Remoçar na Praia
Uma pedra -se calhar de xisto - a desfazer-se
Rebolou
E amorteceu a sua viagem na acalmia
Do nosso Rio
Junto à “maternidade” no pedrario
Fazendo fugir os peixinhos em “pousio”
Nos círculos da água franca que abriu
Vieram-me rostos amigos que de lá viu
Antigamente em convívio são e Amizade
Um passarinho de bico esguio
Assobiou
E o som propagou-se como se fosse
Um arrepio
Também a rã quis coaxar
E a cigarra iniciou um concerto estridente
De rock da pesada em acasalamento tardio
Mais pra noite o pirilampo iluminará o breu
E as libelinhas adornarão o céu
Projectado na água
…
Neste vai e vem de tarde tardia
À cacofonia da bicharada (que rasga o silêncio)
Sobrepõe-se a faina poliglota dos veraneantes
Algumas crianças correm na ponte
De madeira tosca, resistente
Outras sorriem alegres
Mas com pés dormentes
Das pedrinhas que se lhes picam
Nos hábitos que não têm
Da Liberdade descalça
A que se contrapõe a do telemóvel na alça
- não saltes bebé que daí é perigoso!
- o limo é viscoso!
Diz uma Avó amorosa, ao meu lado
Por baixo do chapéu de sol de colmo
Africano
A que falta o côco para ser paisano
…
Está lá a areia, embora importada
Está lá a curva da barriga zangada
O Penedo da Viúva já é uma estrada
O tempo passou muito e depressa
Mas as coisas simples desta Praia do Reconquinho
[E as que deviam ser deste nosso fado mansinho]
Dão-lhe um ar que parece que ainda agora começa
A brisa do ar vindo dos salgueiros anda em circuito
A vista de cima faz-se num quadro a óleo bem culto
E o sol?
… Esse continua forte e ainda é gratuito!
quinta-feira, outubro 10, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: Remoçar na praia
terça-feira, agosto 02, 2022
Lugares, monumentos e sítios de Penacova (5): Reconquinho
A Praia do Reconquinho é reconhecida como uma das mais bonitas do país.
Foi considerada até, pela National Geographic, como uma das nove praias mais bonitas de Portugal, numa lista de cem praias localizadas de norte a sul do nosso país.
Galardoada, pela primeira vez em 2013 com a Bandeira Azul, ostenta também agora a Bandeira de Praia Acessível, dispõe de bar, apoios de praia, fluvioteca e animação ao longo de toda a época balnear, proporcionando todas as condições de lazer e diversão.
O funcionamento desta praia fluvial remonta a 1964. Nesses tempos, os “aristas” iam ali dar o seu passeio, tomar o seu banho e dar uma volta de barco.
Em 1970 nasce, ali ao lado, o Parque de Campismo, por iniciativa da Sociedade de Propaganda e Progresso de Penacova, com o apoio da Câmara Municipal.
Surgiu também uma Escola de Natação e a praia fluvial foi requalificada, acorrendo aí, já nessa altura, “muitos milhares de pessoas de todas as classes”.
É no Reconquinho que se situa o centro de Trail Running Carlos Sá, sendo este local o ponto de partida para todos os percursos de trail existentes no concelho de Penacova.
Também o projecto “Serranas do Mondego” passou a proporcionar, nas águas do Mondego, um passeio de Barca Serrana tendo como pano de fundo o Reconquinho, o Penedo da Carvoeira e a altiva Penacova, encimando o Olival do Mondego.
Existe uma lenda que faz parte das colectâneas de lendas de Portugal e foi magistralmente recontada por Martins da Costa. https://penacovaonline2.blogspot.com/2014/03/as-bruxas-do-reconquinho.html
POEMA de Luís Pais Amante (in Penacova [In]temporal, 2022)
OH RECONQUINHO
Comecei a olhar para ti, cá de cima,
pela manhã Amiguinho
Num dia em que estiveste de sol raiado
Com a luz a bater na tua curva ideal
Igual à minha
E a refletir-se no teu areal
Entranhando-se na áurea dos veraneantes
Que por cá vão ficando ainda radiantes
A tua praia aristocrática está bonita
Arejada, emproada
Parecendo-nos mais suculenta desde que falam nela por aí
Ou o Presidente Marcelo tirou um selfie para ti
Sempre serás um espaço d’encantar
Uma revista enlaçada num cenário de cobiça
A fotografia que te tiro, agora, mais pela tarde
Capta embevecidos os forasteiros d’outrora
Que pairam no teu bom ar
como se fossem fantasmas feitos de doce de amora
Aristas d’antigamente, dizem hoje
Gente que por aí foi sendo diligente
Os miúdos a nadar
Correndo sempre em liberdade
Os biquínis a espraiar
Inquietando sempre, mas sempre, a nossa mocidade
Uns espreguiçavam-se, outras enguiçavam-se
Já é noite, entretanto e agora estou na Pérgola
Não estão cá só as caras d’antigamente
Nem só as pessoas da minha juventude
Está cá Povo inteligente
Que gosta de ouvir poesia
E que vem absorvê-la, criticá-la, senti-la
Povo
que sabe o que é ter Penacova na sua fantasia
Que te ama, Reconquinho,
como se fosses uma grande epifania
Que te vai vendo mudar ao sabor do tempo
Sem já seres só local mítico ao relento
Gente
Que te discute só por te querer bem
E que sonha com uma ponte
Fixa
Fixe
... Que não saia da fotografia no Inverno
... Nem se escape como a enguia quando foge do inferno!
Luís Pais Amante
17Jul19, 18h30
Preparando a Tertúlia da Poesia que hoje vai acontecer na Pérgola Raul Lino, em Penacova
domingo, agosto 25, 2019
Para a história do Reconquinho
O parque de Campismo de Penacova , em 1975, junto á Praia Fluvial do Reconquinho |
segunda-feira, julho 10, 2017
Poetas penacovenses (II): Reconquinho...
O arvoredo circundante / Nas tuas margens /
A curva da estrada do /Reconquinho / Está mais cavada, mais / Curvada, /
Embora / Reconfortante /
Canta connosco e tira / Suores ao povo /
As formas bizarras das / Canoas /
E a velha Barca Serrana /Alberga o pescador que /
Tudo harmoniosamente / Colocado / Tudo estoicamente conservado
/ Tudo belo / Para não dizer / Encantado!
domingo, março 16, 2014
As Bruxas do Reconquinho
"Numa noite enluarada as bruxas pegaram uma barca do Reconquinho e foram de abalada até à Índia" |