28 novembro 2012

Hospital de Lorvão: artigo de opinião de Paulo Figueiredo no Beiras

Algumas vezes publicámos neste blogue ( ver 1 e 2 ) textos do Dr. Paulo Figueiredo. Ao termos agora conhecimento de mais um texto, actual e pertinente,  sobre o extinto Hospital de Lorvão,  não quisemos deixar de o transcrever:


Paulo Figueiredo

 Os doentes do Lorvão e o café da D. Tila

Já não bastavam os politiqueiros apressadamente convertidos aos modernos paradigmas da Saúde (e doença) Mental que, acerca do Hospital Psiquiátrico do Lorvão (HPL), bramaram que “ não se podia chamar àquilo um hospital” – apesar de nunca se terem informado do que lá se fazia.

Não bastavam os indivíduos denunciantes de uma pretensa “acumulação de doentes sem os tentarem reabilitar” – mas que nunca foram ao Lorvão, apesar de lhe terem apontado as “más condições climáticas”, seja lá isso o que for.

Eis que vem agora o presidente da Fundação ADFP (Miranda do Corvo), – para onde os doentes do sexo masculino (ex)residentes no Lorvão foram conduzidos, num processo de trans-institucionalização (i.e, transitaram de uma instituição para outra) – dizer que os doentes estariam “impedidos de uma vida em contacto com a comunidade” e, que, ao contrário do que sucedia no Lorvão (infere-se), “a ADFP aposta em cuidados dedicados aos doentes mentais graves que apostem na humanização, no respeito e na dignidade da pessoa”, considerando que “a segregação e a “guetização” são práticas condenáveis, que a ADFP pretende contrariar, investindo nas pessoas, com bondade” (sic). Na mesma notícia, o sr. presidente triunfantemente anuncia a efectivação, no passado dia 9 de Novembro, de uma acção terapêutica de grande importância : alguns doentes saíram da instituição (onde chegaram em Julho, 4 meses atrás, pelo que se depreende da demorada preparação desta acção anti-gueto) e … “foram de manhã ao café da aldeia, ao café da D. Tila” !! Zelosamente acompanhados por uma psicóloga e assistente social, imagine-se !! Alegremo-nos : este enorme e “bondoso” benefício irá passar a ser realizado semanalmente.

Cada um é livre de se pôr em “bicos de pés” – o ridículo do teor da notícia irá encarregar-se de o fazer cair. Mas não denegrindo uma Instituição (e os seus trabalhadores) que durante muitos anos cuidou seriamente dos seus doentes :

- É inumerável o rol de actividades sócio-ludo-terapêuticas dirigidas aos seus doentes residentes pelo HPL. Meticulosamente planeadas, com pré-definição dos objectivos e rigorosa avaliação posterior do seu alcance. Documentadas em filmes e fotografias, para ver e comentar no dia seguinte em reunião colectiva dos participantes, altura em que se debatia e votava o local da próxima acção. Numerosíssimas idas à praia, às feiras, aos mercados – e que lições retirámos da efusivamente risonha interacção entre as peixeiras da Figueira da Foz e os doentes !! Sempre procurando diluir o estigma nas ruas, nos restaurantes, nos transportes públicos. Mas espante-se, sr. presidente, com os tortuosos caminhos da dita “guetização” promovida pelo Lorvão : semana de férias anual, na praia, em locais como a Quinta da Fonte Quente (Tocha), na Figueira da Foz e no Algarve (instalações do INATEL); EXPO 98 e, mais tarde, outras visitas ao Oceanário; Jardim Zoológico em Lisboa; Bracalândia (Braga); Badoca Parque e Festa da Flor (Alentejo); cruzeiro no rio Douro; Sea Life, oceanário (Porto); Serra da Estrela; assistir a jogos de futebol (em Coimbra e Lisboa) e a peças de teatro; ida a Santiago de Compostela (Espanha), por vários dias. Impossível citá-las a todas, sendo que muitas foram sucessivamente repetidas por desejo expresso dos doentes – como é o caso das idas anuais ao Santuário de Fátima. Note-se que o esforço e profissionalismo dos funcionários (pessoal auxiliar, médicos, administrativos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, administrativos, motoristas, terapeutas ocupacionais, capelão – toda a gente colaborava !!) possibilitou que, em muitas destas actividades, a mobilização dos doentes residentes fosse total. Não eram 5 doentes (como surge na foto que ilustra a notícia, certamente obtida no café da D. Tila…), eram muitos mais – acções houve que mobilizaram cerca de 200 pessoas !!

- Entre muitas outras actividades (como a alfabetização, música e a ginástica/desporto) há que citar ainda o treino de autonomia pessoal e independência funcional (comunicação interpessoal, fazer compras, utilização de serviços públicos, etc) intensivamente praticado no HPL. Obviamente, admitimos que o rol das actividades de osmose do contexto vivencial institucional com o exterior desenvolvidas no HPL, apesar de impressionante pela variedade, dimensão e rigor científico, nunca poderá ser comparado às “bondosas” (sic) idas semanais dos doentes ao café da D. Tila…

Mas a dita “guetização” verificada no Hospital do Lorvão teve ainda uma outra dimensão, provavelmente ainda mais importante, incentivada pelos técnicos mas potenciada pela notável inserção da Instituição na comunidade circundante. Todos os dias (sublinhado) os doentes circulavam livremente pela vila, frequentando o banco, a cabeleireira, as lojas, as mercearias, os cafés e, por vezes, os restaurantes; eram tratados familiarmente, pelo nome próprio, pelos habitantes do Lorvão, que “adoptaram” alguns deles de tal forma que regularmente os convidavam para almoçar e passar festividades como o Natal. O que justifica as lágrimas da população do Lorvão aquando da definitiva partida dos “seus” doentes e Amigos; e que hoje, quando escrevo estas linhas frontais e indignadas, comoverá muita gente no funeral do Mário Abreu (o “Má”, como era carinhosamente conhecido), um dos doentes mais populares e queridos do Lorvão.

É esta idiossincrasia que torna o Lorvão único, no sentir unânime de quem por lá passou, funcionários e doentes. Pelos 50 anos do seu importantíssimo papel na assistência psiquiátrica ao povo pobre das serras e dos campos, merece ser tratado com dignidade e respeito. Nós – e sabemos que connosco muita gente que indelevelmente considera o HPL como tendo sido a sua “casa” – cá estaremos sempre para denunciar a injustiça e a mentira com que alguns arrogantemente pretendem reescrever a História.

27 novembro 2012

Coral Divo Canto actuou na Galiza

Foto actualizada do Grupo

No  dia 24 do corrente mês de Novembro o Coral Divo Canto de Penacova participou no 6º. Concerto "OUTONO DE CORAIS "na cidade de Vigo organizado pelo Coral Máximo Gorki.O concerto teve lugar no auditório do Instituto Santa Irene em Vigo.Participaram para além do grupo organizador,o  Coral Divo Canto e o Coro del Ilustre Colegio de Abogados de Vigo.Com o auditório completamente cheio, coube ao Coral Divo Canto o encerramento, o qual mereceu os aplausos dos presentes durante a sua actuação. tendo exibido o seguinte programa:
 A south african  trilogy - Popular/arr. Stephan Barnicle; Cantigas de Maio - José Afonso /arr. E. Carrapatoso; Trai-Trai - Manuel Faria; Esconjuro III " Contra as travoadas" - Fernando Lopes Graça;  Canção do Pescador - Mário Sousa Santos; Foi Deus - Alberto Janes/ arr. A. Mesquita e Pinga  com Limão - Wagner Franklin.
O Coral Divo Canto que actualmente é dirigido por Pedro André Rodrigues e que  é formado por cerca quarenta elementos,  tem como próximas actuações no dia 12  e 15 de Dezembro próximo, respectivamente em Coimbra e Bragança, encerrando o ano com o Concerto de Natal no dia 23 de Dezembro, pelas 16,00 horas na Igreja Matriz de Penacova.
José Almeida

Filarmónica Lorvanense apresenta programa para Dezembro


XII Almoço-Convívio do Núcleo Sportinguista de Penacova


26 novembro 2012

CONVÍVIO EM NEWARK A FAVOR DOS BOMBEIROS DE PENACOVA


Comandante António Simões, Presidente da Câmara, Humberto Oliveira e Presidente
da Direcção dos BVP, Paulo Dias, em Newark (Estados Unidos da América)
 
Foi a vigésima vez que o Grupo dos Amigos de Penacova em Neawark organizou uma festa convivio de angariação de fundos para ajudar Instituições ou pessoas carenciadas do Nosso Concelho. O ponto alto desta iniciativa decorreu no passado Sábado, no Clube dos Açores em Newark e, como foi noticiado, contou com a presença do Presidente da Câmara, do Presidente da Direção Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova e do Comandante do Corpo de Bombeiros, que foram recebidos pelas mais de 200 pessoas que encheram o salão de alegria, de convívio mas também de solidariedade, de altruísmo e de exemplo de amor e carinho pela sua terra de origem.

Mesmo longe, e com uma vida de trabalho muito intensa, estas pessoas não esquecem as suas aldeias, e as suas gentes e lembram os bombeiros da sua terra também como uma garantia de ajuda aos seus familiares, como muito bem referiu no seu discurso Paula Baptista em representação da organização e de todos os participantes no evento.
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23 novembro 2012

Notas para a história do Casal de Santo Amaro e da produção de cal (III)

NP- recorte de 1952

Notas para a "história" da exploração de cal no concelho de Penacova (II)

Notícias de Penacova, 1946

 
Esta Fábrica, da qual ainda não há muitos anos se podiam ver ruínas no local (quem não se lembra da "chaminé" da Galiana, foi construida por volta de 1913, sob a iniciativa de Amândio Cabral e outros. Há referências escritas de que a cal ali produzida foi utilizada nos paredões que ladeia o Mondego em Coimbra. O percurso desta fábrica foi acidentado e a sua história ainda está por fazer. Este exemplar de arqueologia industrial não foi preservado e hoje nada resta.

Notas para a "história" da exploração de cal no concelho de Penacova (I)

in NOTÍCIAS DE PENACOVA, 1948