sábado, março 02, 2019

O machado de pedra polida encontrado em Lorvão em 1973



A Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão acaba de publicar na sua página no Facebook informação mais pormenorizada sobre o fragmento de machado de pedra polida encontrado em 1973. O Prof. Doutor Nelson Correia Borges defende que ”a história do local de Lorvão pode, provavelmente, estender-se ao período eneolítico."

"Encontrado no Alfandaque, não in situ, mas guardado sob o lar de um forno de cozer boroa. Já não se encontra completo, pois está partido pela parte do encabamento, medindo no maior comprimento 0,112 m e na largura máxima 0,053 m. O peso é de 480 gramas. Tem o gume ligeiramente curvo e os lados convexos. O gume encontra-se já um pouco embotado, devido ao uso. A ligação ao cabo devia fazer-se directamente, pois não há vestígios de quaisquer sulcos. É de crer que medisse de comprimento, quando completo, cerca de 20 cm. Todavia trata-se de um belo exemplar, apesar de fragmentado. O material empregado é uma pedra alheia à nossa região, que julgamos ser diorite e que dá óptimo polimento.
É muito difícil estabelecer-lhe uma cronologia que tanto pode ir do Neolítico até à Idade do Ferro. Em números, tanto poderá ser do quarto milénio a.C. como do século VIII a.C. Talvez seja do período eneolítico, aí entre 2.500 a 1.500 a.C. Na Antiguidade e na Idade Média acreditava-se que estes machados, a que por vezes se chamava "pedras de raio", traziam fortuna e felicidade ao seu proprietário, sendo protectores da casa e muitas vezes se colocavam sob o lar dos fornos ou das lareiras.
Ora este machado, encontrado sob o lar de um forno, em Lorvão, além de colocar a hipótese da terra ter sido povoada em eras remotas, comprova a sobrevivência de uma tradição com muitos séculos.
Do povoamento que, a ter-se dado no Eneolítico, seria, certamente, de pastores restam na região alguns indícios, embora os vestígios materiais faltem.
Assim, no topónimo PENACOVA, temos o prefixo celta PEN, que significa monte. Nota-se que ainda hoje uma parte da população denuncia origem céltica, igualmente. Querem alguns etnólogos que o característico surriar carnavalesco seja também de origem céltica, pois teria origem no imitar do relincho do cavalo, animal sagrado para aquele povo indo-europeu.
Mas os Celtas chegaram ao nosso território em diversas vagas iniciadas no século VIII a.C. e situam-se na Idade do Ferro e da cultura castreja. O nosso machado será, certamente, anterior."

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