Publicidade no Jornal de Penacova [1901] |
Vindos
da Foz do Dão, “pouco depois chegavam à Barca do Concelho, perto da vila, tendo
passado antes Entre Penedos, duas altas serras de pedras de tal forma dispostas
de uma e outra margem do rio, que um falecido poeta as cognominou de Livraria
do Mondego, tendo junto à superfície da água um pedregulho que os barqueiros
chamam de Frade. Atracaram por fim e em
seguida começaram os viajantes a subir a serra da vila, alojando-se na
hospedaria da tia Leocádia de Jesus. (…) Sabendo que os viajantes vinham da Foz
do Dão, a graciosa menina Altina, elegante e apresentável filha da senhora
Leocádia, tratou de indagar se por lá tinham visto ou se conheciam um tal
senhor Nardo (…).
Há
também uma referência às paisagens de Penacova: “O panorama que oferecia o rio
Mondego visto da Hospedaria da tia Leocádia, era realmente encantador; na
margem esquerda avistava-se a povoação da Carvoeira entre ínsuas bordadas de
choupos, faias, e pela retaguarda do lugar alguns montes coroados de moinhos de
vento.”
Edifício do antigo Hotel Altina, na rua Coselheiro Fernando de Mello [imagens Google] |
Altina
do Amaral dará continuidade ao negócio da mãe. No Jornal de Penacova de 1901 é
publicado o anúncio “Casa de Hóspedes de Maria Altina do Amaral” oferecendo
“bons quartos e excelente comida.” Fica-se a saber que também vendia tabacos e vinhos.
Desde
os tempos da ti Leocádia que a Pensão recebia grupos de estudantes,
excursionistas, funcionários e políticos. No dia 1 de Dezembro de 1910 aquando
da inauguração do Centro Republicano e da iluminação pública a acetilene, foi
ali o jantar de confraternização. Em 1923 é um grupo de Finalistas da Escola Normal Superior de Coimbra que janta no “Hotel Altina” à volta de um passeio a
Penacova e a Lorvão. Quando surgiu o Hotel Penacova, a pensão Altina chega a aparecer na
publicidade do Jornal de Penacova como “Hotel dos Contentinhos”. A D. Altina
era uma pessoa “muito popular e simpática” - diz a Gazeta de Coimbra.
Maria
Altina morre no dia 25 de Dezembro de 1926. O Hotel Altina” é então posto
à venda, tratando do assunto o advogado Daniel da Silva. A Gazeta de Coimbra publica vários anúncios.
No entanto, por volta de 1946 volta a aparecer no Notícias de
Penacova o anúncio “Vende-se casa de habitação que antigamente serviu de hotel,
conhecido por Hotel Altina. Óptimas vistas para o Mondego. Trata Álvaro Alberto
dos Santos”.
Quando
morreu Altina do Amaral a Gazeta de Coimbra escreveu que esta foi “a mais
antiga hoteleira” da vila que “bastantes serviços lhe ficou devendo pelo muito
que contribuiu para a boa propaganda da sua terra natal”.
________* "Estudantes de Coimbra" de B.M. Costa e Silva
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