02 novembro 2012
01 novembro 2012
28 outubro 2012
Cartas Brasileiras IV: Amigo é pr'a essas coisas
São Paulo, 16 de outubro de 2012.
Caros penacovenses:
"Roda Vida", uma
das maravilhas compostas por Chico
Buarque de Holanda, assim começa: "tem dias que a gente se sente como quem
partiu ou morreu"; realmente, há dias que sentimos ter nosso mundo
desmoronado, o verso é muita vezes usado quase que como uma expressão
idiomática. Surge-me, uma indagação: haveria como escrever usando apenas
expressões idiomáticas?
Bem, como quem não arrisca não petisca,
sabe-se é que em dia que se acorda com os pés de fora, o melhor que se faz é
ficar à sombra da bananeira, meter a
cabeça nas nuvens pensando na morte da bezerra. Não é dia para aproveitar a
boleia para acertar agulhas, nem que se sinta água pela barba!
Calma, muita calma, afinal, o primeiro milho é
dos pardais, me dizia um amigo com
muitos anos a virar frangos; não me lembro do nome dele, sou mesmo uma cabeça
de alho chocho.
Um dia ele me viu com cara de caso,
tentou entrar em meus problemas com pés de lã, foi logo dizendo:
- Amigo, sacuda a água do capote e descalce a
bota! Como viver assim!
Mandei que fosse chatear o Camões, perdi a
cabeça, pondo os pés na poça, indo aos arames com ele, afinal ele me parecia
ter macaquinhos no sótão, sabia que estava de trombas. Do fundo do meu coração,
jamais iria pregar uma peta ao meu amigo, e também nunca fui um troca-tintas.
Ele tentou acalmar-se, por estar a fazer trinta por uma linha, que não via
motivos para eu trepar nas paredes,
sentia que eu estava confundindo alhos por bugalhos. E amigo, disse-me,
uma ajuda ou outro.
Pura verdade, isso me fez lembrar do conjunto
MPB-4 cantando uma música que fala de amizade;
bela poesia que faz uso de diversas expressões nos versos transformados
em um diálogo entre amigos.
"Amigo é pra essas
coisas" (Sílvio da Silva Junior e Aldir Blanc
Salve! / Como é que vai? / Amigo, há quanto
tempo! / Um ano ou mais…/ Posso sentar um pouco? /Faça o favor/ A vida é um
dilema/ Nem sempre vale a pena…/ Pô…/ O que é que há?/ Rosa acabou comigo/ Meu
Deus, por quê?/ Nem Deus sabe o motivo/ Deus é bom/ Mas não foi bom pra mim/
Todo amor um dia chega ao fim/ Triste/ É sempre assim/ Eu desejava um trago/
Garçom, mais dois/ Não sei quando eu lhe pago/ Se vê depois/ Estou
desempregado/ Você está mais velho/ É/ Vida ruim/ Você está bem disposto/
Também sofri/ Mas não se vê no rosto/ Pode ser…/ Você foi mais feliz/ Dei mais
sorte com a Beatriz/ Pois é/ Pra frente é que se anda/ Você se lembra dela?/
Não/ Lhe apresentei/ Minha memória é
fogo!/ E o l´argent?/ Defendo algum no jogo/ E amanhã?/ Que bom se eu
morresse!/ Prá quê, rapaz?/ Talvez Rosa sofresse/ Vá atrás!/ Na morte a gente
esquece/ Mas no amor a gente fica em paz/ Adeus/ Toma mais um/ Já amolei
bastante/ De jeito algum!/ Muito obrigado, amigo/ Não tem de que/ Por você ter
me ouvido/ Amigo é prá essas coisas/ Tá…/ Tome um cabral/ Sua amizade basta/
Pode faltar/ O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará.
Em agosto desse ano, com 68 anos faleceu
um dos integrantes do conjunto, António José Waghabi Filho, mais conhecido por Magro,
compositor e arranjador, foi o criador do arranjo de vozes que unia a voz de
Chico Buarque às dos quatro jovens do MPB4 (Magro, Ruy, Aquiles e Miltinho) em
"Roda Viva", canção defendida por eles defendida no III Festival de Música Popular Brasileira,
da TV Record. Também é dele o arranjo vocal da gravação original de
"Cálice" (Gilberto Gil/ Chico Buarque), cantado por Chico e Milton
Nascimento.
http://www.youtube.com/watch? v=xZmBIDM_4Wg (Show recente do MPB-4)
http://www.youtube.com/watch? v=HRFw5u5wR4c (Gravação original de Roda Viva no festival)
22 outubro 2012
Nos 125 anos do padre Américo: as Colónias de Campo em S. Pedro de Alva e a origem das Casas do Gaiato
Existe
ainda hoje em S. Pedro de Alva, a velha "Casa da Colónia", na rua da
Palmeira. Uma lápide na parede recorda que por ali passou o padre Américo e que
também nessa casa funcionou a escola primária. De facto, de 1935 a 1939, ali
funcionou uma Colónia de Férias de Campo promovida pelo fundador da Obra da
Rua.
Américo Monteiro de Aguiar (nascido a 23 de Outubro de
1887) foi ordenado padre em 1929. Em 1932 o Bispo de Coimbra pede-lhe para
orientar a "Sopa dos Pobres", acabada de criar. Desde logo começou a tomar
contacto com a miséria que se vivia naquela cidade.
Certo dia, em 1935, foi convidado para vir a S. Pedro de
Alva pregar(1). E foi aí que tudo começou. São palavras suas que a Revista Os Nossos Filhos publicou em 1944:
"Calhou ir a
São-Pedro-de-Alva por aquele tempo pregar na igreja do povo ao povo. O Prior da
Freguesia quer que eu vá mais ele visitar o edifício onde instalara uma escola
nocturna. Era uma sala rasgada, com dependências anexas. Das amplas salas
via-se pousar o céu na Serra do Caramulo e na Estrela gigante. Olhei as
quebradas dos montes, mai-los campos em redor. Indaguei distâncias de água,
índole do povo, facilidades de pão; e debrucei-me no peitoril da janela, a
olhar...Vi o Beco do Moreno,
a cama do artista doente, os quatro filhos sem pão. Não sei que me deu no
peito, que o prior quis saber o que eu tinha! Uma paixão, exclamei:
e falei à moda dos apaixonados que procuram o triunfo nos sacrifícioas e o
êxito na verdade. Fiz uma descoberta no Beco-do-Moreno, disse: quero realizar
aqui o meu pensamento, revelei. Ele disse-me que sim."
Passou-se isto em Maio de 1935 e logo em Agosto, 30 crianças pobres de Coimbra tiveram as suas primeiras férias no campo. As
gentes de S. Pedro de Alva tiveram receio daqueles garotos da rua e temeram
pelos seus bens.
No seu estilo simples e muito próprio, conta-nos o Padre Américo:
"Falava-se em S. Pedro de Alva na colónia
aventura. O dedicado prior da freguesia preparou as coisas. O Dr. Coimbra, mandou
fazer catres, mesas e mochos na fábrica da Estrela de Alva. O farmacêutico [que
seria o Dr. Eduardo Pedro da Silva, velho republicano] dizia aos amigos da botica: que pena ser isto obra de um padre! À chegada, entrei na farmácia como
quem vai indagar preços. Daí a nada, sabia-se no lugar do seu enorme espanto: ele
não é como os outros padres! Ai! que se todos os padres fossem loucos, muita
gente teria juizo! Seduzido pela verdade, ele forma na lista dos donativos e
mais do que uma vez, durante a temporada das colónias, oferece o melhor da sua
casa, ao garoto do tugúrio."
No
entanto, quer de S. Pedro de Alva, quer das terras limítrofes (Paradela, Penacova,
S. Martinho da Cortiça, Poiares) começam a chegar géneros e algum dinheiro.No
segundo ano da Colónia a recepção foi ainda melhor:
"A plateia, que
duvidava do sucesso do ano anterior, começa agora a dar palmas e a dizer que sim;
e já não tem medo que os garotos da rua assaltem as quintas (…) Aparecem
donativos e palavras de encorajamento. Viu-se que a loucura do padre era
simplesmente o arrojo de ter feito o que antes ninguém fizera."
Escreveu ainda Américo Monteiro de Aguiar, o
"Pai Américo":
"Não cai um
passarinho do céu sem que o pai celeste o saiba - verdade eterna. Parece que
fora pregar a S. Pedro de Alva, mas não: fui cimentar as bases do que depois se
chamou e hoje é, Colónias de Campo do Garoto da Baixa."
"A ideia já não
cabe na estreita casa de S. Pedro de Alva (…) Nem a ideia nem os rapazes cabiam
na casa primitiva, onde nasceram os dentes da obra."
E
foi assim que em 1940 abriu a primeira Casa do Gaiato em Miranda do Corvo e a
partir daí estendeu a sua missão social e caritativa a outros pontos do país.
David
Almeida
(1) Era Pároco de S. Pedro de Alva, o Pe José Augusto Ferreira Simões e Sousa.
20 outubro 2012
Lorvão celebra as Santas Rainhas Teresa e Sancha
Em 2007 foi publicada uma brochura de 32 páginas, tendo por base uma Conferência proferida em Lorvão em Outubro de 2005. |
Celebram-se amanhã em Lorvão as Festas das Santas
Rainhas, Teresa e Sancha. Há cerca de oito séculos viveu-se grande alvoroço em
Lorvão.
Depois de grande celeuma e discórdia, os monges da
regra de S. Bento, que ali habitavam há séculos, foram "desalojados"
para dar lugar às monjas da mesma congregação, sendo depois o mosteiro entregue
a D. Teresa, filha de D. Sancho I.
Por sua vez, o nome de D. Sancha ficou ligado à
fundação do Mosteiro de Celas, em Coimbra. Em 1705 foram beatificadas pelo Papa
Clemente XI.
O programa de amanhã inclui, pelas 11.30, a
tradicional Missa seguida de Procissão, com a presença da Real Irmandade de
Santa Mafalda de Arouca. Às 15 horas realiza-se o espectáculo "Memórias da
Nossa Terra" pelo Grupo Etnográfico local.
18 outubro 2012
15 outubro 2012
Livro de António Catela "Tudo Num Momento" foi apresentado em Penacova
Foi apresentado no
dia 13 de Outubro, no auditório do Centro Cultural de Penacova o livro de
António Catela Tudo num Momento. Contou
com a presença do Presidente da Câmara, Humberto Oliveira e a Vereadora da
Cultura, Fernanda Veiga, bem os ex-presidentes do Município, Estácio Flórido e
Maurício Marques. Presentes também muitos
amigos e familiares do autor. A cerimónia iniciou-se com um espaço musical e
com a projecção de uma montagem em vídeo com fotografias biográficas do autor. Uma selecção das suas filhas, oferecida no dia em que, há um ano atrás, completou cinquenta anos de vida.
Como o subtítulo do
livro sugere, Tudo num Momento-do blog ao livro, engloba
uma selecção de textos que desde 2007 foram sendo publicados no blogue com o
mesmo nome. De acordo com o
autor, esta obra vem "concretizar um sonho de menino nunca cumprido". A escrita, e em
especial a escrita romântica, sempre foi a sua paixão. Conforme se pode ler no
Prefácio e numa das Notas Introdutórias "recorrendo a pinceladas de cores
fortes e expressivas, fala do Amor, da amizade, das relações, dos valores, de si
próprio, da família e das (des)ilusões". Por outras palavras, o livro
remete para "o melhor e o pior do quotidiano; os valores éticos, morais ou
a falta deles; os sentimentos nobres, puros e belos que habitam o ser humano e,
acima de tudo, a beleza de uma alma sonhadora" levando-nos a "questionar
os nossos próprios sentimentos e a nossa forma de ser e de estar neste
mundo."
António Manuel
Teixeira Catela, nascido em Luanda em 1961, reside em S. Paio do Mondego onde preside, há 26 anos, à Junta
de Freguesia. Pessoa empenhada também na vida associativa local.
Para o autor, este
livro pretende "ser um tributo ao amor", a esse sentimento que "mais
faz sofrer e alegrar o mundo", que "enlouquece, que faz chorar, que
magoa, mas que também faz sorrir e sonhar".
13 outubro 2012
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