Taça Jules Rimet (1958) |
A Copa do Mundo de 2014 está prestes a começar. Aqui está a maior correria, é preciso que tudo esteja pronto até lá. Temos visto manifestações nas ruas contra a realização da Copa, gente gritando atrasada, enquanto muita gente grande diz: “o Brasil” quis a Copa, então temos que dar conta do recado. Só faltava não dar.
Não foi bem o “Brasil”, ou a população que quis a Copa, foi decisão autônoma
do Governo, com apoio das construtoras e da mídia, os grandes interessados. Até
poderia ser verdadeiro que muitos a quisessem. Porém, com o sistema de saúde em
condições precárias, sistema de transportes em verdadeira pindaíba, a segurança
vivendo um enorme caos, o mundo enfrentando séria crise econômica, tudo levava
a crer que não era o momento. Pior é que teremos mais gastos com Rio - Olimpíadas
2016! Com o mundo na maior crise! Era evidente que o Brasil tinha outras
prioridades, e nelas não estava construir estádios. Aqui sabemos, depois da
Copa muitos estádios irão se transformar em “elefantes brancos.” Mas, deixando
de lado todos esses problemas, enveredo-me para um assunto mais ameno, contando
um pouco de história.
Em 1958 conquistamos, na Suécia, pela primeira vez a Taça Jules
Rimet. Depois, veio o “bi” em 1962 no Chile e o “tri” em 1970 no México. A terceira
conquista nos garantiu a posse definitiva do troféu. A peça, obra do artesão francês Abel Lafleur, representava a Vitória com
asas em forma estilizada, com os braços levantados segurando um vaso de formato
octogonal. Sobre as faces da base em mármore preto havia pequenas placas
em ouro, onde estavam gravados os nomes dos países campeões: Uruguai (1930 e
1950), Itália (1934 e 1938), Alemanha (1954), Inglaterra (1966) e Brasil (1958,
1972, 1970). Medindo cerca de 30 centímetros , todo o conjunto pesava 4
quilos, sendo 3,8
quilogramas em ouro.
O troféu correu o país, foi exposto em praça pública,
o povo fazia fila para ver a taça. Em São Paulo ela era exposta na Praça Roosevelt (ao
lado da Igreja da Consolação), e ao final da tarde era levada, em um carro
forte, para ser guardada na casa-forte da Matriz do Banespa; banco no qual eu trabalhava.
Então, quando a taça chegava para
ser recolhida, não havia como resistir à tentação, todos queriam tocar nela e
repetir os gestos de Hideraldo Luiz Bellini, Mauro Ramos de Oliveira e Carlos
Alberto Torrões, os nossos capitães. Tirar fotos nem pensar. O
tesoureiro não deixou. Ah! Se existisse celular naquela época tudo teria sido
registrado e postado nas redes sociais.
Pelé e a Taça Jules Rimet conquistada na Suécia em 1958. |
Depois dos nossos gestos à la
capitão do esquete nacional, não foram tantos mais que puderam repetir aquele
gesto. Na noite de 19 de dezembro de 1983, uma segunda-feira, enquanto uma réplica estava
guardada no cofre da CBF, o troféu original que estava exposto no 9° andar
daquela sede foi roubado por Peralta, Luiz Bigode e Chico Barbudo, que após o
roubo repassaram o produto para um argentino comerciante de ouro, Juan Carlos
Hernandez, que cortou a taça em três pedaços para poder derretê-la, formar
barras de ouro e vender.
E assim,
o troféu disputado por tantas nações, em partidas com gosto de suor, lágrima e
sangue, teve um triste fim, justamente porque caiu nas mãos de quem não poderia
“meter a mão na taça.”
P.T.Juvenal Santos
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