domingo, agosto 25, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A igualdade de género, blá, blá, blá



Andam por aí grandes discussões sobre o género -muitas com objectivos bem definidos- mas eu não quero alimentar essa fogueira, até porque não tenho habilitação para tanto.

Mas sei,

Que a igualdade de género “implica que os interesses, as necessidades e as prioridades das mulheres e dos homens são tidos em consideração, reconhecendo assim a diversidade”.

A ampliação da cidadania das mulheres só se torna, ainda hoje, necessária por que, até aqui, foram os homens que dominaram tudo quanto havia para dominar e não querem parar este estatuto de pseudo supremacia.

Enfrentar preconceitos, estereótipos, buscar uma cidadania activa para todos, só se faz, infelizmente, questionando as práticas na política, na gestão e na vida em sociedade.

Para além de ser um direito humano básico, a igualdade entre os sexos tem sido considerada um dos pilares para a construção de uma Sociedade Livre. E é só esse o caminho certo a seguir!

Indubitavelmente é mesmo a igualdade que todos devem querer -e ter- independentemente do sexo com que nascem.

Daí a preocupação de (já em 1948), na Declaração Universal dos Direitos Humanos, se ter integrado a igualdade de género no direito internacional dos direitos humanos.

O Objectivo 5: Igualdade de Género, das Nações Unidas é ”… acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas, em toda a parte …”.

Ora, aqui chegados, colocam-se questões pertinentes relativamente ao facto de, no nosso País -que se apregoa de moderno e civilizado, sendo, todavia “um atraso de vida” absoluto- passados 50 anos de vida democrática, não se ter tido, ainda, a sorte de ter Responsáveis à altura de promoverem essa urgente transformação.

Os Partidos Políticos até inventaram um regime de quotas para ser utilizada nas suas vivências internas e nas suas representações externas, invenção essa que é vergonhosamente violada todos os dias, quiçá com a cumplicidade de muitas mulheres (com m pequeno) que gostam da exclusividade, na proximidade aos chefes e aos cargos, qual “guarda pretoriana”.

Como é sabido, as nossas mulheres e meninas, em 2022, já tinham ultrapassado a metade da população, atingindo os 5.459.000 (que é como quem diz, 52,3%)!

Em 2021, nos empregos, as mulheres representavam quase 50%, já eram mais qualificadas, já ocupavam mais cargos de especialistas (60%) mas ainda tinham contratos mais precários e 17,2% de diferença salarial negativa. O assédio moral quase só se perpetua contra elas.

Há poucos dias dirigiu-se a Paris uma Comitiva de Atletas Olímpicos Portugueses onde a representação maior era do sexo feminino.

Como já afirmou Sara Falcão Casaca, Investigadora do ISEG: “nem as qualificações protegem as mulheres” e eu próprio, na minha actividade profissional verifico isso mesmo, diariamente.

Tenho dito ao longo da minha vida (já longa) que os exemplos devem vir, sempre, de cima!

E entristece-me mesmo muito que, na nossa Assembleia da República, a partir dos resultados das últimas Eleições Legislativas, tenha baixado (drasticamente) o número de Deputadas, pela surdina; … retrocederam-se, assim, quase 10 anos, na matéria.

E mais ainda quando percebi que os homens todos unidos naquele “quase circo”, só se tinham indigitado a eles próprios (numa coligação machista e estranhíssima que vai constar dos anais do Parlamento) para essa coisa que nada faz, nem nada vale, chamada de Conselho de Estado, concebido na época medieval à medida dos arautos do género masculino e do exibicionismo.

!… É mesmo necessário que as Mulheres deste País (com M grande) se unam e se defendam …!

Tal como dizia (já em 1998, in Feminismo and Citizenship) Rian Voet: “…as mulheres devem defender os seus interesses … e devem desejar falar com voz de autoridade e perceber-se a si próprias como estando “dentro” e não “fora”…!

Ao mesmo tempo que uma grande amiga minha, Anália Torres, Directora do CIEG - Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, acabada de se jubilar (a nossa expert nesta matéria, que tem dedicado a vida toda a estas questões e que alertou para estes recuos “backlash”) nos diz que: “…a consciência da desigualdade leva algum tempo a conquistar…”!

E eu penso que, agora, está mesmo na hora!


Luís Pais Amante




quarta-feira, agosto 14, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A minha casinha [poema dedicado aos Emigrantes]





Estou a caminho da minha Aldeia

Não consigo que me saia da ideia

A casa onde nasci, cresci e vivi

Até começar a minha odisseia

De emigrar

Pra noutro lugar me poder remediar



Ai,

Como eu me lembro de te ver

No recorte temporal da memória

No decurso imersivo da nossa história

Consistente


Ai,

Como tens seguido o meu “ser”

Mesmo distante do meu crescimento

Em momentos difíceis de toda uma vida

Resiliente


Ai,

Como me emociona olhar pra ti

Agora, neste dia, de tão perto assim

E sentir ao teu lado este afago abençoado

Persistente


Ai,

Casinha da minha recordação

Tu estás no meu coração

Com o “reboliço” de então

Presente



Parece que me restituí na alegria de viver

Que me rebolei no ar da nossa fantasia

Como saltimbanco entrusado na magia

E que se me foi embora a saudade

De repente

Ao ver-te e ao tocar-te aqui, fisicamente

Luís Pais Amante
Casa Azul

Dedicado aos Emigrantes [perante os quais eu me vergo e com orgulho neles].

sexta-feira, agosto 09, 2024

Personalidades (5): Alípio de Sousa Borges (1932-1997)


Alípio Sousa Borges, filho de António Borges e de Bigadaila de Jesus Sousa, nasceu em Lorvão no dia 26 de Agosto de 1932, mas desde tenra idade veio para Penacova, onde casou e faleceu em Dezembro de 1997.

Electricista de profissão, trabalhou na Companhia Eléctrica das Beiras (que mais tarde viria a integrar o grupo EDP), tendo passado também pela Câmara Municipal no início da sua carreira.

Apesar de bom profissional, foi no campo da Música e do Teatro de Revista que se notabilizou. Em Penacova deixou a sua marca indelével. Também fora do concelho, se afirmou como credenciado instrumentista.

É através da entrevista que deu ao jornal Nova Esperança, em Junho de 1986, que nos chegam alguns pormenores da sua vida artística.

Conta Alípio Borges que sempre gostara de música - em especial da harmonia, mais do que propriamente dos aspectos melódicos - e que já uma sua bisavó fora uma mulher voltada para esta arte.

Recorda igualmente que convivera com Raimunda de Carvalho, um nome grande da música, e que desde muito cedo tivera o privilégio de lhe mudar as folhas da partitura quando ela tocava piano. Com esta exímia cultora da arte musical e com o Mestre Eliseu, de Coimbra, aprendeu solfejo durante a adolescência e juventude (1944-49). Estudou também teoria musical, harmonia e composição. Com Alípio Costa Alvarinhas Miguel (Catarino) aprendeu saxofone, entrando pela sua mão para a Filarmónica. Tocou também saxofone-alto na Orquestra do Clube Desportivo Penacovense, dirigido pelo Mestre Eliseu. Por este nome importante do panorama musical conimbricense foi também convidado, já com carteira de músico, para fazer parte da Orquestra da FNAT (instituição que deu origem ao INATEL). Músico multifacetado passou por muitos Grupos de Baile, entre os quais “Os Alegres” e o afamado “Ases do Ritmo”. Foi ainda, durante muitos anos, Mestre das Filarmónicas de Penacova e de S. Pedro de Alva.

Outra faceta de Alípio Borges e que marcou gerações de penacovenses foi o teatro. Ao Nova Esperança contou que se devera à acção de Raimunda Martins de Carvalho, enquanto dinamizadora do Grupo Orfeónico Católico Penacovense, bem como ao Padre Firmino Carvalhais, ao cenógrafo Pepe Iglésias[1] e ao Mestre Eliseu, no Grupo de Variedades da FNAT, a sua entrada no mundo do teatro de revista que culminaria com o Grupo de Teatro de Penacova, onde, como referiu foi "actor amador, electricista, carpinteiro de cena, músico”. Enquanto criador dos textos, poeta[2], actor e músico (autor e executante), prestou um inestimável serviço à cultura do nosso concelho. Na entrevista ao NE, apesar de ter “absoluto conhecimento dos seus limites” e ter “pena de muitas vezes não ter alcançado os objectivos”, reconheceu que fizera “alguma coisa pela cultura nesta terra”.

O Grupo de Teatro e Variedades da Casa do Povo de Penacova apresentou em 2019 e 2020, em vários locais do concelho, o espectáculo “Recordar é Viver”, inspirado na obra de Alípio Sousa Borges. Além de recuperar textos e músicas do Mestre também, ao nível da cenografia, foram utilizados alguns trabalhos do início da década de cinquenta do século passado.

No campo da intervenção social, foi Presidente da Junta de Freguesia de Penacova nos anos 60 e durante muitos anos pertenceu aos Bombeiros Voluntários de Penacova, onde foi membro da Direcção e Ajudante de Comando do Quadro Honorário.

David Almeida
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[1] Fundador do Grupo de Teatro “Os Rouxinóis”, fundado em 1948 na Anadia, por José Luís Iglésias, também conhecido por Zeca Iglésias, de seu nome completo, José Luís Fernandes Llano Iglesias.

[2] Ao leme da Barca Serrana/À vara, a remo ou à vela/Fosse ele, noite ou fosse dia/Guiava-se à sua boa estrela/Chamada Senhora da Guia

quarta-feira, agosto 07, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: Oh SNS, como te querem tanto?

Falar do SNS, por estes dias, é uma tarefa mesmo muito difícil;…Mas, muito necessária!

De facto, não se sabe bem se a sua realidade nesta hora é a mesma da da hora que se segue.

Mas podemos dizer, sem receio intelectual, que se aplica aqui - isso sim - uma frase desconexa que 50 iluminados comprometidos (com o passado, com o presente, com as ações, com as omissões, com os receios e com os favores e com as mordomias e com as traições) produziram há pouco tempo, num manifesto sobre a Justiça (deles):

a melhor e mais nobre comemoração que podemos assumir nos 50 anos da democracia portuguesa é reconhecer de forma digna e leal o que a está a fragilizar e, honrando o nome dos que por ela lutaram, ter a coragem e a vontade de mudar”.

Tenho ou não tenho razão?

Vejamos:

O problema do estado da Justiça é culpa exclusiva dos que a quiseram assim, até por ação directa: frágil, lenta, sem meios para se proteger dos criminosos e dos corruptos, aplicando leis feitas pelos tais (ou por grande parte deles), leis essas que balizam o seu funcionamento, o que leva a desconsiderar as pretensões utilitárias dos tais da lista, que agem em benefício próprio (ou dos amigos importantes de que são subservientes) em grande, mas mesmo grande parte.

Quem precisa da Justiça má são “os polvos travestidos” que têm dominado impunemente o País…

Mas o SNS, esse sim, merece que todos nós (menos os que lhe fazem mal, diariamente) façamos listas infindáveis de pedido de decoro, de insatisfação, de reclamação; até de repúdio pela desorganização e confusão em que vive, que é digna de um Estado fraco, centrado na “produção de ocupantes de cargos externos”.

Enquanto a Justiça anda mal há muito tempo, o SNS só ficou mesmo muito mal de há uns anos a esta parte e isso é fácil de saber; até aí emancipava-se, cumpria os seus objectivos, impunha-se como a Área essencial que a nossa democracia pariu!

Hoje, serve para tudo, menos para o que deve servir. E quem precisa de um bom SNS são os pobres e o Povo em geral!

Emprega (para além de profissionais de saúde) gerações inteiras de políticos, familiares de políticos, encartados dos partidos e boys e girls de todo o tipo e feitio. Na generalidade sem experiência em nada, sem habilitação específica para quase nada, só com o cartão ou com a pertença a alguma “fraternidade” das muitas que para aí pululam.

Daí ser tão apetecido por esta gente que vive à conta do orçamento: gestores, empregados, consultores, assessores, fornecedores do ajuste directo, etc, etc.

Certo é que quem só tem possibilidade de ser tratado no SNS assiste a este descalabro sucessivo e espera, espera, desespera por uma simples consulta, quanto mais e mais por uma intervenção por mais simples que ela seja. Às vezes até é desesperante.

Certo é que esses Utentes potenciais, pagaram e continuam a pagar para que todo este circo funcione mal, descaradamente mal e são os únicos que dão sem receber o que custeiam.

Certo é que o SNS, agora, serve, sem o mínimo de pudor, de arma de arremesso do pobre jogo da política barata e os responsáveis - irresponsáveis de ontem - já apontam o dedo aos de hoje, passado um relâmpago de tempo…e fazem-no com a exibição da desgraça alheia, o que é triste; …lamentável até.

Certo é que o albergue, um dia destes, vai estourar e que, nesse dia, o Povo enganado sucessivamente, vai abrir os olhos e, provavelmente, exigir à tal Justiça que seja dura, como deve ser, para averiguar, acusar e julgar todas as manigâncias a que a Saúde lactu senso considerada tem sido submetida ao longo dos anos.

Construindo a fita do tempo e dando nome aos inconscientes e aos inconsistentes!

E não é que, lendo-a bem, a lista até pode ajudar muito nesse trabalho?

Luís Pais Amante

domingo, julho 28, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A tapar o Sol...


A tapar o Sol …


Foi dia 10 de Junho
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
A “Festa” desenvolveu-se num local de muito azar
!… Em Pedrógão Grande …!
Por onde passou o fogo a matar
As Pessoas nunca irão esquecer
Como as deixaram ali à sua sorte
Prontas pra morrer
Lembrar-se-ão, sempre, dessa malapata sem nome
Deste tipo de gerir territórios sem noção ou coração
Como se fez -e faz- neste Interior amado e beirão
Passaram anos (sete)
As estradas continuam más
Os órfãos não tiveram paz
O emprego fugiu de lá, sagaz
A emigração continuou audaz
… mas julgaram-se Bombeiros que combateram o fogo!
E, por isso mesmo, não existem voluntários, agora
Nem lá, nem por este País fora
Como poder pensar-se cativar assim, no logro?
Neste dia absolutamente triste
Esteve a desenrolar-se um desfile
Da Política que por cá existe
Que não foi para lá definir-se
Dar nada do que é preciso ao Povo
Nem do que lhes foi prometido
Só rememorar o traumatismo
Só discutir balelas na televisão
Demonstrando-lhes má afinação
E nenhuma consternação
Não vale a pena dizer “coesão”
Jurar amor em tropeção
Falar em empenho, em trazer riqueza
Quando pela frente só se tem pobreza
Aqueles milhares de militares
Desfilando e entoando os ares
Foram em armas, sim
Mas em boa verdade
Para ajudar, em sentido, Rui Rosinha pra ele ser ouvido
Não para fazer festa em local de saudade, onde o fole
Da gaita
Leva muita gente a querer tapar o Sol
Com a peneira
Desta vida, que, afinal, continua traiçoeira

Luís Pais Amante
Casa Azul

Vergado ante o grito do Bombeiro Rui Rosinha, na sua condição de sobrevivente, grito esse que tem razões para ser repercutido nas Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários.

terça-feira, julho 23, 2024

Centro Interpretativo do Palito foi inaugurado em Lorvão


Desde 2016 que os “Conhecimentos Tradicionais utilizados no processo de Produção de Palitos” se encontram inscritos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Agora, um novo passo é dado com a inauguração do Centro Interpretativo do Palito de Lorvão.

A sessão que se realizou no Dia do Município, 17 de Julho, contou com a presença do Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.

Depois de dar as boas vindas aos presentes na inauguração deste Centro Interpretativo do Palito de Lorvão, Álvaro Coimbra, Presidente da Câmara, recordou que a Casa do Monte é um edifício emblemático para Lorvão dado que foi hospedaria quando decorreram as cerimónias de trasladação das Santas Rainhas, tendo nos anos oitenta, sido adquirido pelo município e ter sofrido obras de intervenção e reabilitação ao longo dos anos.

“A ideia do Centro Interpretativo do Palito, ou seja, de um espaço que mostrasse um pouco da história do percurso da manufactura do palito até à era industrial, era um desejo de muitos de nós, dos lorvanenses e de todos aqueles que gostam das tradições, das artes tradicionais” – salientou.

Referiu igualmente que a abertura deste Centro Interpretativo foi possível com a ajuda e financiamento da AD ELO - Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego.

“Não tem grandes dimensões, mas está feito à medida, com tudo o que é preciso para saber a origem do palito, no mosteiro, passando pela fase industrial até à fase de grande expansão e exportação para os quatro continentes” – sublinhou, concluindo - “ Temos agora aqui um equipamento fantástico que está aberto à comunidade e também a piscar o olho ao turismo e aos visitantes que cada vez mais visitam Penacova.”

O Arquitecto Fábio Nogueira, responsável pelo Projecto de Conteúdos, fez uma breve apresentação do espaço referindo que tal se deve também a uma parceria entre várias instituições, como o Grupo Etnográfico de Lorvão, o Rancho “ As Paliteiras de Chelo” e a Universidade de Coimbra através do Departamento de Antropologia que tinha algumas peças, principalmente uma coleção de paliteiros. Destacou também o precioso contributo do sr. Luís Carvalho.

No piso de entrada temos o “ciclo da madeira”, “desde ela ser colhida até poder ser manufacturada em palitos, o choupo, o salgueiro, todos os passos e tudo o que era necessário: coiras, masculinas e femininas e para crianças, num tempo em que as crianças realmente trabalhavam nos palitos.” Referiu que um inquérito de 1979 feito pelo Departamento de Antropologia dava conta de que ainda havia 75 pessoas que viviam exclusivamente de fazer palitos.

Destacou ainda as “oito espécies de palitos também aqui expostas”, a parte do artesanato, os aspectos ligados à etnografia da venda do palito, a indústria, as “caixas fabulosas” com um design gráfico muito interessante e finalmente um vídeo que irá passar imagens e depoimentos de pessoas da localidade.

Por sua vez, o Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, salientou a importância deste espaço “onde é possível conhecer a história dos palitos”, fazendo esse facto para muitos mercados, principalmente os internacionais, “toda a diferença”, que é a possibilidade de num território, numa comunidade, poder conhecer aquilo que são ainda hoje um conjunto de actividades (…) que muito poucos países têm”, ficando “deslumbrados quando conhecem a nossa realidade”.

Frisou “a riqueza que fica a partir de hoje associada à oferta de Penacova (…) casada com o futuro hotel”. Hotel que, segundo disse, “apenas está a espera da confirmação do processo de financiamento do REVIVE”, estando já os projectos na Câmara Municipal”.

“Quem vier a este hotel - e o segmento que nós queremos captar seguramente ficará mais tempo - , ficará com a sua visita mais enriquecida se puder conhecer um bocadinho da nossa história.”

O Secretário de Estado sublinhou que hoje em dia “quem tem muito dinheiro viaja pelo mundo inteiro” – acentuando que “neste mês de Junho, o mercado dos Estados Unidos praticamente ultrapassou a Espanha e a França, como mercados que procuram Portugal.”

“Associados a esses novos turistas está muitas vezes um poder económico mais elevado”, e nesse sentido, “essas pessoas podem visitar qualquer parte do mundo” ao mesmo tempo que “não procuram o que encontram na China, no Dubai e em tantos outros destinos de luxo, iguais a qualquer dos sítios que já visitaram. O que eles procuram é exactamente o que nós temos aqui.

Este é que é o novo luxo: as pessoas poderem experimentar e poderem estar com algo que só existe num sítio”. E os palitos de Penacova só existem em Penacova, enquanto que cadeias hoteleiras e produtos de grandes marcas os podemos encontrar em qualquer parte do mundo.

“Aquilo que hoje faz a diferença e traz valor é a dimensão das pessoas poderem vir e conhecer, é falar com a D. Fátima Lopes e com as outras senhoras que fazem ainda palitos”, no fundo “as pessoas que verdadeiramente hoje são de referência. “ - relevou.

Outra ideia importante foi referida: “aquilo que nós procuramos hoje é que haja actividade económica - o turismo é actividade económica”. Na verdade, “o turismo tende a ser captação de receita, tem de ser vantagem para aqueles que recebem turistas.” Caso contrário “não serve para nada”.

A concluir, Pedro Machado congratulou-se com esta inauguração “em nome de Portugal” e em nome da Pasta que tutela, o Turismo, vincando que quantos mais bons exemplos como este houver, mais a vida terá facilitada enquanto governante, e mais argumentos terá para “ampliar a nossa narrativa sobre aquilo que é a diferença de Portugal”.

















Medalhas de Mérito 2024: Mensageiros da Alegria, José Jorge Marques e Saudade Lopes


Os apontamentos biográficos que se seguem foram transcritos dos vídeos apresentados na Sessão Solene do Dia do Município. 

Grupo de Jovens "Mensageiros da Alegria"

Fundado em Maio de 1974 teve como primeira sede o antigo asilo onde hoje funciona o Centro de Bem Estar Social de Figueira de Lorvão. Actualmente, a sede está situada na Casa Paroquial de Figueira de Lorvão.

Neste meio século de actividade tem centrado a sua actuação na educação e formação de jovens dinamizando actividades tão diversas como peças de teatro, publicação do jornal Mensageiro, recriação de tradições locais como o Presépio Vivo ou o Cantar dos Reis, recolha de donativos e participação em eventos da freguesia. Enquanto grupo cristão ligado à Igreja participa frequentemente nas actividades da paróquia.

Ao longo de meio século de existência vários coordenadores passaram pelo grupo: Maria Helena, Tonico, Manuel Costa, Victor Carlos, Carlos Sousa, Pedro Marques, André Barbosa, Carina Gonçalves, Andreia Fernandes, João Antunes, Alexandre Fernandes e, actualmente, Tomás Fernandes. A equipa coordenadora em funções é composta por Bruno Batista, César Santos, Heliana Cunha, Manuel Santos e Sílvia Santos.

O segredo para meio século de existência está no ambiente familiar criado entre todos os elementos, na partilha de experiências e espírito de entreajuda.

José Jorge Rodrigues Marques

Nasceu a 22 de maio de 1956. Foi padeiro em Lorvão, com o irmão António Marques. Desde cedo o espírito altruísta se revelou, ajudando a comunidade e os mais necessitados das várias aldeias da freguesia com tarefas tão simples como pequenos recados, entrega de medicamentos, boleias para quem não tinha transporte, sempre pensando no seu semelhante.

Durante quase quatro décadas, tem sido presença constante nas actividades da igreja e do mosteiro de Lorvão. Sempre disponível para ajudar nas celebrações, nos eventos e em tarefas mais especificas como tocar o sino ou dar corda ao relógio. Tem sido um exemplo de dedicação ao próximo e à comunidade colocando tantas vezes o interesse colectivo acima do seu. Tem sido ao longo dos anos um dos guardiões do mosteiro, um elo importante para a preservação do património, tradições e costumes de Lorvão.

Maria da Saudade Silva Fernandes Lopes

Nasceu a 22 de Abril de 1968.

Em 1984 iniciou a actividade profissional como monitora de ATL. Durante 20 anos foi impulsionadora do Centro de Acolhimento de Penacova. Entre 1989 e 2004 fez parte da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Ensino Preparatório e Secundário de Penacova.

Colabora com a Liga Portuguesa contra o Cancro, tendo sido, durante onze anos, responsável pelas actividades no concelho. Com forte ligação à igreja, foi catequista e integrou a equipa do Curso de Preparação para o Matrimónio.

Entre 2008 e 2013 exerceu funções de governanta da Casa de Repouso de Penacova a convite da diocese de Coimbra. Com forte actividade na vida da comunidade, pertenceu ao Coro Polifónico de Penacova, pertence ao Coro Divo Canto, desde 2016, e ao Grupo de Teatro e Variedades da Casa do Povo de Penacova desde 2023. Colaborou com artigos de opinião no Penacova Actual.

Mulher, mãe e avó, sempre pronta a receber com amor e dedicação com o lema “onde comem seis, comem dez”, na sua casa de família acolheu crianças e jovens durante o período escolar e colónias de férias. Acolheu jovens franceses no âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude, acolheu uma família ucraniana e acolheu elementos de grupos corais de outros países.

Acolhe amigos e conhecidos e conhecidos dos conhecidos, sempre dedicada ao próximo e ao seu amado concelho de Penacova.

segunda-feira, julho 22, 2024

Medalhas de Honra Municipal 2024 (3): Rui de Carvalho Castro Pita, a título póstumo


Nota biográfica que acompanhou o vídeo de apresentação:

Nasceu em Coimbra a 14 de Julho de 1916. Durante os seus primeiros anos viveu em Penacova, uma vez que seu pai exercia as funções de Conservador do Registo Civil e Advocacia em Penacova.

Formou-se em Engenharia Civil na Universidade do Porto.

Durante as décadas de cinquenta, sessenta e setenta do século passado, com inegável espírito de iniciativa e amor à terra, envolveu-se em várias acções e projectos, tendo sempre como objectivo o desenvolvimento e promoção de Penacova. Eis alguns exemplos: alcatroamento da estrada para o Penedo do Castro, obra inteiramente financiada pelo Comendador Abel Rodrigues da Costa, foi fundador juntamente com outros penacovenses, da Sociedade de Propaganda e Progresso de Penacova, entidade que foi responsável pela recuperação da Filarmónica de Penacova, a criação do Rancho Infantil de Penacova, a construção das primeiras infra-estruturas da Praia do Reconquinho, incluindo o Parque de Campismo, em colaboração com a Câmara Municipal, a Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo e o Clube de Campismo de Lisboa, organização de diversos eventos de Beneficência para instituições locais da vila, nomeadamente Cortejo de Oferendas , Saraus Musicais, Teatro e Festas Populares em honra de Nossa Senhora da Guia.

Pelo facto de, à época, finais da década de sessenta, as Barcas Serranas terem desaparecido totalmente do rio Mondego, promoveu, em parceria com Carlos Simões Dias Leitão, a construção de um exemplar da barca serrana. Promoveu, junto do pintor Tóssan, a elaboração do 1º cartaz de promoção turística de Penacova.

Faleceu em Coimbra em 31 de Maio de 1988.


Palavras de Pedro Pita, seu filho, em representação da família:

"De facto o meu pai viveu, para além da família e da sua actividade profissional, exclusivamente para Penacova.

Penacova era para ele o sexto filho. Dedicou todo o seu tempo, todo o seu esforço, a Penacova. Punha-nos a trabalhar para Penacova: queríamos ir para o café a seguir ao jantar e ficávamos ali a escrever boletins, cartas, para este e para aquele, na altura das grandes festas.

Na verdade, o meu pai tinha uma devoção por Penacova. Numa altura em que o Turismo no Centro se circunscrevia a Coimbra, Bussaco, Figueira da Foz, Penacova era assim como que um “patinho feio”.

O meu pai sempre lutou contra isso. E daí começar estes eventos, esta divulgação, começando pelo célebre cartaz da paliteira de Tóssan, nascendo essa conhecidíssima ideia.

Acho que é uma homenagem sincera, uma homenagem muito justa. Como ele, haverá inúmeros penacovenses. Poderia ter tido mordomias, poderia ter sido presidente da Câmara antes do 25 de Abril, poderia ter sido presidente da Câmara depois do 25 de Abril.

Termino, como o meu pai terminava muitas das suas intervenções: Viva Penacova, Viva Penacova, Viva Penacova!

domingo, julho 21, 2024

Concurso de Pintura e Desenho Martins da Costa

FONTE: Município de Penacova


O Município de Penacova entregou, ontem, na Casa das Artes Martins da Costa, os prémios da edição de 2024 do concurso de pintura e desenho Martins da Costa. 

Também foi inaugurada uma exposição que integra todas as obras distinguidas nas diversas edições que se realizam desde 2017.

De acordo com nota do Município, publicada na página oficial no Facebook, a edição deste ano teve como vencedores José António Stréna, Carolina Correia, Mariana Nunes e Raquel Oliveira.

Na categoria de “Público em geral”, conquistaram menções honrosas as artistas Cristina Maria Margalho Martins e Maria Vitória Alves Correia. Vencedor José António Stréna.

Na categoria “Alunos do 3º ciclo”, o júri atribuiu menções honrosas às obras apresentadas por Laura dos Reis Pereira e Juliana Capela e o primeiro prémio a Carolina Correia.

Na categoria “Alunos do ensino secundário do curso de Artes Visuais”, foram atribuídas menções honrosas a Camylle Palheiros e a Inês Fernandes. A vencedora foi Mariana Nunes.

Na categoria “Alunos do ensino superior artístico e artistas plásticos em geral”, o júri distinguiu, com menções honrosas, Diogo Miguel Soares e João Carlos Gonçalves Sobreira. A vencedora foi Raquel da Silva Oliveira.

A exposição, de acesso livre, vai estar patente ao público, na Casa das Artes Martins da Costa até final de Setembro.

O Município de Penacova instituiu este concurso com o objetivo de incentivar e premiar a criatividade na área da pintura e desenho tem como temas obrigatórios o “Vale do Mondego e Penacova” e “Vida e Obra do Pintor Martins da Costa”.

Recorde-se que Martins da Costa foi um dos maiores vultos da pintura portuguesa do século XX, estudou pintura na Escola de Belas Artes do Porto e viajou por todo o mundo, tendo escolhido Penacova, onde tinha raízes familiares e vivera algum tempo da infância, para construir a sua casa-ateliê, sendo professor nesta vila.


Tendo como fonte a página do Município no Facebook, 
fica uma pequena reportagem fotográfica do evento: