sábado, julho 09, 2016

Combatentes de Penacova: morto em combate em 1973 só em 1988 foi sepultado

Tenente Coronel Almeida Brito
José Fernando de Almeida Brito nasceu a 27 de Março de 1933 em Lisboa. Filho de Serafim Oliveira Brito (Tenente) e de Maria Teresa Almeida Brito, naturais de Quintela, S. Pedro de Alva. Completou o Curso Liceal em Coimbra e ingressou na Escola do Exército, completando, aos 20 anos, o Curso da Academia Militar. No ramo da Força Aérea serviu na Base da Ota, em Monte Real, em Luanda e em Bissau.

Atingiu o posto de Tenente Coronel. Em 28 de Março de 1973, [um dia depois de ter feito 40 anos] sendo Comandante do Corpo Operacional da Guiné, o avião que pilotava foi atingido por um míssil. Só passados 15 anos foram encontrados os restos mortais. Em 27 de Maio de 1988 teve lugar o funeral, com honras militares, para o cemitério de S. Pedro de Alva.

O seu nome encabeça a lista de combatentes no Memorial erigido em Penacova.
Diário de Notícias (31/3/1973); Comarca de Arganil
(3/4/1973) e Nova Esperança ( 25/7/1988)


Em cima, o míssil terra-ar Strella que abateu avião e piloto.

Em baixo,o que restou do Fiat G91-R4 nº 5419 

Do blogue "especialistasdaba12":

Notícia publicada no jornal "Diário de Notícias" do dia 31.3.1973

"O comandante-chefe das Forças-Armadas na Guiné anunciou que um avião "Fiat G-91"foi ontem abatido em combate,por um foguetão terra-ar lançado da Republica da Guiné,quando sobrevoava território português em missão de reconhecimento,no sul da província. O aparelho,pilotado pelo Ten.Cor.Pilav.José Fernando de Almeida Brito,explodiu no ar.O Piloto pareceu.O Ten.Cor.Almeida Brito,nascido a 27 de Março de 1933 em Lisboa,concluiu,em 1953,o curso de aeronáutica militar na Escola do Exército.Em todos os cursos que depois,ao longo da sua carreira militar,alcançou as mais elevadas classificações.Alferes em 1954,tenente em 1956,capitão em 1958 e major em 1963,foi promovido ao posto actual em 1968.Era condecorado com duas medalhas de Serviços Distintos com palma,por feitos em combate,com a medalha de Mérito Militar de 3ªClasse e com a medalha comemorativa das campanhas das Forças Armadas Portuguesas em Angola e na Guiné.

Da sua folha de serviços constam ainda numerosos louvores e referências elogiosas.Estava proposto,pelo comando-chefe das Forças Armadas da Guiné,para a medalha de oiro de Valor Militar,com palma,pelo"relevante contributo prestado para o êxito do esforço de guerra no teatro de operações da Guiné,onde executou centenas de acções operacionais sempre evidenciando extrema perícia,grande coragem,energia e desprezo pelo perigo,sobretudo em duas,ao prosseguir com a maior serenidade o cumprimento das suas missões,apesar das aeronaves que pilotava terem sido seriamente atingidas pelo fogo inimigo."

Profundo conhecedor das características técnicas dos modernos aviões,marcou gerações e gerações de pilotos que instruiu e comandou.

Na Guiné Portuguesa,onde há cerca de três anos servia,no comando de acções independentes da Força Aérea e,ainda,em operações conjuntas coa as forças de superfície,muitas vezes com risco da própria vida."

Eu tinha chegado à Guiné havia quatro dias,quando no dia 28 de Março da parte da manhã,em conjunto com o colega Lopes,dado sermos os mecânicos de serviço à linha da frente,demos saída a uma parelha de aviões preparados com bombas. Num seguia o Cap.Pilav.Pinto Ferreira e no outro o Ten.Cor.Pilav Almeida Brito,comandante do Grupo Operacional.

Esperamos pelo regresso das aeronaves, quando já um pouco com atraso para o tipo de missão ouvimos e vimos surgir um dos aviões, o outro viria a seguir, pensamos nós... Quando recebemos o avião perguntamos ao piloto se o outro demorava muito, a resposta surgiu tipo bomba:

- O outro não vem mais!...

Dadas as características da zona e a intensificação dos combates, não foram feitas tentativas de encontrar os destroços, quer por parte das forças terrestres quer da FAP.

Arnaldo Sousa

***
OBS: A título de curiosidade: lembramo-nos dos voos rasantes que por vezes fazia sobre Quintela, porventura como cortesia aos seus conterrâneos, nos anos 60, o que nos provocava um misto de admiração e de profundo medo, ali bem perto, nos Covais de Travanca.








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