sexta-feira, maio 30, 2025

Freguesia de Penacova em 1876: a Ponte da Carrapiça e outras curiosidades



O lugar ainda existe? Fazemos a pergunta, dado que não somos da freguesia de Penacova. Não fazemos ideia onde ficava, ou se ainda fica... O que é certo é que a designação é muito antiga: aparece. por exemplo, no Livro de Assentos de Óbito do ano de 1876:

"Aos dezanove dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta e seis (...) no sítio da Ponte da Carrapiça, limite e freguesia de Penacova, concelho de Penacova, diocese de Coimbra, faleceu um indivíduo do sexo feminino com todos os Sacramentos, Maria de Jesus, de idade de quarenta anos, casada com José de Novais (...). Não testou nem deixou filhos e foi sepultada no Cemitério Público. (...)
O Prior: Francisco de Paula Queiroz

No Alentejo e Algarve o apelido é frequente: já  a 22 de Julho de 1891, Joaquim José Carrapiça, arrendou a Horta do Malhão (Évora) a Joana Vitória de Oliveira por 100$000 réis.

No entanto, a Revista Lusitana (I, 310), de finais do séc. XIX, regista o termo como sendo um dialecto português, existente por exemplo, em Rio Frio (Bragança) com o significado de "pedaço de velo a que é difícil desfazer os nós"; daí, o verbo carrapiçar que significa desfazer os nós da lã para a cardar.

Circulam na net imensos textos com nomes insólitos de terras de Portugal...
Ponte da Carrapiça...mais um a juntar à lista?

- o -

quarta-feira, maio 14, 2025

Da minha janela: 𝕆 𝕙𝕦𝕞𝕒𝕟𝕠 𝕢𝕦𝕒𝕤𝕖 𝕤𝕖𝕞 ℍ𝕦𝕞𝕒𝕟𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖


O humano quase sem Humanidade

Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.

A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.

Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.

As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.

“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.

A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!

As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo  científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.

Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.

E, daqui, chegamos ao Humanismo: 

- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.

… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.

Ora, 

Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.

- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal; 

- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;

- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;

- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;

- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;

- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;

- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.

Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…

Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.

Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!

Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.

E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?

Não anda, pura e simplesmente.

… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!

Luís Pais Amante




sábado, maio 10, 2025

Apocalipse em Lorvão...


O Livro do Apocalipse de Lorvão volta ao Mosteiro de Lorvão, em Penacova, para uma exposição inédita que decorre de 1 a 18 de Maio, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão. Considerado um dos mais belos manuscritos medievais do mundo, o códice foi copiado em 1189 pelo monge Egeas e integra, desde 2015, o Registo Memória do Mundo da UNESCO.


A mostra é organizada pela Câmara Municipal de Penacova, em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e inclui um programa cultural diversificado, com ciclos de concertos, palestras e oficinas didácticas para crianças. Os concertos realizam-se nos dias 2, 9 e 16 de Maio, às 21h30, enquanto as palestras decorrem nos dias 3, 10 e 17 de Maio, às 15h30. A programação contempla ainda actividades educativas para o público escolar.

O acesso à exposição faz-se através de um bilhete único de 8 euros, que inclui a entrada na mostra do Livro do Apocalipse, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão e no Centro Interpretativo do Palito. Os residentes no concelho de Penacova beneficiarão de condições especiais de acesso.

Este ano assinala-se o décimo aniversário da inscrição do manuscrito no Registo Memória do Mundo da UNESCO, e a sua exibição em Lorvão representa uma oportunidade rara para investigadores e público em geral apreciarem a obra no local onde foi produzida há mais de oito séculos.

O presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, sublinha o simbolismo do evento: “O regresso do Livro do Apocalipse ao Mosteiro onde foi iluminado é um acontecimento de grande significado para Penacova e para o país. Mais do que uma exposição, trata-se de um reencontro com a nossa identidade histórica”. O autarca destaca ainda a importância da iniciativa na afirmação de Lorvão como destino cultural e turístico.

Fábio Nogueira, curador da exposição, realça a importância do momento: “Ter a possibilidade de expor o Livro do Apocalipse no local onde foi copiado e apresentá-lo com rigor científico e sensibilidade expositiva é um privilégio”. Já Mauro Carpinteiro, responsável pela empresa municipal de turismo Penaparque, salienta a vertente turística do evento: “Criámos um circuito que cruza história, espiritualidade e cultura, tornando esta experiência imersiva para visitantes de todas as idades”.

O Livro do Apocalipse de Lorvão é uma cópia do famoso códice de Beato de Liébana (séc. VIII), ilustrado com iluminuras em tons de vermelho, laranja, amarelo e preto. Trata-se de um comentário ao Livro do Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, que contém as revelações recebidas pelo Apóstolo S. João, o Evangelista quando este se encontrava na ilha de Patmos. O manuscrito foi conservado no mosteiro até 1853, quando foi transferido para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Alexandre Herculano.

De acordo com o município de Penacova, “a exposição será um dos destaques da programação cultural nacional de 2025, proporcionando um reencontro simbólico com o passado e uma rara oportunidade de ver ao vivo um dos tesouros mais valiosos da cultura medieval portuguesa”.

FONTE: CORREIO DA BEIRA SERRA

https://correiodabeiraserra.sapo.pt/livro-do-apocalipse-do-lorvao-copiado-em-1189-regressa-a-penacova/


sexta-feira, maio 02, 2025

Os Contos da Casa Azul – O Clube da Netaria

É já amanhã que vai ser apresentado, num encontro restrito de familiares e amigos dos autores, Ana Amante & Luís Amante, um livro infantil, ilustrado por Mara Silva, que vem, certamente, enriquecer o património cultural e literário da nossa vila, do nosso concelho.

Perspectiva-se também uma apresentação pública na vila de Penacova. Será muito em breve, em data a anunciar. Vamos ficar atentos.

Uma espreitadela à introdução permitiu-nos ler as seguintes passagens:

“𝐎𝐬 𝐚𝐯ó𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐧𝐚𝐪𝐮𝐞𝐥𝐞 𝐝𝐢𝐚 𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐨𝐬𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐮𝐦 𝐚𝐨 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐨 𝐨𝐬 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐦𝐚𝐫𝐚𝐯𝐢𝐥𝐡𝐨𝐬𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫𝐚𝐦. (…) 

𝐏𝐞𝐧𝐬𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫 𝐨 𝐞𝐬𝐩𝐚ç𝐨 𝐝𝐚 𝐪𝐮𝐢𝐧𝐭ã 𝐝𝐚 𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐀𝐳𝐮𝐥, 𝐮𝐦 𝐥𝐮𝐠𝐚𝐫 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨, 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐮𝐭𝐚 𝐞 𝐝𝐞 𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐝𝐞 𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐢𝐳𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐱𝐩𝐞𝐫𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦𝐢𝐥𝐢𝐚𝐫𝐞𝐬, 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐬ó à𝐬 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦í𝐥𝐢𝐚𝐬, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 𝐞 𝐦𝐞𝐧𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐅𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐚 𝐕𝐢𝐥𝐚 𝐝𝐞 𝐏𝐞𝐧𝐚𝐜𝐨𝐯a (…) 

𝐍𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐚𝐛𝐫𝐚ç𝐚𝐫 𝐨 𝐂𝐥𝐮𝐛𝐞 𝐝𝐚 𝐍𝐞𝐭𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞, 𝐚 𝐞𝐧𝐬𝐢𝐧𝐚𝐫𝐞𝐦-𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐞𝐫𝐞𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐚 𝐞 𝐝𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞𝐚𝐣𝐮𝐝𝐚, 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐚𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚, 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐞 𝐝𝐞𝐯𝐚𝐧𝐞𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐬 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐝ã𝐨 𝐟𝐨𝐫ç𝐚 𝐞 𝐞𝐧𝐞𝐫𝐠𝐢𝐚 à 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚-𝐦ã𝐞 𝐞, à 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 𝐞 𝐡𝐮𝐦𝐚𝐧𝐚 𝐞𝐦 𝐞𝐪𝐮𝐢𝐥í𝐛𝐫𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐍𝐚𝐭𝐮𝐫𝐞𝐳𝐚."

Entretanto, as aventuras começam...

“𝔼𝕣𝕒 𝕦𝕞𝕒 𝕧𝕖𝕫…”

quinta-feira, abril 24, 2025

Da minha janela: E se eu quisesse ser Abril

 


E se eu quisesse ser Abril


Se eu quisesse ser Abril, em flor

Gostava de assumir

A cor do cravo vermelho, em pétalas 

Em cheiro e em toque aveludado

Sedutor


Igualmente

Gostava de florir

Ano a ano na gestação 

Da glória toda unida

Saudando a Revolução 


O certo

É que por estes dias em concreto

Se rememora Abril

Pensando no antes de então 

Nos tempos d’outro Estado

Já senil


Quem me dera

Poder pô-lo, em cada ato, bem alinhado

Gritar-lhe pra nunca se deixar ser o fado

De criar pobreza real e, em cada esquina

Um sem-abrigo 

Em vez de um leal amigo 


Abril foi e é Esperança 

É a fonte da Democracia

Inscrita na nossa Constituição


Não é um mês qualquer

De Calendário 

De “Festa” feita sem crer


Com os mais carentes

A sofrer

E os idosos “perdidos” e doentes


É Liberdade 

É Saudade

E continuará, como Força do nosso Ser


Luís Pais Amante

Casa Azul

Saudação do democrata que sou, ao 25 de Abril, saudável e puro que acompanhei, antes e depois.

Desenho 
de Tiago Ferreira, 
aluno do 6º ano da nossa antiga 
Escola EB2 António José de Almeida

segunda-feira, abril 14, 2025

Penacova na pintura de um dos maiores paisagistas portugueses


"Tendo falecido em fevereiro de 1913, com apenas 42 anos de idade, vítima de doença mental, Eugénio Moreira foi artista da segunda geração de naturalistas, embora praticamente ignorado em vida.

Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).

O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.

Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.

Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.

De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.

Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas."

VER este texto na origem: https://museusoaresdosreis.gov.pt/eugenio-moreira-um-dos-maiores-paisagistas-portugueses/

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NOTA: Eugénio Moreira chegou a viver algum tempo em Penacova, onde pintou algumas das suas obras mais famosas, muito provavelmente apoiado pelo casal, sensível às Artes, Joaquim Augusto de Carvalho e Raimunda, da Quinta de Santo António. Consta também que ter deixado um filho, um Guilherme, evocado numa das crónicas do Pintor Martins da Costa.



sábado, abril 05, 2025

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒 / Digam-nos: Quanto custa uma CPI?


Digam-nos: Quanto custa uma CPI?

CPI significa “Comissão Parlamentar de Inquérito”; decorre no Parlamento Português e têm-no  transformado numa “feira” das mais tristes que se possa imaginar; advêm -nos termos do Regime Jurídico (redação actual da Lei 5/93, de 1 de Março)- de uma interpretação evolutiva do art. 178, Constituição da República (embora não seja tão tão abrangente como se tem espalhado por aí) e “gozam dos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”.

Hoje em dia podem ser propostas e votadas (direito subjectivo de pendor democrático) ou impostas por iniciativa de um qualquer deputado ou Partido (direito potestativo), mesmo servindo de arma de arremesso político e pretendendo entrar pela parte mais íntima e de caráter dos políticos que têm vida profissional, até familiar, o que se manifestará num erro crasso de consequências absolutamente imprevisíveis, para quem enviesa assim a Democracia e tem tanta pressa em profissionalizar, exclusivamente, a Política.

Digamos que este mecanismo anémico de “inquirição”, como se tem verificado, é levado a efeito, vezes de mais, por pessoas sem a mínima preparação, que não constituem exemplo nenhum de nada e que usam este meio para exercer “poder” sobre outrem e para se mostrarem na televisão e, sobretudo, para “achincalhar” os inquiridos, independentemente da sua condição.

Convém relembrar que a tarefa dos políticos é fazer política em seu benefício e abono, primeiro e em abono do seu Partido, logo a seguir. Infelizmente o País pouco interessa…

Motivo pelo qual as CPI’s funcionam ad hominem, preferencialmente! Contra todos e tudo que não dê benesses aos deputados e aos partidos ou lhes traga obstáculos ao imediatismo.

- Primeira conclusão: os deputados (que são imensos, bem pagos e cheios de prerrogativas anormais, como a “impunidade”) arranjaram um mecanismo que “fabrica trabalho”, na justa medida em que um País tão pequeno não necessita de todos eles…e isso não se quer discutir.

A outro passo, como é do conhecimento público, existem na AR, como deputados, muitas -mesmo muitas- pessoas que têm ou tiveram problemas, elas próprias, com a Justiça; se se incluírem familiares na equação, então o quadro aumenta exponencialmente.

Desejam, pois, por esta via inquisitória, transformar-se em “judicialistas” dos outros.

A primeira intenção desta gente é, pois, ocupar os tempos das televisões e dos media em geral,  em palcos eleitorais, que têm a vantagem de “ocultar” os seus problemas próprios, quantas vezes interferindo nas situações mais delicadas das investigações judiciais, que é o que acontece quando quebram o sigilo exigido, a que estão obrigados.

- Segunda conclusão: quando se pergunta qual será, objectivamente, a real intenção das CPI’s(?), só podemos reter que elas são um método pernicioso do exercício democrático, porquanto se encontram quase sempre “minadas” à nascença, como se tem comprovado e batem de frente com as áreas de actuação do Poder Judicial.

!… Os deputados ganham muito dinheiro (para as habilitações e experiências que lhes são conhecidas) na generalidade; sendo cada vez mais jovens e inexperientes… !

Se somarmos as “retribuições globais” de cada um(a), as multiplicarmos por catorze e as dividirmos por doze, e somarmos ao produto as regalias em espécie muito questionáveis, facilmente percebemos que o custo de cada deputado à Nação constitui uma exorbitância.

E se dividirmos esse valor individual pelo número de horas potenciais trabalhadas (52 semanas x número de horas diárias), chegaremos (com as regras da legislação laboral) ao valor/hora de cada personalidade…

Temos assim, pois, possibilidade de apurar o custo real de cada CPI!

E quantos funcionários ocupa? E quanto valem (em custo diário) as instalações utilizadas? E os seus custos de funcionamento?

-Terceira conclusão: cada Comissão de Inquérito Parlamentar custa muito -mesmo muito- dinheiro, o que não estando disponibilizado aos cidadãos torna opaco o seu exercício.

Por isso mesmo, desafio os deputados e os partidos políticos a fazerem as contas e a informarem o Povo (que tudo suporta) por exemplo dos custos totais da “CPI das Gémeas”, cuja conclusão “pífia” foi a prova provada de tudo o que eu disse acima.

E que o façam já na campanha eleitoral, que o mesmo Povo vai voltar a pagar!

A Democracia é o regime político das transparências e esta questão exige explicações…

Independentemente disso direi, já, que o Orçamento de Estado em execução (2025) tem uma dotação global de 192,08 milhões de euros, para a AR, com 44,6 milhões destinados a subvenções para campanhas eleitorais, que mais não são do que “receitas facilitadas” e apetecíveis para os Partidos puderem brincar às eleições, como têm vindo a fazer, com consequências de delapidação sucessiva do Estado e ajuda imprópria às finanças partidárias.

…Terão os candidatos a deputados coragem para tanto?

Luís Pais Amante

DALIA: projecto para recuperar a população de lampreia marinha no Rio Mondego


A Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, em colaboração com os municípios da região, candidatou-se ao programa europeu DALIA, que apoia a reabilitação de ecossistemas aquáticos, com o objetivo de recuperar a população de lampreia marinha no Rio Mondego. O projeto, com financiamento de 100 mil euros, será executado ao longo de dois anos, iniciou em março de 2025 e termina em março de 2027.

A principal medida do projeto é a translocação anual de 500 a 1000 lampreias adultas para locais selecionados a montante da ponte-açude, em Coimbra, e a criação de santuários para a proteção das larvas, que se encontram cada vez mais ameaçadas pela degradação do ecossistema ribeirinho. O projeto também visa a identificação de pontos críticos larvares e a implementação de medidas de conservação, incluindo a sensibilização das partes interessadas para a importância desta espécie e a elaboração de orientações para a gestão sustentável, adaptáveis a outras bacias hidrográficas nacionais e internacionais.

Este esforço surge num contexto em que a escassez de lampreia se tornou uma realidade alarmante. Em 2024, o Festival da Lampreia de Penacova foi cancelado devido à diminuição drástica da população, sendo substituído por um novo evento em 2025, que envolverá todas as espécies do rio, e não apenas a lampreia, uma decisão também motivada pelo aumento dos custos associados à escassez do pescado.

O professor e investigador Pedro Raposo de Almeida, do Departamento de Biologia da Universidade de Évora, aponta os incêndios de 2017 como um dos principais fatores para a deterioração do habitat da lampreia. Segundo o especialista, a poluição das águas causada pelas cinzas e a redução dos caudais dos rios, consequência dos incêndios e das secas subsequentes, afetaram diretamente o desenvolvimento das larvas, tornando-as mais debilitadas e com menores chances de alcançar o oceano. Além disso, a poluição doméstica e industrial e o desassoreamento excessivo do rio são também fatores que agravam a situação. A pesca excessiva é outro problema que prejudica ainda mais a população de lampreia.

A lampreia marinha desempenha um papel ecológico fundamental no Rio Mondego, sendo uma espécie indicadora da saúde do ecossistema aquático. A sua diminuição tem um impacto negativo em toda a biodiversidade do rio, com potencial para criar um efeito em cadeia que afeta outras espécies e a sustentabilidade do ecossistema. Para além dos efeitos ambientais, a escassez de lampreia também afeta diretamente a tradição e a economia local, uma vez que a pesca e o consumo de lampreia são uma parte importante da cultura e da economia da região.

O projeto europeu que será implementado visa, portanto, não apenas a recuperação da população de lampreia, mas também a preservação da biodiversidade do Mondego, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema e assegurando a continuidade de uma tradição que é parte integrante da identidade local.


in 

ttp://www.jornaldamealhada.com/noticia/13957

Leia também AQUI

terça-feira, março 25, 2025

XI Gala do Desporto reconheceu entidades e agentes desportivos do biénio 2023 / 2024


Realizou-se no dia 22 de Março, no Pavilhão Aniceto Simões, a décima primeira edição da Gala do Desporto de Penacova, com apresentação de Tiago Almeida

De acordo com o Júri, esta Gala do Desporto tem como pressupostos "o reconhecimento público das entidades e agentes desportivos do concelho de Penacova procura, acima de tudo, ser um instrumento social de promoção da atividade física e do desporto, em geral." Por sua vez " a valorização do Desporto, como produto de real valor social, atende à necessidade de enaltecer as raízes do pensamento e das ações das suas gentes - à forma como fundamentam o legado dos seus e das suas terras e se fazem transportados pelos sonhos que constroem. Perceber os percursos realizados, é entender modos de vida. É chegar a cada um. É ser seu próximo." 

Júri que foi presidido pela Vereadora do Desporto, Magda Rodrigues,  e que teve a seguinte constituição: representante do grupo de Educação Física do Agrupamento de Escolas de Penacova, Ana Emília Mendes; coordenador do Serviço de Desporto, Sérgio Godinho; técnicos do Município responsável pela área de Desporto, Claúdio Marques e Rita Fernandes; representante da sociedade civil, José Henriques e personalidade local, Margarida Alvarinhas.


Além da entrega de prémios, a Gala contou também com diversas actuações:

Escola de Artes de Penacova: Hino da Gala de Desporto na voz de Andreia Gaudêncio
Centro de Bem Estar Social de Figueira de Lorvão: Dança
Clube Sénior: Dança
Mocidade Futebol Clube: Ginástica Acrobática
Escola de Artes Penacova: Ensemble Juvenil 
Clube Karaté Penacova
Mocidade Futebol Clube: Dança
Escola de Artes Penacova: Ballet -
Escola de Karaté de S. Pedro de Alva / Karaté AMDK-P
Centro de Bem Estar Social de Figueira de Lorvão: Dança
Escola de Artes de Penacova: Hino da Gala de Desporto
Agrupamento de Escolas de Penacova: Dança
 

Apresentamos, de seguida as nomeações e os respectivos vencedores (assinalados com cercadura verde): 











AGORA A NOTÍCIA DO DIÁRIO DE COIMBRA DE HOJE:


A Câmara Municipal de Penacova organizou a 11ª Gala do Desporto, na qual homenageou atletas. equipas. clubes, eventos e personalidades que se distinguiram no biénio 2023/2024. O Pavilhão Aniceto Simões encheu para consagrar os melhores entre os melhores do desporto penacovense.

Magda Rodrigues, vice-presidente da câmara e responsável pelo pelouro do Desporto. afirmou que o propósito desta cerimónia não mudou: celebrar o desporto, assinalar o que de bom se faz em Penacova, promover o encontro, reforçar o espírito de pertença e de comunidade, através do desporto”. A autarca sublinhou também que esta cerimónia permite ainda testemunhar a força e vitalidade» da comunidade penacovense.

Destacou o grande  investimento  no apoio ao desporto que a Câmara  Municipal de Penacova tem concretizado, quer seja enquanto parceiro de clubes e associações desportivas, quer seja no investimento em apoios diretos cifrando-se atualmente em mais de 500 mil euros, valor ao qual ainda se somam as valores investidos em diversas intervenções pontuais, pode ler-se na nota de imprensa enviada apela autarquia.

De acordo com  Álvaro Coimbra. Presidente da Câmara Municipal de Penacova. “este é um importante evento onde publicamente se  reconhecem todas e todos os cidadãos que elevam o desporto e engrandecem Penacova”

É com um enorme orgulho  que enaltecemos e valorizamos publicamente os agentes desportivos que contribuem para o inegável  sucesso desportivo  concelho de Penacova” afirmou, realçando que Penacova é «um município eclético, com grande diversidade de modalidades desportivas e que atualmente conta com mais de 700 atletas a praticar desporto” distribuídos por 22 associações desportivas em vários escalões.”

quarta-feira, março 19, 2025

Da minha janela: 𝚂𝙰𝚄𝙳𝙰𝙳𝙴 𝙴𝙼 𝚃𝙴𝙼𝙿𝙾 / 𝗅𝖾𝗍𝗋𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗎𝗆 𝖥𝖺𝖽𝗈 𝖽𝖾 𝖢𝗈𝗂𝗆𝖻𝗋𝖺



Ao meu amigo Humberto Matias, o meu Decano do Fado de Coimbra


Se o meu amor me dissesse 

Que tinha muita Saudade

Levá-la-ia ao Penedo

No meu colo em Liberdade


E se ela de lá gostasse

Ficaria todo o tempo

A dar-lhe mimo e carinho

De quem ama sentimento 


Se ela, bela, ficasse

Rendida à luz da Cidade

Pedir-lhe-ia que fosse

Comigo à Universidade


Dar-lhe-ia o meu coração 

Na Biblioteca Joanina

E oferecia-lhe a minha mão 

Na descida da Escadaria 

Luís Pais Amante

Casa Azul, Penacova