19 fevereiro 2014
17 fevereiro 2014
Cartas Brasileiras: meteram a mão na taça
Taça Jules Rimet (1958) |
A Copa do Mundo de 2014 está prestes a começar. Aqui está a maior correria, é preciso que tudo esteja pronto até lá. Temos visto manifestações nas ruas contra a realização da Copa, gente gritando atrasada, enquanto muita gente grande diz: “o Brasil” quis a Copa, então temos que dar conta do recado. Só faltava não dar.
Não foi bem o “Brasil”, ou a população que quis a Copa, foi decisão autônoma
do Governo, com apoio das construtoras e da mídia, os grandes interessados. Até
poderia ser verdadeiro que muitos a quisessem. Porém, com o sistema de saúde em
condições precárias, sistema de transportes em verdadeira pindaíba, a segurança
vivendo um enorme caos, o mundo enfrentando séria crise econômica, tudo levava
a crer que não era o momento. Pior é que teremos mais gastos com Rio - Olimpíadas
2016! Com o mundo na maior crise! Era evidente que o Brasil tinha outras
prioridades, e nelas não estava construir estádios. Aqui sabemos, depois da
Copa muitos estádios irão se transformar em “elefantes brancos.” Mas, deixando
de lado todos esses problemas, enveredo-me para um assunto mais ameno, contando
um pouco de história.
Em 1958 conquistamos, na Suécia, pela primeira vez a Taça Jules
Rimet. Depois, veio o “bi” em 1962 no Chile e o “tri” em 1970 no México. A terceira
conquista nos garantiu a posse definitiva do troféu. A peça, obra do artesão francês Abel Lafleur, representava a Vitória com
asas em forma estilizada, com os braços levantados segurando um vaso de formato
octogonal. Sobre as faces da base em mármore preto havia pequenas placas
em ouro, onde estavam gravados os nomes dos países campeões: Uruguai (1930 e
1950), Itália (1934 e 1938), Alemanha (1954), Inglaterra (1966) e Brasil (1958,
1972, 1970). Medindo cerca de 30 centímetros , todo o conjunto pesava 4
quilos, sendo 3,8
quilogramas em ouro.
O troféu correu o país, foi exposto em praça pública,
o povo fazia fila para ver a taça. Em São Paulo ela era exposta na Praça Roosevelt (ao
lado da Igreja da Consolação), e ao final da tarde era levada, em um carro
forte, para ser guardada na casa-forte da Matriz do Banespa; banco no qual eu trabalhava.
Então, quando a taça chegava para
ser recolhida, não havia como resistir à tentação, todos queriam tocar nela e
repetir os gestos de Hideraldo Luiz Bellini, Mauro Ramos de Oliveira e Carlos
Alberto Torrões, os nossos capitães. Tirar fotos nem pensar. O
tesoureiro não deixou. Ah! Se existisse celular naquela época tudo teria sido
registrado e postado nas redes sociais.
Pelé e a Taça Jules Rimet conquistada na Suécia em 1958. |
Depois dos nossos gestos à la
capitão do esquete nacional, não foram tantos mais que puderam repetir aquele
gesto. Na noite de 19 de dezembro de 1983, uma segunda-feira, enquanto uma réplica estava
guardada no cofre da CBF, o troféu original que estava exposto no 9° andar
daquela sede foi roubado por Peralta, Luiz Bigode e Chico Barbudo, que após o
roubo repassaram o produto para um argentino comerciante de ouro, Juan Carlos
Hernandez, que cortou a taça em três pedaços para poder derretê-la, formar
barras de ouro e vender.
E assim,
o troféu disputado por tantas nações, em partidas com gosto de suor, lágrima e
sangue, teve um triste fim, justamente porque caiu nas mãos de quem não poderia
“meter a mão na taça.”
P.T.Juvenal Santos
16 fevereiro 2014
Apresentação do livro "A ferramenta que faz os contos" trouxe a Penacova o debate sobre a Filosofia para Crianças
Ontem, 15 de fevereiro, falou-se
de Filosofia em Penacova. Mais, de Filosofia para Crianças. De facto, a
apresentação do livro A ferramenta que faz
os contos nada faria pensar que a
temática central do evento incidisse neste movimento pedagógico, assim lhe
podemos chamar, que teve como percursor MATTHEW
LIPMAN ((1922-2010). Sónia Marques Carvão, penacovense com ascendentes na
localidade de Chelo, escolheu Penacova
para, depois de o ter feito em Lisboa, divulgar o seu trabalho.
A sessão decorreu na sala Leitão
Couto (Biblioteca Municipal). Presidiu Humberto Oliveira, presidente da Câmara
Municipal. A mesa contou, além da autora, também com a presença de Fernanda Veiga,
vereadora da Cultura e de Joaquim Pinto, professor da Universidade Católica.
Formada em Filosofia e
Antropologia e com uma especialização em Filosofia para Crianças, Sónia Marques
Carvão, pretendeu com a publicação deste livro, não só concretizar um sonho de
infância (conforme confidenciou) mas também passar para o papel algo da sua
experiência de trabalho com crianças num colégio de Lisboa. A própria sessão de
apresentação incluiu a demonstração de uma sessão prática de Filosofia (com)
para Crianças, seguindo a metodologia da “comunidade de investigação”. Hoje a “internet”
está cheia de documentação sobre esta corrente pedagógica, desenvolvida em todo
o mundo, mas com grande aceitação no Brasil e Espanha, a título de exemplo. Em
Portugal existem também muitos projetos
isolados, mas é praticamente desconhecida. Daí a importância destas iniciativas
editoriais que nunca são de mais para questionar o modo como se educa e o
próprio sentido do que é educar.
O professor Joaquim Pinto fez a
apresentação do livro. A sua intervenção focou muitos dos problemas daquilo que
na sua óptica deve ser o Filosofar e o Filosofar com Crianças, acabando por
coincidir com a referência que a autora fez a L. Wittgenstein : a Filosofia é
uma Tarefa de Liberdade.
Voltando ao livro em si,
refira-se que é composto por sete contos (edição bilingue português-inglês) distribuídos
por cerca de noventa páginas. “ Um livro para todos e não só para crianças. Um
livro que leva à reflexão de conceitos como o Belo, o Bom, a Ferramenta, o
Amor, o Jogo, o Saber e Não Saber, bem como à reflexão de valores éticos,
costumes e tradições, brincando” – refere uma pequena nota inserida junto à
ficha técnica do mesmo.
Ser pretexto para falar de
Filosofia em Penacova (fora das paredes da Escola Secundária) foi, além da
importância que o livro tem, o grande mérito desta iniciativa.
Texto e fotos de Penacova Online / David Almeida
15 fevereiro 2014
08 fevereiro 2014
Ainda o caso Luiza de Jesus que manchou o concelho de Penacova
Fizemos ontem referência ao "crime mais espantoso" ocorrido durante o séc XVIII em Portugal e que
envolveu uma mulher natural de Figueira de Lorvão.
Apesar de só passados cerca de cem anos a pena de morte ser abolida em Portugal (1867) , Luiza de Jesus passou à história, não apenas pelo seu horrendo crime, mas também porque foi a última mulher a ser condenada à pena capital no nosso país.
Hoje, acrescentamos um recorte do jornal O Conimbricense que transcreve a sentença deste caso ocorrido em 1772.
Mulher natural de Penacova matou cerca de 30 crianças para receber "subsídio"
Descobriu-se em Coimbra que uma mulher de 27 (ou 22, segundo algumas fontes) anos de idade,
casada e natural de Figueira de Lorvão cometeu cerca de 30 crimes crimes de infanticídio.
Corria o ano de 1772. Luiza de
Jesus morava em Gavinhos, Figueira de Lorvão e tinha o costume de ir à Roda, a Coimbra, buscar recém - nascidos com o pretexto de se encarregar da sua educação. Só que aintenção era outra. Depois
– contam os jornais da época - em sua casa ou no olival de Montarroio, matava as
crianças, esquartejando-as, asfixiando-as ou enforcando-as. Não terão sido duas
ou três: ao confessar o crime referiu 28.
Passada
busca à casa, foram encontrados ainda dentro de um pote de barro, crânios , ossos
e mesmo alguns corpos putrefactos.
Malvadez?
Loucura? Para receber
a “esportula” , isto é, a gratificação em dinheiro, no valor de 600 réis, um côvado
de baeta e 1 berço por cada uma, ia à roda buscar as indefesas crianças, matando-as de seguida.
Foi condenada
em Lisboa. Depois de “atazanada” pelas ruas públicas daquela cidade, foram-lhe
cortadas as mãos ainda em vida, foi garrotada e queimada em 1 de Julho de 1772. Um caso que gerou grande repulsa. Penacova, de onde era natural, entra assim na história por um motivo horrendo. Luisa de Jesus foi a última mulher a ser condenada à pena de morte em Portugal.
Este caso é muito conhecido em Portugal e também no estrangeiro.
Veja :
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_de_Jesus
http://unknownmisandry.blogspot.pt/2013/02/luisa-de-jesus-portuguese-serial-killer.html
01 fevereiro 2014
Viagem no tempo vai recriar serões das nossas aldeias - hoje no Centro Cultural
clique nesta imagem para aceder ao blogue do Rancho |
O Rancho Folclórico e Etnográfico do Zagalho e Vale do Conde foi fundado no ano de 1979, por iniciativa de três mulheres oriundas destas duas aldeias (da esquerda para a direita: Altina Carril, Lurdes Simões e Natália Marcelo) com o objectivo de recolher, proteger e divulgar as tradições, os usos e os costumes mais antigos do concelho de Penacova. Se no início da sua formação o grupo actuava apenas no seu local de origem, dois anos mais tarde, em 1981, fazia a sua primeira apresentação formal na Barragem da Aguieira, sendo já um fidedigno representante das actividades artesanais, trajes, danças e cantares do concelho de Penacova. Uma das principais recolhas a que se dedicou foi ao ciclo do linho, uma arte ancestral que está na origem de lindas e valiosas peças de roupa que o grupo ainda hoje possui preservadas. Este rancho foi o primeiro do seu concelho a filiar-se na Federação de Folclore Português. Actualmente é também membro do INATEL, do IPJ e da Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego (AFERM). Ao longo dos seus trinta e dois anos de existência, este grupo já fez actuações por todo o país e na Ilha da Madeira. Realiza todos os anos o seu festival de folclore na aldeia do Zagalho e recria a tradicional malha dos cereais. (in http://rancho-zagalho.blogspot.pt/)
PROGRAMAÇÃO 2014
Cantar aos Reis
4,5,6 de Janeiro de 2014
Aniversário, Rancho Folclórico Etnográfico de Zagalho e Vale do Conde
19 de Janeiro de 2014
Apresentação “Teatral”, auditório municipal de Penacova de R.F.E.Z.V.C.
1 de Fevereiro de 2014
Ceia da Avó
15 de Fevereiro de 2014
Surriar
28 de Fevereiro de 2014
Cantar ás Almas
22 de Março de 2014
Bela Cruz
3 de Maio de 2014
Festa Do Linho
1 de Junho
Festival de Folclore do Rancho do Zagalho e Vale do Conde e a II feira Feira Tradicional e Rural Encosta da Serra
21 de Junho de 2014
Malha dos Cereais
24 ou 31 de Agosto de 2014 ( data ainda a confirmar)
Festa de encerramento de actividades
25 de Outubro de 2014
Lanche e troca de prendas
13 de Dezembro de 2014
31 janeiro 2014
Penacovense envolvido na revolta de 31 de Janeiro
- O que terá havido lá pelo Porto?
- O que terá havido santo Deus?
Durante o dia 31 continuou a expectativa. Tudo parecia depender das notícias que por certo viriam no comboio da noite...
Ansiedades vividas por um jovem de 24 anos natural de Penacova, estudante de Medicina. As paredes da prisão já o haviam acolhido há um meio ano atrás (durante três meses) por abuso de liberdade de imprensa. A luta pelos seus ideais políticos a isso havia conduzido. Agora, se a revolta do Porto vingar irá receber as armas ao quartel de Sant' Ana e depois de descer pelo Quebra Costas dirigir-se-á até ao quartel da Sofia.
Referimo-nos, como já se percebeu, a António José de Almeida e ao "31 de Janeiro" de 1891. Depois de em 2011 termos assinalado a efeméride, gostaríamos de recordar mais uma vez este marco da história de Portugal, e salientar o facto de já na preparação da primeira tentativa de implantar a República em Portugal ter estar fortemente envolvido este ilustre penacovense.
Ver também a obra António José de Almeida e a República de Luís Reis Torgal (edição Círculo de Leitores), pp 50 ss
- O que terá havido santo Deus?
Durante o dia 31 continuou a expectativa. Tudo parecia depender das notícias que por certo viriam no comboio da noite...
Ansiedades vividas por um jovem de 24 anos natural de Penacova, estudante de Medicina. As paredes da prisão já o haviam acolhido há um meio ano atrás (durante três meses) por abuso de liberdade de imprensa. A luta pelos seus ideais políticos a isso havia conduzido. Agora, se a revolta do Porto vingar irá receber as armas ao quartel de Sant' Ana e depois de descer pelo Quebra Costas dirigir-se-á até ao quartel da Sofia.
Referimo-nos, como já se percebeu, a António José de Almeida e ao "31 de Janeiro" de 1891. Depois de em 2011 termos assinalado a efeméride, gostaríamos de recordar mais uma vez este marco da história de Portugal, e salientar o facto de já na preparação da primeira tentativa de implantar a República em Portugal ter estar fortemente envolvido este ilustre penacovense.
Documento
disponibilizado via Museu da Presidência da República
citado no blogue Almanaque Republicano
|
24 janeiro 2014
A doação que passou despercebida
Fonte: site da cm_penacova |
Varela Pècurto, um nome prestigiado da fotografia regional e nacional, doou ao Município de Penacova um conjunto de originais em formato de diapositivo que na década de setenta e oitenta recolheu no nosso concelho. Muitas das imagens constam do livro que foi publicado em 1984. No Verão passado, por altura do Feriado Municipal teve lugar a formalização deste nobre gesto. Também por essa ocasião esteve patente ao público uma exposição de fotografia de Pècurto. Eventos que, lamentavelmente terão passado ao lado da grande maioria dos penacovenses.
Livro publicado em 1984 |
Varela Pècurto tem vindo, nos últimos anos, a demonstrar atitude semelhante para com muitos municípios da região. Destacaríamos o modo como o concelho da Mealhada acolheu a doação. Penacova muito lhe deve também. O seu livro constitui um documento precioso que nos permite traçar um retrato multifacetado da Penacova de há trinta anos . Além das imagens, integra uma síntese - redigida em português, francês, inglês e alemão - da história e cultura das diversas freguesias do nosso concelho. Documentos preciosíssimos, em especial as fotografias, para a nossa história recente
Por motivos alheios à nossa vontade, Penacova Online não teve a possibilidade de marcar presença na cerimónia de assinatura da doação. Por isso, aqui fica este apontamento em jeito de homenagem e agradecimento a este amigo de Penacova.
Fotografia colhida na Aveleira e publicada no livro Penacova
Mais duas imagens publicadas na mesma obra: Rebordosa e esplanada do Café Turismo |
As imagens seguintes reproduzem o catálogo da exposição de
Varela Pècurto na Mealhada e que achamos pertinente recordar.
Pode visualizar agora ( clique na imagem) uma entrevista que passou na RTP 2
em 18 de Dez. de 2013. A não perder!
17 janeiro 2014
Cartas Brasileiras: Eusébio e Cristiano Ronaldo
Não vou dizer que não gosto
mais de futebol, diria que já não sou mais tão apaixonado. Que ninguém me diga
que seria por causa da idade, porque os setenta anos me aguardam logo mais pelo
meio do ano, até porque há muito bom velhinho ainda morrendo por causa da
pelota a rolar pelos gramados.
Diria mais que se deve à violência das torcidas, se bem que isso é
apenas parte do problema. Acho que a perda da identidade entre jogador e clube
contribui muito mais para o desinteresse, tanto para o time do coração, como pela Seleção.
Antes os jogadores permaneciam muito mais tempo nas equipes (aqui
dizemos times), daí em seus países, e por consequência eram unanimidades
nacionais na Seleção. O craque era adorado, jogasse em que time fosse, na
Seleção virava deus. Hoje, há selecionado que mal sabemos por qual time teria
atuado no Brasil, há uns que foram levados ainda meninos.
Meu “gostinho” maior começou em Copa do Mundo de 1958, com os deuses
da bola, o jovem Pelé, Garrincha e Cia encantando o mundo. Repeteco em 1962
(Chile), com quase todos os mesmos “monstros”.
Em 1966, na Copa da Inglaterra, a bagunça começou na preparação
aqui, formaram umas quatro seleções, todo mundo botando o bico, sendo que
alguns jogadores entraram em campo somente com o nome, sem condições físicas,
como foi o caso de Garrincha e que Pelé foi caçado em campo. Mas isso é choro
de perdedor.
O que nos derrubou de forma contundente foi o timaço de Portugal,
jogando a melhor de suas copas com José Pereira, Morais, Baptista, Vicente e
Hilário; Jaime Graça e Mário Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões.
O placar da Copa de 1966: Portugal 3 x 1 Brasil, com dois golos
(dizemos gols) de Eusébio, um de Simões,
e o nosso de Rildo.
Grande Eusébio, moçambicano nascido em 25 de janeiro de 1942, em
1960 foi levado para jogar no Benfica. O craque faleceu dia 5 de janeiro de
2014, causando uma grande comoção em Portugal e no mundo esportivo.
Dias depois, a nova alegria portuguesa tratou de aliviar um pouco a
dor, Cristiano Ronaldo, nascido em 5 de fevereiro de 1985, em Funchal (Madeira)
foi eleito o Melhor do Mundo.
Quando estive em Portugal em 2003, estava no lobby do hotel em
Leiria e via uma partida do campeonato português. Fiquei de boca aberta vendo
um jovem jogando pelo time de camisa verde (Sporting). Perguntei quem é, me
disseram, Cristiano Ronaldo. Falei para todos ouvirem, esse é craque. Fácil!
P.T.Juvenal
Santos – ptjsantos@bol.com.br
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