Sei lá!
“Sei lá” é uma das maneiras que temos para responder que não sabemos
como é uma coisa qualquer. E por que é assim? Sei lá. E como começa uma carta?
Sei lá! Algumas começam onde a anterior terminou. Por exemplo, em minha última
que intitulei “Um rio para pescar” me fez desaguar em Paulinho da Viola, na
maravilhosa “Foi um rio que passou em minha vinha”.
Pois é, mas antes desse hino de louvor e exaltação à Portela, ele
havia composto “Sei lá Mangueira”, em parceira com Hermínio de Bello Carvalho.
Dizem que a música havia sido composta para um show, mas o parceiro dele
inscreveu a música em um festival; era o tempo dos festivais. A situação ficou
ruim para Paulinho da Viola na comunidade portelense, criou-lhe certo embaraço,
afinal, a Mangueira é uma das escolas de samba concorrente da Portela.
Apenas para recordar, “Um rio que passou em minha vida” começa
assim: Se um dia, meu coração for consultado, para saber se andou errado, vai
ser difícil negar.
Não tendo como negar as maravilhas por ele cantadas sobre Mangueira,
estaria se desculpando diante da comunidade da Portela? Quem sabe. Mas, por que
se desculpar tendo composto duas obras primas da música brasileira!
Estação primeira de Mangueira, esse é o nome oficial da comunidade
do morro; primeira porque é a primeira estação de trem (combóio) do subúrbio
carioca, ou seja, da cidade do Rio de Janeiro. Azul e rosa são as cores da
tradicional escola de samba.
Diz a música: “Vista assim do alto, mas parece um céu no chão, sei
lá, em Mangueira a poesia feito mar se alastrou, e a beleza do lugar, para se
entender, tem que se achar que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais,
que os olhos não conseguem perceber, que as mãos não ousam tocar, e os pés
recuam pisar. Sei lá não sei, sei lá não sei, sei lá se toda a beleza de que
lhes falo sai tão somente do meu coração. Em Mangueira a poesia, no sobe desce
constante, anda descalça ensinando um modo novo de a gente viver, de cantar, de
sonhar, de sofrer. Sei lá não sei, sei lá não sei não, a Mangueira é tão grande
que nem cabe explicação”.
Por que Mangueira parece o
céu no chão? As casas iluminadas no morro criam a sensação, as luzes das casas
as estrelas do céu. São casas simples, de gente humilde, daí porque a beleza do
lugar para ser entendida tem que ser vista com outros olhos. Não podem buscar a
riqueza, mas a beleza da comunidade. O desce e sobe da poesia é a vida daqueles
que vivem no morro, um sobe e desce constante, muitos sem sapatos, descalços.
Enfim, fica mesmo difícil explicar a beleza daquele lugar, afinal a
Mangueira é tão grande que nem cabe explicação; melhor mesmo é ver o vídeo.
"Segue abaixo
uma pequena mensagem com a finalidade de deixar
registrada a presença e a alegria de Cartas Brasileiras pelo lancamento do
livro.
Ao Joaquim
Leitão Couto e David Almeida os cumprimentos e felicitações pelo lançamento do
livro, o qual, certamente, já se converte em mais um "Património de
Penacova", referência e fonte de buscas e consultas sobre as riquezas do
lugar; a comunidade penacovense, sem dúvida, reconhecera o valor de seus
autores e a importância da obra."
P.T.Juvenal
Santos
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