22 novembro 2013

A Revolta dos Sarreiros: um caso que apaixonou "a vila e seu termo" e acabou em tragédia


A história que vamos recordar chegou ao nosso conhecimento através do jornal Notícias de Penacova. Nos inícios dos anos 60 este jornal publicou um conjunto de crónicas intituladas  "In Illo Tempore..." assinadas com o pseudónimo Zé do Mirante. A par de outros temas sobre Penacova e o concelho, o articulista relata com algum pormenor um facto que terá acontecido na vila nos finais do séc. XIX. O texto não apresenta datas nem nomes completos, mas ao procurarmos  noutras fontes referências ao Dr.  José Ferreira, citado na crónica,   somos levados a crer que de facto se trataria de José Ferreira Seco de Figueiredo e Queiroz ( 1827-1889) , bacharel de Direito e Recebedor da Fazenda em Penacova. Casado com Joaquina Emília Augusta de Melo (1827-1896) fora também Presidente da Câmara de Poiares e ainda Deputado às Cortes.
Assim sendo, os factos remontarão a 1888-1889, pois a data da sua morte (suicídio) ocorreu  em 14 de Fevereiro de 1889 na Quinta da Boiça em Sto André de Poiares.
 
Eis pois, a transcrição do texto publicado nas páginas do Notícias de Penacova de 1962:
I
Um dia logo de manhã, foi a vila posta em sobressalto. Eram os homens válidos das povoações de Chelo. Chelinho e Rebordosa, armados de cacetes em atitude revolucionária. Eram sarreiros que vinham dispostos a desancar, liquidar, o Escrivão da Fazenda, porque os tinha colectado arbitrariamente, sem olhar ao direito e à justiça.
Ainda deverá existir, em alguns daqueles povos algum velhote, bem velhote, que se lembre desta manifestação de força, de aventura e desafronta...
Ora o José Miguel, de prestígio pessoal e político da região, já tinha vindo com o António Lopes, também homem de respeito de Chelo, e talvez o maioral dos sarreiros, expor ao escrivão da Fazenda a engrenagem do negócio do sarro, pois que não passavam de angariadores de adegas espalhadas pelo Portugal vinhateiro, mas por conta e financiamento do verdadeiro industrial do Porto. Eles, sarreiros, somente extraiam o sarro das vasilhas com o auxilio dos moços ( ou criados) e apresentando a mercadoria ao patrão do Porto, recebiam as suas jornas e ajustavam contas.

Objectos utilizados pelo sarreiro
( Expo Artes e Cultura - Lorvão 2012 fotos de Penacova Online)
O escrivão da Fazenda, como então era tratado, e se a memória é firme e não me atraiçoa, se chamava Viriato, não atendeu às reclamações destes, agravou o caso, tributando também os moços (ou criados) dos sarreiros que fossem menores. " Aqui é que ardeu Troia" e aí vinham todos fazer barulho, fazer valer os seus direitos a cacete e queimar a papelada...
O prudente José Miguel tinha vindo à frente montado na sua fiel e pacata burrinha, dar aviso aos chefes políticos de que era devotado amigo.
As repartições foram encerradas e o Viriato não se sentindo em segurança na hospedaria da ti Levradia (mais da tarde da srª Altina do Amaral) pediu asilo ao vizinho Dr. José Ferreira que generosamente o acolheu e hospedou, entregando-o aos cuidados e vigilância da incomparável esposa D. Joaquina de Melo.
Toda a gente sabia que o Dr. José Ferreira era o Recebedor responsável e amigo de sempre, o honradíssimo compadre de toda a gente. Aquela casa era sagrada; ali minguem lhe tocaria!
Quem diria que o Viriato, cobardão e medroso, tornado cordeirinho naqueles dias, viria a ser o carrasco do seu salvador?
Mas vamos assistir aos tumultos e possíveis desacatos dos sarreiros.
Como as Repartições estavam fechadas, andavam aos montões, rua a baixo , rua acima, a dar vivas aos regeneradores e aos progressistas ( não era época de eleições) e espalhafatosos morras ao Viriato, que, tão fortes como trovões ou como o dobrar os sinos a funeral, se ouviriam em Chelo.
O que é certo, e torna evidente destacar, é a moral daqueles povos ao fim de algumas horas de furor, gritaria, de beberricar pelas tabernas, de esfacelarem os paus nos muros e nas paredes, não partiram um vidro, não queimaram a papelada...e não fizeram desacato algum! Com prudência ouviam-se as advertências das autoridades e até iam acalmando com a promessa de os políticos irem a Lisboa resolver o assunto a seu contento.
Recordo muito bem de dois famosos auxiliares do sossego, que com umas pancadinhas amigas num, com um segredo ao ouvido deste e uma anedota brejeira àquele, iam empurrando os sarreiros amotinados para suas casas. Merecem  registo os seus nomes e qualidades.
Um era Joaquim de Andrade, de Miro; o outro Joaquim Pechim, da Mata de Carvalho, se bem me recordo, ambos afilhados do Dr. José Ferreira. O primeiro era auxiliar e quase permanente à frente da Recebedoria da qual o padrinho era o responsável; o segundo, o Pechim, era com "um procurador honorário ou notário privativo dos dinheiros e rendas do Dr. José Ferreira, espalhados por toda a Comarca. Mais tarde tive nas minhas mãos e li, muitos "Títulos de Confissão de Dívida" escritos pelo Pechim e pelo sr. Luís Lopes (outro notário popular) que foram esquecidos ou perdoados. Estes "Títulos" tinham a curiosidade, sendo a moeda corrente os mil réis, em tal se não falava nem tão pouco em libras; era somente - tantas "moedas" - cujo valor era de 4 800 réis (4$80) cada.
Ora estes figurões que acima descrevi, eram conhecidíssimos no meio dos amotinados sarreiros e portanto eram obedecidos e respeitados. Alguma razão tinha o Andrade, de Miro, de me dizer, quando eu já fazia a barba, que tinha sido o rei de Penacova!...Lá tinham as suas razões de realeza que a história não registou...
Quem mais gozou com as arruaças foi a garotada; colaborou rijamente nos morras ao Viriato quanta antipatia e raiva lhes merecia.
Ah! mas a rixa com os sarreiros não findou; nem a paz e sossego para os habitantes da vila e nem a vingança do Viriato estava quite com uns e outros; aqueles porque o ameaçavam de morte e estes porque lhe negaram apoio.
 
A festa ia, pois, principiar.
 
Um ou dois dias depois e tudo em tranquilidade, andavam uns tantos gaiatos em Santo António, nos jogos próprios da idade (então não havia muro ou qualquer resguardo fora do alpendre) quando um dos miúdos - como tenho tão vivo na memória este caso! - viu que à Várzea vinham soldados a cavalo e outros, muitos, a pé, com cornetas e tambor a tocarem!
O alarme foi como o desabar da tempestade. De todos os pontos voltados ao Reconquinho, corriam, gritavam, rebolavam pelas encostas à estrada de Coimbra, os rapazinhos e até os grandes, ao encontro daquela maravilha inesperada e nunca vista!
Naquele tempo não havia qualquer ligação com a estrada para Coimbra a não ser o caminho estreito e mau pelo Cidral ao Chafariz. Pois por aí vinham os soldados e cavalos, à mistura com o batalhão de garotos.
Os mirones da vila encontraram-se na Costa do Sol.
Como a crónica já se vai estendendo para além do que permitido é o espaço do nosso jornal, eu terminarei com outro número de o "Notícias", pois vale a pena trazer ao conhecimento do nosso povo um caso que emocionou dois concelhos.
 
II
 
 
Como já dissemos, o único caminho que ligava Penacova com a estrada de Coimbra, era o acanhado caminho do Chafariz-Cidral. Pois era por aí que subiam os soldadinhos que iam ser os dominadores da vila.
Logo depois o administrador do concelho, Dr. Amaral, hóspede e parente do Sr. Constantino, bisavô da Ex.ma srª D. Maria José Leitão, que eu mais tarde viria a reconhecer como Conselheiro Presidente da Relação em Coimbra, mandava o seu oficial Joaquim Cabral, do Castelo, que, de relação na mão, ia distribuindo pelos habitantes da vila o numeroso grupo de soldados. A garotada é que achava grande honra ter em sua casa um soldado. Que importava à economia da família, se dividia o seu naco de broa com o soldado?
Os oficiais, dois ou três, ficaram hospedados na casa do Conselheiro Alípio Leitão. Um dos oficiais tinha um cavalo que era o alvo dos carinhos e a inveja dos apreciadores da espécie; lindo a valer, de caprichosas e grandes manchas brancas e negras.
Mobilizados carpinteiros para fazerem as necessárias tarimbas e a guarita, que muitos anos depois fi o refúgio e palácio da garotada, os pedreiros improvisaram uma cas para a cozinha dos militares e as indis- pensáveis instalações sanitárias, à moda da época!...
Publicidade de 1948 in NP
Talvez ainda haja quem se lembre, de, ao fundo da Pérgula, ser a serventia para a Repartição da Fazenda, que era onde hoje é a cadeia dos homens, e servia todos os baixos do edifício. Ao lado da serventia, à direita, era a cozinha, que chegou a ser taberna do carcereiro António Dias. Nas cadeias então vazias, se instalaram os militares.
Entretanto os Penacovenses é que iam amargando as favas aboletando os soldados, alguns sabe Deus com que sacrifícios e sem culpa nas quezílias dos sarreiros e do Viriato.
Aos oficiais foi preparado alojamento, onde é hoje a Secretaria Judicial e então sala das Sessões da Câmara Municipal.
A cavalaria com grande mágoa dos gaiatos, ao fim de 10 ou 15 dias retirou, acabando o prazer de a hora certa ver a corrida para o rio à data de água, com o complemento dos pinotes dos cavalos no areal, e às vezes a fuga de alguns a caminho da vila.
A infantaria esteve aquartelada na vila - eu sei la? - talvez um ano.
Para a rapaziada o recreio era permanente, desde o toque da alvorada ao recolher; era o moifar do casqueiro ao café; do render da guarda ao manducar da bóia, à tardinha.
De maior aparato e assistência era aos domingos a formatura em frente aos Paços do Concelho, para a missa na igreja. Os soldados com o fardamento que então usavam com correame complicado e muito branquinho, com barretinas de metais a luzir como ouro, era facto imponente. E a fileira dos soldados, que ia do guarda - vento à grade a meio da igreja, com as baionetas a luzir, com os oficiais à frente de espada em punho, e os que ladeavam o altar-mor, e no momento da Elevação, à ordem do comandante e ao toque das cornetas e tambor se prostravam em sinal de submissão? Posso garantir que aos domingos não faltava à missa conventual nenhum garoto e também nunca foi tão concorrida...pelas moçoilas! Não faltaram mais criadas para servir e não mais faltou água fresquinha para a mesa de Carrazedos ou da Quinta dos Peixes, assim como as três fontes da vila estavam sempre policiadas...
 
Fonte: Rancho Folclórico "As Paliteiras"de Chelo
É tempo de relatar os trágicos efeitos da rebelião dos sarreiros na nossa pacata vila.
 
O escrivão Viriato sentindo as costas no seguro e com a sentinela à porta, redobrou o ataque à bolsa do contribuinte; não poupava os funcionários que com ele não colaborassem. Mexeriqueiro, metediço nas vidas particulares, queria dos empregados confidências sobre o viver pessoal e político do Recebedor. Caçador de escândalos mexia e remexia papéis, até que, finalmente, encontrou um vale, ainda recente, do Dr. José Ferreira, de umas dezenas de mil réis! Tinha, pois, na mão a arma desejada para o seu triunfo: liquidar um homem de valor! Lealmente não avisou, não esperou um dia, que ele recorresse a um amigo para ficar logo quite com o Estado.
O Dr. José Ferreira quando teve conhecimento da patifaria do Viriato, sofreu tal desgosto que mandou logo aparelhar a égua ao criado António Langão (António São Miguel) que ainda hoje tem forte geração na Ponte e partiu para a sua quinta da Boiça, em Vila Nova de Poiares.
Escreveu carta à bondosíssima esposa D. Joaquina de Melo, aos amigos de Poiares e Penacova e a horas mortas estoirou os miolos com uma certeira bala!...
Ainda luzia a estrela d’alva, já o António Langão batia às portas a dar a triste notícia que rapidamente se espalhou . A tragédia enlutava  dois concelhos. A indignação era total contra o Viriato. Todos lhe voltavam as costas . A  hospedaria fechou-lhe a porta, não teve quem lhe vendesse um pão. Por favor do seu fiscal de impostos, um tal Sacramento, que vivia na casa em hoje ruinas, pegada ao José Félix, ali comeu e dormiu até ao dia...
Os amigos da infeliz vítima, de Penacova e Poiares, imediatamente se puseram em campo e decorridos poucos dias o Viriato saía de Penacova escorraçado como um cão lazarento.
Os povos de Chelo e Rebordosa è que não pouparam de chupa, apupos e foguetório à sua passagem de barco a caminho de Coimbra.
E a D. Joaquina de Melo? Essa também saiu para não mais voltar à sua terra. Mais tarde soube por Arsénio Pimentel que enquanto viveu, era uma verdadeira romagem às 2ªs feiras para Boiça, de gente de Penacova, a visitar a desditosa viúva.
Poucos anos sobreviveu ao Dr. José Ferreira, mas sei que nunca lhe faltaram flores de camélia, que ainda hoje existe, da sua Quinta da Cheira.
***
Esta crónica não é fruto da fantasia. Não. Os factos são verídicos. Aos poucos ia-os arrancando à memória e estendendo-os no coradoiro da pureza dos acontecimentos. Levou seu tempo a estender a cadeia, através dos anos decorridos. Mas, louvado seja Deus, chegou-se ao fim sem atropelos à verdade, e deu-se a conhecer um caso que apaixonou a "vila e seu termo".
ZÉ DO MIRANTE
 

15 novembro 2013

Cartas brasileiras: o navio do meu avô português


O navio Sierra Morena que em 1928
 transportou Manuel Castanheira, emigrante de Figueira de Lorvão

Se botarmos atenção nos documentos que ilustraram a carta anterior (Matar a cobra e mostrar o pau), mais precisamente no Passaporte de Imigrante do meu avô Manuel Castanheira, de Figueira do LorvãoPenacova, que já disse por parte de minha mulher, vê-se que tendo partido de Lisboa em 13/11/1928, desembarcou em Santos, no dia 29/11/1928, como se observa no carimbo da imigração.

Pode-se ainda notar que no passaporte existe a identificação do navio, Sierra Morena; curiosamente, o nome hispânico nada tem a ver com a origem do navio.
 
Valendo-me do site do Governo do Estado de São Paulo, http://memorialdoimigrante.org.br/ pude verificar que o navio Sierra Morena era um navio alemão, da companhia Norddeutscher Lloyd (ND), construído 1924, em Bremer (Alemanha), com 11 430 toneladas, com capacidade para transportar 1 100 passageiros, cuja empresa foi fundada e 1857, tendo sido uma das mais importantes companhias de navegação alemã do final do século 19 e início do século 20.
Der Deutsche, resultado da remodelação do Sierra Morena
Despertada em mim a curiosidade, avancei um pouco mais pela internet, descobrindo que em 1928 o navio atracou nos portos de  Bremen (Alemanha), Boulogne (França), Vigo (Espanha), Lisboa (Portugal), Madeira (Portugal), Rio de Janeiro (Brasil), Santos (Brasil), Montevideo (Uruguai,) e Buenos Aires (Argentina).

Com a Segunda Guerra Mundial, passou-se a chamar-se  Der Deutsche, tendo sido remodelado, fazia cruzeiros organizados pelo Partido Nazista – Programa Força na Alegria. No final da guerra, foi “apropriado” pela Rússia, e de 1947/1949 passou a integrar da linha Ásia, com bandeira soviética. A partir de 1950 atuou apenas em águas do extremo oriente, entre Valdivostok e Kamchatka, até 1970, quando deixou de operar.   

Na internet há inúmeras referências sobre navio, inclusive com fotos. Não tendo como saber qual a fonte original, resta-me a citar pelo menos uma, dando assim os créditos pelas imagens.


Paulo Santos - S. Paulo

09 novembro 2013

Motim sangrento em Travanca: alguns mortos e muitos feridos foram o resultado de cena violenta

Brás Garcia de Mascarenhas, “o aventureiro, o guerreiro e o poeta”  da Beira-Serra, deixou a marca da sua faceta aguerrida também pelos nossos lados, designadamente em Travanca do Mondego. Numa recente tese de mestrado (2010) de Albano José Ribeiro de Almeida é recordado este episódio que, por sua vez, António de Vasconcelos relatou na sua obra "Brás Garcia Mascarenhas" (1921).

Escreve Albano José Ribeiro de Almeida:
(…) Ainda neste período, fins de 1640, Brás Garcia encontra-se de novo envolvido em rixas e cenas violentas, das quais se destaca a ocorrida em Travanca de Farinha Podre.
A paróquia de Travanca era de provimento alternativo da Sé Apostólica e do bispo de Coimbra. Em 1638, o Padre Pantaleão, prior desta igreja, ausentou-se da paróquia deixando-a entregue ao cura João Fernandes.
A paróquia foi, entretanto, considerada vaga, tendo sido provido outro pároco. Perante esta situação Brás Garcia acciona um processo judicial. Como a justiça eclesiástica demorava a solucionar a situação, Brás Garcia e o seu séquito resolveu-a, arrebatando da bainha a espada, no dia em que o novo pároco se preparava para um banquete, depois do qual, pela tarde, iria assumir aquele priorado, de grande interesse em réditos; caíram sobre os convivas, espadeirando-os e confundindo-os; alguns conseguem saltar pelas janelas e fugir, outros resistem, mas debalde.
Excerto do livro de banda desenhada sobre a história de  Oliveira do Hospital
com referência a Brás Garcia de Mascarenhas
Baseado em documentação produzida no contexto deste conflito, António de Vasconcelos descreve, deste modo, este motim:

“Como um furacão entram todos pela porta dentro, e de espada em punho uns, outros de cacetes erguidos, caem sobre os convivas espadeirando-os e confundindo-os. Alguns conseguem saltar pelas janelas, por baixo da mesa, rolam corpos feridos gravemente, jazem outros sem movimento.
Alguns dos convivas haviam-se escapado do presbitério para a igreja onde supuseram encontrar asilo inviolável. Faliu-lhes o cálculo. Ali mesmo foram feridos e espancados, ficando assim poluída a casa do Senhor”. [...] “Quando toda a resistência dentro de casa tinha acabado, os agressores descem ao pátio, para dali e do adro varrerem a população e a criadagem. Mas não encontraram ninguém. O pavor tinha-se apoderado de toda essa gente”....“Foi uma cena sangrenta em que foi protagonista Brás Garcia e na qual houve mortos e feridos”

Depois deste episódio violento, bem ao sabor do século XVII, o poeta aventureiro homiziou-se, mais uma vez, mas por curto período, na região de Avô; nesta situação e neste período, chega-se ao dia 1 de Dezembro de 1640, à  esperada Revolução.

ALBANO JOSÉ RIBEIRO DE ALMEIDA, BRÁS GARCIA MASCARENHAS, AVENTUREIRO, GUERREIRO E POETA,COIMBRA. FL.UC- 2010
 
 BRÁS GARCIA DE MASCARENHAS
 
Brás Garcia Mascarenhas nasceu na Vila de Avô, Oliveira do Hospital a 3 de fevereiro de 1596 e faleceu a 8 de agosto de 1656 no mesmo local. Foi estudar para Coimbra, mas teve de fugir para Madrid perseguido pela justiça por ter cometido um crime. Viajou por vários países da Europa e fixou-se algum tempo no Brasil, regressando a Portugal na altura em que D. João IV é aclamado rei. Durante a Guerra da Restauração organizou um batalhão de voluntários, a Companhia dos Leões da Beira, participou ativamente nas lutas pela independência contra o domínio filipino e, sendo acusado de alta traição, foi preso. Absolvido pelo rei devido à falsidade das acusações, termina os seus dias escrevendo a epopeia em vinte cantos e oitava rima Viriato Trágico (1699). Além desta obra, escreveu ainda Ausências Brasílicas e Labirinto do Sentimento na morte do Sereníssimo Príncipe D. Duarte, atualmente desaparecidas.
A obra que, no campo da literatura, imortalizou Brás Garcia de Mascarenhas

28 outubro 2013

Cartas Brasileiras / Matar a Cobra e Mostrar o Pau...

Nota do Penacova Online:
 
O nosso primeiro contacto com Paulo Santos foi através de um e-mail que recebemos do Brasil pedindo esclarecimentos sobre a Senhora da Moita, em Gondelim, e sobre o Montalto. A partir daí fomos trocando impressões sobre Penacova e região . É que a  esposa deste nosso amigo  tem raízes no nosso concelho. Por outro lado, foi com muito agrado que tomámos contacto e colaborámos na revisão de uma novela  que está quase pronta a ser publicada. Um livro que faz muitas referências a Gondelim e a outros locais da nossa região e inclui desenhos aguarelados sobre o concelho de Penacova. Este livro poderia muito bem vir a ser uma edição luso-brasileira. Quem sabe isso venha a ser possível. De tudo isto surgiu também a ideia da publicação regular das "Cartas Brasileiras".
Na crónica de hoje, Paulo Santos faz precisamente referência aos  antepassados (avós) de sua mulher, oriundos de Lorvão e Figueira de Lorvão e de Carvalhal de Mansores e Gondelim.
 

Matar a cobra e mostrar o pau

Pesquisando pela Internet não encontrei qual seria em Portugal a expressão correspondente ao ditado popular empregado no Brasil, título desta Carta Brasileira, ou se seriam idênticos, cá e ai e se com igual significado. Aqui, do lado Oeste do Oceano Atlântico, significa: comprovar o que se fez, dar provas do feito ou do dito.
 
Cartas Brasileiras é fruto da proximidade entre os daqui com os daí, mais precisamente, com as pessoas de Penacova e seus arredores, não por parte de quem vos escreve, mas pela de minha cara-metade, cujos pais são também dos arredores, mas isso deixo para outra carta.
  
E tendo matado a cobra, ao afirmar que os parentes são de Penacova, mostro os paus, comprovando, apresentando documentos; passaporte de viajante da Avó Maria e passaporte de emigrante do Avô Manoel, ambos de Figueira de Lorvão,  e registros de nascimento do avô Eduardo (Carvalhal - 1897), e da avó Maria Assumpção (Gondelim- 1898).

Abraços do Brasil.

P.T.Juvenal Santos

 

As raízes em Gondelim e Carvalhal:

Assento de Nascimento de Maria, nascida em 1898 em Gondelim,
filha de Maria Rosa da Assumpção.
 
Assento de Nascimento de Eduardo, filho de Felicidade da Silva,
nascido em Carvalhal, tendo como padrinhos
Alípio Barbosa Leite e Elisa da Conceição Leite.
Repare-se que o Prior era na altura o irmão do Deão Leite.
 

A ligação a Lorvão e a Figueira de Lorvão
 
Passaporte de Manuel Rodrigues Castanheira
, natural da freguesia de Lorvão (1928)  
Passaporte de Maria Rodrigues, natural de Figueira de Lorvão  (1933)  


 

25 outubro 2013

Uma Gruta na Riba de Cima?

Curiosa visita a um subterrâneo perto de Penacova

(Texto de Alves Mendes
publicado n' O Conimbricense em 1857)

(...) Longos anos havia que com grande pasmo e admiração ouvia falar numas galerias subterrâneas a uma légua em distância de minha pátria (estão junto à Riba de Cima, lugar que ainda fica nos limites da freguesia de Penacova) sem que o desejo me excitasse a verificar a verdade de tão apregoada narração. Tinha por fabulosa esta crença a que via pasmosamente entregue o vulgo ignorante, escutando friamente novas bocas que centenares de vezes repetiam o mesmo conto, até que por fim tamanha foi a impressão em mim causada pelo seu entusiasmo, que me resolvi ir visitar esta localidade.
Riba de Cima ( foto de Penacova Online, 2013)

Dispostos alguns companheiros (o Reverendo José d’Almeida Coimbra e Lemos e os Srs. Francisco José Mendes e António Pimentel de Sande) que me seguissem, convencionamos ser a visita da manhã, devendo partir logo ao romper da aurora para fugirmos aos ardores da crescença do dia.

Assim foi. Já o sol esplêndido e radioso se erguia majestosamente no horizonte e o frio orvalho tinha desaparecido da verdejante folhagem das plantas, quando nos achávamos a pequena distância do sítio que demandáramos. A estrada, apesar de escabrosa e áspera e sepultada no fundo de duas altas montanhas, era contudo menos penosa pelo contínuo refresco das árvores que a copavam e pela agradável melodia das aves que por todo a parte nos seguiam.
Tudo nos sensibilizava, tudo nos comovia, tudo nos extasiava: a preciosidade que procurávamos tinha escapado da nossa lembrança com a presença deleitosa do delicioso vale que trilhávamos. Por fim acabou e só ao longe divisávamos sumidamente uma colina de encantadora posição. Diante de nós se desenrolava uma planície descoberta e ilimitada onde os raios do sol dardejavam fortemente sobre nossas cabeças; porém o seu calor era modificado pela fresca brisa que suavemente enxugava o suor que nos regava as frontes.
Caminhámos, caminhámos por esta viçosa chã, até que avizinhámos um formoso oiteirinho juncado de verdes arbustos. Era o termo da nossa viagem e o lugar da nossa pretensão. Trepámos então por uma pequena vereda que, segundo o conselho de um venerando que encontrámos, nos dava direcção para a entrada do subterrâneo.
Na verdade assim sucedeu: em breve deparámos com uma profunda cova, cercada por um lado duma agigantada penedia, que no sopé apresentava uma abertura pouco mais de dois palmos de largura e em direcção perpendicular. Eis aí a entrada das galerias (se assim dizê-lo posso) – exclamaram os companheiros. Eu tomado de susto hesitei logo em atravessar tão estreita garganta e estive quase prestes a abandoná-los, que impacientes me excitavam a empreender semelhante passagem.
No meio destes colóquios, que de nada aproveitavam, um deles se levanta com um semblante grave e corajoso e em tom alto e expressivo assim fala: Ânimo! Ânimo!... Ao ouvir estas palavras doces e penetrantes, em mim se produziu nova alegria e novo brio: minha juventude e minhas forças não me permitiram fraqueza: desapareceu de repente aquele receio que me ouriçava os cabelos e coalhava o sangue nas veias, e levantando-me com coragem e valor me arremeço impetuosamente à boca da profunda caverna e comigo os meus companheiros.
Com efeito depois de uma longa e aturada dificuldade com que tivemos de lutar passando através da rocha por uma cavidade que a custo nos podia abranger, chegámos à majestosa entrada do subterrâneo. A espessa escuridão que continuadamente aí reina, era aumentada com a rápida passagem que fizemos da claridade do dia. Foi-nos então forçoso o recorrer à luz de algumas velas que com antecedência havíamos levado. Apenas estas horrorosas trevas foram substituídas pelo clarão sepulcral de nossos círios, oh! que belo contraste era ver uma espaçosa sala eternamente habitada por um jamais interrompido silêncio!
Depois dos primeiros lances de olhos sobre tão mágica e curiosa cena, entregues às mais fortes comoções nos dirigíamos como magneticamente atraídos a uma pequena altura levantada no meio deste aposento, para daí com mais exactidão e liberdade contemplarmos a magnífica abóbada, que à luz ainda que pálida de nossas velas, soltava sobre todo o pavimento um tão forte clarão, que como os raios abrasadores do meio-dia deslumbrava fortemente a nossa vista. Era na realidade aquele um dos melhores momentos que havíamos passado no mundo! O pasmo em que estávamos não nos podia deixar com precisão fazer o analítico exame que mais impressionaria o nosso entusiasmo. Conservávamo-nos hirtos e calados, e só os olhos correndo velozes por todo o recinto, mutuamente indicavam o prazer interno de cada um.
foto Wikipédia_Mira d'Aire
Fomos então pouco a pouco caminhando junto das soberbas colunas embutidas nas pedras laterais que sustentam a grandiosa massa da abóbada, e fazendo uns aos outros reflexões sobre tão rara obra da natureza. A parte superior da sala,(se assim se pode chamar) que com as paredes colaterais perfazem uma só pedra, é dum assento geralmente branco como o puro cristal. Por toda a superfície da abóbada se acham em certa e determinada distância acanudados fios, nascentes da mesma pedra, no meio das quais aparecem delicadas estrelinhas, que com as sumidades cheias de água de que se conjectura serem formados, apresentavam aos raios flagrantes de nossas luzes uma vista maravilhosa.
Pelo meio de tão precioso esmalte passam alguns veios de pedra de cor diversa da do assento e que com toda a graça e simetria dividem em gomos a vasta extensão da abóbada e que estão por tal modo brincados com lavores, que mais parecem ter merecido a atenção do delicado cinzel do escultor.
Já nas paredes laterais se não divisa o mesmo bordado da coberta superior, mas (coisa pasmosa!) embutidos por entre as colunas, donde nascem as inarcadas fachas de pedra, que simetricamente dispostas dividem toda a extensa cobertura, se encontram formados pela natureza diversos lavores em grandes e pequenas pedras, que tem semelhança com alguns dos membros humanos! Eu mesmo toquei com meus dedos uma cara e um braço – que pela sua exactidão me causaram o maior espanto!
Mas ainda isto não é tudo: de espaço a espaço saem alguns bocados de uma pedra que sem ofenderem a perspectiva geral, nem tão pouco encobrirem o delicado da renda derramada por toda a superfície donde estão aderentes, dão pelo contrário ao observador um considerável aspecto; e ainda mais excitam a atenção pela rara saliência de tangerem com qualquer movimento, e apresentarem um timbre como o do mais fino metal!
Desprendidos os olhos de tão cuidadoso exame, com que minuciosamente analisávamos cada uma das particularidades encontradas num sítio eternamente deserto e desamparado, de repente vimos dois arcos de elegante delicadeza formados de pedra lavada e transparente, nos dois lados da parede e em oposta posição. Moveu-nos logo a curiosidade de os demandarmos, a fim de examinarmos se por ventura dariam comunicação para algum vácuo, em que tivéssemos de admirar o mesmo embelezamento do da sala em que estávamos.
Com efeito não nos desmentiram. Depois que entramos aquele, cuja perspectiva vasta e altíssima perfazia o adorno mais rico e sublime, e que se achava logo imediato à nossa direita, não sabíamos em que fitar a atenção: ela não ficou logo cativa na contemplação daquele todo, mas errante por aqui e ali era já empregada  na variedade das brilhantes cores, já no maravilhoso efeito que faziam as diversas rendas engraçadamente estendidas nas paredes e abóbadas. Ainda ali havia a descortinar um horizonte mais vasto do que o do grandioso painel que acabávamos de visitar.
 
A acção da natureza excitada pouco a pouco pela mão do tempo, tinha feito diluir o exterior da lisa pedra que servia de remate àquela abóbada, e assim os raios do sol dando de encontro com a pedra fina e transparente, introduziam dentro um clarão basso e sepulcral, que reflectindo misteriosamente sobre todo o aposento, tornava aos olhos do expectador os objectos quase distintos.
Enfim, aí se encontrava a mesma sublime simplicidade que vínhamos de observar e nem a pedra é de diferente natureza, mas em tudo idêntica, apresentando assim os mesmos primores de ornato. O outro conduzia a um esquisito vácuo, onde apenas se encontra uma pedra encostada, e como que servindo de sustentáculo a uma colossal penedia que sobre ela repousava; mas que apenas mostrava um grosseiro adorno.
A beleza porém de tão magnífico subterrâneo está de dia para dia em considerável diminuição, devida sem dúvida à dolorosa incúria e desleixo em que se acha.
Lamento com amargor as grandes mutilações que aí se acham, determinadamente feitas, e que desfiguram essencialmente uma obra tão rara na natureza. Por toda a parte se vêem rendas de pedra quebradas violentamente a martelo, e colunas de que só restam simples fragmentos que ainda indicam a sua primitiva elegância. Quanto se aproveitaria com a proibição de semelhante abuso!
Tal é a traços largos a descrição do subterrâneo que tão vivamente impressionava os ânimos dos povos circunvizinhos, descrição que a nós não pertencia, mas a pena que mais enérgica do que a nossa a fizesse com mais graça e extensão, e que só a triste recordação de até hoje jazer no esquecimento nos comoveu apresentá-la.
Penacova, 17 de Setembro de 1857
António Alves Mendes da Silva Ribeiro

18 outubro 2013

Os concelhos de Penacova e Farinha Podre em meados do séc. XIX


Em meados do século XIX o concelho de Penacova era constituído por apenas 5 freguesias: Carvalho, Figueira de Lorvão, Lorvão, Penacova e Sazes. À época (de 1836 a 1853) existiu o concelho de Farinha Podre. Dele faziam parte 7 freguesias: Covelo, Farinha Podre, Oliveira do Cunhedo, Paradela, S. Martinho da Cortiça, S. Paio e Travanca. Inicialmente também incluiu a freguesia da Carapinha mas em 1837 perdeu-a para o concelho de Tábua. Recorde-se que a Freguesia de Friúmes pertencia ao concelho de S. Miguel de Poiares.

 
Vejamos alguns dados referentes a estas freguesias, segundo a obra de Henriques Seco “ Mappa do Districto Administrativo de Coimbra”.


Concelho de Penacova
OBS: transcrevemos a grafia original apresentada na obra referida



 

 

 
 
 
 
CARVALHO

Orago da Igreja Matriz: N. S. do Rosário

 

Povoações, Casais e Quintas

Fogos

Amial
 

16

Avillido

14

Asenha

4

Boas Eiras (pertence parte a Carvalho e parte a Penacova)

3

Calduses

3

Capitorno

24

Cerquedo

22

Carvalhaes

31

Carvalho Velho

8

Coselho

16

Gavião

6

Lourinhal

15

Matta

4

Ouraça

4

Pendurada

20

Povoa

9

Quinta do Pomar

7

Ribeira

5

Santo António do Cântaro

5

S. Paulo

9

Seixo

5

Soalhal

11

Valle de Carvalha

14

Valle das Eguas

9

Valle da Formiga

6

Valle d’Ansajusta

15

Carvalho (vila de )

31

Fogos avulsos

2

 

 

318
 

 

 

 

FIGUEIRA DE LORVÃO
Orago da Igreja Matriz: S. João

 

 

Povoações, Casais e Quintas

Fogos

Agrêllo

57

Alagôa

37

Casqueira

7

Figueira de Lorvão

36

Gavinhos

23

Granja do Espinheiro

46

Golpilhal

22

Monte Redondo

51

Motta

24

Póvoa

20

Sernelha

32

Telhado

37

Pizão

1

 

398
 


 

 

LORVÃO

Orago da Igreja Matriz:

N. S. da Esperança

Povoações, Casais e Quintas

Fogos

Avelleira

61

Caneiro

58

Chelinho

20

Chello

81

Granja do Rio

10

Lava-Todos

10

Lorvão

122

Paradella

34

Rebordosa

68

Ribeira de Lorvão

2

Rôxo

64

S. Mamede

38

TOTAL

566
  


 

 

PENACOVA

Orago da Igreja Matriz:

N. S. d’ Assumpção

Povoações, Casais e Quintas

Fogos

Azenha do Rio

3

Balfeiro

14

Barca do Concelho

2

Besteiro

9

Boas Eiras

19

Carvalhal

33

Carvoeira

56

Casal

20

Casalito

17

Chã

9

Chainho

8

Cheira

35

Estrada

6

Felgar

8

Ferradosa

21

Galiana

10

Gondelim

79

Hospital

3

Laranjeira

8

Olival

6

Penacova vila

81

Ponte

12

Quinta da Aguieira

1

Quinta dos Penedos

1

Quinta da Várzea

2

Rebella

18

Riba de Baixo

20

Riba de Cima

19

Ribeira

3

Ronqueira

21

Sanguinho

9

Sobral

16

Travasso

41

Valle de Gonçalo

6

Valle de Lagar

5

Valle de Lopos

2

Villa Nova

14

 

637

 

 

 




 

 

SAZES

 

Orago da Igreja Matriz:

S. André

Povoações, Casais e Quintas

Fogos

Asevinheiro

4

Cácemes

43

Contenças

24

Covas

2

Covello

4

Galhano

2

Midões

23

Palheiros

25

Palmases

15

Pé do Viso

5

Ponte da Matta

8

Ribeiras

7

Sazes

20

TOTAL

182

 
Criado em 1836 o concelho que inicialmente também abrangia
a freguesia da Carapinha, perdeu-a para Tábua em 1837.

Concelho de Farinha Podre


 
 
COVELLOS
Orago da Igreja Matriz: N. S. da Apresentação
 
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Covellos de Baixo
48
Covellos de Cima
54
Rapozeira
2
Ribeira de S. Paio
1
Valleira
2
Valle da Pena
1
Valle de Porcas
1
Vargia
1
TOTAL
110
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FARINHA PODRE
Orago da Igreja Matriz: S. Pedro
 
 
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Bêco
12
Bica
1
Bogueira
2
Cornicovo
1
Carvalhal
19
Castinçal
34
Castinceira
1
Cavalleiro (parte)
2
Cruz do Souto
13
Farinha Podre
64
Hombres
83
Laborins
42
Lufreu
20
Mocejo
1
Parada
27
Paço Velho
34
Peixoto
1
Quintella
16
Rebolo
2
Relva do Matto
1
Ribeira
18
Silveirinho
22
Sobral
43
Sobre Cão
1
Toguia
4
Val do Barco
8
 
Val da Vinha
11
Venda Nova
7
Venda Nova de Baixo
5
Vimieiro
1
Zarroeira
6
TOTAL
502

 
 
OLIVEIRA DO
CUNHEDO
Orago da Igreja Matriz:
Sta Marinha
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Brancas
1
Coiço
24
Cunhedo
34
Foz do Alva
2
Lavradio
4
Oliveira
69
Paredes
40
Peliteiro
1
Penso
1
Raiva
10
TOTAL
187

 
 
PARADELLA
Orago da Igreja Matriz:
S. Sebastião
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Cardal
1
Casal do Ribeiro
2
Cortiça (parte)
14
Fagido
1
Lapa
1
Paradella
99
Sobreira (parte)
13
TOTAL
29
 
 
 
S. MARTINHO
DA
CORTIÇA
 
Orago da Igreja Matriz:
S. Martinho
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Abrunheira
1
Atalho
1
Carapinhal
8
Carvalha
2
Casal
3
Catraia da Serra
2
Cavalleiro (parte )
4
Comieira
1
Cortiça (parte)
1
Costa Alta
1
Foz da Ribeira
17
Foz do Val
1
Fraga
1
Fronhas
15
Furado
1
Moura Morta (1)
26
Mucellão
18
Poços
15
Pombeiras
26
Ponte da Mocella
15
Portella
4
Quinta
2
Sahil
28
Sanguinheda
61
S. Martinho
25
Sobreira (parte)
11
Teixugueira
5
Valle de Espinho
14
Valle do Matôco
11
Valle do Moinho
25
Valle de S. Martinho
6
Urgueira
35
TOTAL
386

(1)      Esta povoação tendo sido da freguesia de S. Martinho, hoje por determinação do ordinário pertence à freguesia de S. José das Lavegadas: não obstante continua a depender do concelho de Farinha Podre, tanto no Administrativo, como no Judicial
 
 
 
S. PAIO
 
Orago da Igreja Matriz:
S. Paio
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Bogueira
2
Ermidas
3
Fundo do Galinheiro
2
Galinheiro
4
Pereiro
5
Ribeira de S. Paio
3
S. Paio
87
Valle d’Açores
1
Valle da Videira
1
TOTAL
108

 
 
 
TRAVANCA
 
Orago da Igreja Matriz:
S. Thiago
Povoações, Casais e Quintas
Fogos
Aguieira
6
Conchada
2
Covaes
6
Foz de S. João
2
Lagares
22
Portella
24
Rezidencia
1
Travanca
45
Valle da Cai-agua
1
TOTAL
109

Como referimos Friúmes, hoje pertencente a Penacova,  pertencia a Poiares:
 

 

FRIÚMES

 Orago da Igreja Matriz:

S. Mateus


Povoações, Casais e Quintas


Fogos


Carregal


28


Friumes


60


Miro


74


Outeiro longo


3


Val do conde 


5


Vale maior


13


Val do meio


3


Vale do tronco


12


Zagalho


15


 


213