31 janeiro 2014

Penacovense envolvido na revolta de 31 de Janeiro

- O que terá havido lá pelo Porto?
- O que terá havido santo Deus?
Durante o dia 31 continuou a expectativa. Tudo parecia depender das notícias que por certo viriam no comboio da noite...
Ansiedades vividas por um jovem de 24 anos natural de Penacova, estudante de Medicina. As paredes da prisão já o haviam acolhido há um meio ano atrás (durante três meses) por abuso de liberdade de imprensa. A luta pelos seus ideais políticos a isso havia conduzido. Agora, se a revolta do Porto  vingar irá receber as armas ao quartel de Sant' Ana  e depois de descer pelo Quebra Costas  dirigir-se-á até ao quartel da Sofia.

Referimo-nos, como já se percebeu, a António José de Almeida e ao "31 de Janeiro" de 1891. Depois de em 2011 termos assinalado a efeméride, gostaríamos de recordar mais uma vez este marco da história de Portugal, e salientar o facto de já na preparação da primeira tentativa de implantar a República em Portugal ter estar fortemente envolvido este ilustre penacovense.

Documento disponibilizado via Museu da Presidência da República  
citado no blogue Almanaque Republicano
Ver também a obra António José de Almeida e a República de Luís Reis Torgal (edição Círculo de Leitores), pp 50 ss

24 janeiro 2014

A doação que passou despercebida

Fonte: site da cm_penacova
Varela Pècurto, um nome prestigiado da fotografia regional e nacional, doou ao Município de Penacova um conjunto de originais em formato de diapositivo que na década de setenta e oitenta recolheu no nosso concelho. Muitas das imagens constam do livro que foi publicado em 1984. No Verão passado, por altura do Feriado Municipal teve lugar a formalização deste nobre gesto. Também por essa ocasião esteve patente ao público uma exposição de fotografia de Pècurto. Eventos que, lamentavelmente terão passado ao lado da grande maioria dos penacovenses.
Livro publicado em 1984
Varela Pècurto tem vindo, nos últimos anos, a demonstrar atitude semelhante  para com muitos municípios da região. Destacaríamos o modo como o concelho da Mealhada acolheu a doação.  Penacova muito lhe deve também. O seu livro constitui um documento precioso que nos permite traçar um retrato multifacetado da Penacova de há trinta anos . Além das imagens, integra uma síntese - redigida em português, francês,  inglês e alemão - da história e cultura das diversas freguesias do nosso concelho. Documentos preciosíssimos, em especial as fotografias, para a nossa história recente  
Por motivos alheios à nossa vontade, Penacova Online não teve a possibilidade de marcar presença na cerimónia de assinatura da doação. Por isso, aqui fica este apontamento em jeito de homenagem e agradecimento a este amigo de Penacova.
Fotografia colhida na Aveleira e publicada no livro Penacova

Mais duas imagens publicadas na mesma obra: Rebordosa e esplanada do Café Turismo


As imagens seguintes reproduzem o catálogo da exposição de 
Varela Pècurto na Mealhada e que achamos pertinente recordar.







Pode visualizar agora ( clique na imagem) uma entrevista que passou na RTP 2 
em 18 de Dez. de 2013. A não perder!


17 janeiro 2014

Cartas Brasileiras: Eusébio e Cristiano Ronaldo

Eusébio &  Cristiano Ronaldo

 Não vou dizer que não gosto mais de futebol, diria que já não sou mais tão apaixonado. Que ninguém me diga que seria por causa da idade, porque os setenta anos me aguardam logo mais pelo meio do ano, até porque há muito bom velhinho ainda morrendo por causa da pelota a rolar pelos gramados.
Diria mais que se deve à violência das torcidas, se bem que isso é apenas parte do problema. Acho que a perda da identidade entre jogador e clube contribui muito mais para o desinteresse, tanto para o time do coração,  como pela Seleção.
Antes os jogadores permaneciam muito mais tempo nas equipes (aqui dizemos times), daí em seus países, e por consequência eram unanimidades nacionais na Seleção. O craque era adorado, jogasse em que time fosse, na Seleção virava deus. Hoje, há selecionado que mal sabemos por qual time teria atuado no Brasil, há uns que foram levados ainda meninos.
Meu “gostinho” maior começou em Copa do Mundo de 1958, com os deuses da bola, o jovem Pelé, Garrincha e Cia encantando o mundo. Repeteco em 1962 (Chile), com quase todos os mesmos “monstros”.
Em 1966, na Copa da Inglaterra, a bagunça começou na preparação aqui, formaram umas quatro seleções, todo mundo botando o bico, sendo que alguns jogadores entraram em campo somente com o nome, sem condições físicas, como foi o caso de Garrincha e que Pelé foi caçado em campo. Mas isso é choro de perdedor.
O que nos derrubou de forma contundente foi o timaço de Portugal, jogando a melhor de suas copas com José Pereira, Morais, Baptista, Vicente e Hilário; Jaime Graça e Mário Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões.
O placar da Copa de 1966: Portugal 3 x 1 Brasil, com dois golos (dizemos gols) de Eusébio, um  de Simões, e o nosso  de Rildo.   
Grande Eusébio, moçambicano nascido em 25 de janeiro de 1942, em 1960 foi levado para jogar no Benfica. O craque faleceu dia 5 de janeiro de 2014, causando uma grande comoção em Portugal e no mundo esportivo.
Dias depois, a nova alegria portuguesa tratou de aliviar um pouco a dor, Cristiano Ronaldo, nascido em 5 de fevereiro de 1985, em Funchal (Madeira) foi eleito o Melhor do Mundo.
Quando estive em Portugal em 2003, estava no lobby do hotel em Leiria e via uma partida do campeonato português. Fiquei de boca aberta vendo um jovem jogando pelo time de camisa verde (Sporting). Perguntei quem é, me disseram, Cristiano Ronaldo. Falei para todos ouvirem, esse é craque. Fácil!

P.T.Juvenal  Santosptjsantos@bol.com.br


16 janeiro 2014

Arquivo RTP: vídeo sobre António José de Almeida já está disponível

CLIQUE NA IMAGEM PARA ACEDER AO VÍDEO
A RTP acaba de lançar um portal  a que chamou "Ensina", disponibilizando programas com interesse para o enriquecimento curricular das disciplinas escolares. Entre muitos outros conteúdos é possível, desde já, aceder a um conjunto de vídeos sobre os Presidentes da República. Entre eles, figura naturalmente, António José de Almeida, nascido em Vale da Vinha - freguesia de Farinha Podre, hoje S. Pedro de Alva.

"Ao longo das últimas décadas, a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) produziu inúmeros conteúdos cujo interesse não se esgotou na sua divulgação televisiva ou radiofónica. Entrevistas com figuras notáveis das letras, das artes, das ciências, bem como documentários sobre o património e a história, frequentemente procurados por professores e estudantes, têm tido acesso limitado ou caem até no esquecimento. Esses conteúdos são um complemento relevante para o trabalho feito na sala de aula, e passam agora a estar disponíveis online, através das várias plataformas digitais que o Ensina utiliza. Pretendemos construir um espaço de consulta fácil para os utilizadores, através de computadores, tablets ou smartphones, em permanente construção e – dentro em breve – com o contributo de entidades externas à própria RTP. Nos próximos meses esperamos conseguir apresentar, com elevada frequência, novos materiais trabalhados a partir do arquivo do serviço público de rádio e televisão, ou produzidos especificamente para este projeto.
Que tipo de conteúdos?

Estão disponíveis, numa primeira fase, videos, audios, infografias e fotografias produzidas pelos diferentes canais da Rádio e Televisão de Portugal ao longo das últimas oito décadas. Para além de pequenos excertos de entrevistas ou programas, apresentamos também alguns grandes documentários com grande relevância para determinadas matérias escolares". (RTP/ENSINA)


13 janeiro 2014

Engenheiro mecânico penacovense radicado no Brasil lança mais um livro

Do Brasil, acabamos de receber uma mensagem de um nosso conterrâneo, natural da Rebordosa, dando conta do lançamento de um livro técnico sobre Automóveis. É com muita satisfação que deixamos aqui a notícia e que transcrevemos a sua "carta", bem como um artigo publicado a propósito do lançamento daquela obra.

Bom dia Prezados,
Meu nome é Hélio da Fonseca Cardoso, sou natural da Rebordosa, Lorvão, Penacova e resido há  mais de cinquenta anos em São Paulo, Brasil.
Tenho grande orgulho de ter nascido nessa Terra abençoada e muito linda. Sou neto do Sr. Joaquim Luís Miguel que foi um grande comerciante de ervas medicinais de Penacova.
Em 2012 lancei meu primeiro livro sozinho (já tinha escrito outros três em coautoria com outros companheiros) e tive a honra de que Penacova Online mostrasse aos meus conterrâneos essa minha façanha.
Pois bem, no final do ano passado foi lançado o meu segundo livro individual e gostaria muito que divulgassem esse feito aos meus amigos de Portugal.
O livro tem o título de Automóvel sem Mistérios.
Um grande abraço a todos os amigos de Penacova, que tenham um excelente ano pela frente.
Grato
Hélio Cardoso


Especialista esclarece dúvidas sobre cuidados com automóveis

O engenheiro mecânico Hélio da Fonseca Cardoso aborda os principais pontos e polêmicas sobre tecnologia veicular em seu livro “Automóvel sem Mistérios”
Ao longo de três anos, o engenheiro mecânico HÉLIO DA FONSECA CARDOSO, NATURAL DE REBORDOSA, PENACOVA, RESIDENTE EM SÃO PAULO BRASIL, diretor do IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) escreveu uma série de artigos voltados ao esclarecimento de dúvidas sobre a escolha e utilização de automóveis e, agora, os reúne no livro “Automóvel sem Mistérios – 50 Dicas Sobre Tecnologia Veicular”. A obra é voltada para todos os amantes de carros e aos que buscam informações para comprar o primeiro automóvel ou trocar o que já possuem.
O livro foi lançado pela editora Leud traz com uma linguagem didática diversas informações sobre cuidados com automóvel. “São informações importantes que visam minimizar uma série de dúvidas que surgem quando precisamos executar algum tipo de manutenção, passar por uma inspeção ou escolher um veículo novo ou usado”, afirma o autor.
Entre as dicas contidas no livro, o engenheiro destaca os pontos que devem ser observados antes de comprar um novo veículo. “Muitas pessoas levam em conta simplesmente a estética na hora de comprar um carro, mas é importante saber exatamente como ele será utilizado e, assim, escolher um modelo com características compatíveis ao objetivo do usuário”, explica Cardoso.
De acordo com o especialista, é preciso saber, por exemplo, se o veículo será utilizado na estrada ou na cidade, se é para uma família ou se fará transporte de cargas. Essas informações devem influenciar a escolha do tipo de motorização, um carro mais potente ou mais econômico. “É preciso observar também os gastos que o veículo gera. Além de ver se o preço do carro cabe no bolso, devem-se checar os custos com manutenção, seguro e impostos”, alerta.
Escrito em linguagem acessível, a leitura do livro não requer do leitor qualquer conhecimento técnico prévio para total compreensão dos assuntos abordados. Segundo o autor, os artigos foram escritos pensando inclusive no interesse crescente das mulheres na temática. “Escrevi para que elas também se habituem ao tema. Hoje as mulheres escolhem o próprio carro, antigamente eram os homens que escolhiam para elas”, explica o engenheiro.
Para Cardoso, o livro dá uma visão geral sobre o assunto e também serve de apoio em situações comumente enfrentadas por proprietários de veículos. “Esta obra fará com que o leitor se torne mais analítico e crítico ao discutir sobre o assunto em qualquer ocasião, inclusive para evitar que o sonho vire pesadelo”, afirma o autor.


12 janeiro 2014

Louvado seja Deus pela Voz Solene do Órgão

Aspectos das obras de restauro / fotos da APDML
Na página do facebook da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, podemos ler que “o órgão já tem voz”. Aí se noticia que se encontra “em fase de afinação e instalação final dos últimos registos o órgão monumental de Lorvão”. Recorda-se que foram “mais de duas décadas de luta” e acrescenta-se que “os trabalhos deverão ainda prolongar-se pelo mês de Janeiro, findos os quais poderemos assistir ao concerto inaugural.”

A importância histórica, cultural, musical do Órgão de Lorvão é inegável. Mais uma vez vamos reler um dos muitos escritos do Prof. Doutor Nelson Correia Borges no Notícias de Penacova.

NOTÍCIAS DE PENACOVA_1968
Este ilustre historiador penacovense escreveu (1968) naquele periódico um conjunto de quatro artigos sobre este tema onde nos apresenta “alguns dados de ordem técnica e histórica”. No primeiro artigo Nelson Correia Borges lamenta que “depois de importantes obras de restauro levadas a cabo em 1955 pela DGEMN e que fizeram voltar o alentado instrumento ao seu antigo esplendor, dum momento para o outro elas ficassem inutilizadas parcialmente por injustificável incúria, em virtude de ter-se dado infiltração de água das chuvas durante umas obras de reparação do telhado”.  
Segundo este especialista da temática lorvanense “é provável que existisse em Lorvão em eras mais recuadas um órgão”. Todavia “ o primeiro órgão de que há notícia foi o que em 1718 mandou fazer a abadessa D. Cecília d’Eça e Castro. A abadessa D. Maria da Trindade resolveu reformá-lo, mandando mudá-lo, acrescentar-lhe mais registos e dourar-lhe a caixa.
Entretanto dão-se as obras de reconstrução da Igreja que começaram em 1748 e se prolongaram por cerca de vinte anos. Depois das obras, as religiosas quiseram dotar os mosteiro com um órgão que primasse pela “grandiosidade e perfeição técnica.” Assim, foi a abadessa D. Madalena Maria Joana Caldeira (1783-1786) que encomendou a António Xavier Machado e Cerveira, (que seria irmão de Machado de Castro) o actual órgão. Só ficou concluído em 1795, com o número 47 de fabrico. Em estilo “neo-clássico, conjuga-se admiravelmente com o interior da Igreja” – escreve o Prof. Nelson Correia Borges.Apresenta duas fachadas, uma para a nave e outra para o coro, “ sendo o único, no nosso país, com este aspecto”.
“Pouco tempo depois vieram as invasões francesas com os seus dias atribulados e começou a decadência que já se adivinhava com o fim do séc. XVIII. O tempo se encarregou de emudecer o alentado instrumento que desde os fins do século passado [XIX] não voltou a ouvir as suas vozes.”

A opinião do eminente organista americano  E. Power Biggs que visitou Lorvão

Em 1955 o órgão “recuperou a voz”  graças às obras acima referidas, levadas a cabo pela Firma João Sampaio (Filhos), Lda. Neste restauro foram introduzidas modificações nos foles e na cobertura do teclado. Os primitivos foles eram em forma de cunha e necessitavam de dois homens que tinham de se revezar com frequência. Foram substituídos por um único fole paralelo, instalado em sala contígua, com a vantagem de fornecer sempre a mesma pressão de ar. O seu conjunto harmónico é constituído por cerca de dois mil e quinhentos tubos de metal e madeira.
 “Por nunca ter sido publicado – refere o Prof. Nelson Correia Borges – julgamos de certo interesse dar a conhecer o seu dispositivo”.
São dois os teclados que agrupam os sessenta e um registos, correspondendo a dois órgãos distintos: um voltado para a igreja e outro para o coro.
CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
Descrição do complexo dispositivo harmónico, publicado pela 1ª vez pelo
Prof. Nelson Correia Borges em 1968

A pedaleira é composta por cinco pedais para o comando dos diversos efeitos (crescendos, decrescendos…). O tubo mais pesado tem cerca de 120 quilos e mede aproximadamente 6 metros de comprimento e tem 40 centímetros de diâmetro. Pode ver-se na fachada voltada para a nave.
“Teria o órgão de Lorvão tido música escrita propositadamente para ele? “ - tudo leva a crer que sim – entende Nelson Correia Borges - pois Lino d’Assunção refere uma monja que era exímia em música, D. Teresa Sancha Mafalda e que teria composto muitos hinos, uma missa e várias matinas.
Já em 1968 Nelson Correia Borges escrevia que “ é necessário que o órgão volte a poder fazer-se ouvir” (…) oferecendo, assim, Penacova  “a par de bucólicos passeios nas barcas serranas do manso Mondego, recitais no órgão de Lorvão”

Esse sonho parece agora estar prestes a ser concretizado. 

OBS: o título desta postagem refere-se a um conhecido cântico litúrgico, verso que é subtítulo dos artigos referidos.

04 janeiro 2014

Penacova (bem) representada no Roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro



Uma edição da CCDRC coordenada pela
Drª Ana Faria
Com data de edição de Dezembro de 2010 (mas só em 24 de Novembro de 2011 apresentado ao público)  o Roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro, publicado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, resulta do “ esforço de recolha, organização, requalificação e mostra de todo um conjunto de bens, testemunhos materiais da História, pertencentes às comunidades rurais e urbanas da Região”- refere a nota introdutória. Este trabalho, coordenado pela Drª Ana Santiago Faria, “é essencial para que se tome consciência do longo percurso que une as gerações passadas e presentes, para as projectar no futuro, levando a um reforço identitário urgente e indispensável à sua promoção pessoal e colectiva”- lê-se também no texto de introdução.
O concelho de Penacova está presente nas páginas 50-53. Não aparece referido o Museu da Casa da Freira, provavelmente, devido ao seu encerramento, à data da elaboração desta obra. Além da edição em livro, está disponível um espaço na internet que permite a consulta dos conteúdos referidos na edição impressa. Além disso, através do site  http://roteiromuseus.ccdrc.pt/ temos acesso ao livro integral na versão electrónica.
Páginas dedicadas ao Museu do Mosteiro de Lorvão e ao Museu do Moinho Vitorino Nemésio
 
Página 52 e 53 relativas aos Fornos de Cal e ao Museu do Rancho de Zagalho/Val do Conde
 
Além do interesse concelhio que esta obra tem, há todo um panorama cultural a nível da região centro que nos é apresentado e que merece ser consultado. 

 

03 janeiro 2014

Centro Cultural de Penacova exibe amanhã (sábado) o filme A Gaiola Dourada

 
 

     Integrado no programa Fitas ao Luar a Biblioteca / Centro Cultural de Penacova vai exibir, com entrada livre, o filme "A GAIOLA DOURADA". Veja aqui o trailer oficial.  O filme de Ruben Alves, luso-descendente conta  com os actores Joaquim de Almeida, Rita Blanco, Maria Vieira Bárbara Cabrita,  Chantal Lauby e Roland Giraud.
 
     Esta comédia, sobre uma família de emigrantes portugueses em Paris, foi vista por 109.366 espetadores, na semana de estreia em Portugal, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual.
O filme, que se estreou em Portugal a 1 de Agosto, entrou diretamente para o primeiro lugar das exibições de cinema comercial no país, com 109.366 espetadores e 561.217 euros de receita bruta de bilheteira, noticiaram os jornais.

 

01 janeiro 2014

Efemérides: Foral Manuelino, extinção do concelho de Farinha Podre e República


Poucas horas depois de o dia 31 de Dezembro de 2013 ter terminado, duas efemérides gostaríamos de destacar: 500 anos do Foral Manuelino (31/12/1513) e 160 anos da extinção do concelho de Farinha Podre (31/12/1853). Destes temas falámos já neste blogue e na imprensa regional.
Sobre o foral, pode espreitar a referência ao lançamento da edição fac-similada,  bem como um artigo sobre estas “joias patrimoniais”. Pode ficar também a saber que o exemplar concelhio do foral manuelino esteve em vias de se perder como se um maço de papéis se tratasse, e pode ainda visualizar algumas páginas do foral onde a data de 31 de Dezembro de 1513 é fácil de ler.
No que se refere ao concelho de Farinha Podre, pode ficar a saber qual o âmbito geográfico do mesmo (as freguesias e os lugares que o compunham, o número de fogos) e aperceber-se do “desastre” que constituiu essa decisão de extinguir um concelho que tinha todas as condições para se desenvolver.
Além destas duas referências, façamos uma terceira viagem no tempo. Recuemos 100 anos. Em 1913-1914, viviam-se tempos “atribulados” da República, onde as divisões no seio dos republicanos já se faziam sentir, em especial entre António José de Almeida e Afonso Costa, o mesmo é dizer, entre Evolucionistas e Democráticos.
No início de 1914 ( 3 de Janeiro) António José de Almeida escrevia no Jornal de Penacova um artigo intitulado “Ano Novo”. Aí perguntava, no seu estilo coloquial: “ Esta república, como no actual momento se encontra é má? Sem dúvida. Podemos mesmo, leitor amigo, sem forçar a expressão do vocábulo, chamar-lhe péssima.”
Assim, depois de tecer fortes críticas ao governo presidido por Afonso Costa apela a uma mudança urgente na condução do Governo e diz:
“Não te fiques nirvanicamente nas queixas e nos lamentos. Trabalha, mexe-te, congrega-te, conjura-te e anda para a frente” (…) Lembra-te que uma simples mudança ministerial, coisa que se faz sem abalos nem perturbações de espécie alguma, é o suficiente para que a paz, a ordem, a justiça serena, a equidade conciliadora, ponham em equilíbrio esta sociedade, que fazendo a evocação dos seus males, sobretudo deveria queixar-se de si.” Esta mudança ministerial que refere significava uma mudança de Governo e de Política.
“Anda e olha que a missão é facílima” – volta a reafirmar António José de Almeida, que conclui o artigo deste modo: “Nessa suposição [de mudança] te agoiro um novo ano que te faça, pelas suas vantagens, esquecer o 1913, com todos os seus desastres”.

29 dezembro 2013

Ao derradeiro dia do mês de Dezembro de mil quinhentos e treze...

Parte final do Foral Manuelino onde se pode ler a data de 31 de Dezembro de 1513.
Já nos referimos neste blogue, por diversas vezes, aos Forais de Penacova, em especial àquele com que o Rei Venturoso distinguiu estas terras "no derradeiro dia do mês de Dezembro" de 1513.
 
Transcrevemos hoje um excerto da nota introdutória à edição facsimilada, assinada pela Profª Doutora Maria Alegria Fernandes Marques:
"É notório o interesse do poder local pelos aspectos históricos das suas comunidades. E surge redobrado quando elas foram alvo da concessão de foral, em um qualquer momento.
Essa atenção pode justificar-se por muitas razões, mas há duas que convém registar, muito particularmente. Referimo-nos à consciência da sua ancestralidade e identidade e ao respeito pelos documentos da sua história.
Folhas XIII do Foral de 1513
 
Assim o caso de Penacova, vila distinguida com dois forais um do rei D. Sancho I e outro do rei D. Manuel. Se o facto de este concelho da beira do Mondego ser, sem dúvida, depositário de uma história multissecular pois que, com toda a certeza, o lugar existia em 1036, podendo, mesmo, ser herdeiro e continuador de outros, mais antigos na região, e detentor de um património histórico, artístico e cultural de um valor muito apreciável a começar pelo imponente e tão significativo mosteiro de Lorvão, justificava, já de si, uma obra de pesquisa, entendeu o poder autárquico actual fazer dedicar um estudo aos seus forais.
Assim, tem este trabalho por fim a publicação fac-similada e o estudo dos dois forais de Penacova. O primeiro, do mês de Dezembro do ano de 1192, havia de inserir-se numa política de valorização do território, tão característica do rei Povoador, o segundo, datado do último dia do ano de 1513, nasceu da grande reforma dos forais levada a cabo no reinado do rei Venturoso.
D. Manuel I, o Venturoso
No intervalo, a vila de Penacova havia de conhecer o destino de tantas outras do reino de Portugal: concedida a vários apaniguados régios, ao longo dos tempos, no governo do Mestre de Avis, futuro rei D. João I, havia de conhecer a família em cuja posse havia de persistir até ao fim do regime senhorial, em Portugal. Então, era doada a Nuno Fernandes Cordovelos, em agradecimento daquele rei pelos importantes serviços e pelo apoio que esse seu vassalo lhe tinha prestado, quando ele lutara pelo trono de Portugal, contra um partido adverso que tinha no poder castelhano a sua cabeça e coração. Na sua família se manteria até à extinção dos forais."
[SAIBA MAIS NO PENACOVA ONLINE NO DIA 31]

25 dezembro 2013

Penacova, Lorvão, S. Pedro de Alva e Rebordosa vão reviver Cantares de Natal


 
Os Cantares do Ciclo Natalício vão estar em primeiro plano na agenda cultural dos próximos dias. São já quatro as iniciativas programadas:
DIA 28 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de Penacova, pelas 21 horas, vão actuar, além do grupo organizador - Rancho Folclórico de Penacova, o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alfarelos e o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira.
DIA 29 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de S. Pedro de Alva, pelas 16 horas, integrado no Concerto de Natal, o Rancho Folclórico da Casa do Povo vai interpretar também Cantares do Ciclo Natalício. Neste evento actua ainda o organista João Guerra e o Grupo Vocal Ancãble. Uma organização conjunta da Paróquia, do Grupo Onda Jovem do Alva e do Rancho local.
No mesmo dia – e à mesma hora – em Lorvão, tem lugar o XVI ENCONTRO DE CANTARES DO CICLO NATALÍCIO, na Igreja do Mosteiro. Actuam o Grupo Etnográfico de Lorvão, o Rancho Folclórico São Salvador de Grijó, o Grupo Típico de Ancã e o Rancho Folclórico de Mundão.
12 de JANEIRO: na sede do União Popular da Rebordosa, pelas 16 horas, “Cantar do Natal aos Reis”. No encontro participam o Grupo Cultural Os Medroenses (Medrão – Sta Marta de Penaguião), Grupo de Cantares do Grupo Folclórico “Cravos e Rosas” (Oliveira de Azeméis), Cantadeiras da Alma Alentejana (Almada) e, por fim, o Grupo de Cavaquinhos da Rebordosa.
Neste tipo de cantares há “uma união do espiritual e do profano, em que se testemunha uma dualidade/unidade de princípios, de valores e de receptividade geral, vincada na exaltação, no humorístico, no satírico e no agradecimento, com votos de felicidade, de bem-estar, de gratidão, de louvor ao Menino e de penhor à pessoa" - escreveu  Mário Nunes, historiador e investigador das tradições populares, (e à data Vereador da Cultura), aquando do lançamento de um CD, em 2008, pela Câmara de Coimbra.
Segundo aquele historiador, falecido no Verão passado, a distribuição cronológica da festividade principia nos cânticos de alegria e de elevação espiritual ao Menino, entoados na noite de Natal e nos dias seguintes.

No primeiro de Janeiro cantam-se nos adros e de porta em porta as "Janeiras", cantares populares, outrora preparados para os lavradores e pessoas ricas e de linhagem, tendo por motivo agradecer os benefícios recebidos ao longo do ano, desejar Ano Novo repleto de alegria e saúde aos proprietários e familiares e pedir, em recompensa, alguns bens alimentares para festejar o evento.

Nos Reis, a 6 de Janeiro, a última fase do ciclo natalício, cultivam-se os mesmos sentimentos, emprestando-se o entusiasmo e a saudação, algumas vezes personalizados, ao Senhor da Casa e pessoas queridas. "Na ausência do esperado agradecimento, isto é, não correspondido, materialmente, cantam-se quadras, previamente escolhidas, em que o humor, a sátira e até o brejeiro dirigidos aos donos, acompanham as despedidas e formalizam o desagrado do grupo aos distinguidos com a saudação".

21 dezembro 2013

Documentário Memórias de Pedra e Cal

 

Um documentário sobre a extração, transformação e uso da cal na construção tradicional, produzido por portugueses e brasileiros, vai ser apresentado no domingo, em Penacova.
Uma primeira versão do documentário "Memórias de Pedra e Cal", cuja realização contou com a colaboração dos municípios de Coimbra, Cantanhede e Penacova, vai ser exibida no auditório da Biblioteca Municipal de Penacova, às 17:00, numa sessão que inclui debate com a população.
Neste concelho, a Câmara Municipal patrocinou a recriação da produção da cal parda, com a participação dos moradores do Casal de Santo Amaro, onde esta atividade envolveu sucessivas gerações ao longo dos séculos.
 

13 dezembro 2013

Cartas Brasileiras: ainda o tema da emigração de penacovenses para o Brasil


Um dos navios da minha  sogra

Contar como famílias portuguesas vieram para o Brasil, falar sobre aqueles que deixaram Penacova para fazer a América é também contar um pouco da história da nossa gente. Na carta anterior falei sobre o navio que trouxe meu avô português, na de hoje falarei sobre o da avó  que adotei, por ser a da minha mulher.

O Highland Brigade

E, mudando o curso, falarei sobre o navio de minha sogra, porque ela veio com a mãe e o irmão, desembarcando em Santos no dia 6 de março de 1934. Veio mesmo de navio, como está comprovado, o que me impede de dizer a asneira de que teria vindo montada em uma vassoura, como dizem os genros desalmados; não ela, especialmente ela.
 
O interessante é que, como se observa no documento aqui já publicado em carta anterior, no Passaporte de Viagem contam dois navios: Highland Brigade e Ruy Barbosa. Segundo ela, a data da  viagem, depois de tudo pronto, foi alterada, talvez por isso constem os nomes de dois vapores, porque não trocaram de navios, nem na parada ocorrida em Recife (Pernanbuco- Brasil).
 
Sobre o vapor inglês Highland Brigade, reproduzo fragmento extraído do livro “O ano da morte de Ricardo Reis”, do famoso escritor português José Saramago:

“...Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Highland Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara. O vapor é inglês, da Mala Real, usam-no para atravessar o Atlântico...enfim entrará o Tamisa como agora vai entrando o Tejo, qual dos rios o maior, qual a aldeia.”
 
Como era o vapor? Deixemos que o mesmo Saramago nos diga:

“ Não é grande embarcação, desloca catorze mil toneladas, mas aguenta bem o mar, como outra vez se provou nesta travessia, em que, apesar do mau tempo constante, só os aprendizes de viajante oceânico enjoaram, ou os que, mais veteranos, padecem de incurável delicadeza do estômago... provido de tombadilho espaçosos para sport e banhos de sol, pode-se jogar, por exemplo, o cricket, que, sendo jogo de campo... Em dias de amena meteorologia ...é jardim de crianças e parada de velhos, porém não hoje, que está chovendo e não iremos ter outra tarde...”
 
Possuía acomodação para 150 passageiros na 1ª classe, 70 na segunda, e 500 na 3ª, na qual vieram Vó Maria com os filhos: Lucília (a sogra), com 6 anos e Orácio (como grafado) com 4 anos, que partindo de Povoa da Figueira, passaram por Souselas, de trem para o Porto onde embarcaram rumo a  Lisboa, desembarcando em Santos (Brasil).  

Em 1940, e durante a II Guerra Mundial foi transformado para transporte da tropa inglesa. Com o fim da guerra voltou aos antigos proprietários, vendido em 1959 para um armador grego, passou a se chamar Henrietta, fazendo rotas entre Gênova e Austrália, posteriormente foi rebatizado de Marianna em 19660, e finalmente, em 1965 foi levado para ser demolido no estaleiro de Kaohsiung, em Taiwan.

Sobre o outro navio falarei em outra carta.

Abraços  - Paulo T J Santos – ptjsantos@bol.com.br

30 novembro 2013

Penacova, 1 de Dezembro de 1910


De acordo com notícias da época, o 1º de Dezembro de 1910 foi assinalado em Penacova com uma sessão solene que se realizou na Câmara Municipal.
Pelas 11 horas a Tuna de Lorvão tocou o “Hino da Restauração” dando início às celebrações. Na sessão solene discursaram António Moncada, Presidente da Comissão Administrativa e Amândio Cabral, Administrador do Concelho. António Moncada recordou que, quer em 1640, quer em 1910, fora “ o povo, e só este” que derrubara “a tirania”.
 
Joaquim Maria da Silva, em nome do povo de Lorvão, leu uma “calorosa” mensagem de saudação à República e ao Governo Provisório.
A Filarmónica de Penacova também esteve presente, executando o novo Hino “ A Portuguesa”.
Recordando o 1º de Dezembro de há 103 anos são de referir outros dois acontecimentos: 
 
- a inauguração, na Av. 5 de Outubro, do Centro Republicano de Penacova tendo como patrono António José de Almeida.
 
- a inauguração da “luz acetylene” na vila  apesar do dia de temporal que se fez sentir. “ Com vagar embora, o Progresso vai penetrando na nossa  terra “ – dizia o Jornal de Penacova.
 
À noite, os republicanos reuniram-se  ainda à volta de  um jantar no “Hotel da Srª Altina Amaral”.
 
Breves notas* sobre o feriado do 1º de Dezembro

Capa da obra referida onde
surge em 1º plano António
José de Almeida
A comemoração do 1º de Dezembro foi determinada logo nas cortes de 1641, mandando “celebrar anualmente Te Deum” em todas as Sés.
Ao longo de toda a Monarquia foi considerado apenas como dia de “simples gala”, apesar de, em 1892,  a Comissão Central 1º de Dezembro ter solicitado ao rei D. Carlos e ao Governo que a data fosse promovida a “dia de grande gala”, aspiração que não foi atendida.
Com a implantação da República o 1º de Dezembro  foi proclamado Feriado Nacional. Logo no dia 12 de Outubro aquele dia foi proclamado como Feriado Nacional e também foi escolhido para a  “Festa da Bandeira Nacional” em que seria apresentada oficialmente a nova bandeira .

*Ver Feriados em Portugal, Luís Oliveira Andrade, Luís Reis Torgal. Imprensa da Universidade, Coimbra, 2012 

Comemorações da Restauração da Independência em Lorvão.
A Filarmónica Boa Vontade Lorvanense celebra, no próximo dia 1 de dezembro, a Restauração da Independência Nacional, tradição anualmente realizada por esta Filarmónica desde a data da sua fundação em 1 de agosto de 1910.

Personificando o grupo de 40 fidalgos que atacaram os espanhóis, em Lisboa, no dia 1 de dezembro de 1640, os músicos da Filarmónica Boa Vontade Lorvanense saem, pelas 09H30, da sede da Filarmónica, na rua Bissaya Barreto, em Lorvão, e dirigem-se, em silêncio, municiados com os seus instrumentos, ao Mosteiro de Lorvão, para apanharem os espanhóis de surpresa.
Subindo pela estreita escadaria até ao zimbório poligonal, sob as ordens do Maestro Paulo Almeida, entoarão, o Hino da Restauração de 1640.

Pelas 15H30, a sede da Filarmónica Boa Vontade Lorvanense será palco do Colóquio "1º de dezembro e os Feriados Nacionais", em que serão intervenientes o Prof. Doutor Reis Torgal e o Dr. António Calhau.
( Texto: website da Câmara Municipal)

29 novembro 2013

Foral Manuelino: resgatado do balcão de uma loja onde chegou a servir de suporte a balança conseguiu completar 500 anos em terras de Penacova


Por pouco - a fazer fé na crónica do Dr. José Albino Ferreira (A Carochinha) - que o exemplar concelhio do Foral de 1513  não desapareceu no monte de papéis velhos. Aqui se conta como, graças ao antigo Secretário da Câmara, Alípio Correia Leitão, esta preciosidade foi salva do desleixo (ou intenção) de quem se quis desfazer dos testemunhos da nossa história . Felizmente que o podemos observar ainda hoje em bom estado, depois do seu restauro no último mandato do Engº Maurício Marques, enriquecido com a  publicação de uma edição fac-similada do mesmo.
O Dr. José Albino Ferreira que faleceu no início dos anos quarenta, foi notário e também padre. Foi várias vezes Presidente da Câmara. Nessa qualidade inaugurou, por exemplo, o Mirante em 1908. Era uma pessoa com uma vasta cultura e muito reconhecida em Penacova. Vamos, pois, acreditar na veracidade destas peripécias.


A crónica começa assim:

As crónicas publicadas no Notícias de Penacova
“Era o foral o estatuto fundamental, a carta constitucional do concelho, que devia ser religiosamente guardada com os livros e papéis da secretaria da Câmara.
A guerra civil em que o povo português se envolveu, dividindo-se em dois partidos, o conservador chamado legitimista e o liberal ou constitucional, teve em Penacova grande repercussão. Dividiram-se e hostilizaram-se rijamente os penacovenses.

Vencidos os legitimistas que queriam para seu rei D. Miguel, houve por cá também liberais vencedores que acharam que a história de Penacova devia começar só em 1834, ou, quando muito, em 1820. Era preciso fazer desaparecer tudo o que contrariasse os ideólogos do liberalismo. Despedaçaram o pelourinho e não se sabe o que fizeram dos livros e dos papéis do Arquivo Municipal.
O certo é que na Secretaria da Câmara, só existe dos tempos anteriores, o foral de D. Manuel e este mutilado, faltando-lhe a primeira folha, a traça e o tempo dilaceraram gravemente a forte encadernação, mas respeitaram admiravelmente o pergaminho das folhas e as vivas cores das letras.

Um dia encontrou-se na secretaria da Câmara, a Carochinha, com o ilustre penacovense que foi grande orador sagrado, Alves Mendes, e apresentou-lhe o foral, lamentando o desaparecimento da primeira folha. Alves Mendes viu e disse: Olhe, sabe a razão? É que havia, sem dúvida, como era de uso, a iluminura artística da primeira letra. Algum amador a viu e cobiçou para a sua coleção, e…foi um ar que lhe deu…
Referência aos 5oo anos do Foral
in Revista Municipal
Não ficaram por aqui as desventuras do foral.

Quando, há poucos anos se aposentou Alípio Leitão, que durante mais de 30 anos foi secretário da Câmara, encontrou-se na Pérgola a Carochinha com o saudoso penacovense Dr. Daniel da Silva que lhe disse: sabe, apareceu o foral!
A  Carochinha que ignorava o seu desaparecimento estranhou o caso. O Dr. Daniel continuou:

Eu sabia, porque me tinham dito, ignorando-se como se dera o facto. Eu suspeitava que tivesse sido o meu amigo que o houvesse escondido, não para ficar com ele, mas para o ter mais bem guardado…
Nada disse e perdoei logo ao Dr. Daniel a injusta suspeita.

Agora o Alípio Leitão fazendo entrega da Secretaria ao sucessor, apresentou-lhe uma caixa em que tinha guardados vários papéis e bem assim o foral que se julgava perdido…
Logo que a Carochinha se encontrou com Alípio Correia disse-lhe: então tu sonegaste o Foral fazendo que durante mais de 20 anos pesasse sobre mim a suspeita de o ter roubado?!
O meu amigo Alípio Correia, então, diz-me muito naturalmente:
Eu fui a uma mercearia cá da terra e vi, sobre o balcão o foral sobrecarregado com as balanças da loja!... Fiquei surpreendido, mas não disse nada. Voltei no dia seguinte e lá estava o foral na mesma tortura. Ainda desta vez nada disse ao logista. Ainda nesse dia voltei, não encontrando ninguém no estabelecimento. Peguei no foral e levei-o para a Secretaria, onde ele devia estar sob minha guarda e pu-lo numa caixa fechada onde tinha outros papéis que guardei no fundo duma gaveta.
Nunca ninguém me perguntou pelo foral e por isso a ninguém disse onde o tinha.
Eu louvei muito a discreta prudência do Secretário…

Carochinha “

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Em 17 de Julho de 2008 foi apresentado o livro

"Os Forais de Penacova", edição fac-similada com  nota introdutória, transcrição, tradução e glossário da Prof. Doutora Maria Alegria F. Marques
Apresentação da edição fac-similada dos Forais de Penacova
(Foral Sanchino e Foral Manuelino) em 17 de Julho de 2008.

Sobre o Foral Manuelino ter também em consideração a seguinte obra:
Análise codicológica do Foral Manuelino de Penacova*
Monografia
Autor : Queirós, João Paulo dos Santos
Editor Coimbra [J. P. S. Queirós], 1998
•Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Codicologia do Curso de Especialização em Ciências Documentais da Fac. de Letras da Univ. de Coimbra.
Desc. Física 40 f. : il. ; 30 cm.
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Comentários:
Antonio Calhau   O falecido meu estimado amigo e colega Dr Homero Pimentel , grande professor do nosso concelho disse-me há cerca de 30 anos exatamente o que aqui está escrito e referiu que a 1ª página do foral poderia ter servido de cartucho nessa referida mercearia. (através do Facebook)