quinta-feira, abril 24, 2025

Da minha janela: E se eu quisesse ser Abril

 


E se eu quisesse ser Abril


Se eu quisesse ser Abril, em flor

Gostava de assumir

A cor do cravo vermelho, em pétalas 

Em cheiro e em toque aveludado

Sedutor


Igualmente

Gostava de florir

Ano a ano na gestação 

Da glória toda unida

Saudando a Revolução 


O certo

É que por estes dias em concreto

Se rememora Abril

Pensando no antes de então 

Nos tempos d’outro Estado

Já senil


Quem me dera

Poder pô-lo, em cada ato, bem alinhado

Gritar-lhe pra nunca se deixar ser o fado

De criar pobreza real e, em cada esquina

Um sem-abrigo 

Em vez de um leal amigo 


Abril foi e é Esperança 

É a fonte da Democracia

Inscrita na nossa Constituição


Não é um mês qualquer

De Calendário 

De “Festa” feita sem crer


Com os mais carentes

A sofrer

E os idosos “perdidos” e doentes


É Liberdade 

É Saudade

E continuará, como Força do nosso Ser


Luís Pais Amante

Casa Azul

Saudação do democrata que sou, ao 25 de Abril, saudável e puro que acompanhei, antes e depois.

Desenho 
de Tiago Ferreira, 
aluno do 6º ano da nossa antiga 
Escola EB2 António José de Almeida

segunda-feira, abril 14, 2025

Penacova na pintura de um dos maiores paisagistas portugueses


"Tendo falecido em fevereiro de 1913, com apenas 42 anos de idade, vítima de doença mental, Eugénio Moreira foi artista da segunda geração de naturalistas, embora praticamente ignorado em vida.

Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).

O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.

Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.

Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.

De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.

Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas."

VER este texto na origem: https://museusoaresdosreis.gov.pt/eugenio-moreira-um-dos-maiores-paisagistas-portugueses/

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NOTA: Eugénio Moreira chegou a viver algum tempo em Penacova, onde pintou algumas das suas obras mais famosas, muito provavelmente apoiado pelo casal, sensível às Artes, Joaquim Augusto de Carvalho e Raimunda, da Quinta de Santo António. Consta também que ter deixado um filho, um Guilherme, evocado numa das crónicas do Pintor Martins da Costa.



sábado, abril 05, 2025

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒 / Digam-nos: Quanto custa uma CPI?


Digam-nos: Quanto custa uma CPI?

CPI significa “Comissão Parlamentar de Inquérito”; decorre no Parlamento Português e têm-no  transformado numa “feira” das mais tristes que se possa imaginar; advêm -nos termos do Regime Jurídico (redação actual da Lei 5/93, de 1 de Março)- de uma interpretação evolutiva do art. 178, Constituição da República (embora não seja tão tão abrangente como se tem espalhado por aí) e “gozam dos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”.

Hoje em dia podem ser propostas e votadas (direito subjectivo de pendor democrático) ou impostas por iniciativa de um qualquer deputado ou Partido (direito potestativo), mesmo servindo de arma de arremesso político e pretendendo entrar pela parte mais íntima e de caráter dos políticos que têm vida profissional, até familiar, o que se manifestará num erro crasso de consequências absolutamente imprevisíveis, para quem enviesa assim a Democracia e tem tanta pressa em profissionalizar, exclusivamente, a Política.

Digamos que este mecanismo anémico de “inquirição”, como se tem verificado, é levado a efeito, vezes de mais, por pessoas sem a mínima preparação, que não constituem exemplo nenhum de nada e que usam este meio para exercer “poder” sobre outrem e para se mostrarem na televisão e, sobretudo, para “achincalhar” os inquiridos, independentemente da sua condição.

Convém relembrar que a tarefa dos políticos é fazer política em seu benefício e abono, primeiro e em abono do seu Partido, logo a seguir. Infelizmente o País pouco interessa…

Motivo pelo qual as CPI’s funcionam ad hominem, preferencialmente! Contra todos e tudo que não dê benesses aos deputados e aos partidos ou lhes traga obstáculos ao imediatismo.

- Primeira conclusão: os deputados (que são imensos, bem pagos e cheios de prerrogativas anormais, como a “impunidade”) arranjaram um mecanismo que “fabrica trabalho”, na justa medida em que um País tão pequeno não necessita de todos eles…e isso não se quer discutir.

A outro passo, como é do conhecimento público, existem na AR, como deputados, muitas -mesmo muitas- pessoas que têm ou tiveram problemas, elas próprias, com a Justiça; se se incluírem familiares na equação, então o quadro aumenta exponencialmente.

Desejam, pois, por esta via inquisitória, transformar-se em “judicialistas” dos outros.

A primeira intenção desta gente é, pois, ocupar os tempos das televisões e dos media em geral,  em palcos eleitorais, que têm a vantagem de “ocultar” os seus problemas próprios, quantas vezes interferindo nas situações mais delicadas das investigações judiciais, que é o que acontece quando quebram o sigilo exigido, a que estão obrigados.

- Segunda conclusão: quando se pergunta qual será, objectivamente, a real intenção das CPI’s(?), só podemos reter que elas são um método pernicioso do exercício democrático, porquanto se encontram quase sempre “minadas” à nascença, como se tem comprovado e batem de frente com as áreas de actuação do Poder Judicial.

!… Os deputados ganham muito dinheiro (para as habilitações e experiências que lhes são conhecidas) na generalidade; sendo cada vez mais jovens e inexperientes… !

Se somarmos as “retribuições globais” de cada um(a), as multiplicarmos por catorze e as dividirmos por doze, e somarmos ao produto as regalias em espécie muito questionáveis, facilmente percebemos que o custo de cada deputado à Nação constitui uma exorbitância.

E se dividirmos esse valor individual pelo número de horas potenciais trabalhadas (52 semanas x número de horas diárias), chegaremos (com as regras da legislação laboral) ao valor/hora de cada personalidade…

Temos assim, pois, possibilidade de apurar o custo real de cada CPI!

E quantos funcionários ocupa? E quanto valem (em custo diário) as instalações utilizadas? E os seus custos de funcionamento?

-Terceira conclusão: cada Comissão de Inquérito Parlamentar custa muito -mesmo muito- dinheiro, o que não estando disponibilizado aos cidadãos torna opaco o seu exercício.

Por isso mesmo, desafio os deputados e os partidos políticos a fazerem as contas e a informarem o Povo (que tudo suporta) por exemplo dos custos totais da “CPI das Gémeas”, cuja conclusão “pífia” foi a prova provada de tudo o que eu disse acima.

E que o façam já na campanha eleitoral, que o mesmo Povo vai voltar a pagar!

A Democracia é o regime político das transparências e esta questão exige explicações…

Independentemente disso direi, já, que o Orçamento de Estado em execução (2025) tem uma dotação global de 192,08 milhões de euros, para a AR, com 44,6 milhões destinados a subvenções para campanhas eleitorais, que mais não são do que “receitas facilitadas” e apetecíveis para os Partidos puderem brincar às eleições, como têm vindo a fazer, com consequências de delapidação sucessiva do Estado e ajuda imprópria às finanças partidárias.

…Terão os candidatos a deputados coragem para tanto?

Luís Pais Amante

DALIA: projecto para recuperar a população de lampreia marinha no Rio Mondego


A Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, em colaboração com os municípios da região, candidatou-se ao programa europeu DALIA, que apoia a reabilitação de ecossistemas aquáticos, com o objetivo de recuperar a população de lampreia marinha no Rio Mondego. O projeto, com financiamento de 100 mil euros, será executado ao longo de dois anos, iniciou em março de 2025 e termina em março de 2027.

A principal medida do projeto é a translocação anual de 500 a 1000 lampreias adultas para locais selecionados a montante da ponte-açude, em Coimbra, e a criação de santuários para a proteção das larvas, que se encontram cada vez mais ameaçadas pela degradação do ecossistema ribeirinho. O projeto também visa a identificação de pontos críticos larvares e a implementação de medidas de conservação, incluindo a sensibilização das partes interessadas para a importância desta espécie e a elaboração de orientações para a gestão sustentável, adaptáveis a outras bacias hidrográficas nacionais e internacionais.

Este esforço surge num contexto em que a escassez de lampreia se tornou uma realidade alarmante. Em 2024, o Festival da Lampreia de Penacova foi cancelado devido à diminuição drástica da população, sendo substituído por um novo evento em 2025, que envolverá todas as espécies do rio, e não apenas a lampreia, uma decisão também motivada pelo aumento dos custos associados à escassez do pescado.

O professor e investigador Pedro Raposo de Almeida, do Departamento de Biologia da Universidade de Évora, aponta os incêndios de 2017 como um dos principais fatores para a deterioração do habitat da lampreia. Segundo o especialista, a poluição das águas causada pelas cinzas e a redução dos caudais dos rios, consequência dos incêndios e das secas subsequentes, afetaram diretamente o desenvolvimento das larvas, tornando-as mais debilitadas e com menores chances de alcançar o oceano. Além disso, a poluição doméstica e industrial e o desassoreamento excessivo do rio são também fatores que agravam a situação. A pesca excessiva é outro problema que prejudica ainda mais a população de lampreia.

A lampreia marinha desempenha um papel ecológico fundamental no Rio Mondego, sendo uma espécie indicadora da saúde do ecossistema aquático. A sua diminuição tem um impacto negativo em toda a biodiversidade do rio, com potencial para criar um efeito em cadeia que afeta outras espécies e a sustentabilidade do ecossistema. Para além dos efeitos ambientais, a escassez de lampreia também afeta diretamente a tradição e a economia local, uma vez que a pesca e o consumo de lampreia são uma parte importante da cultura e da economia da região.

O projeto europeu que será implementado visa, portanto, não apenas a recuperação da população de lampreia, mas também a preservação da biodiversidade do Mondego, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema e assegurando a continuidade de uma tradição que é parte integrante da identidade local.


in 

ttp://www.jornaldamealhada.com/noticia/13957

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