Foto de Óscar Pereira Trindade |
Foi há precisamente 100 anos que o caso se deu. No dia 2 de Setembro de 1919, relatam os jornais, na localidade de Couchel (Poiares), Antonino (ou António) Vaz de Carvalho, depois de uma acesa discussão com a irmã, Albertina Vaz de Carvalho, dispara sobre ela, à queima roupa,um tiro de caçadeira. A vítima morreu, pouco depois, no próprio local.
O homicida foi preso e mandado para a cadeia de Penacova. No
dia 11, a meio da tarde, foi-lhe “intimado o despacho de pronúncia, sem
admissão de fiança” – escreve o Jornal de Penacova.
À noite depois de adormecerem os dois companheiros de prisão
“foi colocar-se junto às grades e quando viu que tudo estava em silêncio, atou
um lenço de assoar ao pescoço” e enforcou-se.
Um dos presos, quando se apercebeu, gritou e “em
breve apareceu gente, que pelo lado de fora, cortaram a ponta que o ligava às
grades”. Só depois chegou o carcereiro. Ao delegado de saúde, Dr. Rodolfo Pedro
da Silva, apenas restou declarar o óbito. Em caixão de chumbo seguiu para Braga, onde a família da viúva possuía
um jazigo.
O Jornal de Penacova encabeçou a notícia com o título “Suicídio
de um Criminoso”. Por sua vez, A Gazeta de Coimbra intitulou “Crime de
Fratricídio” e escreveu que “não deixou cartas, presumindo-se que o motivo
fosse o arrependimento do crime cometido, pois declarara perante as autoridades,
ter sido a morte da irmã ocasionada por desastre”. O Jornal de Penacova refere que “na manhã desse
dia tinha enviado para casa, por um criado, todas as suas coisas que tinha na
prisão, escrevendo uma carta à desolada esposa, recomendando-lhe todos os
cuidados pelo filhito que conta 3 meses”.
Vem hoje este assunto à baila respondendo a um desafio que
o amigo Óscar Trindade lançou na sua página do Facebook. Ao publicar uma
fotografia do edifício onde funcionou a Cadeia, a Câmara, diversas Repartições,
e por último o Tribunal, escreveu o seguinte: “Muito haverá para dizer desta
casa, muitas histórias já perdidas mas, com certeza, haverá ainda alguém para
outras contar, quem as souber façam favor de as partilhar.” Aqui fica, assim,
uma memória (trágica) daquele edifício, que foi inaugurado no dia 1 de Janeiro
de 1869 e edificado sobre as ruínas do Paço dos Duques de Cadaval, entretanto destruído
por um incêndio.
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