Desde 2016 que os “Conhecimentos Tradicionais utilizados no processo de Produção de Palitos” se encontram inscritos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Agora, um novo passo é dado com a inauguração do Centro Interpretativo do Palito de Lorvão.
A sessão que se realizou no Dia do Município, 17 de Julho, contou com a presença do Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.
Depois de dar as boas vindas aos presentes na inauguração deste Centro Interpretativo do Palito de Lorvão, Álvaro Coimbra, Presidente da Câmara, recordou que a Casa do Monte é um edifício emblemático para Lorvão dado que foi hospedaria quando decorreram as cerimónias de trasladação das Santas Rainhas, tendo nos anos oitenta, sido adquirido pelo município e ter sofrido obras de intervenção e reabilitação ao longo dos anos.
“A ideia do Centro Interpretativo do Palito, ou seja, de um espaço que mostrasse um pouco da história do percurso da manufactura do palito até à era industrial, era um desejo de muitos de nós, dos lorvanenses e de todos aqueles que gostam das tradições, das artes tradicionais” – salientou.
Referiu igualmente que a abertura deste Centro Interpretativo foi possível com a ajuda e financiamento da AD ELO - Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego.
“Não tem grandes dimensões, mas está feito à medida, com tudo o que é preciso para saber a origem do palito, no mosteiro, passando pela fase industrial até à fase de grande expansão e exportação para os quatro continentes” – sublinhou, concluindo - “ Temos agora aqui um equipamento fantástico que está aberto à comunidade e também a piscar o olho ao turismo e aos visitantes que cada vez mais visitam Penacova.”
O Arquitecto Fábio Nogueira, responsável pelo Projecto de Conteúdos, fez uma breve apresentação do espaço referindo que tal se deve também a uma parceria entre várias instituições, como o Grupo Etnográfico de Lorvão, o Rancho “ As Paliteiras de Chelo” e a Universidade de Coimbra através do Departamento de Antropologia que tinha algumas peças, principalmente uma coleção de paliteiros. Destacou também o precioso contributo do sr. Luís Carvalho.
No piso de entrada temos o “ciclo da madeira”, “desde ela ser colhida até poder ser manufacturada em palitos, o choupo, o salgueiro, todos os passos e tudo o que era necessário: coiras, masculinas e femininas e para crianças, num tempo em que as crianças realmente trabalhavam nos palitos.” Referiu que um inquérito de 1979 feito pelo Departamento de Antropologia dava conta de que ainda havia 75 pessoas que viviam exclusivamente de fazer palitos.
Destacou ainda as “oito espécies de palitos também aqui expostas”, a parte do artesanato, os aspectos ligados à etnografia da venda do palito, a indústria, as “caixas fabulosas” com um design gráfico muito interessante e finalmente um vídeo que irá passar imagens e depoimentos de pessoas da localidade.
Por sua vez, o Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, salientou a importância deste espaço “onde é possível conhecer a história dos palitos”, fazendo esse facto para muitos mercados, principalmente os internacionais, “toda a diferença”, que é a possibilidade de num território, numa comunidade, poder conhecer aquilo que são ainda hoje um conjunto de actividades (…) que muito poucos países têm”, ficando “deslumbrados quando conhecem a nossa realidade”.
Frisou “a riqueza que fica a partir de hoje associada à oferta de Penacova (…) casada com o futuro hotel”. Hotel que, segundo disse, “apenas está a espera da confirmação do processo de financiamento do REVIVE”, estando já os projectos na Câmara Municipal”.
“Quem vier a este hotel - e o segmento que nós queremos captar seguramente ficará mais tempo - , ficará com a sua visita mais enriquecida se puder conhecer um bocadinho da nossa história.”
O Secretário de Estado sublinhou que hoje em dia “quem tem muito dinheiro viaja pelo mundo inteiro” – acentuando que “neste mês de Junho, o mercado dos Estados Unidos praticamente ultrapassou a Espanha e a França, como mercados que procuram Portugal.”
“Associados a esses novos turistas está muitas vezes um poder económico mais elevado”, e nesse sentido, “essas pessoas podem visitar qualquer parte do mundo” ao mesmo tempo que “não procuram o que encontram na China, no Dubai e em tantos outros destinos de luxo, iguais a qualquer dos sítios que já visitaram. O que eles procuram é exactamente o que nós temos aqui.
Este é que é o novo luxo: as pessoas poderem experimentar e poderem estar com algo que só existe num sítio”. E os palitos de Penacova só existem em Penacova, enquanto que cadeias hoteleiras e produtos de grandes marcas os podemos encontrar em qualquer parte do mundo.
“Aquilo que hoje faz a diferença e traz valor é a dimensão das pessoas poderem vir e conhecer, é falar com a D. Fátima Lopes e com as outras senhoras que fazem ainda palitos”, no fundo “as pessoas que verdadeiramente hoje são de referência. “ - relevou.
Outra ideia importante foi referida: “aquilo que nós procuramos hoje é que haja actividade económica - o turismo é actividade económica”. Na verdade, “o turismo tende a ser captação de receita, tem de ser vantagem para aqueles que recebem turistas.” Caso contrário “não serve para nada”.
A concluir, Pedro Machado congratulou-se com esta inauguração “em nome de Portugal” e em nome da Pasta que tutela, o Turismo, vincando que quantos mais bons exemplos como este houver, mais a vida terá facilitada enquanto governante, e mais argumentos terá para “ampliar a nossa narrativa sobre aquilo que é a diferença de Portugal”.