26 fevereiro 2016

Museu do Moinho Vitorino Nemésio reabriu depois de importantes obras de remodelação e musealização

Foi em 2000 que foi inaugurado o Museu do Moinho Vitorino Nemésio, tendo, como grande impulsionador o Dr. Leitão Couto, enquanto assessor cultural da Câmara Municipal, presidida pelo Engº Maurício Marques.

Na ocasião esteve o Professor José Hermano Saraiva, que no livro de visitas deixou escrito:

“Agradeço a Penacova este reencontro com um amigo que foi dos mais primorosos lapidadores da palavra portuguesa”.

”Agradeço esta piedosa recolha de recordações que evocam o pão das hóstias que comungamos e também as côdeas do pão que o Diabo amassou.”

Ontem, o Museu reabriu depois de sofrer obras de remodelação e musealização que vieram trazer uma nova imagem àquele espaço e certamente atrair ainda mais visitantes.

Penacova possui um extraordinário património molinológico, felizmente preservado em grande parte. Que mais este passo nesse sentido tenha continuidade pois muito há ainda a fazer para recuperar e promover esta riqueza que temos nas nossas mãos.

O Museu pode ser visitado todos os dias das 10 às 18,entre 16 Outubro e 14 de Março, e das 10 às 17, entre 15 de Março e 15 de Outubro.

Tivémos a honra e o privilégio de sermos convidados para este acto de (re)inauguração. Partilhamos com os nossos leitores as imagens que captámos.











Fernanda Veiga, Vereadora da Cultura, 
conduziu esta primeira visita ao novo espaço












Da esq. para a d.ta: 
Presidente da Junta de Sazes, Presidente da Assembleia 
Municipal, Presidente da Câmara, Director do Museu da 
Presidência da República e Vereadora da Cultura. 
Da mesa fez também parte 
uma representante da Direcção Regional da Cultura.







No Moinho Vitorino Nemésio o Sr. Lino, 
veterano dos moleiros penacovenses, 
fez uma demonstração...apesar de o vento não ter
ajudado...

O nosso antigo colega de estudos e amigo, 
Fernando Lopes, 
Presidente da Câmara de Castanheira de Pera



Mesmo com pouco vento, as velas ainda
 exerceram a sua função...

22 fevereiro 2016

Cartas Brasileiras: recolhendo os tapetes

Quando minha mãe vinha nos visitar - foram tão poucas vezes, porque morávamos longe, em outra cidade – minha mulher recolhia os tapetes, para evitar que ela pudesse tropeçar e cair.
E chegou nosso primeiro neto. Assim que ele começou a andar, trocamos as maçanetas das portas, optamos por outras menos perigosas, mais abauladas, e novamente ela recolheu os tapetes do chão.
Minha mãe se foi, nosso neto cresceu.

Um dia desses vi minha mulher recolhendo os tapetes do chão, para eu não cair; menino ou velho!
Imagem ilustrativa da responsabilidade
do Penacova Online

12 fevereiro 2016

Doçaria Conventual de Lorvão em livro de Nelson Correia Borges




Os Claustros do Mosteiro de Lorvão acolheram no dia 17 de Julho de 2013 o lançamento deste livro que muitos penacovenses já conhecem. Uma obra valiosíssima para a preservação e divulgação do nosso património e que, por isso, nunca é de mais referir. 


A apresentação deste livro do Professor da Universidade de Coimbra, Nelson Correia Borges, esteve a cargo da Professora da Faculdade de Letras, Maria José Azevedo Santos. Também se encontra-se disponível em linha (clique AQUI para aceder) uma recensão sobre esta obra, por si assinada e que nos oferece uma excelente síntese do livro. Desse texto destacamos o seguinte:
(...) o livro ora em apreço insere-se numa contínua linha de investigação, que tem dado os melhores frutos. Na verdade, dotado de fina sensibilidade estética, exímio burilador da palavra, investigador probo e deveras exigente consigo próprio, o doutor Nelson Correia Borges brindou-nos agora com uma obra que não hesitarei em classificar de preciosa: pelo rigor da escrita, pela densidade e oportunidade do conteúdo, pela invulgar beleza do conjunto em que, inclusive, as ilustrações cumprem o que sempre lhes é pedido mas raramente se consegue – ilustram, documentam, embevecem! E a escolha do vocábulo «embevecer» resulta – perdoe-se-me! – do real prazer que advém do simples manusear do volume, até!
(...)
Num momento em que o património gastronómico se assume como património imaterial a proteger (a urgência das certificações, por exemplo) e a divulgar (vejam-se as determinações da Resolução do Conselho de Ministros n.º 96/2000, de 26 de Julho, que «considera a gastronomia portuguesa como um bem imaterial integrante do património cultural de Portugal»); em que a palavra «sabores» surge a cada esquina e em todas as épocas do ano e sob os mais diversos pretextos (Sabores do Mar, em Peniche; Sabores da Tapada Real, em Mafra; Sabores do Caldeirão, em S. Brás de Alportel… e tantos outros!); em que ao turista se faz questão em servir não apenas sol e mar ou monumentos de pedra e cal mas também esses saborosos «monumentos» fruto de ancestral labor – justifica-se que possamos qualificar de bem oportuna a edição deste volume.(...)
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Convidamos também os nossos leitores a visitar o blogue de uma investigadora da Universidade do Minho, no qual se faz detalhada referência a este livro de Nelson Correia Borges.
Clique AQUI para aceder ao mesmo.

09 fevereiro 2016

Bombeiros de Penacova: António Simões assumiu Comando há 20 anos

Mais um recorte de jornal: "Novo Comandante dos Bombeiros de Penacova". Foi em Fevereiro de 1996. Vinte anos não são dois dias, tal como soi dizer-se... [são precisamente dez vezes mais]... Por isso, voltaremos oportunamente a este tema. 
Por hoje, trazemos um recorte do jornal "Nova Esperança".
Ficam também dois cartazes de eventos a realizar mais para o final deste mês em que se celebram os 86 anos da Corporação.

Recorte do Nova Esperança de 29/2/96

A seguir: 
cartazes de eventos a realizar 
no contexto do 86º Aniversário


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08 fevereiro 2016

Imagens do Carnaval em Penacova 1996 e 2006

Qual é a terra que em Portugal se alheia completamente do Carnaval (ou mais propriamente do Entrudo, como era mais frequente dizer)?  Quer simplesmente "brincando" de um modo espontâneo, quer organizando pequenos "Cortejos" ligados a instituições de ensino e solidariedade social, ficam sempre histórias para contar, fotografias para recordar. Pegando no jornal Nova Esperança de há 10 e 20 anos foi possível recolher algumas imagens, muitas delas ainda na lembrança dos nossos leitores.










31 janeiro 2016

Penacova 1898: um retrato (VI) "Tais são as considerações que submetemos à alta e ilustrada apreciação de V. Ex.ª


“Para o melhor aproveitamento agrícola e industrial das Águas dos Rios Mondego e Alva convirá, talvez, considerar-se o Mondego inavegável nos meses de Verão, do Porto de Gondelim para cima, afim de serem dispensados os proprietários das condições onerosas com que actualmente lhes são concedidas as licenças para construção e aproveitamento dos caneiros, visto ser de importância nula, naquela época, a navegação.”
Com este parágrafo terminámos o excerto anterior, relativo - como é do conhecimento dos nossos leitores habituais - ao Relatório elaborado pela Câmara Municipal no longínquo ano de 1898.
Vamos concluir a publicação desse documento que traça uma radiografia dos problemas sentidos no concelho e revela o modo como os poderes públicos locais reagiam e avançavam até com algumas propostas de melhoria e de resolução para os mesmos.
“Convirá também dispensar igualmente as formalidades e despesas de licença para as obras provisórias que para o mesmo fim hajam de fazer-se. Não devemos esquecer que é raro o agricultor que sabe fazer um requerimento.
A fim de facilitar o crédito rural , entendemos que bastará que as nossas leis sobre o assunto se inspirem noutro pensamento que não o de aumentar o rendimento do selo.
Assim, não devem subsistir algumas taxas da lei do selo incidindo sobre as escrituras de mútuo e fiança do mesmo contrato; e, sobretudo, deve modificar-se o artº 798 do código de processo civil, considerando títulos particulares de mútuo pelo menos até à quantia de 50$000 réis.
Os capitalistas, naturalmente tímidos, mais do que usuários, só emprestam os seus capitais com as garantias que julgam suficientes. Por isso convém que se facilite a cobrança coerciva desses capitais, tornando-a o menos dispendiosa possível, para que o credor tenha o capital seguro com uma hipoteca de pouco maior valor. Nas circunstâncias actuais, quem tenha apenas 50$ ou 60$000 réis em propriedade não acha quem lhe empreste um vintém, porque a cobrança coerciva dele absorvia em selos e custas todo o valor da hipoteca.”
Mudando de assunto e retomando alguns aspectos já abordados, continua o relatório:
“Não há neste concelho grandes indústrias (apesar de poderem aproveitar-se para isso as óptimas quedas de água do Alva e Mondego) nem pode desenvolver-se o comércio e as pequenas indústrias já existentes enquanto não estiverem abertas as estradas real nº 48, desde Penacova até à Raiva, e a distrital nº 73, desde Penacova até à estação do Luso. Aquela liga com Penacova e Coimbra, por caminho curto, seis freguesias deste concelho que se acham separadas por serras quase intransitáveis, e grande parte dos concelhos de Tábua e Arganil. Esta, já construída em parte, atravessando as freguesias de Penacova e Sazes, serve povos de uma região muito fértil, que actualmente tem péssimas estradas, e permite a exploração das pedreiras de mármore de Sazes e de cal de Penacova e Sazes, que se encontram precisamente ao longo do trajecto projectado da mesma estrada.
Sem estas duas construções não é possível fazer prosperar neste concelho a agricultura, comércio e indústria, por causa da enorme dificuldade de transportes.
Ainda julgamos dever chamar a atenção de v. ex.ª para outro assunto de grande importância neste e em muitos concelhos do país. Durante os últimos anos foi grande a emigração para o Brasil, saindo muitos indivíduos sem passaporte legal.
A emigração clandestina acabou quase completamente depois das medidas repressivas que foram tomadas, mas acham-se no Brasil milhares de portugueses que aqui estão considerados como desertores e sujeitos a penas graves por não haverem cumprido os preceitos da lei do recrutamento, resultando deste estado de coisas, que os que se acham naquelas circunstâncias não regressam nem mandam capitais, com grande prejuízo para eles e para o país.
Deve pois estudar-se o modo de remediar tais inconvenientes por forma equitativa.
Tais são as considerações que submetemos à alta e ilustrada apreciação de v. exª. “
Deste modo termina o Relatório. Para conhecimento e apreciação dos leitores mais interessados pelo passado de Penacova, entendemos fazer a sua transcrição integral, que agora fica disponível para quem se interessar em fazer a sua análise crítica.


 [FINAL DO RELATÓRIO]


28 janeiro 2016

Penacova 1898: um retrato (V)

Depois de, no excerto anterior, se ter falado da instrução primária e da sua importância também para a actividade agro-florestal, salienta-se no texto de hoje  a necessidade de criar mais “postos de trabalho” como hoje se diria. Recordamos que temos vindo a transcrever na íntegra o conteúdo de um Relatório da Câmara dirigido ao Governo em 1898, o qual reflecte os problemas e as preocupações dos responsáveis político-administrativos de então.

“Assim preparada a população laboriosa, preciso é que lhe não falte o campo onde exerça a sua actividade.
Neste sentido deve prover-se ao melhor aproveitamento das terras tornando a agricultura não só mais intensa mas também mais extensa. A propriedade tende a pulverizar-se por sucessivas divisões.
É conveniente estabelecer para o futuro a indivisão das propriedades que não tenham um certo valor ou rendimento; permitir a expropriação dos pequenos prédios encravados; dar, em caso de venda, o direito de preferência aos proprietários confinantes desde que o prédio a vender não tenha um certo valor.
Também neste concelho como em muitos outros , em que o solo é muito irregular e montanhoso e a propriedade excessivamente dividida, os pequenos prédios se acham depreciados, umas vezes por não terem servidão legalmente constituída sobre os prédios vizinhos  e carecerem dela, outras por se acharem onerados com servidões desnecessárias. É da máxima conveniência que a constituição, mudança e cessação de servidões sejam  feitas, em regra, no juizo conciliatório, dispondo-se que as custas no juizo de direito sejam pagas pela parte que não quis conciliar-se, todas as vezes que na sentença final seja atendida a petição do autor dentro das bases da proposta conciliatória ou na proporção em que o for.
Deve igualmente simplificar-se o processo para se efectuar o despejo nos prédios rústicos.
Pode alargar-se muito mais a área da cultura neste concelho, já promovendo o aproveitamento dos areais nos rios Mondego e Alva, facilitando o alinhamento e licença para as obras necessarias já  dando aos municípios mais liberdade na administaraçao dos baldios, permitindo às câmaras municipais a demarcação deles e o seu arendamento, aforamento ou venda, conforme se julgar mais conveniente; e quando os baldios devam ser aproveitados para plantações ou sementeiras de árvores poderem as câmaras chamar os povos vizinhos à sementeira ou plantação das matas comuns, dando  cada fogo um ou dois dias de serviço por ano, e podendo ser divididos pelos mesmos povos os estrumes  e as árvores cortadas para desbaste.
Para o melhor aproveitamento agrícola e industrial das Águas dos Rios Mondego e Alva convirá, talvez, considerar-se o Mondego inavegável nos meses de Verão, do Porto de Gondelim para cima, afim de serem dispensados os proprietários das condições onerosas com que actualmente lhes são concedidas as licenças para construção e aproveitamento dos caneiros, visto ser de importância nula, naquela época, a navegação.


CONTINUA

27 janeiro 2016

Cartas Brasileiras: Douro, o rio encantado

Não sei em Portugal, mas no Brasil, em história de pescador é sempre bom ficar com um pé atrás.  Há sempre dúvidas se realmente ocorreram, são relatados contados de boca em boca, na base do ouvi dizer, do me contaram. Os personagens, datas e locais quase nunca estão bem definidos, a credibilidade depende do contador do "causo", ou ainda, a falta de credibilidade. Histórias de piaparas que fugiram existem aos montes, chegam a botar nome na fugitiva. É sentar com um desses pescadores para ouvir passagens curiosas, como a que contam de Beatriz, uma enorme piapara bem conhecida de muitos deles, que já esteve prestes a ser conquistada, mas que sempre conseguia escapar. E todos garantem, não são iniciantes em matéria de pescaria.
Vídeo gravado pelo autor da crónica .
 ( Rio Douro, junto às cidades do Porto Porto e 
de Vila Nova de Gaia,1993) 

Não se cansam de contar: o bichinho mordeu a isca, fisgada, arrebentou a linha; e assim vão.  Dizem, a belezura passava dos três quilos, bichinho era sabido, aparecia do nada, desfilava tranquila fazendo pose. Assim que a chumbada batia na água, ou até antes, ouvindo o zumbido da linha no arremesso, desaparecia. Isso tudo pode ser confirmado por vários pescadores amadores: pelo Pedrinho, Gryllo, Negão, Paulão, Mané Piapara, Professor Paulo Teixeira, Dr. Gil, Canecão, André do Lanches, o Paulinho do Bar, Eduardinho, Dr. Zaparolli, Dr. Jair, José Luiz e pela Dona Geni, todos pescadores de Barretos, minha cidade natal.
Certo dia, Beatriz apareceu, um deles meteu a mão no rio e tirou o peixe. Foi quando constataram: "nem se fosse índio pegaria uma piapara com as mãos, somente com o peixe abobado", "o rio está morrendo”. Deitou o peixe na água para que ficasse em seu leito de morte. Essa, contudo, uma história verdadeira.
Desastres ambientais causam a mortandade de várias espécies de peixe, pouco a pouco matam os nossos rios. Em São Paulo, onde moro, há dois rios importantes, o Tietê e Pinheiros, clubes foram construídos à suas margens, com praias e práticas de canoagem; hoje completamente poluídos, mortos.
Foi de dar arrepios poder ter visto o Douro e o Mondego, tão cheios de vida.

P.T.Juvenal Santos
ptjsantos@bol.com.br