Hoje, 24 de Agosto de 2020, assinalam-se os 200
anos da Revolução Liberal que inaugurou um novo capítulo da História de
Portugal. Novas ideias, novos caminhos que não foram fáceis de trilhar, que
inclusivamente deram origem a uma Guerra Civil.
Antes de terminar o dia de hoje, recordemos o trágico
episódio da “Queima da Pólvora” na Cortiça que acabou por trazer o luto ao
nosso concelho humilhando aqueles que defendiam os ideais do Liberalismo.
Lembremos os nomes das pessoas da região que foram
fuziladas em Viseu: António Homem de Figueiredo, da Cruz do Soito; António
Joaquim, da Várzea de Candosa; Padre António da Maya, natural da Cruz do Soito,
pároco de Covelo; Francisco Homem da Cunha e o irmão Guilherme Nunes da Silva,
da Cortiça; José Maria de Oliveira, da Cortiça e, os irmãos Francisco de Sande
Sarmento e Felizberto de Sande Sarmento da Carvoeira.
A feroz perseguição feita pelos Absolutistas conduziu à prisão e
fuzilamento de muitos outros, alguns deles penacovenses: António Homem de
Figueiredo e Sousa, da Cruz do Soito, irmão de D. Rita, mulher do capitão-mor
José Félix, e este, irmão de Bernardo Homem; António Joaquim de Moura; António
Francisco; António José de Frias, da Sobreira; António (Padre) da Maya, da Cruz
do Soito; António Marques Guerra, dos Poços; António de Sousa Maldonado
Bandeira; Bernardo Homem, da Cortiça (este nome consta da lista, mas haverá
equívoco, pois ja estava preso, há muito, nas cadeias de Almeida); Francisco,
filho de Bernardo Homem, da Cortiça; Francisco de Sande, da Carvoeira;
Guilherme, filho de Bernardo Homem, da Cortiça; João Pereira Saraiva; Joaquim
José Gonçalves; José Maria, filho de Bernardo Homem, da Cortiça; José Félix da
Cunha Figueiredo Castelo-Branco, que faleceu nas prisões; José Henriques, de
Farinha Podre, alfaiate; José Joaquim Pereira, de Farinha Podre; José Lopes;
José de Loureiro e Almeida, de Farinha Podre; José Inácio Martins; José Maria
de Figueiredo Castelo-Branco, filho do dito capitão mor José Félix da Cunha
Castelo-Branco; José Maria de Oliveira, da Cortiça; Manuel Correia; Manuel
Lourenço Gomes Cascão e Veríssimo Gonçalves.
De acordo com um historiador “o despotismo raivoso
encarcerou muita mais gente do que a constante da lista, com quanto não
houvesse metido nem prego nem estopa na queima da pólvora”.
Foi o caso de Francisco António da Assumpção, da Sobreira,
de cuja prisão resultou perder a sua mãe o uso da razão; Maria Benedita e Maria
Antónia, filhas de Bernardo Homem, bem como uma criada das mesmas; Ana Marques,
da Cortiça, solteira; José Joaquim Pereira, de Farinha Podre, bacharel formado;
Joaquina da Fonseca, de Farinha Podre, “e outras [pessoas], das quais umas não
foram pronunciadas, mas outras, ou o fossem ou não, jazeram nas cadeias de
Lamego até que esta cidade foi libertada.
o despotismo raivoso mutas vezes nao esta do lado que esta gente pensa
ResponderEliminarem geral esses que falavam em despotismo raivoso foram os semeadores das ideias como o stalinismo ,a maior organizaçao criminal conhecida
ResponderEliminarO liberalismo do século XIX não tem nada a ver com o estalinismo. Quem o afirma é alguém que foi professor de História durante 43 anos. Por muito que isso desagrade a muitos, o regime de D. Miguel foi uma forma de despotismo primário e dos mais violentos que existiram em Portugal. RUI CASCÃO
EliminarUm dos implicados na Queima da Pólvora Manuel Lourenço Gomes Cascão, meu parente muito afastado (primo em 5.º grau de meu tetravô paterno). Foi capitão de ordenanças. Nasceu na povoação do Coval, freguesia de Mortágua (22 de outubro de 1787) e faleceu (05 de novembro de 1832), como "preso político que estava na Cadeia da cidade de Viseu" [Registo Paroquial, freguesia de Mortágua, óbitos, 1830-1849, 0008. jpg]. O genro, Francisco José Nogueira Cordeiro Cascão, nascido no Barril, freguesia de Mortágua (1816), foi um ilustre democrata e republicano, "o valente lutador em quem se sintetiza a alma de Mortágua há cinquenta anos", como escreveu Manuel Ferreira Martins e Abreu, autor do opúsculo Coisas de Mortagua no ultimo quartel do seculo XIX (1889). Francisco Cascão foi pai do notável arquiteto Albano Cordeiro Cascão (nascido no Coval, 1845) que, entre outros trabalhos, executou o projeto da capela do Divino Coração de Jesus, mais conhecida por Capela dos Pestanas, no Porto. RUI CASCÃO
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