TEXTO E FOTO 1: SITE da Câmara Municipal de Penacova.
Nota: Congratulamo-nos vivamente com este facto. Veja texto publicado no Penacova Online de 5 de Outubro de 2023
João Paulo Avelãs Nunes, do CEIS20, apresentando as linhas embrionárias do projecto |
Edifício que vai ser recuperado para instalação do Centro Interpretativo / Casa Museu |
Palestra de Luís Reis Torgal dirigida a alunos da Escola de S. Pedro de Alva |
Apresentação do livro sobre António José de Almeida |
Na altura, o jornal Notícias de Penacova noticiou a cerimónia e publicou uma crónica de Urbano Duarte, padre, professor e jornalista, salientando a actualidade deste penacovense ilustre e dos valores que defendeu. Por se tratar de um texto um pouco diferente daqueles que habitualmente são citados, consideramos que se justifica a sua transcrição integral:
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA SOB SILÊNCIO DE CEMITÉRIO
«Penacova sentiu-se agora com força bastante para celebrar o
seu filho mais ilustre António José de Almeida.
Do seu nascimento em vale da Vinha, já lá vai o centenário e
sobre a morte (1929) já pesam quatro décadas… Como se ele fosse um vulgar
qualquer, metido sem voz nos poucos palmos da campa!
Se, neste cinco de Outubro, o povo de Penacova glorificar o
seu nome galhardamente, a peito cheio, é porque algum feitiço terrificante e
silenciador, de verdade acabou.
E em que consistia o maldito feitiço?
No facto de ele ter sido a voz mais belamente profética e romântica que trouxe ao País a República.
Infelizmente, por ignorância, por instalação e
subserviência, durante excessivas dezenas de anos, deixaram-se crescer
sucessivas gerações, adestradas em descrer e malsinar o ideal republicano que
andou a luzir em todo o ser de António José de Almeida. Como se o ideal
republicano de então consubstanciasse as desgraças da Pátria e da alma cristã
do povo.
Os republicanos, ainda até há pouco tempo, passavam por
gente suspeita, sem merecer confiança ao estado e a alguns católicos, porque
sonhavam com a mudança do regime político totalitário, porque se arvoravam em
defensores da liberdade de pensamento e de religião, porque defendiam a separação
entre a Igreja e o Estado, porque exigiam maior justiça social. Aspirações
estas que nenhum cristão devia deixar que lhe amortecessem no espírito já que
são maravilhosa semente evangélica. E aí estão os documentos do último Concílio
a colocar estas verdades como fundamentais ao cristianismo.
Bem sei que todas as lutas, mesmo as de maior pureza, trazem
consigo o risco de algumas feridas. Não admira, por isso, que no meio da
refrega política travada nos primeiros anos que precederam ou seguiram a instauração
do regime republicano, se tenham aberto por algumas imprudências de parte a
parte, chagas dolorosas, que o bom senso evitaria.
Mas até neste aspecto, António José de Almeida soube estar
atento não só à alma popular como aos ditames do próprio coração: dos três
partidos republicanos o seu era o mais moderado!
Que Penacova festeje então o maior dos seus filhos; a
suavidade da terra ficou-lhe no
temperamento e no verbo arrebatado.
Político, médico, fundador de jornais, a sua obra continua
viva e irreversível. Desde estudante a Presidente da República, foi homem de
ideal, capaz de discordar, de atacar, de sofrer processos e prisões, sempre por
um Portugal diferente e digno. Sem perder contacto com a aldeia e os vizinhos
dedicou-se ao futuro de todos os nascidos na Pátria que estremecia. Com tal
doação que morreu pobre!
Após tantos anos, António José de Almeida talvez pareça a alguns como ultrapassado: hoje há menos reptos líricos e outras palavras a traduzir novos ideais. O que, porém, não está ultrapassada é a sua estrutural e sinceríssima aspiração por um novo mundo onde reine a liberdade e a igualdade. O que não está ultrapassado é o exemplo de ser um político que nunca pôs de lado o coração."
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Urbano Duarte, “António José de Almeida sob silêncio de cemitério”,
artigo publicado no Notícias de Penacova de 5 de
Outubro de 1974.
Urbano Duarte, padre, professor e jornalista (1917-1980) Urbano
Duarte foi uma das figuras mais marcantes de Coimbra na segunda metade do
século XX.
EVOCANDO O 93º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTE E O CENTENÁRIO DA VISITA PRESIDENCIAL AO BRASIL transcrevemos as referências feitas a António José de Almeida, ilustre penacovense, pela REVISTA DA SEMANA na edição de 9 de Novembro de 1929 publicada no Rio de Janeiro
“A morte do eminente estadista português António José de Almeida, ocorrida em fins da semana última, repercutiu dolorosamente na alma brasileira, por isso que o grande morto – figura inconfundível de revolucionário, de médico, de orador – era para os Brasileiros um vulto quase familiar: era um “cidadão carioca”, título que lhe foi conferido quando da sua honrosa visita, na qualidade de Presidente de Portugal, ao Brasil. Homenageando a memória do grande morto, reproduzimos nesta página dupla alguns aspectos fotográficos tirados há sete anos, quando da visita de António José de Almeida ao Rio de Janeiro, publicando em outro lugar a nota de redacção sobre o pensamento do eminente estadista.
A reportagem fotográfica na "Ilustração Portuguesa" |
António José de Almeida ao chegar a Coimbra |
A tomada de posse em 5 de Outubro de 1919 |
Imagem de um dos muitos comícios republicanos que de Norte a Sul antecederam a Revolução de 5 de Outubro |
António José de Almeida em 5 de Outubro de 1919 |
Lima Duque, estava ligado a Penacova pelo casamento (era genro de Alípio Leitão) |
Busto de António José de Almeida em Coimbra |
Localização da Rua António José de Almeida |