quarta-feira, maio 22, 2024
Retrospectiva do Cinquentenário do 25 de Abril em Penacova
quinta-feira, maio 09, 2024
Vox et Communio: um exemplo salutar
V o x e t C o m m u n i o: u m e x e m p l o s a l u t a r
por Luís Pais Amante
Estive, há dias, a assistir ao Concerto “Um Menino chamado Zeca” [na minha terra Penacova] concebido pelo Maestro Rodrigo Carvalho, com base nas Canções icónicas do meu amigo José Afonso e com “salpicos” do Livro de José Jorge Letria.Podia ter acontecido em qualquer parte do Mundo, dada a excelência do Evento, mas aconteceu ali, no nosso Auditório; no interior de uma Beira carente de enaltecimento.
E foi um êxtase absoluto para quem, como eu, gosta deste tipo de música, toda ela envolta no cheiro do nosso Abril dos Cravos e, neste caso, na leveza da intimidade amiga da juventude sã que por lá anda em “construção permanente”, cunhando e elevando a nossa Cultura Local.
Aquelas vozes (irrepreensíveis na afinação, na afirmação e na identidade) deixam qualquer pessoa maravilhada…arrepiada, até.
E não digo isto por termos (eu e elas e eles) uma espécie de ligação electrizante - há já uns anos - com episódios mesmo muito, muito felizes, como guitarrada e cântico improvisados num Restaurante muito conhecido de Lisboa, com as salas envolventes a aplaudir, admiradas.
Falemos, pois, da Associação e dos seus Associados, de origens sociais diversificadas.
… e do sonho que comanda tudo aquilo …
O Coro Vox et Communio é o braço (digamos assim) da Associação Cultural de Penacova, na sua forma civilista e actua no âmbito das artes do espectáculo. Foi constituída no dia 28 de Maio de 2012, estando, portanto, prestes a celebrar o seu décimo segundo aniversário, embora saibamos de trabalhos preparatórios muito anteriores, enquanto Coral Infanto-Juvenil.
Está integrado no designado Associativismo Jovem, com apoios modestos, mas efectivos.
A sua sede é (tentem perceber bem o significado disto, p.f.) na Rua da Alegria, na Ronqueira, uma Aldeia bonita, soalheira, aconchegada pelo Rio Mondego, onde apetece absorver o ar.
Na criação desta Associação, estiveram envolvidas muitas pessoas da minha terra -meus conterrâneos e amigos - mas muito activamente, um par de namorados apaixonados, humildemente ricos na postura que exibem e muito valiosos, como geração empreendedora que se têm vindo a afirmar: o Rodrigo e a Paula, pelos quais nutro um enorme apreço.
E, talvez por isso, quem estiver atento à “Juventude Vox” (chamemos-lhes assim), percebe que ali se fabrica e cultiva respeito e amor e paixão e se forma gente de elevado valor.
Amor à Associação; paixão pela música e pelo canto; com intuitos firmes de solidariedade.
Até parece estar-se em presença de uma incubadora, que constitui notório exemplo!
O Vox Associação teve comando directivo do Paulo Martins e da Marta Oliveira e, agora, é dirigido pelos próprios Coralistas, já emancipados -e bem- nos seus destinos, o que significa um bom modo de crescimento social e intelectual de coragem e de independência responsável.
Sendo a música, através do canto, o amor principal e mais comum, na verdade, elas e eles dedicam-se, igualmente, a actividades solidárias e ambientais, para não falar nas actividades associativas dos Estabelecimentos de Ensino para onde se vão direcionando.
!… Líderes potenciais, portanto …!
Sim, os Jovens Coralistas também vão fazendo um caminho consistente - e consciente - para o Ensino Superior diversificado e disperso pelo País.
E não admira, pois, que tenhamos para referir - orgulhosos - aleatoriamente, embora, já licenciados ou com estudos superiores em curso, nas áreas de: Geografia, Gestão, Bioquímica, Informática, Fisioterapia, Fisiologia, Ciências Militares Aeronáuticas, Medicina, Engenharia Biomédica, Sociologia, Ciências Farmacêuticas, Música, Engenharia do Ambiente, Design de Equipamentos.
Alguns já a frequentar Mestrados.
Ou seja, Caros Penacovenses e Amigos:
Saibamos merecer o que é nosso, porque nelas e neles (Jovens) é que está o nosso futuro!
quinta-feira, abril 25, 2024
Ecos da revolução do 25 de Abril na Imprensa Local
Este periódico, em vésperas do 25 de Abril poucas notícias locais publicava, possivelmente por falta de colaboradores.
Começando a analisar em Janeiro de 1974, encontramos, por exemplo, a defesa da política ultramarina e da guerra colonial. Em Fevereiro ressalta uma crítica muito grande à ONU, associando-a a “uma feira de vaidades” ao mesmo tempo que censura as “políticas onusinas”. Ainda neste mesmo mês, é feita especial referência a discursos de Marcelo Caetano nos quais refere as “atoardas e calúnias” de “certa imprensa”. Sobre o regime, o mesmo afirma no jornal de 9 de Março que “a experiência Corporativa” é “um êxito” evidente. No jornal de 18 de Abril, meia dúzia de dias antes do 25 de Abril, é noticiada a visita de Américo Tomás às obras da Barragem da Aguieira.
A 23 de Março, citando-se um discurso do Ministro Moreira Baptista, salienta-se que os Governadores Civis devem evitar que “alguns eclesiásticos se façam eco de críticas destrutivas que com má-fé são postas a circular para combater a acção governativa, esquecendo-se que a sua missão na Terra deve ser somente evangélica e não política”. Neste particular, apesar de não ter sido notícia no jornal, como é evidente, dizia-se que o Padre António Veiga, pároco de Travanca, Oliveira e Almaça, com grandes preocupações sociais e culturais, chegara a ter informadores da PIDE a escutar as suas homilias.
Estranhamente (ou talvez não) o jornal que tem a data de 27 de Abril alheia-se por completo dos acontecimentos que estão na ordem do dia. Só a edição de 4 de Maio faz eco da Revolução, publicando fotografias de Costa Gomes e de António de Spínola. O editorial, intitulado “Mudança de Rumo” apresenta-se ainda muito cauteloso e desconfiado, indo rebuscar as convulsões da I República e apresentando o 28 de Maio de 1926 como o início de uma fase que “não obstante os naturais defeitos, manteve a paz e o sossego durante meio século e transformou completamente a fisionomia da Nação.” O autor do artigo duvida muito que os portugueses saibam usar a Liberdade e teme, mesmo, que “a emenda seja pior que o soneto.”
Nesta data, dá-se realce ao Manifesto do Movimento das Forças Armadas. O jornal seguinte virá a ser publicado só passados quinze dias, a 18 de Maio, dado que a edição do dia 11 não se publicou, por motivos logísticos, conforme foi comunicado. Neste 18 de Maio já não consta o nome de Joaquim de Oliveira Marques como director. Agora, é o Pároco de Penacova, João da Cruz Conceição, que assume a direcção. Joaquim de Oliveira Marques escreverá em 13 de Julho na pequena nota intitulada “Palavra de Despedida”, que saía porque “a vontade de no máximo 2% por cento da população do concelho” (…) elegera “novas autoridades“ que impuseram a sua saída.”
O 1º de Maio de 74 foi, também em Penacova, o dia em que o Povo “saiu à rua” de uma forma mais visível. A notícia de um ou outro episódio só virá a público no dia 18, como vimos. Relata o jornal que “muitas pessoas se concentraram no Terreiro (…) realizando-se em seguida uma sessão pública no Salão dos Paços do Concelho. Muitos democratas tomaram a palavra para enaltecer o Movimento de Libertação”.
Nesta sessão foi eleita “uma comissão para gerir os interesses do Município”. Comissão que integrava os seguintes nomes: “Fernando Ribeiro Dias, tesoureiro da Fazenda Pública, Manuel Ribeiro dos Santos (comerciante), Rui Castro Pita (engenheiro civil), Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão (notário), José Marques de Sousa (proprietário ), Teófilo Luís Alves Marques da Silva ( professor liceal), Américo Simões (industrial ), Adelaide Simões (farmacêutica ), Artur José do Amaral (estudante de Direito ), Artur Manuel Sales Guedes Coimbra (médico), António Coimbra Soares (professor e comerciante) e António de Sousa (electricista).
Esta Comissão alargada, que tomou posse em 2 de Maio, elegeu por sua vez o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente, Teófilo Luís Alves Marques da Silva e António de Sousa. Esta tomada de posse contou com a presença do Presidente e Vice- Presidente cessantes, Álvaro Barbosa Ribeiro e Francisco José Azougado da Mata. Os mesmos declararam ter solicitado e obtido a exoneração dos seus cargos junto do Comandante da Região Militar de Coimbra”. Álvaro Barbosa Ribeiro, à época Deputado, acabaria por passados alguns dias ser detido e preso em Lisboa e Coimbra, acabando o processo por ser arquivado por falta de provas.
Ainda sobre este 1º de Maio no concelho de Penacova lê-se numa local de Lorvão que se tratou de “um dia inesquecível em que todo o povo saiu em massa à rua e com ele a Filarmónica, entoando o Hino Nacional.”
No dia 5 de Maio, domingo, foram em diversas freguesias escolhidos os elementos para presidirem às respectivas Juntas. Em Penacova e Lorvão tal acto teve lugar no dia 12. Em Penacova também neste dia foi eleita nova direcção da Casa do Povo. Por sua vez em Lorvão, realizou-se uma sessão pública na sede da Associação Recreativa Lorvanense com a presença de membros da Comissão Administrativa concelhia e de um representante do Movimento Democrático de Coimbra. Foi notória a presença de um grande número de pessoas, sublinhando o articulista que predominavam as mulheres da povoação de Lorvão que “por mais de uma vez interromperam a sessão”. De Friúmes chega a notícia que ali se deslocara uma sub-comissão da Câmara Municipal para numa “grandiosa reunião sondar se era da vontade do povo continuar a mesma Junta, o que acabou por suceder.”
Sabe-se que em S. Pedro de Alva igual procedimento se fez e com os mesmos resultados: manutenção da Junta.
Com a finalidade de “instruir o povo, esse povo unido, esse povo honesto” para ser “pormenorizadamente instruído acerca da nossa política nacional actual – escreve o correspondente do NP em Friúmes – havia sido marcada uma reunião para o dia 9 de Junho. Recorde-se que estas sessões de esclarecimento e dinamização cultural, assim designadas e geralmente orientadas por elementos do MFA, no nosso caso, por militares da Região Militar de Coimbra, tiveram lugar na maioria das freguesias. Por exemplo, em Penacova a 17 de Fevereiro de 1975, as ovações ao MFA ( O povo está com o MFA) estenderam-se até cerca das 3 horas da madrugada! Ainda na vila, a 18 de Maio, teve lugar durante a tarde mais uma sessão de “Dinamização Cultural” com a presença das Filarmónicas do Concelho, da Orquestra Típica Infantil de Penacova e a Banda de Música do Regimento de Serviços de Saúde. Houve também uma sessão de cinema na Casa do Povo, dado que devido à chuva o programa não pôde ser feito no exterior como estava previsto. Refere o jornal que a dinamização da população em ordem à participação do povo neste programa fora feita pelos 1ºos sargentos penacovenses, José Alvarinhas e José Alberto. Penacova, Friúmes, mas também Chelo. Aqui, no dia 8 de Maio, no Ginásio Recreativo, teve lugar uma “sessão de esclarecimento pelas Forças Armadas”.
Ilustrativo do ambiente que se viveu por estes tempos, recordemos o “assalto” à Casa das Enfermeiras em Lorvão, edifício do antigo Hospício e que agora apenas tinha duas pessoas a residir. Em Agosto de 75, depois de várias reuniões inconclusivas e manifestações populares como aquela que uns tempos antes reunira mais de mil pessoas e onde falaram diversos oradores, entre os quais um representante do MRPP, em defesa da ocupação do edifício para Casa do Povo, que funcionava em condições muito precárias. Neste Agosto o povo decide avançar, pôr os móveis na rua e tomar conta das instalações. Sobre este episódio, António Simões, ex-cozinheiro do hospital, recordará mais tarde, a 30 de Abril de 1998 ao jornal penacovense Nova Esperança, essa “manifestação popular onde o povo é que mais ordenou”. A Comissão Instaladora do Hospital reconheceu, resignada, que “o povo entusiasmado com o que ouvia na rádio e lia nos jornais, resolveu tomar uma atitude sem o seu consentimento”. No fim de contas “O Povo é quem mais ordena!”
Outros episódios poderiam ser recordados. Vamos referir por agora o célebre “Dia de Trabalho pela Nação”. Foi a 6 de outubro de 1974 que, sob proposta de Vasco Gonçalves e tendo a dispensa da Conferência Episcopal, foi pedido que as pessoas dedicassem um dia de trabalho voluntário a favor do País. Referiremos o caso de Travanca, Rebordosa, Chelo e Lorvão. Em Travanca a Junta de Freguesia lançou o apelo e muitas pessoas, incluindo o Pároco, lançaram mãos à obra e procederam ao arranjo do caminho que ligava o ramal da Igreja ao Cemitério. Na Rebordosa, a Juventude (dos 12 aos 23) deixou “as ruas num mimo”. Em Chelo, um grupo “constituído por pessoas que normalmente não pegam na enxada e na picareta “deu início às escavações para a construção de um fontenário”. Por fim, em Lorvão os jovens estudantes reuniram em grupos de trabalho e (…) limparam as ruas da povoação. Mas Lorvão não se ficou por aqui. As paliteiras juntaram-se em grupos fazendo o seu dia de trabalho. Como resultado da venda de palitos (…) recolheram, juntamente com ofertas de voluntários a quantia de 2.485 escudos, que entregaram para os Deficientes-Mutilados das Forças Armadas.
Como sabemos, foi Teófilo Luís Alves Marques da Silva, que desde 1971 era professor de História e Director do Ciclo Preparatório, que assumiu a presidência da Comissão Administrativa Provisória. Em entrevista ao Jornal de Penacova de 15/12/2002 dirá que “tal como um pouco por todo o país a revolução dos cravos foi recebida em Penacova com grande júbilo, pelo menos pelas pessoas com quem contactava no café, na pensão e nas ruas.” Recordará entre outros aspectos a falta gritante de estruturas e de verbas. Por vezes eram uns cerca de 1000 contos feitos na venda de madeira que conseguiam tapar os buracos maiores. Com mágoa recordará, igualmente, quando certo dia um grupo de pessoas quis invadir a Câmara e como nesse dia não estava, agrediram à bofetada o Eng. Castro Pita,”um homem de 60 anos que tanto deu à sua terra”. “Achavam que eu era um indivíduo perigoso, que tinha levado a Câmara à falência, etc… Por estas e por outras acabou por pedir a demissão. Em Agosto de 1975 a comissão fica demissionária. Vai-se manter até Abril de 76. Nesta data dá-se a demissão, agora em bloco. Perante isso foi nomeado para assegurar a presidência da Câmara até às primeiras eleições autárquicas de Dezembro de 76 , como gestor municipal, José Alberto Rodrigues Costa.
Para terminar detenhamo-nos na legenda que acompanhava um foto de Penacova oferecido ao jornal pelo sr. LuísCunha Menezes e publicada na edição de 18 de Maio de 1974:
“Que à pureza dos ares que invadem a nossa região se possam assemelhar os ventos da libertação que sacudiu o país a partir do 25 de Abril. Que a caminhada de Paz e a Liberdade iniciada pelas Forças Armadas, de mãos dadas com o povo, não se detenha até alcançar toda a terra portuguesa.”
David Almeida
(Comunicação apresentada hoje na sessão solene das comemorações do 25 de Abril em Penacova)
quarta-feira, abril 24, 2024
"Um menino chamado Zeca": Coro Vox et Communio assinala o 25 de Abril
espectáculo “Um menino chamado Zeca” baseado no livro infantil de José Jorge Letria - informa-nos Maria da Graça Antunes, Presidente da direção deste Coro.
A partir da narração dos textos do livro, os concertos pretendem celebrar os 50 anos do 25 de Abril revivendo, através dos textos e da música, a vida e obra de Zeca Afonso.
sábado, abril 20, 2024
Poetas penacovenses [14]: Cheirava a Abril
C h e i r a v a a A b r i l
Luís Pais Amante
Podia ter sido em Março, em Maio, quiçá em Junho
O momento para rebentar a pólvora junta no barril
Mas foi em Abril…
Abril era o mês sem tempo, sem ar cinzento, primaveril
No ano andámos no pressentimento preso na mudança
Em Março não deu p’ra ser
Se calhar deu-se com a língua no dente
Talvez o entusiasmo se tenha congelado
O Soldado ficado atrapalhado
Ou o Major, descoordenado
Certo é que não deu pra “construir” Revolução
Então, nessas horas de esperança
Começara 1974
Na Faculdade demos corda ao sapato
Uns chevrolet’s foram postos a arder
Uns vidros foram partidos a derreter
Uns tropeções ocorreram sem saber
Umas corridas valentes aos “gorilas”
E uma crença grande num amanhecer
Diferente
Podia ter sido muito antes de ter sido
A junção de uma quase toda Nação
Para nos dar carácter e legitimação
Mas foi em Abril…
Abril 25 em dia, antecipou Maio em 1
O Militar pôs-se ao lado do Trabalhador
Os rios passaram a correr em Liberdade
Dos céus vieram sons de Fraternidade
E nós, na Universidade, Estudantes
Começámos a sonhar
E, com ingenuidade, a equacionar
Vai haver oportunidades em Igualdade?
Apesar de espalhado o cheiro em Cravo
Sadio e bom, fresco em frisson, desde lá
Ainda não se conseguiu dar Igualdade cá
Sequer democrática, pá
E isso não pode deixar de nos fazer pensar
Porque, em boa verdade
Sem Igualdade básica, Democracia não há
Minha Gente!
Luís Pais Amante | Casa Azul
Memórias: Recordando o Dia 25, as cumplicidades e os sonhos…
domingo, abril 24, 2022
Notas para a história do 25 de Abril em Penacova
”A revolução dos cravos foi
recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu
contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas
que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao
antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não
coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril.”
Teófilo Luís Alves Marques da Silva, in Jornal de Penacova, 2002
As manifestações públicas mais
significativas só aconteceram no dia 1 de Maio. A seguir à concentração em frente da
Câmara Municipal teve lugar uma sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho
onde foi eleita uma Comissão para gerir o Município.
Dessa Comissão faziam parte
Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel
Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da
Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel
Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa. A 2 de Maio tomou
posse e de entre os seus elementos foi escolhido presidente Teófilo Luís Alves
Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. Teófilo
Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do
Partido Comunista Português, era professor e, desde 1971, director do Ciclo
Preparatório de Penacova.
Esta Comissão acabou por apresentar
a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se, entretanto, em funções por mais
algum tempo. Reunida com os representantes locais dos Partidos, a Comissão indigitou
para Gestor Municipal o 1º Sargento de Infantaria José Alberto Costa, que
exerceu essas funções entre 24 de Abril
e 31 de Dezembro de 1976.
Em Dezembro de 1976 têm lugar as
primeiras eleições para as Autarquias Locais, saindo vencedor o Partido
Socialista, passando a presidir à Câmara Municipal Artur Manuel Sales Guedes
Coimbra e à Assembleia Municipal Eurico Almiro Meneses e Castro. Nesse acto
eleitoral, nas listas para a Câmara, o Partido Socialista obteve 2081 votos, o
Partido Popular Democrático 2029, o Centro Democrático Social 1302 e a Frente
Eleitoral Povo Unido 550 votos.
Recorde-se que nas eleições
legislativas de 25 de Abril de 1976 o Partido Popular Democrático havia vencido
com 3041 votos, seguido do Partido Socialista com 2884, Centro Democrático Social
com 978 e Partido Comunista Português com 515 intenções de voto.
Recordemos mais um ou dois episódios que se encontram registados na imprensa local. No dia 6 de Outubro de 1974, milhares de pessoas em todo o pais decidiram responder ao apelo para a realização de um dia de trabalho voluntário para a Nação.
Também em Penacova a iniciativa foi bem acolhida. Escreveu “Luineses” no Notícias de Penacova:
“Mostrar desta maneira que comungamos num Portugal ressurgido (…) que ajudamos de alguma maneira a economia nacional com o produto do nosso esforço. Procedendo assim mostramos obras e não paleio que disso está o mundo cheio. É assim que se vê quem são os Democratas”.
Outro apontamento refere-se ao assalto
ao “Lar das Enfermeiras” em Lorvão para servir de Casa do Povo. Estávamos em Agosto
de 1975: “O Povo entusiasmado com o que ouve na rádio e lê nos jornais,
resolveu tomar uma atitude, tomando as instalações do lar”.
De referir, por último, que a
imprensa local, mais propriamente o Notícias de Penacova, dirigido por
Joaquim de Oliveira Marques, foi cautelosa face aos acontecimentos. Só no dia 4
de Maio aquele jornal dá algum destaque ao Movimento das Forças Armadas. O
editorial, intitulado “Mudança de Rumo”, mantém ainda muitas reticências quanto
ao correcto uso da liberdade restituída ao povo português.
segunda-feira, abril 24, 2017
Comemorações do 25 de Abril em Penacova: homenagem aos autarcas eleitos em 1976
25 de Abril e Poder Local Democrático [composição de capa de folheto de 76] |
Notícias de Penacova, 7 de Janeiro de 1977 |
Resultados para a Assembleia Municipal e para a Câmara Municipal |
Para os Órgãos da Freguesia foram eleitos: