14 abril 2013

Primavera de 1933: abertura do Preventório levou o nome de Penacova a todo o país

A construção e abertura do Preventório (há 80 anos) foi notícia nacional e mesmo internacional. Trava-se a luta contra a tuberculose e esta obra de Bissaya Barreto e também de Sales Guedes foi considerada como modelar no panorama médico e social da época. Sobre a história do Preventório falaremos noutra ocasião. Por hoje fica a transcrição de uma crónica publicada numa revista feminina (1933),  assinada por Maria Lúcia [Vassalo Namorado Silva Rosa], que viveu em Penacova nos inícios da década de trinta. Também um apontamento sobre esta jornalista e escritora de craveira nacional, ligada por casamento a Lorvão, será publicado em breve pelo Penacova Online.

 
Uma bela obra
O Preventório de Penacova
A criança portuguesa, tanto tempo esquecida e abandonada ao acaso da sorte, sofrendo o contágio de todas as doenças físicas e morais na vagabundagem das ruas e na penúria dos lares infelizes e miseráveis – começa, finalmente, a ser olhada com o amor que merece a sua medição de ser adorável e indefeso, com o interesse que o futuro da Raça e o engrandecimento da Pátria reclamam. Com efeito, é já apreciável o número de particulares e colectividades que se dedica a este assunto, ocupando lugar de destaque a Junta Geral do Distrito de Coimbra, cuja Obra de Protecção à grávida, defesa da Criança e Profilaxia da Tuberculose, é verdadeiramente notável.
O Hospitais - Sanatórios de Celas e de Covões, esplendidamente instalados, o primeiro para mulheres e crianças, com 100 leitos; o Dispensário de protecção a grávidas e crianças; o Ninho dos Pequenitos, onde estão internados pequerruchos até 3 anos de idade, filhos de tuberculosos pobres, em perigo de contágio; Escola Agrícola de Semide, com 100 alunos internos de 12 a 19 anos; a colocação de crianças abandonadas em Famílias que lhes garantam bem-estar e sã educação moral – são já esplêndidas realidades que anunciam outras, e pelas quais a Junta Geral do Distrito de Coimbra merece a simpatia e a gratidão do País.
Ao esforço e ao coração do Professor Bissaia Barreto, incansável Presidente da Junta, se deve, principalmente, tamanha e tão linda empresa; seria, porém, injustiça não reconhecer as grandes e sinceras dedicações que o têm acompanhado, auxiliando-o preciosamente.
Vem isto a propósito de Preventório de Penacova que, se figura como obra da Junta, verdadeiramente se deve em grande ao Dr. Sales Guedes, que dia a dia lhe tem dado o melhor da sua inteligência, da sua actividade e do seu carinho: falando no Preventório de Penacova justo é que se faça referência a este médico distinto que tão bem sabe amar a sua nobre profissão e se preste homenagem ao seu espírito empreendedor e generoso.
Destina-se o Preventório a cerca de 100 crianças dos 3 aos 12 anos, que receberão, a par do tratamento necessário, as primeiras luzes da instrução;  deve abrir daqui a poucos meses; acabado há pouco, é um edifício moderno, elegante, onde se não cuidou unicamente da higiene e do conforto dos seus futuros moradores: rodeia-o e invade-o uma visão constante de alegria e beleza, que por força há - de beneficiar as almas que lá vão desabrochar. As salas são amplas e o Sol entra por elas dentro a jorros, brincando com as cores suaves das paredes, dos biombos, do mobiliário pequenino. Nas janelas e nas varandas há canteiros floridos de gerânios vermelhos e cor de rosa. O Parque, depois de concluído, deve ficar um verdadeiro mimo, com as suas árvores baixinhas e ramalhudas. Debruçado sobre o maravilhoso vale do Mondego, rodeado de colinas cobertas de pinhais salpicados de povoações, o Preventório goza uma das mais serenas e belas paisagens da terra portuguesa; postado onde outrora se elevou o Castelo de Penacova surge como uma nova sentinela, não com o sobrecenho de quem vai arremeter contra o irmão que as convenções e a ambição tornaram inimigo, mas com o ar tranquilo e risonho de quem se sente feliz ao fazer o carinhoso apelo: deixe vir a mim os pequeninos!
Penacova, Primavera de 1933
Maria Lúcia

08 abril 2013

Retrato de Penacova num Almanaque de 1913

Já lá vão precisamente 100 anos. Carcomido pelo tempo, encontrámos num velho sótão um "almanach" (como na época se escrevia) de 1913 que faz uma descrição, relativamente detalhada, do nosso concelho, ou melhor da sede - a vila de Penacova. Um documento com algum valor para quem se interessa pela história local.
Para uma leitura mais facilitada, passamos a transcrever o seu conteúdo:


Penacova

População – 18 881 habitantes

Villa – Cabeça de concelho e de comarca, districto de Coimbra

A 22 kilometros de Coimbra


Administração do concelho
Administrador: Amândio dos Santos Cabral. Secretário: António Casimiro Pessoa Júnior.  Amanuense: Armando Alberto Pimentel. Oficial de diligências: Joaquim Cabral Júnior.

Judicial
Juiz: Dr. A. César Raposo. Delegado: Adelino Pais da Silva. Contador: Henrique F. de Oliveira Garcez. Regedor: Urbano Ferreira da Natividade. Escrivães Notários: Américo Pinto Guedes, José Augusto Monteiro Júnior e José Maria Pimentel. Advogados: Daniel da Silva, José Albino Ferreira e Alfredo Gil.
 
Agência de Bancos
Portugal: Joaquim Pita d’Eça Aguiar.

De Vapores
Companhia Alemã, Francesa e Inglesa: Joaquim Pita d’Eça Aguiar.
De Seguros

Companhia Fidelidade: António Casimiro Pessoa Júnior.
Câmara Municipal

Secretário: Alípio de Sousa Correia Leitão. Tesoureiro: José Alves Marques. Amanuense: Alípio d’Oliveira Silva Cardoso.
Centros

Dr. António José d’Almeida.

Conservatória
Conservador: Daniel da Silva

Correio e Telégrafo
Encarregada: Berta Maria Rodrigues Moreira

Jornal
Jornal de Penacova

Médico
Rodolfo Pedro da Silva

Negociantes e Comerciantes
Alípio Seco, Alves Coimbra & Cª, António Alves de Oliveira, Amândio dos Santos Cabral, Fernando Miguel Rodrigues, José Pedro Henriques.

Palitos
Fabricantes: é indústria caseira em que em geral se empregam os naturais do concelho. Negociantes exportadores: Alípio Seco de Gouveia e Francisco da Silva.

Pároco
José António Marques da Cruz. Arcipreste pároco apresentado: José Maria da Conceição Leite.

Professores
António Maria Ferreira Soares. Ajudante: Francisco Rodrigues Ferreira dos Santos, Atalyba Duarte de Sousa, na Carvoeira; Beatriz da Piedade Costa e Brito, José Júlio de Sousa Henriques, em Gondelim.

Recebedoria
Recebedor: Daniel Pessoa Guedes.

Registo Civil
Oficial: Dr. Alfredo Mendes Gil

Repartição de Fazenda
Escrivão: Manuel Maria Ferreira
2ºs Aspirantes: Albino Maria da Silva Pena e António Pinto.

Saúde Pública
Sub-delegado: Rodolfo Pedro da Silva

Tipografia
Penacovense; Proprietário: Amândio dos Santos Cabral

Singer (máquinas)
Cobrador: Manuel da Costa Rosa

Freguesias:
Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão (comerciantes: Joaquim Maria da Silva Rosa), Oliveira de Cunhedo, Paradela, S. Paio de Farinha Podre, S. Pedro de Alva (Singer – máquinas: comissionado: Eduardo P. da Silva), Sazes de Lorvão e Travanca.



07 abril 2013

Confraria da Lampreia: X Capítulo assinalou uma década de actividades



A Confraria da Lampreia de Penacova realizou ontem o seu X Capítulo.  Novos Confrades foram entronizados: José Castro, Mauro Carpinteiro e Pedro Araújo. Também a título honorífico passaram a fazer parte da Confraria G. Testut e P. E. L'Escalier, pertencentes a confrarias francesas. O Diário de Coimbra de hoje noticia o evento. Aproveitamos para também recordar as imagens publicadas no jornal local Nova Esperança ( nº 303 de 30 de Abril de 2004) aquando da realização do I Capítulo.

Diário de Coimbra, 7 de Abril 2013

I Capítulo em 2004 / Jornal Nova Esperança

 
I Capítulo em 2004 / Jornal Nova Esperança
 

Saiba mais sobre a Confraria:
http://confrariadalampreia.com.pt/index.html

03 abril 2013

Visite os Moinhos de Vento de Penacova

O Município de Penacova associa-se nos próximos dias 06 e 07 abril à iniciativa
 Moinhos Abertos e às Comemorações do Dia Nacional dos Moinhos.

06 abril
Moinhos Abertos
Núcleo Molinológico da Portela de Oliveira
 
Museu do Moinho Vitorino Nemésio - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita
Moinho Vitorino Nemésio - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita
Núcleo Molinológico de Gavinhos
Moinho do Sr. Lino Branco - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita

07 abril:
Dia Nacional dos Moinhos
Núcleo Molinológico da Portela de Oliveira
Museu do Moinho Vitorino Nemésio - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita
Moinho Vitorino Nemésio - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita
Núcleo Molinológico de Gavinhos
Moinho do Sr. Lino Branco - Visitas Guiadas com Entrada Gratuita

Fonte: Câmara Municipal

 
 

BTT, CAMINHADA E FUTEBOL NO FIM DE SEMANA


X Capítulo da Confraria da Lampreia de Penacova

6 de ABRIL

09H30 – Acolhimento e Sessão Solene de Boas Vindas | Câmara Municipal de Penacova
10H00 – Espumante de Honra | Pérgula Raúl Lino

11H00 – Desfile das Confrarias
12H00 – Cerimónia de Entronização de Novos Confrades | Auditório da BMP/CC
13H00 – Oração de Sapiência
14H00 – Almoço | Escola Secundária de Penacova
16H30 – Sarau Cultural de Encerramento da Época da Lampreia com a participação do Coral Divo Canto e do Grupo de Fados Momentos do Rio | Auditório da BMP/CC

 Fonte: Câmara Municipal

30 março 2013

Semana Santa em Penacova

CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIAR

Foi em 1962, de acordo com a notícia local, que a figura da Verónica
foi introduzida na Procissão de Sexta-Feira Santa

28 março 2013

X Capítulo da Confraria da Lampreia de Penacova vai realizar-se no dia 6 de Abril


O X Capítulo da Confraria da Lampreia vai realizar-se dia 06 de Abril de 2013 com o  seguinte programa:


9h30m
Acolhimento e Sessão Solene de Boas Vindas – Câmara Municipal de Penacova

10h00m
Espumante de Honra na Pérgola Raul Lino

11h00m
Desfile das Confrarias

12h00m
Cerimónia de Entronização de Novos Confrades no Centro Cultural de Penacova

13h00m
Oração de Sapiência

14h00m
Almoço na Escola Secundária de Penacova

16h30m
 Sarau Cultural – Encerramento da Época da Lampreia

Participação do Coral Divo Canto de Penacova e do Grupo de Fados Momentos

de Coimbra.
A respectiva inscrição deverá ser feita até dia 31 de Março para o endereço de email -
confraria.lampreia@gmail.com, ou para o telefone – 239 477 600.

 


24 março 2013

Cartas Brasileiras: Do Outro Lado do Rio

Iporanga é uma pequena cidade localizada no Vale do Ribeira, banhada pelo Rio Ribeira de Iguape, em uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo, estado mais rico do Brasil.

Meu pai era iporanguense, dai minha ligação com a cidade.

As primeiras ocupações do lugar se deram em meados de 1576, com a formação do Garimpo de Santo Antônio, a oito kilômetros da foz do Ribeirão Iporanga, que desemboca no Ribeira de Iguape.

Seguiu-se a exploração do ouro. Era tanto o ouro que a igreja tem os sinos fundidos na Europa com o brasão do Império.

A extração trouxe mais gente, a fixação se deu  em pequenos núcleos,  com atividade agrícola de subsistência, cana de açúcar e cereais; depois, arroz, mandioca, mais tarde as plantações de banana. 

 
VEJA AQUI UM VÍDEO
 
É uma cidade com muita religiosidade. Anualmente, em 31 de dezembro é realizada a Festa de Nossa Senhora do Livramento, quanto a imagem desce o rio em uma balsa, em romaria, acompanhada por canoeiros. Devotos acompanham a descida em bóias feitas com câmaras de ar de pneu de caminhão. No final da festa a Santa sobe o rio na balsa, levada para a capelinha onde fica até o próximo ano.  A balsa é desmontada. Iporanga tem 2.032 habitantes na cidade e 2.702 na zora rual.

As casas de Iporanga da minha infância eram iluminadas apenas durante pouca parte da noite. Era uma luz amarela fornecida por um gerador a diesel.  Nos finais de tarde, quando o dia ia morrendo  e a noite chegava, sentava-me, com meu irmão, nas escadarias da igreja para ver as estrelas nascerem. Íamos contando uma a uma, conforme eram encontradas.

Cinco, gritava eu! Seis, respondia. Veja  aquelas pequeninas lá! Sete! Oito! Nove!. Assim prosseguíamos, até que de repente, na quase completa escuridão da noite, podíamos contemplar o céu repleto de estrelas, espetáculo que hoje somente pode ser visto bem longe das luzes das cidades. Às vezes, tirávamos os sapatos, deles fazíamos almofadas para apoiar as cabeças; deitados de barriga para cima, podíamos contemplar melhor a beleza. Nossos pais, juntamente, com nosso avô, ficavam dando voltas pela igreja. Quando mamãe via que estávamos deitados no chão, ensaiava uma reprimenda, no que era contida pelo sogro. Ele, muito calmo e com um sorriso no rosto, demonstrava adorar as peraltices dos netos. A dos filhos nunca aceitara; como todo  avô.

A Iporanga de hoje iluminada pelo progresso tem as estrelas do céu quase apagadas. Recentemente, quando lá estive, para que pudesse ver, novamente, o espetáculo da noite estrelada, atravessei a ponte para cruzar o rio, fui um pouco além da cidade. De lá pude sentir o mesmo deslumbramento da infância. Pude contar as estrelas, até mesmo identificá-las. Deitei-me na grama de barriga parar cima, sem me preocupar com o pito de minha mãe. Ela não estava mais lá, quem sabe fosse a estrelinha mais brilhante. Meu avó também não estava lá.  Nem mesmo meu pai. Ele, depois da longa caminhada percorrida, preferiu ficar descansando, sentado no banco da praça da igreja, aguardando que eu retornasse do outro lado do rio.

P.T.Juvenal Santos

Semana Santa será presidida pelo Bispo Emérito de Vila Real


Recorde o nosso post de 2012 sobre a Páscoa em Penacova
[aqui]