Obrigado amigo Luís por esta partilha, acabada de receber.
21 março 2022
20 fevereiro 2022
Terras de Penacova no "Portugal Antigo e Moderno" [3]: a vila de "Pena-Cóva"
Pinho Leal, publicou - entre 1873 e 1890 - a obra em 12 volumes intitulada «Portugal Antigo e Moderno», um dicionário sobre “todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal.” Aqui podemos encontrar muitas referências às principais localidades que hoje fazem parte do concelho de Penacova.
Já fizémos referência à vila de Farinha Podre e às localidades de Travanca e de S. Paio, bem como de Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Paradela e Oliveira do Cunhedo. Hoje, é a vez da sede do concelho.
“PENA-CÓVA” [assim aparece escrito] é vila e freguesia, cabeça do concelho do seu nome e comarca. Na província do Douro [à época], dista 18 quilómetros a N.E. de Coimbra, 20 da Mealhada, 18 da Lousã e de Mortágua, 12 de Farinha Podre, 6 de Santo André de Poiares e 220 de Lisboa. Tem 680 fogos (em 1757 tinha 397).
Refere o “Portugal Antigo e Moderno” que o concelho de Penacova, era formado pelas 9 freguesias, todas no bispado de Coimbra: Carvalho, Farinha Podre, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Oliveira do Cunhedo, “Pena-Cóva”, Sazes, e Travanca, num total de 2900 fogos. Chama a atenção para o facto de até 1855 ter só cinco freguesias: Carvalho, Figueira de Lorvão, Lorvão, Penacova e Sazes, totalizando 2100 fogos. Pinho Leal salienta que pertence a este concelho a antiquíssima povoação de “Gondolim” (Vila-Verde).
Refere-se que “D. Sancho I lhe deu foral, em Dezembro de 1192 e que D. Afonso II o confirmou (em Coimbra a 6 de Novembro de 1219) e ainda que D. Manuel lhe deu foral novo (em Lisboa a 31 de Dezembro de 1513). “Foram seus donatários os condes de Odemira e, depois, os senhores de Tentúgal, duques do Cadaval”.
Penacova, refere Pinho Leal, “é uma das mais antigas povoações de Portugal, e talvez da península hispânica, o que se colige do seu próprio nome – Pen - que é cantábrico. Está a vila edificada sobre uma montanha (por cuja base passa o rio Mondego) patenteando a sua nobre vetustez nas muitas ruínas que foram outrora esplêndidas habitações, e tendo em tempos felizes, mais de trezentos fogos, está hoje reduzida a noventa e tantos.”
E prossegue: “Consta que, em tempos remotíssimos, teve um castelo, cujos vestígios se divisam em um escarpado monte, ao S. da vila, onde hoje está a Igreja matriz. Este monte é quási talhado a prumo sobre o Mondego mas, apesar disso, está coberto de oliveiras.”
De acordo com o padre Carvalho da Costa na sua “Chorographia” (diz Pinho Leal), “a primeira notícia d'esta vila data das contendas que os seus moradores tiveram com os monges de Lorvão, em 1105, as quais compôs o conde D. Henrique e diz que D. Sancho I a mandou povoar em 1193.”
No cartório de Lorvão, existia uma escritura de 1086 que era uma doação feita por Piniolo, àquele mosteiro, de uma morada de casas na vila de “Pena-Cóva” e uma vinha em “Ribellas”, que ele havia plantado e regado com o suor do seu corpo. Isto, para sustento dos monges que ali morarem (no mosteiro) e de todos os fiéis que ali concorrem. (…)
Aquando da publicação do “Portugal Antigo e Moderno” ainda existiriam os Paços dos Duques do Cadaval. As justiças de Penacova eram dependentes do ouvidor de Tentúgal e, depois, do corregedor de Coimbra.
Orago: Nossa Senhora da “Assumpção”. Era o Mosteiro de Santa Clara, de Coimbra, que apresentava o prior, que tinha 470$000 réis de rendimento. A Igreja matriz “é um templo vasto e muito decente, com nove altares (sete dos quais são dedicados a Nossa Senhora, nos seus diferentes mistérios.” Refere-se de seguida a Capela de N. Sª da Guia: “No âmbito outrora ocupado pelo castelo, existe a antiga capella de Nossa Senhora da Guia. É um “templozinho” pequeno e pobre e só com um altar. É tradição que esta ermida foi a primitiva Igreja paroquial da vila. Porém, como era pequena, e em sitio incómodo, se construiu, no século XVI, a Igreja actual.” [Não parece que esta informação esteja correcta. No entanto vem sendo referida com frequência].
Ainda sobre esta capela: “diz-se aqui que “Plácido Castanheira de Moura, contador-mor do reino, tinha muita devoção com esta Senhora da Guia, e quis mandar-lhe construir um bom templo; porém, como falecesse antes de realizar o seu desejo, deixou por testamento, à Senhora da Guia, umas fazendas que tinha n'esta vila, para que com o seu rendimento, se reconstruísse a capela, dando lhe maior amplitude.” o que não corresponde à versão de Alves Mendes, no Conimbricense de 1857.
A principal indústria do concelho, “é a navegação do Mondego, à qual se entrega a maior parte dos seus naturais, conduzindo do centro da província, para a Figueira da Foz, [ou vice versa] sal, milho, vinho, azeite, lenhas e outros géneros.”
Sobre a morfologia lê-se aqui que “a serra do Bussaco, atravessa este concelho, de Este a Oeste e, do mesmo modo, a serra de Coimbra. O Mondego corta-as ambas e recebe dentro do seu termo, as ribeiras da Vila, de “Gondolim” e de Lorvão, que todas nascem neste concelho, e a de “Poyares” que o atravessa. Também nele desaguam os regatos de Além do Rio, Abarqueira e Vale-Bom (o de Sazes, desagua na ribeira do Botão).”
15 fevereiro 2022
Penacova no “Portugal Antigo e Moderno” [2]: Carvalho, Figueira, Friúmes, Lorvão, Oliveira, Paradela e Sazes
Pinho Leal, militar, ficou conhecido pela publicação (entre 1873 e 1890) da obra em 12 volumes intitulada «Portugal Antigo e Moderno», uma espécie de dicionário sobre “todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal.” Nesta obra de finais do século XIX podemos encontrar muitas referências às principais localidades que hoje fazem parte do concelho de Penacova.
Já fizemos referência à vila de Farinha Podre e às localidades de Travanca e de S. Paio. Apresentaremos agora Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Oliveira do Cunhedo, Paradela e Sazes. Terras que se situavam, à época, não na Beira Litoral, mas na província do Douro. Concluiremos oportunamente com a vila e freguesia de Penacova.
CARVALHO
Esta vila dista 24 quilómetros de Coimbra
e 228 ao Norte de Lisboa e situa-se “nas abas da serra do Carvalho, à qual se
chama também serra do Cântaro.”
Tem 320 fogos (em 1757 tinha 224).
Orago: Nossa Senhora da Conceição. “O morgado do Carvalho, e depois Condes de Oeiras
e Marqueses de Pombal, apresentavam aqui o prior, que tinha 200$000 réis."
Acrescenta o Dicionário que “havia
aqui próximo uma albergaria, chamada de Santo António do Cântaro, com três
camas permanentes e com a obrigação de ter nos meses de Julho, Agosto e Setembro,
um cântaro cheio de água e um púcaro para se beber, na dita serra, à qual por
isso se dá também o nome de Cântaro.”
Segue-se a referência à antiquíssima
albergaria:
“Na larga doação que D.
Bartolomeu Domingues fez à Albergaria do Cântaro, junto à vila, em 1215, se
determina que todo o que for contra aquela doação, pague o dobro do dano que
causar. Esta obra caritativa foi instituída por uma senhora de apelido
Carvalho, que atravessando esta serra (do Carvalho ou do Cântaro) lhe morreu um
criado à sede. Já se vê que é muito antiga, pois em 1215 já existia esta
albergaria. Esta senhora é ascendente dos atuais srs. condes de Oeiras,
marqueses de Pombal, por casar em Sernancelhe Diogo de Carvalho com D. Filipa
de Seixas, filha e herdeira de João de Figueiredo e de Maria Seixas.”
Refere-se ainda que morgado de
Carvalho “foi instituído em 1178 por Domingos Feyo de Carvalho”, sendo “terra
realenga” e “governava-se por um juiz ordinário e câmara, confirmada pelo
corregedor de Coimbra.”
A serra do Carvalho (ramo da
Alcoba, que é ramo da Estrela) é “abundante de árvores e ervas medicinais, e
diz Grisley[1] no seu Herbolario,
que nela encontrará todas as ervas que Laguna descreve”, apesar de ser “terra
pouco fértil.”
Por fim, regista-se que “D. Manuel lhe deu foral em Lisboa, a 8 de Junho de 1514.”
FIGUEIRA DE LORVÃO
Esta freguesia é referida como
estando a 12 quilómetros de Coimbra e a
215 ao Norte de Lisboa. Apresentava 400 fogos (em 1757 registaria 228).
Salienta-se que é uma terra muito fértil.
S. João Baptista era o Orago da
freguesia. Figueira pertencia ao Bispado e Distrito Administrativo de Coimbra.
Eram as freiras de Lorvão que
apresentavam o vigário, que tinha 60$000 réis, e o pé d'altar.
O nome Luiza de Jesus é aqui recordado. Diz-se que aqui nasceu, em 1750, “uma mulher (um monstro) chamada Luiza de Jesus. Em 1772, tendo apenas 22 anos de idade (!) foi por muitas vezes à Roda de Coimbra buscar grande número de expostos, dos quais envenenou 34, só para adquirir 600 réis e o enxoval que a Roda dava a quem levava cada criança! Foi presa e sentenciada à morte, mas parece que morreu na prisão, pois não consta que morresse no patíbulo.”
Como
sabemos, por outras fontes, foi condenada à morte. Depois de “atazanada” pelas ruas de Lisboa,
foram-lhe cortadas as mãos ainda em vida, foi garrotada e queimada em 1 de
Julho de 1772.
FRIÚMES
A freguesia de Friúmes pertenceu ao concelho de
Poiares até 1855 e, desde então, ao concelho de Penacova. Àquela data pertencia à comarca
de Coimbra. O dicionário diz que se
situa a 24 quilómetros de Coimbra e a 215 ao Norte de Lisboa, sendo uma “terra
fértil”.
Teria 230 fogos (contra os 133 em
1757).
Pertencendo
ao Bispado e Distrito Administrativo de Coimbra tinha como Orago S. Mateus. Era
o prior de Penacova que apresentava anualmente o Cura, que tinha 30$000 réis de
rendimento.
LORVÃO
Lorvão é situa-se a Este de Coimbra,
distando 12 quilómetros desta cidade e 215 de Lisboa. Tinha 600 fogos (em 1757 apresentava
380). O Orago é Nossa Senhora da
Esperança, mas havia sido Nossa Senhora da Expectação. Bispado e Distrito
Administrativo de Coimbra.
As religiosas de S. Bernardo, “do
real mosteiro de Lorvão”, apresentavam o cura (anualmente) e este tinha 80$000
réis de rendimento – refere o Dicionário.
Acrescenta -se aí que esta
freguesia, “posto ser um terreno acidentado” era “muito fértil.
“A aldeia é situada em um vale,
dividido por um pequeno ribeiro, em cujas margens está também assente o famoso
mosteiro.”
De salientar a referência à
produção de palitos:
“Fazem-se n'esta freguesia
anualmente três a quatro mil cruzados de palitos, para o reino e exportação.
Crianças, adultos e velhos, trabalham nesta indústria, e faz pasmar a ligeireza
e perfeição com que a executam.”
Segue-se um extenso historial do Mosteiro.
OLIVEIRA DE CUNHEDO
Freguesia da província do
Douro, concelho e comarca de Penacova, distrito administrativo e bispado de
Coimbra. Orago: Santa Marinha.
A 30 quilómetros desta cidade e a
240 de Lisboa. Em 1757 tinha 91 fogos.
“Foi antigamente da comarca
d'Arganil e do concelho de Farinha Podre. Depois passou para o concelho da
Tábua, comarca de Midões, até que passou para o concelho de Penacova, da
comarca de Coimbra.
Era o Prior de Penacova que “apresentava
anualmente o Cura, que tinha 20$000 réis de côngrua e o pé de altar. É terra
fértil.
O Dicionário destaca também o
lugar da RAIVA, dizendo que era um aldeia da freguesia de Farinha Podre, no
concelho de Penacova, comarca de Coimbra, distando 35 quilómetros desta cidade.
“Situada à beira do Mondego, em lugar bastante agradável, é o termo ordinário da navegação do Mondego, no Estio; mas no Inverno, enquanto há abundância de águas, vão os barcos até à Foz do Dão. Da Raiva, “em carros e em cargas se conduzem os objectos de comércio até ao centro da Beira Baixa.”
PARADELA
À época, Paradela pertencia ao
concelho de Arganil, bem como à Comarca desta mesma vila, depois de ter sido do
concelho de Farinha Podre, entretanto extinto.
Dista 30 quilómetros de Coimbra e
210 de Lisboa. Tem 150 fogos. Em 1757 tinha apenas 80.
Orago: S. Sebastião, mártir. Bispado
e Distrito Administrativo de Coimbra. “O vigário de S. Pedro de Farinha Podre
apresentava o cura, que tinha 50$000 réis e o pé de altar.”
É terra fértil.
SAZES
A 18 quilómetros de
Coimbra e a 220 de Lisboa. Tinha 220 fogos (em 1768 teria 160). Orago, Santo
André, apóstolo. As “freiras bernardas” de Lorvão, e a Sé Apostólica,
apresentavam o prior, que tinha 190$000 réis de rendimento.
O dicionário destaca que “para a diferençar da freguesia seguinte
[Sazes da Beira], se diz Sazes de Lorvão."
“É povoação muito antiga, mesmo
como paróquia. Em 1152, D. João d'Anaya, bispo de Coimbra, e seu cabido,
confirmaram a D. Pedro Gavino e sua mulher, D. Ero Nunes, a doação e liberdade
da terça pontifical que a igreja de Sazes lhes tinha feito”, mas “com a
proibição de testarem esta terça a qualquer mosteiro ou convento, que não fosse
a sua catedral, sob pena de tornar a dita terça para a Sé de Coimbra.”
À semelhança da maioria das terras do concelho, também Sazes é tido como “ terra fértil”.
[1] Simões de Castro escreveu no seu “Guia histórico do viajante no Bussaco” que “Grisley, insigne herbolário italiano, em um Tratado que da matéria compôs, afirma que, havendo peregrinado a maior parte da Europa, encontrara na serra do Bussaco quási todas as ervas que descreve Laguna sobre Dioscórides, com a excelência de serem vigorosas, sobre as que a herbolária conhece.”
20 janeiro 2022
Conto: A Bela Carvoeira
A BELA CARVOEIRA
(Conto)
Ulisses Baptista
António levantou a cabeça de cima da mesa. Estava a cabecear depois de ter permanecido num sono profundo. Perturbado, pela responsabilidade de ter de ir auxiliar o irmão, levantou-se num repente, pensando em como se havia deixado estar ali naquele propósito. Pegou um pedaço de pão de cima da mesa e saiu porta fora a correr em direção ao rio.
12 janeiro 2022
Penacova no “Portugal Antigo e Moderno” [1]: as terras de Farinha Podre
É nesta obra de finais do século XIX que podemos encontrar muitas referências às principais localidades que actualmente fazem parte do concelho de Penacova.
Por hoje, vamos fazer referência à vila de Farinha Podre e às localidades de Travanca e de S. Paio que, recorde-se, estavam integradas à época na província do Douro, pertencendo já ao Bispado e Distrito Administrativo de Coimbra.
FARINHA PODRE
Farinha Podre pertencia ao concelho e comarca de Penacova (depois de ter pertencido à Comarca de Arganil). Sobre a sua localização geográfica é referido que se situa a “220 quilómetros ao N. de Lisboa”, que dista “30 quilómetros de Coimbra” e que “está a 6 quilómetros da margem esquerda do Mondego e 5 do rio Alva.”
Pinho Leal diz que a vila tinha 470 fogos e 1900 habitantes (almas) e recorda que em 1757 tinha apenas 318.
Podemos ler igualmente que “a igreja matriz de Farinha Podre é vasta e sumptuosa. Consta ter sido fundada pelos templários”. O orago é S. Pedro, Apóstolo. Era o “real padroado” que “apresentava o vigário” (isto é, que o nomeava), tendo este 180$000 réis de rendimento anual.
Refere-se também que Farinha Podre “é terra fértil em quase todos os frutos do nosso país e os seus habitantes são muito dados ao negócio de aguardente (de que há aqui 4 fábricas), azeite, vinho, trigo, milho, batatas e vinho, que transportam, pelo Mondego, para várias localidades.”
Farinha Podre - que “nunca teve foral” - foi concelho “que se suprimiu em 1855” e tinha à data 1500 fogos. Este “pequeno concelho” era formado por “frações dos (à época) concelhos de Coimbra, Penacova e dos extintos de Ázere, Óvoa, Pombeiro e Sanguinheda.
Curiosamente, encontramos um dado que é pouco conhecido: Pinho Leal salienta que também a “pequena freguesia de Paço Velho, que apenas tinha 27 fogos”, e que fora,” há muitos anos, suprimida” fazia de igual modo parte do concelho de Farinha Podre.
TRAVANCA DE FARINHA PODRE
Outra freguesia, contígua à de Farinha Podre, era a freguesia de Travanca, pertencente ao concelho de “Pena Cova” do qual distava 12 quilómetros. Travanca pertencia à comarca da Tábua (antiga comarca de Midões).
Refere Pinho Leal que Travanca se situa a 235 quilómetros “ao N. de Lisboa” e a 30 quilómetros “a E. de Coimbra” distando 24 da Lousã, 18 de Arganil e de Santa Comba Dão e 12 de Santo André de Poiares, de Tábua e de Mortágua.
Travanca tinha 125 fogos (em 1768 tinha 65). O Orago é “S. Thiago, apóstolo”. Pertencia também ao bispado e distrito administrativo de Coimbra.
Esclarece o dicionário que Travanca “quando pertenceu ao concelho de Farinha Podre, era da comarca d'Arganil, depois (em 1855) ficou pertencendo ao concelho da Tábua. Pela mudança da sede da comarca de Midões, passou para o concelho de Penacova e comarca de Tábua.”
Era a Sé Apostólica e o Bispo que apresentavam, alternadamente, o prior que tinha 220$000 réis de rendimento anual.
Esclarece-se que a localidade se chama “Travanca de Farinha Podre” porque “está próxima à pequena vila de Farinha Podre, que foi cabeça de um concelho, criado por decreto de 6 de novembro de 1836 e suprimido a 24 de outubro de 1855”.
S. PAIO DE FARINHA PODRE
Por último, temos S. Paio de Farinha Podre, à época pertencente à comarca e concelho de Tábua. Situava-se a “30 quilómetros de Coimbra e 230 ao N. de Lisboa”.
Pertencera ao concelho de Farinha Podre “que foi suprimido em 1855 e era então da comarca de Arganil.” Refere-se ainda que “o vigário da vila de Farinha Podre (S. Pedro) apresentava o cura, que tinha de rendimento 10$500 réis e “o pé d'altar”. Em 1757 tinha 90 fogos e 110 à data da publicação do dicionário. O orago era, naturalmente, S. Paio.
31 dezembro 2021
Nos 120 anos de Nemésio: alguns escritos menos conhecidos sobre Penacova
Nemésio referiu-se a Penacova não apenas nos textos que geralmente são evocados quando se pretende estabelecer a ligação do escritor ao nosso concelho, mas também noutras obras menos citadas. Como sabemos, escreveu sobre os moinhos de vento e sobre lugares e pessoas da nossa região nas crónicas “O Cavalo e a Serra”, “O Velho Domingos” e “Outono no Buçaco” que fazem parte do livro Viagens ao Pé da Porta (1965). Muito conhecida é também a sua alusão a Penacova no Guia de Portugal. No entanto, igualmente na obra O Retrato do Semeador, publicada em 1958, Vitorino Nemésio escreve sobre Penacova, mais concretamente sobre Lorvão.
Em todos nós ainda ecoa o brado lançado por Herculano há quase cem anos em favor das pobres mulheres recolhidas, à sombra da mole de pedra que os séculos foram reformando ao sabor dos seus gostos, recursos e necessidades, até tomar no século XVIII a forma acaçapada, mas ainda grandiosa que hoje tem.
Herculano que lançara em anos verdes a célebre fórmula cominatória do “camartelo municipal “demolidor de monumentos, não se queixava então de delapidações estéticas, mas do puro abandono de um punhado de mulheres religiosas e inválidas que tinham de esmolar o sustento e de fugir às beiras do asilo, abertas nos tectos desmanchados.
Era uma das muitas consequências do brusco volta-face histórico que, tendo de pôr cobro à desviada e hipertrófica vida conventual do país, acabou por exterminar toda e qualquer forma de existência monástica.
A traça atual de Lorvão está longe de exprimir a espiritualidade beneditina que muito antes de finda a primeira metade do século VIII elegeu aquele retiro entre pinhais e tojos bravios.
Boa parte da história das nossas instituições medievais tem de ser feita pelo tombo de Lorvão escapo à incúria moderna. […] E ainda hoje se podem ver no Museu de arte Sacra de Coimbra, a vetusta cadeira abacial, uma pedra de ara renascente, um pontifical de brocado, um relicário dos Mártires de Marrocos e outros testemunhos vivos de um Lorvão, que no seu sítio, só tem uma linguagem de lajes e de matos sem lanhos desses tempos.
Noutro texto intitulado "A Sombra dos Conventos", de 9 de Abril 1952, deparamo-nos com a descrição do caminho para Lorvão, pela Serra do Dianteiro:
De Coimbra […] deito à velha Lorvão há quase mil anos suplantada por essa mesma Coimbra […]. São 14 quilómetros de pinhal ralo e de urze, nos cocurutos do Dianteiro. Passo pequenas póvoas entanguidas na serra, do florestal Picoto, pelo Casal do Lobo e o Roxo, até para lá da Aveleira. É a cordinha de aldeias que fornece de lenha esquelética os fornos da douta Coimbra. De repente, encovada nos montes, austera, maciça, retelhada, surge a mole do mosteiro.
Evoca também os gloriosos tempos do mosteiro, a par das vicissitudes materiais e humanas por que passou a instituição:
Mas nada daquilo é já o habitáculo que albergou a Rainha Tareja de Leão, neta de D. Afonso Henriques, a Infanta D. Branca que Garrett cantou em verso branco e a D. Maria Brandão do magoado Crisfal.
Muito menos acodem as linhas do mosteiro beneditino que Frei Bernardo de Brito dizia coevo do monge do Monte Cassino[1] e que os mais recuados papiros da Hispânia decoram do nome “laurbanense”.
Aquelas poderosas fiadas de cantaria fenestrada foram niveladas ali por pedreiros do século XVIII, sendo abadessa do mosteiro D. Teófila de Alvim. Os serviços prestados pelos bentos na tomada de Coimbra por Sesnando em 1064 foram apagados num século por turbulências suas ou desmandos profanos na Regra.
Transformado em refúgio de donas e donzelas de prol pela filha de Sancho I, Lorvão até mudou de obediência.
A S. Bento sucedeu S. Bernardo, que os padrinhos cistercienses dos nossos primeiros reis tinham favorecido aqui e que Herculano foi encontrar vestido de casaca nos altares!
Fala depois do triste fim das freiras, da visita de Herculano a Lorvão e à vila de Penacova (1853) e da carta que este dirigiu ao Governo de então:
Assim, a alma do mosteiro antiquíssimo escondeu-se doída e bárbara no mínio[2] do Apocalipse, o códice precioso que as esbulhadas freiras de 1853 ofereceram a Herculano quando depois da sua visita a Lorvão em Julho daquele ano, o poeta de O Mosteiro Deserto protestou contra a mísera situação daquelas pobres mulheres, na célebre carta a António de Serpa Pimentel publicada no Periódico dos Pobres. O governo consignou-lhes 600$000 réis por ano em porções côngruas a descontar até à morte da última […]
O nosso itinerário repete em solidão e aspereza de trilhos a jornada do historiador há noventa e oito anos. São os mesmos outeiros “acumulados uns aos outros”, as mesmas pequenas culturas forçadas pelo mateiro do rapão. Herculano, ante a surpresa do convento ao fundo da bacia de Lorvão, hesita em comparar o vale ao cálice de um lírio, e manda “ver uma flor que tenha um pistilo grosso e curto”, flor com um lado rasgado, que dá escoante às águas.
Chegado a 15 de Julho, a 16 compulsou os documentos do arquivo, visitou o mosteiro por dentro, deu um romântico passeio ao pôr -do -sol pelas encostas; e anota no canhenho, percorrendo a cerca interior: “ os hortejos ou jardinzinhos das freiras defuntas cobertos de urzes: impressão que deve produzir nas freiras vivas”.
Talvez menos triste do que nele, que, mal chegara, gizou mentalmente a comovido artigo que havia de arrancar ao estado os 600$000 réis por ano-doze contos de hoje, pouco mais, para a pitança das pobrinhas [...] Mas que arranque e poder tinha um escritor há cem anos!
A 17 de julho juntavam-se a Herculano o Dr. Ferrer, lente de Direito em Coimbra, e o Dr. Joaquim Correia de Almeida, administrador de Penacova. [...]
Vitorino Nemésio transcreve agora o que Herculano anotara no seu diário: ”Julho 17, Domingo. Chegada do Ferrer e do Correia. A missa. As freiras no coro. As despedidas. Saudades de Lorvão. Viagem para Penacova, caminhos impérvios pelas encostas dos montes.”
“Os sete quilómetros, porém, que deitam de Lorvão a Penacova, não exigiriam tanto; e do convento a Sernelha, Figueira, Telhado, enfim ao alto camarote de penhas sobre a garganta do Mondego, então quase sem água, as emoções da abalada não dariam tempo a sentir os pés doridos da marcha.” – comenta Nemésio.
[1] Onde está sepultado S. Bento, nota nossa
[2] Óxido salino de chumbo; vermelhão, zarcão.
14 dezembro 2021
Lorvão: do Museu de 1921 ao Centro Interpretativo de 2021
Acabamos de ler na página do Facebook do Município de Penacova que "a ideia de criação de um espaço museológico que permita divulgar o riquíssimo acervo patrimonial do Mosteiro faz precisamente cem anos, tendo tido origem na Junta de Freguesia de Lorvão."
Viajando um pouco na história, concluímos que, de facto, a criação de um museu de arte em Lorvão foi anunciada em Maio de 1921, sob a responsabilidade da Junta de Paróquia local.
O museu ficaria instalado numa sala do edifício do Mosteiro integrando o valioso património que ainda existia e que fora confiado àquela Junta. Património diminuto, comparado com o que um século antes existira. Depois da extinção das ordens religiosas muitos bens foram ou transferidos para organismos do Estado ou leiloados, beneficiando a maior parte das vezes interesses particulares. Outros foram, literalmente, roubados.
As boas intenções das gentes de Lorvão no sentido da conservação do próprio Mosteiro e da salvaguarda do seu acervo foram, desde o início, alvo de acesa polémica. O Conselho de Arte e Arqueologia tentou mesmo, por via legal, impedir a sua concretização. Também o director do Museu Machado de Castro não escondia, à época, a intenção de incorporar nos museus nacionais os bens das ordens religiosas extintas.
Recorde-se que por volta de 1920 o sacristão da igreja foi subtraindo, durante mais de um ano, uma valiosa coleção de objectos de arte religiosa que ia vendendo a particulares e colocando nas casas de penhores da cidade de Coimbra. Descoberto e preso o seu autor em finais de 1920 a polícia conseguiu recuperar a maior parte do acervo desaparecido. Foi nesse contexto que, entretanto, a Junta de Paróquia requereu que lhe fossem entregues os objectos roubados.
Conta-se que toda a região "desde Penacova ao Dianteiro, era um perfeito alfobre de antiguidades (...) sendo visitada com frequência por colecionadores e intermediários". O saque já vinha muito de trás. Escrevia "O Despertar" em 1920: "desde a extinção dos frades (1834) até à morte da última freira (1887) o Convento de Lorvão não deixou de ser saqueado pelos gatunos de todas as categorias, pelos próprios capelão e serventuário do convento e da igreja, eclesiásticos e seculares".
A entrada em Lorvão dos objectos recuperados ocorreu no dia 12 de Maio de 1921, com grande pompa, sendo expostos ao público no Domingo seguinte. O júbilo tinha a ver com a recuperação dos bens roubados, em geral, mas também com a luta vitoriosa travada pelo povo de Lorvão no sentido do regresso à origem daquelas preciosidades, contra aqueles que defendiam a sua cedência ao Museu Machado de Castro.
Finalmente, em 10 de Julho do mesmo ano, foi aberto ao público o Museu de Lorvão. Não deixando de se reconhecer que muitos objectos já estavam irremediavelmente na posse de museus de Coimbra e de Lisboa, esperava-se, mesmo assim, que o número de visitantes ao mosteiro aumentasse significativamente. A criação oficial do "Museu Regional e Paroquial de Lorvão" só se concretizou no dia 1 de Julho de 1923.
O Museu foi sobrevivendo, mas as aspirações de conservação e salvaguarda e de atração turística foram ficando pelo caminho. Sem meios técnicos, sem uma rede de estruturas de apoio, acabou por definhar, à semelhança do que aconteceu com a maioria dos museus locais em Portugal.
Em 1981, o Dr. Henrique Coutinho Gouveia defendeu que "a eventual revitalização do Museu [de Lorvão] terá de precedida de uma profunda reestruturação que, ampliando-o, acabe por promover o aproveitamento museológico do próprio Mosteiro, assinalando-lhe como um dos principais objectivos o de vir a proporcionar a compreensão da sua influência na história local e das profundas relações que se estabeleceram com o povoado vizinho. Viria a assumir então um papel de espelho da região, passando a actuar eficazmente na preservação e divulgação do respectivo património e fazendo-se inclusive eco dos seus principais problemas e aspirações (...). "
Adianta a referida página do Facebook que "o executivo municipal deu luz verde ao projeto que permitirá criar o Centro Interpretativo do Mosteiro cisterciense de Lorvão, uma obra inacabada há muitos anos."
11 dezembro 2021
Terras de "Pena Cova" no final do séc. XVII
O Promptuario das terras de Portugal com declaração das comarcas a que tocam tem a data de 1689. Trata-se de um manuscrito, actualmente à guarda da Biblioteca do Exército, elaborado por Vicente Ribeiro de Meireles, funcionário da Secretaria da Junta dos Três Estados.
O documento tem 364 páginas e no capítulo “Provedoria de Coimbra” vamos encontrar o nome de diversas localidades, hoje pertencentes ao concelho de Penacova, mas que nos finais do século XVII se encontravam dispersas por variadas circunscrições.
Assim, podemos ler: [grafia original]
Chão de Baixo, de Val Gonçallo, Gondelim, Carvalhal de Mansores, Vila Nova, Riba de Baixo, Riba de Cima, Ferradosa, Sanguinho, Felgar, Travasso, Roqueira, Carvoeira, Cazaes, Ervideira, Aboboreira, Aldeia Nova, Ferreira, Villa Cham, Lombada, Alveite Grande, Veade, Couchel, Branca, Pinheiro, Carvalhal de Laborins, Couço, Oliveira do Cunhedo, Venda Nova de Poyares, Pereiro de Baixo, Pereiro de Cima, Pereiro de Além, Crasto, Soutelo, Villar, Miro, Carregal, Val do Tronco, Paradella, Cortiça, Serfreu, Farinha Podre, Quintella, Silvarinho, Val da Vinha, Leborins, Ribeira, Beco, Paredes, Cunhedo, Almassa, Lagares, Travanca d’aquem e Travanca d’alem."
A Vila de Carvalho é da coroa, tem um juiz ordinário, vereadores e procurador que confirma o corregedor da comarca que entra nesta vila por correição; e no seu termo tem os lugares seguintes:
Note-se que a “aldeia” de Lorvão, "Figueiro" de Lorvão e Friúmes pertenciam, à época, ao Termo de Coimbra.
Por sua vez, as aldeias de S. Paio, Cruz do Souto, Castinçal, Sobral, Parada e Val do Barco estavam afectas ao concelho de Óvoa.
Este manuscrito refere ainda o Couto de Monte Redondo, nos seguintes termos:
“O Couto de Monte Redondo de que é donatária a Casa de Aveiro, tem um juiz ordinário, que confirma o corregedor da Comarca, e entra neste couto por correição, e o crime pertence ao juiz de fora de Coimbra.”
Observações:
Atente-se ao facto de se escrever Pena Cova, o que parece explicar que ainda hoje os penacovenses pronunciem Penacova com as duas tónicas “PE” e “CO”.
Outra curiosidade é “Travanca d’aquém” e “Travanca d’alem”. Ainda não há muitos anos as pessoas dali se referiam a um “Lugar de Além” como sendo a actual Portela. Terá a ver com a Travanca d’Alem?
Alguém saberá dizer onde ficava a aldeia de Chão de Baixo, no termo de Penacova? E “Cazaes”? Terá a ver com Casal?
“Roqueira”, a actual Ronqueira, teria a ver com “roca”?
“Figueiro” de Lorvão? O autor do manuscrito adverte para o facto de os nomes aqui escritos aparecerem por vezes «contra a boa pronunciação e ortografia», para “não se lhe mudar o som com que se nomeiam e são conhecidas”.
Como se verifica, ao termo de Penacova pertenciam muitas terras do actual concelho de Vila Nova de Poiares.
Quanto à actual freguesia de Sazes não conseguimos localizar, de momento, qualquer referência.
14 novembro 2021
Memórias de Paradela da Cortiça: o livro, a lenda da terra e o fascínio pelo passado
São cerca de 120 páginas que nos falam da “vida sã e simples de quem nasceu, cresceu e morreu, dedicando parte de si ao torrão natal” e nos transmitem “algo que vem sendo contado de geração, em geração” - escreve a autora logo na primeira página.
Conta-nos mais adiante que “do convívio com as pessoas da aldeia” lhe ficou “o fascínio pelo passado” que agora “recorda com saudade”.
Trata-se de um registo importante da histórica e tradições de Paradela, que evoca monumentos, lendas, tradições, dias festivos, profissões, habitação, gastronomia, vida escolar, agricultura, vida social, individualidades, pessoas típicas e estórias curiosas.
É com um olhar poético que Maria de Lourdes Morgado parte para nos transmitir este seu saber e a grande afeição pela sua terra: “A nossa Paradela, com as suas casas brancas e telhados vermelhos, a Igreja com a sua torre simples, os nossos canteiros e as nossas flores… Olhamos o azul do céu e contemplamos o mais belo quadro que jamais algum pintor conseguiu pintar sem ser o Criador.”
Ao longo do livro as memórias jorram de página em página, por vezes de um modo quase caótico, não esperando por uma qualquer lógica de espaço e de tempo (que poderia até prejudicar esta torrente de recordações). E no tempo se perde a Lenda de Paradela.
O livro de Lourdes Morgado não podia deixar de a registar. Façamos um resumo com base no seu texto:
Paradela seria uma pequena aldeia situada num lugar chamado Casal, perto das Poeiras. Nesses tempos, o cemitério era no sítio da Cabeça dos Finados, junto à Cumeada.
A dada altura, a terra foi assolada por uma grande “febre” e alguns habitantes da aldeia morreram por ela vitimados.
Ali viviam três irmãos piedosos que logo se entregaram à oração, pedindo ajuda divina para tão grande calamidade. Certa noite tiveram um sonho no qual uma voz lhes disse para irem a determinado sítio onde encontrariam, escondido nuns escombros, um nicho com uma imagem. Deveriam trazer a imagem para a aldeia e aí construírem uma igreja onde a venerariam. E mais: a voz dissera também para mudarem o povoado para o lado do sol.
Acordaram perturbados e aperceberam-se que todos tinham tido o mesmo sonho. No dia seguinte lá partiram seguindo o destino que em sonho lhes havia sido indicado. Ao fim de algum tempo encontraram a imagem, que era de S. Sebastião, e envoltos naquele mistério, regressaram à sua terra, “radiantes e cheios de fé”, aquela fé que “ainda hoje perdura nos paradelenses”.
Mudaram a localização do povoado e, apesar de a igreja ter demorado alguns anos a ser construída, desde logo começaram a venerar a santa imagem.
Assim, S. Sebastião passou a ser o protector da aldeia. Vieram muitas epidemias, como a cólera do século XIX e a pneumónica de 1918, e Paradela sempre foi salva da “peste”, não morrendo ninguém. Também nas guerras os soldados de Paradela sempre sobreviveram aos combates e nunca sofreram qualquer mutilação.
Por tudo isso “o nosso São Sebastião é bem digno da nossa devoção” – conclui Maria de Lourdes Morgado.
“Memórias de Paradela da Cortiça”, um livrinho que nos fala-nos das “tradições perdidas” que muitas vezes “só existem nas nossas memórias”, mas que agora, muitas delas, ao ficarem registadas em letra de forma, perdurarão, certamente, por mais uns longos anos se, para tanto, este precioso livro for devidamente divulgado e estimado por todos os naturais e residentes em Paradela.