de Penacova. O administrador era o professor
e delegado da Junta Escolar, José Joaquim Nunes.
Apresentou-se como ‘’Semanário
Regionalista” e ao mesmo tempo "integrado na corrente que de norte a sul” se desenhava.
Passado um ano de publicação, assume-se como afecto do “nacionalismo
triunfante”.
Até 1937 coexistirá com o Jornal de Penacova num clima de alguma
tensão. Em 1936 a direcção passa de J. Gouveia Leitão para Monsenhor José de
Oliveira Machado.
Nas últimas décadas de existência
será marcado pelas figuras do Professor e Delegado Escolar Joaquim de Oliveira
Marques e do Padre Manuel Marques (que assinava as suas escritas como Manuel do
Freixo). Este padre, natural de freguesia de Figueira de Lorvão, escreveu durante
muitos anos no bem conhecido “Amigo do Povo” a crónica À Sombra do Castanheiro
/ Ao calor da Fogueira. O Arcipreste, e mais tarde Cónego, Manuel Vieira dos Santos foi também seu proprietário. Era natural de Santa Catarina da Serra, ali perto de Fátima, onde está sepultado, .
Com a morte deste, em 1966, a
gestão passou para a Paróquia de Penacova.
Após o 25 de Abril de 1974 Joaquim de Oliveira Marques é “saneado” e os seus
directores passarão a ser os sucessivos párocos de Penacova.
Por motivos financeiros, conforme oficialmente
anunciado, terminará em 8 de Dezembro de
1978.
22 março 2015
Penacova rural: início dos anos oitenta
FOTOGRAFIAS DE VARELA PÈCURTO* RECOLHIDAS NO CONCELHO DE PENACOVA NO INÍCIO DOS ANOS OITENTA |
O MEIO RURAL EM PORTUGAL
“Como faz notar F. O. Baptista (1996: 53), na primeira metade dos anos
setenta (1970/74), a superfície semeada anualmente no Continente já baixara 23%
relativamente a 1960/64, e, em 1985/88, esta quebra era já de 45%. Entretanto,
compram-se muito mais adubos, pesticidas, motores e tubos de pvc para rega, e
tractores.
Em 40 anos a química e a
mecânica instalam-se nos campos. Da vila ou da cidade chegam também sementes,
rações e gasóleo.
É a mudança tecnológica bem patente na percentagem dos consumos intermédios
na produção final da agricultura, que passa de 6% em 1950 para 45% em 1990 (F.
O. Baptista, 1996: 40).”
in O MEIO RURAL
EM PORTUGAL: ENTRE O ONTEM E O AMANHÃ - Comunicação apresentada por José Portela (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
ao Seminário Internacional A Revitalização do Mundo Rural e o Ordenamento do
Território, Lisboa, 15-17 de Maio de 1997.
* publicadas no livro Penacova de Varela Pècurto,
edição Hilda, Coimbra 1984
edição Hilda, Coimbra 1984
18 março 2015
Cartas Brasileiras
Crónica de
Paulo Santos
DEVOLVA O ANEL
Vozes irão se levantar para dizer que a estranheza não é de hoje, começou em 1808, com a chegada
de Dom João VI e sua a corte, e que o “apadrinhamento”, inchaço da máquina
pública, vem desde aquela época, pois que na fuga de Portugal, entre 10 e 15
mil portugueses vieram para o Brasil. Claro, o “povo” lá ficou não por não
temer Napoleão, mas por tão ter como vir.
O tal “déficit público”
é herança maldita; treze anos após a
chegada da Família Real o buraco no orçamento tinha aumentado mais de vinte
vezes. Já naquele tempo contratavam
artistas com o dinheiro “da viúva” e esbanjavam o que não tinham com viagens
dos integrantes da “corte” (um dia vi pela TV Senado aprovarem o requerimento
para que um senador se ausentasse do país para participar de um congresso em
Saigon; 30 dias!).
O Banco do Brasil criado em
1808 estava arruinado em 1820, seus depósitos em ouro, que serviam para de
garantia para a emissão de moeda, representavam apenas 20% do total em dinheiro;
80% era “moeda podre”. Não fizeram o reajuste fiscal!
A “caixinha” corria solta nas concorrências e pagamentos dos
serviços públicos; se o interessado não “comparecesse” com os 17% os processos
simplesmente paravam de andar. Portanto, por que reclamar tanto do que acontece
na Petrobrás!
Ora, como se vê, dirão para se justificar, as coisas por aqui
desandam desde o tempo da coroa. Verdade! Os que aí estão não foram os únicos,
mas isso pouco resolve, não limpa a alma de ninguém; padrões éticos estão mais
na vergonha de cada um.
Imagine, alguém que tendo cometido um assalto com sua quadrilha, presenteia
a mulher com o anel de brilhante que roubou! Ainda que ela desse uma de Dona
Maria, a louca, e dissesse que não sabia que o marido era ladrão, que o anel
era roubado, ou preferisse desconhecer a origem do bagulho, poderia querer ela ficar
com o produto do roubo! Certamente que não, diremos nós; há os que acham que
pode.
Tudo bem que não deva ser presa, pensamos nós, mas que devolva o
anel!
P.T.Juvenal Santos
_________________________________________
Nota: 1) As citações sobre a chegada da
família real foram obtidas no livro 1808 de Laurentino Gomes, um livro de história do Brasil e Portugal, publicado em
2008. O autor recebeu o prêmio de melhor Livro de Ensaio da Academia Brasileira
de Letras e Prêmio Jabuti de Literatura. Escreveu 1882 e 1889 completando a
trilogia.
CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR O VÍDEO |
Nota: 2) Dia 15 de março de 2015, a população saiu às
ruas no Brasil para protestar contra a corrupção, contra o verdadeiro assalto
cometido contra a Petrobrás, a nossa empresa queridinha. O Ministério Público,
recebendo as denúncias da chamada Operação Lava Jato indicia por diversos
crimes, empreiteiros, diretores da
Petrobrás e políticos. O esquema enriquecia os donos das empreiteiras, os
diretores da Petrobrás, e fornecia dinheiro para partidos políticos
principalmente para os integrantes da base aliada do Governo: PT. PMDB e PP,
financiando inclusive campanhas eleitorais.
É disso que trata o vídeo.
16 março 2015
Bizarros comportamentos com 480 milhões de anos
Ainda sobre o assunto que temos vindo a tratar relacionado com a tal "Pedra Curiosa", acrescentamos hoje mais alguma informação, especialmente dedicada àqueles que estão empenhados e estão a levar a sério a hipótese de termos na Livraria do Mondego mais um elemento que enriquecerá aquele local. Poder, aí, onde há 100 anos foi encontrado, observar aquele icnofóssil (ou uma réplica) ainda preservado e visitável no Museu Geológico da Universidade de Coimbra, seria sem dúvida mais um ponto de interesse a acrescentar àquele sítio.
O texto que se segue, referente a Penha Garcia, muito bem se poderia aplicar à Livraria do Mondego, dado que as condições materiais e temporais são as mesmas. Por isso onde se lê Penha Garcia, poderíamos ler Livraria do Mondego, Entre Penedos...
Icnofósseis de Penha Garcia
Cruziana furcífera - Penha Garcia Fotografia de Pedro Martins |
Penha Garcia há 480 milhões de anos. Um mar negro pela noite
austral é varrido por ventos ciclónicos que erguem ondas colossais. Nesta
paisagem de trevas , pouco mais se vislumbra do que pequenos baixios arenosos
despojados de vida, um mar gélido estende-se para além do horizonte. Terra
firme existe a algumas centenas de quilómetros, uma gigantesca massa
continental onde se individualizam apenas maciços rochosos, desertos pedregosos, lagos e rios cor de terra. O verde não existe.
As primeiras plantas terão um papel decisivo na formação e
fixação de solos apenas 65 milhões de anos mais tarde.
Assim, pouca coisa vai sucedendo na terra, para além de uma rápida
erosão causada pelos rios numa paisagem desértica.
Abaixo da superfície líquida crispada, a vida floresce e fervilha de emocões. Colónias de vermes poliquetas
e foronídeos sedentários estendem os seus apêndices plumosoas às correntes
marinhas a partir das suas tocas verticais
ou em forma de U, quais redes para a pesca de minúsculas partículas orgânicas em suspensão
nas águas agitadas.
A passagem de um grande artrópode filocarídeo ( semelhante a um camarão
encerrado numa concha) nadando sobre estas colónias de “pescadores” faz com que , num piscar se olhos, os poliquetas e foronídeos se escondam no
interior dos seus tubos escavados nos fundos arenosos.
As fortes correntes de fundo que modelam a areia numa sucessão
de cristas paralelas e levantam nuvens de finas partículas também são o fulcro
do alimento para os braquiópodes linguliformes. No entanto estes seres vivem
enterrados na areia no interior da sua concha
bivalve, mantendo uma ligacão com o exterior para respirar e obter alimento.
A maior profundidade milhares de trilobites revolvem o fundo arenoso em busca de alimento,
adoptando várias e inovadoras estratégias de comportamento que lhes permitem
obter mais comida com menos esforço ( Neto de Carvalho, 2006). Basicamente as
escavações que as trilobites produzem entre níveis de areia e argila, num acto continuado
de assimilação dos abundantes detritos orgânicos, correspondem sulcos bilobados
provocados pelo movimento síncrono de mais de 13 pares de patas. Neste colossal
fast food de Penha Garcia não é raro
ver o trabalho de algumas das maiores trilobites que alguma vez terão existido,
com quase meio metro de comprido: verdadeiros gigantes no mundo dos
invertebrados! São animais que se alimentam em grupos compostos por dezenas de
indivíduos da mesma idade.
Afastados destes gigantes couraçados, verdadeiras escolas de trilobites com pouco
mais de 4mm de comprido testam as estratégias de alimentação e os modos de vida
que fizeram deste, um dos mais bem sucedidos grupos de artrópodes de sempre,
até desaparecerem definitivamente dos oceanos
230 milhões de anos mais tarde.
São janelas temporais deste mundo perdido há muito que poderá
encontrar ao longo da Rota dos Fósseis, em Penha Garcia.
Cada camada de quartzito, hoje verticalizada, conta um
instante passado no fundo marinho de há 480 milhões de anos. Aprender a ler
este livro sobre a História da Terra é despertar para a solução de múltiplos
enigmas que constituem a evolução da
Vida.
capa do livro em referência |
Carlos Neto de Carvalho (texto) e Pedro Martins (Imagens) Geopark
Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens. Edição:
Naturtejo, E.I.M. – Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2007
in Carlos Neto de Carvalho e Pedro Martins ,op. cit. |
Se não conhece Penha Garcia, deixamos a sugestão de uma visita!
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