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sábado, novembro 16, 2024

Reis Torgal: livro 𝙑𝙞𝙜𝙞𝙖𝙨 𝙙𝙖 𝙄𝙣𝙦𝙪𝙞𝙨𝙞çã𝙤 premiado


A Academia Portuguesa da História (APH) premeia, anualmente, 10 trabalhos publicados nesta área do saber. A lista dos 10 premiados (2024) acaba de ser divulgada. Entre eles, destacamos o Professor Doutor Luís Reis Torgal (1) que venceu o Prémio Joaquim Veríssimo Serrão / Fundação Engenheiro António de Almeida, pela obra Vigias da Inquisição, trabalho que analisa o processo “paradigmático” de Manuel Fernandes Vila Real.(2) 

Os restantes premiados foram:

Prémio Lusitânia: Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos, de Irene Flunser Pimentel. 

Prémio Gulbenkian/História da Presença de Portugal no Mundo: Parecer e Ser: Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim, de José António Falcão

Prémio Gulbenkian/História Moderna e Contemporânea: O Bobo e o Alquimista: Deformidade Física e Moral na Corte de D. João III,  de David Soares. 

Prémio Gulbenkian/História da Europa Agostinho Barbosa. L’attività spirituale del giurista e sacerdote portoghese nella Villa e Corte di Madrid, de Massimo Bergonzini.

Prémio Augusto Botelho da Costa Veiga: Segredos da Beja Romana, de José d’Encarnação. 

Prémio EMEL (Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa): Altares da Memória: o advento das micro-histórias na periferia das periferias, de Assunção Melo, 

Prémio CTT/D. Manuel I “Direitos Humanos em Portugal: História e Utopia – Das Origens à Época Contemporânea” Susana Mourato Alves-Jesus 

Prémio Câmara de Oeiras/Octávio da Veiga Ferreira: A Metalurgia do Povoado de Pragança, Cadaval, no Contexto da Idade do Bronze – I Idade do Ferro na Estremadura, de Ana Ávila de Melo.

O Prémio Santa Casa da Misericórdia de Braga/Dr. João Lobo, Amélia de Leuchtenberg: Imperatriz do Brasil, Duquesa de Bragança, de Cláudia Thomé Witte.

Da lista de galardões apenas aguarda deliberação o Prémio Pina Manique, que distingue obras sobre o período do Iluminismo à Revolução Liberal.

A entrega dos prémios será no próximo dia 4 de Dezembro, pelas 15:00, no Palácio dos Lilases, em Lisboa, numa sessão que evocará Luís de Camões, onde a historiadora Isabel Almeida proferirá uma oração de sapiência intitulada “Camões e a Incerteza”.

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(1) Luís Reis Torgal é professor catedrático aposentado da Universidade de Coimbra e membro fundador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20). Publicou diversas obras e artigos sobre vários temas de várias épocas, entre elas o tempo do Estado Novo. Neste âmbito destaca-se a obra Estados Novos, Estado Novo (Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009). 

(2) Sinopse (Bertrand): "Depois de experiências como militar e financista, Vila Real partiu para França em 1638, onde teve um papel importante em apoio às embaixadas de Portugal e desenvolveu um labor intenso como escritor ao serviço da Restauração.

Colecionador de livros, Vila Real regressou a Portugal em 1649, na comitiva do conde da Vidigueira, trazendo consigo um conjunto de obras, algumas delas proibidas pela Censura. O rei D. João IV, que terá concedido a Vila Real o título de «real cavaleiro fidalgo» da sua Casa, estava para o enviar em nova missão, em reconhecimento pelos serviços distintos que prestara em França ao serviço de Portugal, quando o Santo Ofício o prendeu por ser um «dos que leem e retêm livros de hereges ou de alguma ímpia seita».

A Inquisição, «Estado dentro do Estado», tinha como alvo preferencial os cristãos-novos e os judeus, mas estendia também as suas garras a todas as «heterodoxias» e a todos os «maus costumes». A prisão de Vila Real revela as lutas entre os poderes, da Coroa e da Igreja, e mostra como era impossível ter-se uma «outra cultura» em Portugal, sobretudo se ela afirmasse ou fizesse sobressair ideias que fossem contrárias à fé católica oficial.

E nem os cristãos-novos que apoiaram, economicamente e através da ação diplomática, a Coroa portuguesa escapavam ao castigo e execução pela Inquisição por, alegada ou efetivamente, «judaizarem», como sucedeu no processo paradigmático de Manuel Fernandes Vila Real. "


sexta-feira, maio 01, 2015

O QUE RESTA DO PAÇO DOS DUQUES DE CADAVAL

Fonte da Granja
Quem não conhece a Fonte da Granja? Pensar-se-á que não passa de mais uma construção ao longo da Estrada Verde (N110). Para uns, aquele arco foi simplesmente talhado aquando da construção do chafariz. Para outros,  seria originário de Lorvão, tal como as colunas do Mirante Emídio da Silva.

Ora, o arco que ali se conserva contém em si a memória de uma parte importante da história de Penacova. As colunas do Mirante, essas sim, terão essa origem, mas no caso da Fonte da Granja, aquele pormenor não será mais do que (possivelmente o único) vestígio do Paço dos Duques de Cadaval. Esta informação consta de uma obra do nosso ilustre conterrâneo, Catedrático de História, Nelson Correia Borges.

É também de um outro penacovense ilustre, Dr. José Albino Ferreira [1], o texto que a seguir transcrevemos e que nos fornece informações preciosas sobre a influência dos Duques de Cadaval em Penacova. Conta então, José Albino Ferreira:


Com a implantação do regime liberal, pela vitória definitiva do partido constitucional, por toda a parte se refundiu e transformou a vida social dos portugueses. As antigas casas dominantes desapareceram ou decairam. As fortunas das famílias antigas que em geral se mantiveram ligadas ao partido miguelista estavam muito comprometidas por virtude das invasões francesas e depois pela guerra civil.
Em Penacova aconteceu o mesmo. Eram donatários da vila de Penacova, primitivamente, os condes de Odemira. Esta casa fundiu-se mais tarde, por casamento, com dos duques de Cadaval e assim ficou a ser donatário de Penacova o Duque de Cadaval. Era este Senhor que superintendia em todos os serviços judiciais e administrativos. Nomeava o Juiz e demais funcionários públicos.
Tinha em Penacova o seu Paço, com capaela anexa, no sítio onde agora está a Casa do Tribunal[2]. Tinha em Penacova o seu capelão e procurador, pois era proprietário de muitas terras, lagares e azenhas, e recebia delas as rendas e foros.
O Duque de Cadaval era o Governador Militar de Lisboa quando os miguelistas foram vencidos pelas tropas liberais em Almada. Como visse que não podia manter-se em Lisboa, retirou com as tropas fiéis, e assim, depois da Cionvenção de Évora Monte e termo da Guerra Civil, emigrou para França, não voltando a Portugal.[3]

Como consequência, resolveu o Duque de Cadaval vender todos os bens que possuia em Penacova.
Fotomontagem: Penacovaonline
O Paço foi destruido por um incêndio e depois vendido à Câmara de Penacova, que ali construiu[4] o edifício dos Paços do Concelho e o Largo Fronteiro que hoje tem o nome de Largo Alberto Leitão.
Tinha a Casa de Cadaval uma Capela anexa ao Paço, que foi destruída pelo incêndio, uma capela lateral na Igreja de Penacova, onde ainda está o escudo das armas dos Duques de Cadaval. É uma capela ampla com sacristia. O estilo é de boa renascença.
Com o desaparecimento da fortuna da Casa de Cadaval em Penacova, desapareceu o capelão, o procurador e e mais pessoal. Com o incêndio desapareceram muitos documentos que, certamente, dariam luz para a história de Penacova.




[1] Oriundo da freguesia de Sazes, era formado em Direito, foi notário em Penacova e foi também Presidente da Câmara quer no tempo da monarquia (era-o aquando da inauguração do Mirante) quer mais tarde já no regime republicano. Curiosamente também era  Padre (sem paróquia atribuída mas celebrava missa). Personalidade marcante do nosso concelho e tão pouco conhecida e valorizada.
[2] Texto escrito nos anos quarenta do séc. XX
[3] Ainda hoje a Família Cadaval vive em França e só vem a Portugal com curta demora.,; mas conserva o seu apego à pátria. Os varões, chegando à idade própria, cumpremos seus deveres militares, segundo me consta.
[4] Inaugurado a 1 de Janeiro de 1869 sendo presidente da câmara Constantino Almeida Amaral.

sábado, setembro 04, 2010

Notas para a história local: as Festas de Nossa Senhora da Guia nos inícios do Séc. XX

Na imagem: santuário de N. Sra da Guia  
no local onde hoje se encontra o Hotel e o antigo Centro de Saúde

A propósito do evento recentemente ocorrido e designado por Salgueirada, recordamos que, segundo relatos escritos de há cerca de cem anos, as Festas de Nossa Senhora da Guia incluiam no seu programa algo semelhante a que chamavam Serenata.
Vejamos um resumo do programa das festas de 1908:

Festejos em Honra de Nossa Senhora da Guia

Tiveram lugar nos dias 18, 19 e 20 de Julho, em Penacova, as festas de N. S. da Guia.

No dia18, pelas 10 da noite, realizou-se uma Serenata: barcos ornamentados e iluminados saíram de Entre Penedos e deslocaram-se até ao Reconquinho. Houve fogo de bengala e à moda do Minho e actuou a Filarmónica e o Rancho.

No dia seguinte, pelas seis da tarde, realizou-se a habitual procissão, onde pontificou a imagem de N. S. da Guia, oferta do Sr. Joaquim Augusto de Carvalho, no seu rico andor de talha dourada oferecido pelo saudoso Bazílio A. Xavier d' Andrade.

No dia 20, houve missa e pelas 5 da tarde, corridas pedestres, corridas de bicicletes e outras, no Largo Alberto Leitão. A seguir, as marchas " aux-flambeaux" terminaram os festejos.

Fontes:
Programa e notícia das Festas de 1908
Fotografia existente no Café Turismo