O humano quase sem Humanidade
Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.
A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.
Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.
As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.
“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.
A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!
As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.
Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.
E, daqui, chegamos ao Humanismo:
- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.
… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.
Ora,
Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.
- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal;
- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;
- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;
- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;
- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;
- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;
- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.
Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…
Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.
Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!
Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.
E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?
Não anda, pura e simplesmente.
… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!
Luís Pais Amante